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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 18, 2011

Às margens da BR-060, o crescimento é chinês


Às margens da BR-060, o crescimento é chinês

A expansão do eixo Brasília-Goiânia coloca a região como o 3º maior aglomerado urbano do país. O pib ao longo da rodovia soma R$ 230 bilhões. De cada R$ 10 gerados em riqueza pelo Centro-Oeste, R$ 7 estão à beira do trecho


O trecho da BR-060 entre Brasília e Goiânia é o espelho do desenvolvimento de uma região que cresce a taxas chinesas, avança pelo Planalto Central e se consolida como o maior mercado do país fora do eixo Rio-São Paulo. As riquezas produzidas no caminho que divide dois centros consumidores em franca expansão já respondem por um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em R$ 230 bilhões, em valores atualizados. É como se cada quilômetro da rodovia movimentasse mais de R$ 1 bilhão. O montante representa em torno de 6% do PIB do Brasil e quase 70% do PIB da região Centro-Oeste.

Cerca de 9 milhões de pessoas vivem hoje ao longo dos 209km do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia. A soma supera o número de habitantes das regiões metropolitanas de Porto Alegre e Recife e faz do corredor a terceira maior aglomeração do Brasil. Segundo projeções demográficas, a população deve mais que dobrar em 20 anos e alcançar, em 2030, o total de 20 milhões de pessoas. Especialistas preveem que a malha urbana entre as capitais federal e de Goiás se entrelace em uma velocidade assustadora nos próximos anos.

Ao longo da última semana, o Correio percorreu a rodovia em toda a sua extensão e constatou o crescimento econômico do eixo. Aos poucos, os municípios goianos de beira de estrada ganham vida própria e se livram do estigma de cidade-dormitório. Alexânia, a 60km do centro de Brasília, se prepara para receber em março do ano que vem o segundo shopping do país exclusivamente com outlets de lojas de grife. Não há mais lotes disponíveis ao lado do terreno onde o empreendimento será erguido.

Abadiânia, 28km adiante, no caminho de Goiânia, assiste a uma invasão cada vez maior de estrangeiros que chegam para conhecer a Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium João de Deus atende uma média de 1,5 mil visitantes por dia. O aumento da frequência de voos internacionais em Brasília impulsionou o movimento no centro espiritual. Euro e dólar viraram moedas correntes na cidade. Pousadas e restaurantes estão sempre cheios e a procura por imóveis nas redondezas só aumenta.

Distante 53km da capital goiana, Anápolis conquistou independência e vive sua melhor fase econômica. O PIB local saiu de R$ 2,15 bilhões, em 2002, para
R$ 7,80 bilhões, no ano passado. As 22 mil toneladas de cargas que passam pelo Porto Seco Centro-Oeste todo mês ajudam a explicar o salto de 262% no período. O polo industrial anapolino reúne 130 empresas, incluindo multinacionais dos segmentos automobilístico e farmacêutico. Todas estão em processo de expansão.

Comércio de base
A duplicação da rodovia, concluída em 2008 após 20 anos de obras, aqueceu o desenvolvimento. Entre Brasília e Goiânia, o viajante já tem à disposição pelo menos 20 pontos de parada. De
olho no potencial consumidor provocado por um fluxo de 60 mil carros por dia, postos de combustíveis ampliam a área comercial e pequenas residências se transformam em restaurantes e empórios. Moradores vendem de panela de alumínio a móveis rústicos, passando por frutas típicas da região.

Redes nacionais e até internacionais de hotéis despertaram interesse em se instalar no eixo. Focado principalmente no Lago Corumbá IV, o mercado da pesca e do turismo rural ferve ao redor da BR-060. Propriedades rurais também se destacam. Mora em uma fazenda perto de Alexânia, por exemplo, a vaca zebuína recordista mundial em produção de leite. De alambiques pertencentes ao mesmo município, saem cachaças distribuídas para o país inteiro.

A conurbação entre as duas capitais é encarada como processo natural e inevitável. “Não há como ser diferente. Necessariamente, temos de pensar na expansão econômica nesse trecho. Caso contrário, as pessoas continuarão vindo para Brasília com a ilusão de encontrar aqui o que procuram”, pondera o secretário de Desenvolvimento Econômico do DF, Jacques Pena. O desenvolvimento ao longo da BR-060 pode amenizar o inchaço do Entorno da capital federal, com criação de emprego e renda.

Os governos do DF e de Goiás vislumbram há décadas as possibilidades na região. A falta de políticas públicas integradas, no entanto, nunca permitiu um desenvolvimento mais eficaz. “Temos uma cidade com a maior renda per capita do país, uma Goiânia com qualidade de vida e o maior distrito industrial do Centro-Oeste no meio do caminho. Não há o que discutir: somos um eixo de sucesso”, diz o secretário de Indústria e Comércio de Goiás, Alexandre Braga.

Na última década, diversos estudos destacaram o potencial do eixo Brasília-Goiânia. Em 2004, a Federação das Indústrias do DF (Fibra) concluiu um deles. “Essa região cresce naturalmente. Com um pouco mais de atenção, cresceria muito mais, de maneira mais veloz e ordenada”, afirma o presidente da Fibra, Antônio Rocha. Ele reforça que há um grande número de investidores internacionais dispostos a desembarcar no corredor.

Para o economista da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg) Cláudio Henrique de Oliveira, o problema, ao contrário do que se espera, é que as duas unidades da Federação competem entre si na atração de empresas e incentivos fiscais. “Cada um pensa em si. Não há uma política industrial continuada que valorize as potencialidades. Não se pensa no todo”, critica. Este ano, os setores produtivos do DF e de Goiás voltaram a se reunir para discutir projetos em comum.

Radiografia
9 milhões
Total da população que inclui
todos os municípios e áreas
rurais entre Brasília e Goiânia


R$ 230 bilhões

PIB do eixo Brasília-Goiânia,
em valores atualizados


70%
Participação do eixo Brasília-Goiânia
no PIB do Centro-Oeste


6%
Participação do eixo Brasília-Goiânia
no PIB do Brasil

DIEGO AMORIM

Murdoch e o espírito do capitalismo

Por Laurindo Lalo Leal Filho, no sítio Vermelho:

A falta de leitura dos clássicos nos cursos de comunicação – O Capital, entre eles – obriga-me, muitas vezes, a recorrer a comparações singelas para explicar em palestras para estudantes a formação dos monopólios na mídia.

Preciso, antes de tudo, dessacralizar as empresas de comunicação. Por ingenuidade ou má fé, elas são vistas ou apresentadas apenas como instituições sociais, obscurecendo a natureza capitalista de suas estruturas básicas.

Wagner Moura: "Eu não falo com a revista Veja"



Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elistista".
Wagner Moura diz que revista Veja é "reacionária", "conservadora" e "elitista".
Dando uma pausa na linha literária. Terminei de ler a entrevista do ator Wagner Moura na edição deste mês da revista “Caros Amigos”. Recomendo a leitura. Entre outros assuntos, o ator fala (ainda) sobre as polêmicas em torno do filme Tropa de Elite e diz o que pensa da mídia brasileira.
Wagner declarou, sem meias palavras, que não dá entrevistas à “Veja”, por considerá-la “uma revista de extrema direita brasileira”. Confira um aperitivo:
“A linha editorial da revista Veja, uma revista de extrema direita brasileira. Eu me lembro claramente de uma capa da revista Veja que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia assim: “Dez motivos para você votar ‘Não’ “. Eu me lembro claramente da revista Veja elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E semana sim, semana não está sacaneando colga nosso: Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante, violenta. Outro motivo é que na revista Veja escreve Diogo Mainardi! Eu não posso compactuar com uma revista dessas, entendeu? Conservadora, elitista. Então, não falo com a revista Veja, assim como não falo para a revista Caras. Agora, a mídia é um negócio complexo, importante. A imprensa brasileira, nessa episódio agora do Congresso, cumpre um papel sensacional. Achei ótimo o fim dessa lei de imprensa, careta, antiga. Acho que a imprensa tem que se sentir livre e trabalhar e quem se sentir agredido por ela entra em juízo e processa”.
Pegando carona na metáfora usada pelo ator em outro trecho da entrevista, muita gente ainda não tomou a pílula nem despertou para o deserto do real – são os que ainda estão conectados à Matrix. Felizmente, é uma espécie cada vez menos numerosa.
*umpoucodetudodetudoumpouco

Veja mente, simplesmente

A Veja, que se aposentou do jornalismo para dedicar-se a arte da intriga e da difamação, publica uma matéria em que afirma que eu e o deputado Paulo Pereira da Silva estivemos com o chefe de Gabinete da Presidenta Dilma Roussef, Gilles Azevedo, elencando “suspeitas de irregularidades no ministério” do Trabalho.  Estive com  Gilles, como várias vezes faço, pois se trata de um velho amigo, discutindo política. Não fui a ele  com o deputado Paulinho, não discuti assuntos de ministério algum e não tenho nenhuma posição administrativa lá dentro do Ministério do Trabalho que me permitisse, se houvesse, saber de qualquer assunto que não seja público. Fui procurado por um repórter da Veja e, mesmo com toda a consideração pessoal ao profissional que me procurou, não conversei com ele.
Os leitores deste blog sabem que não trato de questões partidárias aqui, nos jornais e muito menos através da Veja ou de qualquer dirigente de Governo. Se a revista tem fatos e provas contra alguém, é seu direito e dever publicar. Mas não me coloque no meio de suas intrigas. Aliás, lamento que diante da Veja não se possa conversar sobre coisa alguma, nem sobre resultado de jogo de futebol
*Tijolaço 



Repórter da Veja pode ser condenado

No blog Os amigos do Brasil:

A investigação policial sobre a tentativa de invasão de uma suíte ocupada pelo ex-ministro José Dirceu por um repórter da revista Veja acaba de ser concluída. O chefe da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, Laércio Rosseto, chegou à conclusão que o jornalista Gustavo Ribeiro realmente tentou violar a suíte ocupada pelo petista no Hotel Naoum Plaza, em Brasília, no dia 24 de agosto de 2011. “O jornalista alega que a intenção era a de verificar se o alvo de sua reportagem estava mesmo hospedado no hotel, mas também admitiu que tentou entrar em um ambiente privado”, disse o delegado ao 247.


Rosseto colheu depoimentos de Dirceu e do repórter, além da camareira para quem Gustavo pediu que abrisse o quarto, e, também, do responsável pela segurança do hotel. O resultado da investigação, apoiada em imagens do circuito interno do hotel, cópia dos depoimentos e outros documentos, será encaminhado para o Juizado Especial Criminal de Brasília, que vai decidir se abre processo contra Gustavo. A remessa ocorre já na próxima semana.

Em depoimento feito na delegacia no dia 29 de agosto, a camareira cujo nome não foi revelado contou que Gustavo Ribeiro pediu a ela para que abrisse os dois quartos conjugados ocupado por Dirceu no 16º andar. Ribeiro alegou que as ocupações eram ocupadas por ele próprio, segundo a versão da camareira, mas que esquecera as chaves do lado de dentro. A funcionária do Naoum Plaza afirmou ao delegado que negou o pedido porque tinha “segurança” de que as suítes eram ocupadas pelo ex-ministro petista – e não pelo jornalista.

Segundo a camareira, o repórter “reiterou o pedido, insistindo para que abrisse o apartamento”. A funcionária, então, consultou uma lista de hóspedes do andar privativo e, em seguida, pediu ao repórter para se identificar pelo nome. Ele disse chamar-se Gustavo, mas continuou insistindo em entrar. Enquanto fazia “sucessivas negativas”, na expressão da própria camareira ao delegado, de abrir a porta, ela não encontrou o nome dele na lista. O jornalista da Veja, então, disse que havia se enganado e foi embora.

Mais tarde, porém, Ribeiro hospedou-se no mesmo andar em que fica a suíte que Dirceu ocupava. Em depoimento dado ao delegado no dia 6 de setembro, o repórter afirmou que não chegou a passar a noite no hotel, mas assumiu que pedira para que a camareira abrisse o quarto do ex-ministro. Em sua defesa, o profissional de Veja se defendeu dizendo que o objetivo era somente verificar se Dirceu estava mesmo hospedado no hotel, conforme lhe havia sido informado, e não para entrar no quarto.

Imagens do circuito interno de segurança do Naoum, entregues à polícia pelo hotel, mostram o momento em que Gustavo e a camareira se encontram no corredor do 16º andar. Não houve registro, porém, de áudio do diálogo.

A conclusão do delegado Rosseto é fria: “Quando alguém aluga um quarto de hotel, aquele lugar passar a ser como sua propriedade. Ele pode usar como bem entender, como residência ou escritório. A tentativa de entrar num quarto de hotel de outra pessoa é uma tentativa de crime. Tudo o que me foi informado oficialmente coaduna realmente para que o direito de Dirceu de usar seu quarto foi violado”, disse Rosseto ao Brasil 247.

O depoimento do jornalista foi acompanhado por três advogados da Editora Abril, enviados à Brasília pela sede em São Paulo. Eles, porém, não puderam falar durante o interrogatório. A defesa do repórter, segundo apuração de 247, só aceitou que Ribeiro prestasse depoimento depois de consultar o que já havia sido apurado pela Polícia Civil de Brasília.

Também acompanhado por um advogado, José Dirceu foi interrogado no início do mês, no mesmo final de semana em que aconteceu o 4º Congresso Nacional do PT, em Brasília. O ex-ministro confirmou que se hospeda no hotel sempre que está em Brasília e que ocupava aqueles quartos no dia da tentativa de invasão.

Respondendo ao questionamento feito pela revista Veja, de que as diárias das suítes são pagas pelo escritório de advocacia Tessele e Madalena, Dirceu afirmou ao delegado que seu escritório, Oliveira e Silva Ribeiro Advogados, tem um “contrato de sociedade” com o Tessele e Madalena. Ele entregou um atestado da OAB-DF (Ordem dos Advogados de Brasília), confirmando a existência dasociedade desde 27 de dezembro de 2007.

Entre os documentos recolhidos pela polícia está também um contrato entre o Naoum e o escritório Tessele e Madalena para a locação dos quartos, especificando os números, para uso exclusivo de Dirceu. “Está tudo dentro da legalidade”, atestou Laércio.

Grampo

A investigação da Polícia Civil, que durou duas semanas, se limitou a apurar a tentativa de invasão. Apesar de não confirmar, o delegado declarou que “existe uma grande possibilidade” de as imagens dos corredores do hotel divulgadas em matéria da Veja no fim de agosto serem mesmo do circuito de segurança do próprio estabelecimento. “Existe uma semelhança grande [entre as imagens divulgadas e as entregues pelo hotel]”, disse Laércio.

Na reportagem, Dirceu aparece, em momentos diferentes, ao lado de deputados, senadores, do ministro de Desenvolvimento Econômico, Fernando Pimentel, e do presidente da Petrobrás, José Gabrielli. A revista acusa o petista de manter um “gabinete” no hotel, de montar um poder paralelo ao Planalto e tramar pela queda do ex-ministro Antônio Palocci da Casa Civil e contra o governo de Dilma Rousseff.

Segundo o delegado Rosseto, há indícios de que as imagens divulgadas foram mesmo captadas entre maio e junho, período que antecedeu a saída de Palocci do governo. O gerente-geral do Hotel Naoum, Rogério Tonatto, ainda acredita que Veja tenha feito um grampo de imagens no andar da suíte de Dirceu. O delegado chegou a perguntar ao repórter como ele havia obtido as imagens, mas Ribeiro não quis responder, se assegurando no direito ao sigilo da fonte.

Se condenado pelo crime de tentativa de invasão de domicílio, Gustavo Ribeiro pode pegar de um a três meses de prisão. O fato de a tentativa não ter se concretizado em ato pode aliviar a eventual punição. Só o repórter responderá em juízo pois, segundo Rossetoo, não há evidências de que ele tenha recebido ordens para praticar a invasão. (Do portal Brasil 247).



Capas confirmam: "Veja" não faz jornalismo

A foto ideologizada que demoniza o líder do MST 
e a "matéria" que trata a reforma agrária como
caso de polícia.
Momentos de delírio absoluto... 
Veja assume o papel de Mãe Dinah e faz do jornalismo
um exercício de adivinhação e de futurismo. 
O motivo é político: ocupar o espaço da oposição.
Pois é, era o presidente moderno e perfeito
para o Brasil da redemocratização. 
Jornalismo virou marketing político.
Deu no que deu...
Ilações e suposições, achismos e nenhuma novidade.
"Jornalismo" feito sem fontes.

Valeu até tentar invadir quarto de hotel.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) viu-se obrigada a vir a público para dizer: 
cuidado, não é verdade!
A revista das celebridades.
Enquanto a revolução acontecia nas ruas do Egito,
a capa era sobre "bom-mocismo" (e notem ainda que
Veja chama árabes de "radicais islâmicos").
Em tom de alerta, o preconceito escancarado. 
Só faltou completar a manchete e escrever: 
"essa nova classe média não sabe mesmo votar!".
Gato por lebre - era a opinião da revista,
mas surgiu travestida de "reportagem". 

E o tal do ouvir sempre o "outro lado",
princípio elementar do bom Jornalismo?
Os dólares? Jamais apareceram. Apuração, rigor e precisão -
a gente não vê por aqui. Até os EUA disseram
que a revista estava exagerando.
O desejo da revista, antes da
eleição de Dilma...
... e o desejo da revista, quando
a eleição de Dilma já era inevitável.
O julgamento não tinha acontecido.
Mas a revista já estabelecia a sentença.
Jornalismo policialesco e espetacularizado,
versão I.
Precisa mesmo escrever alguma coisa?
Veja insiste no erro.

Jornalismo policialesco e espetacularizado,
versão II.
Uma das especialidades? Disseminar pânico e
histeria coletiva. "Jornalismo" de oposição, mais uma vez.

Equilíbrio e honestidade -
a gente também não vê por aqui.
Os tablóides sensacionalistas 
ingleses não fariam melhor.
E, vamos combinar, selecionei apenas algumas das capas mais representativas do "não jornalismo" praticado por Veja. Os leitores do Blog certamente se lembrarão de inúmeras outras...

Aécio e Ricardo Teixeira abraçados

Por Lucas Figueiredo, em seu blog:
Três meses atrás, o blog noticiou que um relatório do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) apontava indícios de graves irregularidades nos contratos e na execução das obras do estádio do Mineirão. Os contratos foram fechados e iniciados na segunda gestão de Aécio Neves no Governo de Minas (2007-2010). O relatório do TCE-MG apontava ausência de licitação, pagamento por serviços não prestados e superfaturamento, entre outras irregularidades. No blog, quatro posts trataram do assunto:
1) A explosiva proximidade de Aécio com Ricardo Teixeira;
2) Exclusivo: trechos do relatório do TCE sobre as obras do Mineirão que pode complicar a vida de Aécio;
3) Ricardo Teixeira, Aécio Neves e as obras do Mineirão;
4) Vídeo mostra Aécio autorizando as obras do Mineirão apontadas como superfaturadas em relatório do TCE.
No primeiro post, eu dizia o seguinte: “Quando governava o Estado, Aécio se aproximou bastante de Ricardo Teixeira, presidente do comitê organizador da Copa 2014, e se envolveu de forma pesada nas articulações para fazer de Minas uma das principais sedes do evento. O negócio é bruto. Só as obras do Mineirão deverão consumir algo em torno de R$ 1 bilhão”. Tanto dinheiro público, sabe-se agora pelo o relatório do TCE, é gasto de forma no mínimo nebulosa. Um exemplo: o escritório de arquitetura de um amigo de Aécio, Gustavo Penna, foi contratado sem licitação por R$ 17,8 milhões”. Pois bem, na segunda-feira passada, em seu artigo semanal na Folha de S.Paulo, Aécio escolheu como tema as obras públicas para a Copa de 2014. Colocando-se como juiz da partida jogada pelo governo federal na Copa, o senador criticou o polêmico regime especial de contratação das obras, o RDC. Escreveu o tucano: “A falta de transparência nessas contratações e a urgência nos prazos poderão resultar em desperdício de dinheiro e em chances de corrupção. Infelizmente, outros dois velhos conhecidos do país”. Quanto ao jogo jogado em Minas com o dinheiro público, do qual Aécio foi e ainda é cartola, nada. Nenhuma palavra também sobre relatório do TCE-MG. Apenas silêncio. A severidade seletiva do tucano não foi perdoada pelo Movimento Minas sem Censura, que reúne opositores de Aécio no Estado ligados ao PT, PMDB e PCdoB. Em nota divulgada à imprensa, o MSC afirmou: “Quem é Aécio Neves para elucubrar sobre gestão, planejamento e transparência? Há, inclusive, a proposta de uma CPI na Assembleia Legislativa de Minas para apurar tais irregularidades nas obras do Mineirão. Evidentemente, sua base parlamentar impede a instalação da mesma”. Isto é Aécio: um discurso.

*OCarcará

Igualdade racial é pra valer

Campanhas assim ainda são necessárias até que não sejam mais necessárias.

"Com o tema: Igualdade racial é pra valer, a campanha propõe uma mobilização por um País sem racismo, onde todas as pessoas tenham os mesmo direitos.

Um país onde mulheres e homens, independentemente da sua cor, possam crescer e exercer sua cidadania de forma plena, desfrutando igualmente dos direitos econômicos, culturais, sociais, civis e políticos, sem distinção. Um grande movimento para unir o Brasil de ponta a ponta, como uma grande nação.

Abrace essa causa.

Todos podem e devem participar. Empresas públicas e privadas, agente financeiros, clubes esportivos, indústrias, comércio, movimentos sociais, associações comunitárias e, sobretudo, todos os brasileiros. O importante é mobilizar o país, promover ações em todas as camadas sociais, conversar abertamente sobre o assunto, buscar soluções e dar um passo à frente nos caminhos pelo fim do racismo."

Acesse e participe: www.igualdadepravaler.com.br
*Nota de Rodapé

Tudo, e duma só vez

Quarta-feira, uma coligação de organizações pacifistas israelitas publicou uma lista de cinquenta razões pelas quais israel deveria apoiar um Estado palestiniano.
Mesmo concordando com apenas cinco delas, não seriam suficientes? Qual exactamente a alternativa agora que os céus estão a fechar-se à nossa volta?

O que vamos dizer dizemos na próxima semana na ONU? O que poderíamos dizer?
Se estivéssemos na Assembleia Geral ou no Conselho de Segurança, deveríamos expor nossa completa nudez: israel não um Estado palestiniano. Ponto.
E não há único argumento para justificar a actual situação o negar um reconhecimento internacional do Estado.
[...]

A próxima semana será o momento da verdade para israel, ou mais precisamente o momento em que o seu engano será revelado ao público. Tanto o presidente, como o primeiro-ministro ou o embaixador nas Nações Unidas, seriam incapazes de ficar diante dos representantes das Nações do mundo e explicar a lógica de israel, nenhum deles seria capaz de convencê-los de que há algum mérito na posição israelita.

Trinta anos atrás, israel assinou um acordo de paz com o Egipto no qual dizia de "reconhecer os direitos legítimos do povo palestiniano" e estabelecer uma autoridade autónoma nos territórios ocupados e na Faixa de Gaza dentro de cinco anos. Nada disso aconteceu.

Dezoito anos atrás, o primeiro-ministro de israel assinou os Acordos de Oslo, com os quais israel empenhava-se para iniciar as conversações para chegar a um acordo final com os Palestinianos, dentro de cinco anos. Também isso não aconteceu. A maioria das disposições do acordo, desde então, têm falhado, na maioria dos casos por causa de israel. O que poderá dizer acerca de tudo isso apoiante de israel nas Nações Unidas?

Durante anos, israel disse que Yasser Arafat era o único obstáculo para a paz com os Palestinianos.
Arafat está morto, e mais uma vez nada aconteceu.
israel disse que se o terrorismo tivesse parado, uma solução teria sido encontrada.
O terrorismo parou, e ainda nada.

As desculpas de israel tornaram-se cada vez mais vazia e a nua verdade está cada vez mais visível: israel não quer chegar a um acordo de paz que envolva o estabelecimento dum Estado palestiniano. A coisa não pode ser ainda ocultadas pelas Nações Unidas. E o que israel e Netanyahu podem esperar dos Palestiniano? [...]

A verdade é que os Palestinianos têm apenas três opções, não quatro: rendição sem condições e prosseguir com a  ocupação israelita ao longo de mais 42 anos; lançar uma terceira intifada; ou tentar mobilizar o mundo.
Escolheram a terceira opção, o menor dos males a partir da perspectiva israelita. O que poderia afirmar israel acerca disso, que é um movimento unilateral, como disseram os Estados Unidos? O que resta aos Palestinianos? A arena internacional. E se nem isso conseguirá salva-los, então haverá outra revolta do povo nos territórios.

Os Palestinianos nos Territórios Ocupados agora são três milhões e meio, e não vão viver para outros 42 como marginalizados, sem direitos civis. Conseguirão Netanyahu e Shimon Peres ser capazes de explicar porque os Palestinianos não merecem o  seu próprio Estado?


Este não é um texto dum blogueiro antissemita, mas um texto escrito per israelitas, publicado por Gideon Levy num diário israelita, Haaretz.

Há, também no interior de israel, pessoas que não entendem.
Não entendem, por exemplo, a política aparentemente "suicida" do primeiro-ministro.

Em poucos dias, israel conseguiu prejudicar os relacionamentos com a Turquia, antigo aliado, com o Egipto, e atacar, sem fornecer justificação nenhuma, os territórios ocupados, matando 15 pessoas.

Cada vez mais isolado, israel não apenas não revê as próprias posições como até exaspera os tons: Netanyhau chama em causa ameaças existenciais e utiliza uma política de arrogância para instrumentalizar o medo.

Parece uma atitude sem sentido.
Mas, talvez, haja duas possíveis interpretações.

A primeira vê israel aumentar o preço do reconhecimento do Estado palestiniano. Na próxima semana será complicado impedir tal reconhecimento nas Nações Unidas: israel está ciente disso e pode exasperar os tons agora para obter mais depois, como "compensação" pela derrota internacional.

Mas é uma hipótese fraca.
Se o medo de israel estivesse relacionado com a decisão das Nações Unidas, Tel Aviv deveria ter procurado alguns entendimentos com os outros Países da área médio-oriental. E não, como fez, um isolamento ainda maior.

Por isso sobra a segunda hipótese, infelizmente: preparação em vista dum novo conflito. Talvez não imediato, mas algo para o qual é bem preparar-se, pois há muitas coisas que têm de ser "ajeitada" na zona:
os tediosos Palestinianos;
os velhos aliados, os Turcos;
os novos islâmicos no poder, o Egipto;
o aqui-inimigo, o Irão;
o velho inimigo, a Síria;
as bombas que continuam a explodir, o Iraque.

Poderia ser possível encarar um problema de cada vez, mas israel não parece desejosa de seguir esta estrada, como demonstram os recentes acontecimentos na Turquia, na Palestina e no Egipto.

Não seria mais prático encontrar uma única resposta para resolver tudo e duma só vez?
Não é verdade que as guerras fazem também milagres nos casos de economias em dificuldades?

(Nota final, tomamos nota: agora que a guerra da Líbia está "resolvida", eis que aparece um novo caso, óptimo para manter elevada a tensão internacional. Tudo segundo os planos...)


Ipse dixit.
*InformaçãoIncorreta

Revista americana Newsweek terá Dilma Rousseff na capa

 


A revista norte-americana “Newsweek” escolheu a presidente Dilma Rousseff para estampar a capa de uma das suas próximas edições. De acordo com fontes próximas a Dilma no Palácio do Planalto, a matéria é sobre ela e um “novo Brasil”. Um correspondente da publicação está em Brasília e entrevistou a presidente na última semana.
A “Newsweek” é a segunda maior revista semanal dos Estados Unidos, com uma distribuição que ultrapassa a marca de 1 milhão e meio de exemplares.
 É a primeira vez que há destaque em mais edições da publicação para uma capa sobre o Brasil. A revista deve chegar às bancas nesta semana.
Com o título ‘Don’t mess with Dilma’ (em tradução literal ‘Não mexa com a Dilma’), a reportagem principal aborda o governo, a história política e também a vida pessoal da presidente.
A revista cita detalhadamente o crescimento econômico do Brasil e a participação de Dilma nesse processo de mudanças, iniciado com a gestão Lula. O assunto é endossado pela frase do presidente dos EUA, Barack Obama, quando esteve no Rio de Janeiro em março deste ano, dizendo que o Brasil era o país do futuro. Dilma será a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU, fato descrito como positivo e influente.
Na matéria, a presidente afirma saber do potencial brasileiro e pergunta ao repórter da ‘Newsweek’ se ele sabe qual é a diferença entre o Brasil e o resto do mundo. A própria Dilma responde dizendo que, em nosso País, os instrumentos de controle políticos existentes são fortes o bastante para combater um crescimento mais lento ou até a estagnação da economia mundial – diferente de outros países. Segundo Dilma, o Brasil pode cortar as taxas de juros porque fez um empréstimo cauteloso e tem um Banco Central rígido.
Na entrevista, Dilma confessa que, quando criança, queria ser bailarina ou bombeira. Para ela, uma menina querer ser presidente é um sinal de progresso. Dima também fala sobre sua passagem pela prisão, época em que fazia parte de um grupo revolucionário político, e que, por conta disso, aprendeu a ter esperança e paciência.
A presidente Dilma Rousseff vai receber o prêmio Woodrow Wilson Public Service Award, na próxima terça-feira, 20, em jantar no Hotel Pierre, em Nova York. A premiação também já foi concedida a Lula, em 2009.

 *OsamigosdoBrasil

sábado, setembro 17, 2011

Charge do Dia


Por que as dívidas dos países europeus interessam aos Brics

Durante uma semana de caos nos mercados de valores europeus, acumularam-se vários sinais de uma possível intervenção dos países emergentes na Europa. Tudo começou com uma informação confidencial do "Financial Times" na segunda-feira (12), indicando que o presidente do fundo soberano chinês China Investment Corp (CIC) e altos funcionários de Pequim haviam estado na Itália na semana passada. Depois, na terça-feira, o jornal brasileiro "Valor Econômico" evocou a possibilidade de uma intervenção do gigante sul-americano, enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava que seus homólogos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reuniriam no dia 22 em Washington, à margem de uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), para discutir a ajuda que poderão dar à Europa.
Qual o interesse econômico dos Brics?
A tempestade que atravessam atualmente os países membros da zona do euro preocupa todos os continentes, incluindo América e Ásia. A crise de 2008 e o efeito dominó da queda do banco Lehman Brothers marcaram os espíritos. Nenhum país quer que tal cenário se repita: a União Europeia, principal parceiro comercial da China, é um mercado crucial para suas exportações. Ora, se uma recessão europeia afetasse a China, esta também repercutiria na Índia e no Brasil, que têm laços econômicos muito estreitos com a China. Pequim é, por exemplo, o maior parceiro econômico do Brasil, com US$ 56,2 bilhões de trocas bilaterais em 2010.
Para esses países emergentes, investir nos títulos da dívida europeia também é um meio de diversificar suas aplicações. A China possui as maiores reservas cambiais do mundo: US$ 3,2 trilhões. A Rússia dispõe de US$ 514 bilhões, o Brasil de mais de US$ 350 bilhões e a Índia, mais de US$ 320 bilhões. Esses fundos são essencialmente investidos em bônus do Tesouro americano, de onde o interesse atual em variar suas posições dando apoio à moeda única europeia.
O objetivo é principalmente monetário: ao apoiar o euro diante do dólar e investir suas reservas cambiais, os Brics buscam evitar uma alta exagerada de suas respectivas moedas. "Enquanto a China compra dívida em euros, visa na verdade as taxas de câmbio", escreve o analista e financista Cullen Roche no blog Pragmatic Capitalism. "Trata-se de uma tentativa de manter o euro forte, o que favorece as relações comerciais [da China] com a Europa."
Enfim, os Brics ainda dependem amplamente dos investimentos dos países de desenvolvimento mais antigo: na Índia, por exemplo, os investimentos diretos estrangeiros (IDE) dos países-membros da UE representam mais de 20% dos IDE. Se uma crise mundial provocasse uma retirada desses investidores, causaria pânico em nível nacional.
O objetivo também é político?
Enquanto não vemos surgir uma resposta concertada do tipo G20 para a crise de liquidez da zona do euro, como depois da queda do Lehman Brothers em 2008, a reunião dos Brics na próxima semana em Washington pode dar a impressão de que foi dada uma resposta coletiva. O "Valor Econômico" resume assim os benefícios políticos para os Brics de uma tal intervenção: "Aparecer publicamente como contribuintes diretos para a estabilização dos mercados e mostrar a que ponto o equilíbrio da economia mundial mudou".
De seu lado, Pequim tem um interesse bem particular em consolidar seus investimentos na Europa, formulado na quarta-feira pelo primeiro-ministro Wen Jiabao: "Espero que os dirigentes europeus encarem com coragem sua relação com a China". Concretamente, a China espera que a UE, em troca de compras de títulos em euros, lhe conceda o estatuto de economia de mercado, antes do reconhecimento previsto pela Organização Mundial do Comércio em 2016. Essa posição permitiria, com efeito, suspender as últimas restrições sobre os investimentos e as exportações chinesas na UE.
Dificuldades a superar
Os Brics não são um grupo de países homogêneo: entre o modelo econômico russo e o indiano existe um abismo. A política monetária chinesa com seu iuane subvalorizado é, aliás, uma fonte de atritos recorrentes para seus parceiros. As exportações chinesas baratas também dizimaram o setor manufatureiro brasileiro e o têxtil da África do Sul. Os Brics ainda não conseguiram agir com um mesmo elã. Eles foram notadamente incapazes de se entender para apresentar um candidato comum para suceder a Dominique Strauss-Kahn na chefia do FMI.
Parece que o Brasil é o país mais motivado para ajudar a Europa. A China já investiu dezenas de bilhões de dólares em títulos das dívidas grega, portuguesa e espanhola, e impõe diversas condições para um novo envolvimento. A Índia, cujos 20% dos créditos são constituídos de obrigações europeias, deseja manter essa proporção, indicou na quarta-feira um responsável indiano à agência Reuters. Déli considera com ceticismo uma resposta centrada somente nos Brics e preferiria uma intervenção maior do FMI, analisa o "Financial Times". A Rússia, por sua vez, mostrou-se muito cética, e autoridades indicaram à AFP na quarta-feira que as demandas de compras de títulos em euros seriam estudadas caso a caso.
Pois esses países devem convencer sua opinião pública da racionalidade desses investimentos. O fundo chinês CIC foi particularmente criticado por ter investido maciçamente em Wall Street antes de 2008, em títulos que despencaram. A China está, portanto, em busca de investimentos seguros. Assim como o Brasil, cujo diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, esfriou o entusiasmo do ministro da Fazenda Mantega, indicando na terça-feira que "o objetivo principal de nossa política de investimento é a segurança".
Quais são os cenários possíveis?
A opção mais provável é que os Brics entrem em acordo para comprar uma quantidade mínima de títulos em euros, com grande esforço de comunicação. O objetivo seria demonstrar um apoio simbólico, e até injetar otimismo no mercado europeu moribundo. Para o "Valor Econômico", o investimento poderia ser ainda mais moderado e envolver as dívidas de países mais seguros, principalmente Alemanha e Grã-Bretanha.
A reunião que se realizará no dia 22 será em todo caso observada com grande interesse. O apoio dos Brics à dívida dos países europeus é um "desenvolvimento interessante", indicou na quarta-feira a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, ao jornal italiano "La Stampa". "Mas se eles se limitarem a comprar títulos considerados seguros por todos, como os alemães ou britânicos, não assumirão muitos riscos. Minha esperança é que se ocorrerem intervenções desse gênero elas sejam grandes e não se limitem aos títulos seguros de alguns países."
Mathilde Gérard
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
No Le Monde Diplomatique
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