Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Apertem os cintos: o livro sumiu!

"Privataria", em dois dias, sumiu da lista dos mais vendidos na Folha
Os leitores viram, o Tijolaço reproduziu no dia 12, o Nassif no dia 15, quinta feira: “A privataria tucana” era o primeiro na lista dos livros mais vendidos na Livraria da Folha e ambos reproduzimos a imagem.
Porque, oh, que surpresa,  o livro desapareceu! Das prateleiras, onde é difícil encontrar um que seja para levar na hora?
Não, não, da lista dos mais vendidos, onde era o primeiro, na quinta-feira.
Não caiu para segundo, não caiu para terceiro: apenas sumiu. Entrou na lista o livro do FHC!
Em outras livrarias, como a FNAC, o livro, “devido ao grande sucesso”, só está sendo vendido por reserva.
...embora continue "bombando" na FNAC: só vendem por encomenda
A coisa na Folha é tão feia que nem mesmo nas duas  subpáginas “Literatura e biografias > Gêneros literários > Livro-reportagem” , o livro de Amaury
Ribeiro Jr. está listado, e é essa a classificação que tem, porque na busca por título você ainda o encontra no site.
Pelo visto, por enquanto.
Depois da “ditabranda”, é o primeiro caso de “Index Librorium Prohibitorium”.
*Tijolaço

Privataria no cinema


A Privataria Tucana - O Filme from Cloaca News on Vimeo.

*cloacanews

Morre Kim Jong-il, líder da Coreia do Norte

Filho mais novo é o ‘grande sucessor’; Coreia do Sul põe Forças em alerta e Bolsa de Seul cai
PYONGYANG e SEUL - A TV estatal da Coreia do Norte informou nesta segunda-feira que o governante do país, Kim Jong-il, morreu no último sábado, às 8h30m (horário local, 21h30m de sexta-feira pelo horário de Brasília). O líder, de 69 anos, enfrentava sérios problemas de saúde e já tinha sofrido um derrame, em 2008. Segundo fontes, ele estava em estado de apoplexia há alguns meses. De acordo com um despacho norte-coreano publicado pela agência sul-coreana Yonhap, Kim morreu por causa de "fadiga mental e física" e teve um ataque cardíaco durante uma viagem.
O anúncio da morte do líder, que governou o país por 17 anos, foi transmitido pela TV estatal com um pronunciamento emocionado de uma apresentadora vestida de preto: “Nosso grande líder morreu”.
O líder morto sábado - que recebeu o comando da Coreia do Norte de seu pai - já havia escolhido o mais novo de seus três filhos, Kim Jong-un, (foto) para sucedê-lo. A TV estatal anunciou oficialmente: “Kim Jong-un é o grande sucessor e líder do partido (dos Trabalhadores), das Forças Armadas e do povo”
Mas há desconfianças sobre o futuro político do país comunista, que há anos vive uma séria crise econômica e fortes tensões com os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão, países que Kim Jong-il já ameaçou atacar.
Reações tensas nos vizinhos e nos mercados
As forças armadas sul-coreanas entraram em alerta e a bolsa de Seul - país constantemente ameaçado pela Coreia do Norte - teve forte baixa após o anúncio da morte do líder. Motivo: as incertezes envolvendo o vizinho comunista. O governo sul-coreano convocou uma reunião de emergência.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca informou que está monitorando de perto a situação. O presidente Obama e seu colega sul-coreano, Lee Myung-bak, conversaram por telefone logo após o anúncio da morte do líder.
No Japão, o primeiro-ministro Yoshihiko teve uma reunião especial de segurança com seu gabinete e disse a seus ministros que se preparassem para qualquer circunstância inesperada, incluindo uma queda acentuada das bolsas ou “questões fronteiriças”. Ao mesmo tempo, o governo japonês expressou condolências pela morte do líder norte-coreano.
"O governo expressa suas condolências após o anúncio repentino da morte inesperada do presidente da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte, Kim Jong-il. O governo japonês espera que isso não tenha consequências negativas para a paz e a estabilidade na península coreana", disse o comunicado.
Na Austrália, o ministro do Exterior, Kevin Rudd, pediu “calma” aos governos da região para manter a situação controlada perante a "ambiguidade e incerteza" provocadas pela morte do líder norte-coreano.
O governo chinês, país da região que tem as melhores relações com o regime norte-coreano, expressou condolências e disse que continuará buscando com a Coreia do Norte “a establidade regional”.
O funeral
Kim Jong-il era o filho mais velho de Kim Il-Sung, o fundador da Coreia do Norte comunista e idolatrado no país, numa linha de cunho stalinista. Segundo a propaganda oficial, quando Kim Jong-il nasceu, em 1942, surgiram no céu uma estrela e um arco-íris duplo. Desde então, o monte Paekdu, onde teria nascido, é um lugar sagrado. Na Coreia do Sul e no ocidente, no entanto, a versão é diferente: o líder que morreu sábado teria nascido num campo de treinamento guerrilheiro russo, a partir de onde seu pai empreendeu a guerra de resistência contra o Japão, até 1945.
Após obter um diploma universitário, em 1964, Kim Jong-il fez carreira dentro do Partido dos Trabalhadores. Já em 1980 foi designado por seu pai o sucessor no comando do país. Porém, só em 1994, após a morte do pai, assumiu o controle do Partido dos Trabalhadores e o comando de fato das Forças Armadas.
A agência oficial KCNAO informou que o funeral do líder será em 28 de dezembro, em Pyongyang, com o país comunista de luto até 29 de dezembro. O líder deverá ser enterrado no Palácio Memorial de Kumsusan, onde também fica o mausoléu de seu pai.
*comtextolivre

Mídia vassala do império rufa os tambores de alegria e mancheteia morte de Kim –Jong – Il


           Coreanos choram a morte de Kim-Jong-Il
Praticamente, a mesma manchete em toda a mídia.
Afinal, sabe-se que mais de 90 por cento dos freqüentadores da mídia não têm o mínimo interesse pela Coréia do Norte.
Por que então tamanha importância?
Comercial?
Não é.
Ideológica?
Não é.
Educacional, turística  e outras mais?
Também não.
Por que tanto regozijo midiático?
Simples.
A Coréia do Norte é uma potencia Nuclear.
Os Estados Unidos já tentaram por diversas vezes invadir o país.
As ameaças de invasão pela turma que se locupleta com o sangue dos seus e dos outros, foram inúmeras, mas recuavam sempre na Hora H.
A Coréia do Norte estava sempre com o dedo no botão nuclear.
Pronto para disparar.
Coréia do Norte não possui a riqueza de um Iraque, de uma Líbia.
De uma geografia como o do Afeganistão e da ameaçada Síria.
Mas ao contrario dessas nações, possui o que de mais precioso hoje para revidar a qualquer tentativa de invasão e ocupação.
Possui a Bomba Atômica que qualquer nação que se preze, que se autodenomine de nação, precisa ter.
Se até uma tribo como Israel possui, por que o Brasil não pode ter?
Pense nisso, se você acredita que o seu país é uma nação.
*gilsonsampaio

O Narcotráfico: uma arma do império

do Cidadã do Mundo
Gilberto López y Rivas
La Jornada
A Argenpress, em suas edições virtuais, colocou à venda o livro “O Narcotráfico: Uma Arma do Império”(2010), de Marcelo Colussi, cuja leitura se torna imprescindível para a análise sobre o assunto no âmbito planetário e, em particular, para a compreensão da trágica situação que nosso país (*) vive atualmente. Considerando-se seu trabalho como uma contribuição para uma área onde existem demasiadas mentiras, o autor sustenta que, ao redor do narcotráfico há uma versão oficial, usada incansavelmente pelos meios de comunicação de massa, e uma realidade oculta.
Observando a magnitude descomunal do negócio das drogas ilícitas, afirma que o circuito comercial movimenta cerca de 800 bilhões de dólares anuais, acima do valor das vendas de petróleo, mas abaixo do valor das vendas de armas, que continua sendo o mercado mais rentável de todo o mundo. A hipótese principal de Colussi consiste em explicar que o poder hegemônico liderado pelos EUA encontrou nesse novo campo de batalha um terreno fértil para prolongar e readequar sua estratégia de controle universal. Assim “como o encontrou também com o chamado `terrorismo`, nova `praga bíblica´ que tem possibilitado a nova estratégia de dominação militar unipolar, com sua iniciativa de guerras preventivas”.
Sustenta-se que os mesmos fatores de poder que movem a maquinaria social do capitalismo global criaram a oferta de entorpecentes, geraram sua demanda, e sobre a base desse circuito, teceram o mito de algumas maléficas máfias super poderosas enfrentadas com a humanidade, causa das angústias e ansiedades dos honestos cidadãos, motivo pelo qual está justificada uma intervenção policial-militar em escala planetária.
Seguindo uma metodologia de perguntas e respostas, nosso autor estabelece uma interrogante chave: quem se favorece com o tráfico de drogas ilegais? Ele responde que, para as grandes maiorias, não há benéficio algum: o dependente de drogas entra em um inferno no qual não mais de 10 por cento dos que tentam consegue se recuperar; seus familiares levam uma carga de agonias, pois o vício envenena toda a convivência; aos agricultores que cultivam a matéria prima nos países do sul somente chega 1% dos lucros totais do negócio; entre os povos indígenas, o pagamento em dinheiro, a repressão e a cultura deliquencial rompem com as estruturas dos auto-governos comunitários; a economia camponesa de consumo próprio é substituída por outra mercantilizada; a cultura do dinheiro fácil vinculada à criminalidade liga-se a toda uma desagregação do tecido social, que entra em um processo de decomposição e de guerra; todo o aparato de banditismo e o dedicado à comercialização, seja o mula, o jibaro ou o capo, têm um histórico de vidas breves e fortunas efêmeras (de alguns poucos), nas quais a morte e a prisão estão sempre ao redor na esquina. Não é uma economia sustentável. É uma história de sofrimento e dor. A nós, latino-americanos, nos sobram a crise, a guerra civil, os mortos, sociedades destruídas e somente alguns dólares que movem as máfias locais.
Essas máfias, afirma Colussi sem lhes tirar sua quota de responsabilidade, não são senão uma pequena parte de toda a cadeia. Os mafiosos são comerciantes que fazem seu trabalho e não passam disso;ganham dinheiro, muito dinheiro sem dúvida, mas não tem poder de decisão sobre os termos macro do assunto... os que fazem a grande fortuna, definitivamente são os banqueiros: “essa massa enorme de dinheiro que move o negócio - que certamente se traduz em poder, muito poder político e poder social – também chega a outras esferas de ação: esse dinheiro é “lavado” e chega a circuitos aceitos... Não é nenhuma novidade que existe toda uma economia ´limpa´, produto de ações de branqueamento dos capitais do narcotráfico, e são bancos ´limpos´ e honoráveis os que costumam fazer essas operações, os mesmos que manejam o capital financeiro multinacional que hoje controla a economia mundial, e aos quais o Sul pobre aporta cifras astronômicas na qualidade de dívida externa”.
Mas, além de ser um enorme negócio, o tráfico de drogas ilegais tem outro significado: é utilizado como mecanismo de controle das sociedades. É um dispositivo que permite uma supervisão do coletivo por parte da classe dominante. Passa-se a controlar a sociedade em seu conjunto e ela é militarizada, tendo-se a desculpa ideal para que o poder possa mostrar os dentes. Uma população assustada é muito mais manobrável.
Por sua parte, o imperialismo norte-americano vem aplicando de forma continuada um suposto combate ao negócio das drogas ilícitas, cujo objetivo real é permitir aos EUA intervir onde desejar, tenha interesses ou onde estes sejam afetados. Terminar com o consumo está absolutamente fora de seus propósitos. Onde há recursos que ele precisa explorar – petróleo, gás, minerais estratégicos, água doce, etc, e/ou focos de resistência popular, aí aparece o demônio do narcotráfico. Isso é uma política consubstancial a seus planos de controle global. Graças a ela, o governo dos Estados Unidos conta com uma arma de dominação político-militar. Na realidade, o suposto combate ao narcotráfico é a montagem de uma sangrenta obra de teatro. É um combate frontal contra o campo popular organizado, no qual na Colômbia e agora no México, por exemplo, as oligarquias e seus governos tem-se sujeitado docilmente às estratégias dos EUA, sendo a plataforma para a contra-insurgência, a criminalização das resistências e a militarização e paramilitarização de nossos países. O consumo induzido de drogas é parte medular da manutenção do sistema capitalista, tanto como o é a guerra, razão por que o autor apresenta em sua conclusão a mesma disjuntiva de Rosa de Luxemburgo: socialismo ou barbarie.
(*) México (N.do T.)
*GilsonSampaio

O primo distante do Tea Party

image
O Tea Party e o Ku Klux Klan possuem diversos elementos em comum.  É possível presumir então que ambos tenham alguma conexão além da ideológica?
Escrevendo para o New York Times, o historiador Kevin Boyle criou uma agitação com sua crítica de dois livros recentes sobre o Ku klux Klan (organização racista com origem no sul dos EUA após a Guerra Civil). Neste trecho está sintetizado o teor do texto, também servindo como passagem ofensiva:
Imagine um movimento politico criado em um momento de ansiedade terrível, suas origens escondias em uma combinação peculiar de manipulação e mobilização de pessoas comuns, seus postos dominados por cristãos conservadores e autoproclamados patriotas, sua agenda dirigida pela fervorosa retórica nacionalista, nativista e de regeneração moral, com mais do que um sopro de racismo bafejando por ele.
Não, não esse movimento.
Naturalmente, isto inspirou uma enxurrada de críticas de blogs e de especialistas de direita. Johan Goldberg, da National Review’s, ataca a crítica como “falha” e reclama que Boyle não mencionou os laços da Klan com os Democratas e Progressistas (como se fossem o mesmo grupo em 1920), enquanto o Media Research Center descreveu a crítica como ofensiva. A revista The Weekly Standard adota a mesma opinião de Goldberg, e leva seus leitores na direção de provas de que Democratas e Progressistas eram os reais aliados da Klan.
Alguns fatos. Qualquer historiador honesto rapidamente reconhece a extensão à qual a Klan estava entrelaçada com os políticos democratas na primeira metade do século XX. Embora ambos os partidos tivessem abandonado largamente os direitos civis no começo do século, é justo dizer que até 1940 o Partido Democrata era, sem dúvidas, um partido de supremacia branca nos Estados Unidos, especialmente no sul. Que a Klan estava envolvida com o Partido Democrata nos anos vinte não é um choque, dado o grau em que ambos os grupos dominavam estados periféricos como Kentucky na primeira metade do século.
Mais importante, Boyle não diz nada sobre a Klan como um órgão dos políticos republicanos. Ao invés disso, ele (corretamente) aponta que as forças que animavam a Klan – a cristandade conservadora, o nativismo, o populismo branco, o hiper-patriotismo e o preconceito racial – têm se manifestado através da história americana, inclusive hoje em dia. E, conquanto o Tea Party (movimento conservador e ultra-direitista ligado ao Partido Republicano) não seja um grupo terrorista contra negros, é difícil dizer até que ponto  o movimento seja motivado pela mesma constelação de forças reacionárias.
Os fatos ressaltam isso. De acordo com uma vistoria recente do Instituto de Pesquisa de Religião Pública (Public Religion Research Institute), 47% dos americanos que se identificam com o movimento Tea Party também se identificam com a direita religiosa, e 75% se consideram conservadores cristãos. Os políticos do Tea Party são majoritariamente brancos, mais predispostos a ver a imigração como um problema, e a nutrir um ressentimento contra americanos negros. Visto de outro ângulo, não é um acidente que os birthers encontraram um lar entre os adeptos do Tea Party. E obviamente, a retórica do Tea Party tende a aumentar as proclamações do patriotismo “real”, e um desejo de retornar às fundações da vida política americana.
O Tea Party é um movimento reacionário clássico na tradição americana, e como resultado, compartilha similaridades com a Ku Klux Klan. Eu repito, isso não significa que os adeptos do Tea Party também sejam da Klan, mas é simplesmente verdade que o movimento deriva de tópicos semelhantes na vida americana. Dada a extensão da clareza desse fato, os defensores conservadores do Tea Party estão, talvez, protestando um pouco demais.
Jamelle Bouie
Tradução de Othon Veloso Schenatto
Acesse o original aqui
*GilsonSampaio

Charge do Dia

http://4.bp.blogspot.com/-JLq0yvCbL-o/Tuynp9Cf20I/AAAAAAAAIFM/a5D2J7BXuQ0/s1600/DireitosHumanos.jpghttp://1.bp.blogspot.com/-_DnRp8mrqzA/TuyPotd8aLI/AAAAAAAAIE0/Vxy5arpyj8M/s1600/LaerteVisao-Homofobia-Crime.jpeg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheSSIVjf_PmhnaaQ5SSXRaibAgCV0Eg7Jm-KhjPPD1TLaoMe9Xgw4k6CtGebYO1rgVg9ZvJ83idq8M-XlXdXHUfca5JSNXOhGYYKBsfCqLoUyAD8imjb8YXXeHXduSG9e4BQADfOM-mXQ1/s1600/Iraque-livre-angeli.gifhttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBC11mNsaYU0m12NSAQCAHbAL2oyg9Yi700G09Ndtcad9IthzHKw8gC0HhyphenhyphenmTZs7kL5fyXc6IhN1JOKf43o-QDqsoVTIEqRyWjjVzovtjQNh-PTAfkz1XysXKR-dJnIC1KJ6h5YnQlKP6R/s1600/berssoexplendido.jpg

O Capital atormentado

  Por Sergio Nogueira Lopes - do Rio de Janeiro
Capa-Times
Os manifestantes que se erguem, mundo afora, pelas mais diferentes razões, foi para a capa da revista norte-americana Time
O Congresso norte-americano acaba de aprovar a Lei Nacional de Autorização de Defesa, que confere poder ao governo daquele país, de usar as Forças Armadas contra a sua própria população, prender por tempo indeterminado norte-americanos em qualquer lugar do mundo, sem nenhuma acusação aparente ou o devido processo legal. A medida passou no Senado por 93 votos a sete. Segue, agora, para sanção do presidente Obama. O fato ocorre quase simultaneamente à maior mobilização já convocada naquele país nas últimas décadas, em apoio ao movimento ocupar Wall Street (OWS), que paralisou os principais portos da Costa Oeste e tende a recrudescer.
A violência contra os manifestantes que denunciam o imenso poderio do mercado financeiro sobre a vida de bilhões de seres humanos é mais um fator de consternação para todos os que tomaram por verdadeiro o país, cantado no hino nacional como a terra da liberdade, onde mora a bravura, “land of the free and the home of the brave”. E esse sentimento é devastador. Libertos da influência do capital que, normalmente esmaga as iniciativas contrárias à sua supremacia, os militantes do OWS planejam e realizam a mais longa e vigorosa marcha contra o poder controlado pelas grandes corporações e colocam em xeque o sistema que sustenta a nação-símbolo da democracia no mundo.
O fato é que começa a ficar claro, para a maioria das pessoas, de mediano entendimento, o real sentido da sociedade de consumo que rege a vida não apenas dos norte-americanos, mas de todos os habitantes dos países capitalistas do mundo e de parte das nações comunistas, salvo raríssimas exceções. O movimento, que tenta ocupar não apenas Wall Street mas todas as cidades dos EUA, paralisa os portos e, daqui a pouco, as estações de trem, as rodovias e os aeroportos para alertar sobre o dramático poder de destruição do capital desvairado que impôs ao planeta uma fórmula capaz de destruí-lo numerosas vezes, seja no efeito estufa causado pela miríade de automóveis em circulação, seja pelas bombas nucleares ou pela boca, envenenado por doses maciças de fast food. Enfim, uma tormenta sobre corpos e mentes que já não sentem mais a pujança de um mundo ascendente.
Atônito diante da onda de protestos que varre o mundo e abismado com as primaveras árabe e russa, ainda atordoado com os ataques do Talebã e as bombas no Iraque, o governo dos EUA encontra agora, na repressão dura aos seus próprios cidadãos, a única forma de tentar manter os dedos intactos e buscar de volta os anéis, em meio à balbúrdia em que se perderam nas ruas de Nova York, ou seja, estão todos autorizados a baixar o cacete na moçada e atingir, sem piedade a face plana da democracia. Este talvez seja o sistema de organização social mais ineficiente e perigoso já criado pela humanidade, embora siga como a forma considerada a mais próxima da representação da vontade popular.
Diante do ataque eficaz ao inequívoco pilar central da sociedade norte-americana, percebe-se que o cerne do capitalismo apodreceu e, na realidade, nunca foi sinônimo de democracia. Significa apenas lucro, juros, usura, desemprego, manipulação da opinião pública, concentração de riqueza, egoísmo e destruição. Acossado pela crise mundial que assola os países mais ricos do Ocidente, fica evidenciada a hipocrisia da placidez democrática exigida aos países pobres do Oriente Médio, da África e Ásia para que os EUA implantem, a ferro e fogo, o american way of life, entupido de hambúrgueres, refrigerantes e goma de mascar, sabor piche. Pensar que um dia a Líbia será uma nação democrática, a exemplo da América do Norte, é no mínimo uma falácia. O apoio norte-americano aos grupos fundamentalistas que derrubaram uma série de ditadores africanos revela-se, cada vez mais, um tiro pela culatra. A ampliação da Sharia, a lei fundamentalista islâmica, é uma realidade na maioria dos países onde ocorrem as insurreições.
Em nome da democracia, esta vetusta e esfarrapada senhora representada na Estátua da Liberdade e que leva uma surra de cacetes nos becos de Manhattan, os falcões norte-americanos encheram burras de dinheiro e levaram para o túmulo milhões de jovens heróis das guerras travadas ao longo dos últimos séculos. Patrocinaram golpes de Estado aqui na América Latina, assassinaram supostos ditadores nas republiquetas das bananas, impuseram seus cúmplices nos governos daquele areal onde jorra o petróleo, outrora berço cultural da humanidade, e de forma silenciosa, manobram até os carrinhos de compras dos supermercados para que se consuma apenas o que eles determinam.
O desejo frustrado de mudanças, nas últimas eleições presidenciais dos EUA revela agora o seu preço. E o mundo observa, com uma lupa, os próximos passos daquele eleito com o slogan: “sim, nós podemos”. Obama não disse, até agora, ás vésperas de sua sucessão se pretende seguir no apoio ao 1% de Wall Street ou aos 99% restantes de seus eleitores. O suspense inexiste na realidade, mas é sugerido apenas para evitar a comoção pública e a revolta generalizada que se avizinha na terra de Tio Sam. Todos intuem, de uma forma ou de outra, quem sairá vitorioso desse atormentado embate. Quem será?
Sergio Nogueira Lopes é sociólogo e escritor, autor de O Mal Ronda o Mosteiro, entre outros.
*CorreiodoBrasil

domingo, dezembro 18, 2011

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCrxJQUMR_YPJEoBFaSTUYwsSW7OT696VbS2lmLkokzsvmgLoa03bC9X38A2Wop7FhSz0hU9HSsLgkz6DjLqiqXk8JRw8_4JvJhOl7u519Wqcyipd_bgsjKkglaKr8dxCvdgZlHYerfOwg/s1600/jo%C3%A3osinho+trinta.jpg

Santayana quer rever
as privatizações



Saiu na Carta Maior, artigo de Mauro Santayana:

Hora de rever as privatizações

Se outros efeitos não causar à vida nacional o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., suas acusações reclamam o reexame profundo do processo de privatizações e suas razões. A presidente da República poderia fazer seu o lema de Tancredo: um governante só consegue fazer o que fizer junto com o seu povo.

Mauro Santayana

Se outros efeitos não causar à vida nacional o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., suas acusações reclamam o reexame profundo do processo de privatizações e suas razões. Ao decidir por aquele caminho, o governo Collor estava sendo coerente com sua essencial natureza, que era a de restabelecer o poder econômico e político das oligarquias nordestinas e, com elas, dominar o país. A estratégia era a de buscar aliança internacional, aceitando os novos postulados de um projetado governo mundial, estabelecido pela Comissão Trilateral e pelo Clube de Bielderbeg. Foi assim que Collor formou a sua equipe econômica, e escolheu o Sr. Eduardo Modiano para presidir ao BNDES – e, ali, cuidar das privatizações.


Primeiro, houve a necessidade de se estabelecer o Plano Nacional de Desestatização. Tendo em vista a reação da sociedade e as denúncias de corrupção contra o grupo do presidente, não foi possível fazê-lo da noite para o dia, e o tempo passou. O impeachment de Collor e a ascensão de Itamar representaram certo freio no processo, não obstante a pressão dos interessados.


Com a chegada de Fernando Henrique ao Ministério da Fazenda, as pressões se acentuaram, mas Itamar foi cozinhando as coisas em banho-maria. Fernando Henrique se entregou à causa do neoliberalismo e da globalização com entusiasmo. Ele repudiou a sua fé antiga no Estado, e saudou o domínio dos centros financeiros mundiais – com suas conseqüências, como as da exclusão do mundo econômico dos chamados “incapazes” – como um Novo Renascimento.


Ora, o Brasil era dos poucos países do mundo que podiam dizer não ao Consenso de Washington. Com todas as suas dificuldades, entre elas a de rolar a dívida externa, poderíamos, se fosse o caso, fechar as fronteiras e partir para uma economia autônoma, com a ampliação do mercado interno. Se assim agíssemos, é seguro que serviríamos de exemplo de resistência para numerosos países do Terceiro Mundo, entre eles os nossos vizinhos do continente.


Alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos- entre eles Federico Mayor Zaragoza, em artigo publicado em El País há dias, e Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia – constataram que o desmantelamento do Estado, a partir dos governos de Margareth Thatcher, na Grã Bretanha, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, foi a maior estupidez política e econômica do fim do século 20. Além de concentrar o poder financeiro em duas ou três grandes instituições, entre elas, o Goldman Sachs, que é hoje o senhor da Europa, provocou o desemprego em massa; a erosão do sistema educacional, com o surgimento de escolas privadas que só servem para vender diplomas; a contaminação dos sistemas judiciários mundiais, a partir da Suprema Corte dos Estados Unidos – que, entre outras decisões, convalidou a fraude eleitoral da Flórida, dando a vitória a Bush, nas eleições de 2000 -; a acelerada degradação do meio-ambiente e, agora, desmonta a Comunidade Européia. No Brasil, como podemos nos lembrar, não só os pobres sofreram com a miséria e o desemprego: a classe média se empobreceu a ponto de engenheiros serem compelidos a vender sanduíches e limonadas nas praias.


É o momento para que a sociedade brasileira se articule e exija do governo a reversão do processo de privatizações. As corporações multinacionais já dominam grande parte da economia brasileira e é necessário que retomemos as atividades estratégicas, a fim de preservar a soberania nacional. É também urgente sustar a incontrolada remessa de lucros, obrigando as multinacionais a investi-los aqui e taxar a parte enviada às matrizes; aprovar legislação que obrigue as empresas a limpa e transparente escrituração contábil; regulamentar estritamente a atividade bancária e proibir as operações com paraísos fiscais. É imprescindível retomar o conceito de empresa nacional da Constituição de 1988 – sem o que o BNDES continuará a financiar as multinacionais com condições favorecidas.


A CPI que provavelmente será constituída, a pedido dos deputados Protógenes Queiroz e Brizola Neto, naturalmente não se perderá nos detalhes menores – e irá a fundo na análise das privatizações, a partir de 1990, para que se esclareça a constrangedora vassalagem de alguns brasileiros, diante das ordens emanadas de Washington. Mas para tanto é imprescindível a participação dos intelectuais, dos sindicatos de trabalhadores e de todas as entidades estudantis, da UNE, aos diretórios colegiais. Sem a mobilização da sociedade, por mais se esforcem os defensores do interesse nacional, continuaremos submetidos aos contratos do passado. A presidente da República poderia fazer seu o lema de Tancredo: um governante só consegue fazer o que fizer junto com o seu povo.

…………………..

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.