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O lago numa imagem radar |
O assunto? O lago Vostok, 250 km de comprimento, 50 de largura, 1.000 metros de profundidade.
Nunca visitaram o lago Vostok? Não admira: em primeiro lugar fica na
Antárctica, um pouco afastado das tradicionais rotas turísticas; depois
não é um lago normal, mas encontra-se debaixo de duas milhas de gelo.
Um lago debaixo da camada gelada da Antárctica? Isso mesmo. Promete bem.
Água, dúvidas...
O lago foi descoberto pelo geógrafo russo Andrey Kapitsa durante uma
serie expedições cientificas soviéticas realizadas entre 1959 e 1964. A
combinação de ondas sísmicas e radar confirmou a existência de alguns
lagos, o maior dos quais é o Vostok.
Com a perfuração foi possível alcançar uma zona situada apenas 60 metros
acima da superfície do lago, onde já não há o mesmo gelo da camada
polar mas gelo de água lacustre. Agora uma equipa de pesquisadores
russos retomou a exploração, o que significou ultrapassar mais de duas
milhas de gelo antárctico, numa perfuração que acabou hoje.
E nem faltara uma pitada de mistério: como relata o canal de notícias
Fox, a equipa desapareceu e reapareceu só após uma semana de comunicações interrompidas.
Mas afinal: qual a graça em visitar um lago que fica debaixo de quilómetros de gelo?
As razões são várias.
A camada de gelo antárctico funcionou como selante desde o Plioceno, 5
milhões de anos atrás. Desde então, as águas do Vostok ficaram separadas
e absolutamente livres de qualquer contaminação exterior.
Isso significa que uma amostra do Vostok daria água pura e, ao mesmo
tempo, seria como uma máquina do tempo: água com 5 milhões de anos.
E a vida? Pode existir um ecossistema no Vostok? A resposta é sim, pode.
5 milhões de anos atrás a vida proliferava no planeta e faz sentido
pensar em criaturas presas nas águas do lago desde então. Vida que teria
tomado um percurso diferente de qualquer outro lugar do planeta. Neste
aspecto, é óbvia a presença de bactérias, mas pode existir algo mais?
Ainda não sabemos, mas os pesquisadores terão que tomar uma série de
precauções para evitar qualquer tipo de contaminação, em ambas as
direcções.
Além
de tudo isso há outra pergunta: como é possível a existência dum lago
debaixo do gelo, num dos lugares mais frios da Terra? Em algumas zona, a
água atinge os +30º C, o que daria uma excelente piscina.
Existe uma hipótese que tenta explicar este fenómeno: os lagos, entre os
quais o Vostok, estariam posicionados em zona onde a crosta terrestre é
mais fina e que, portanto, recebe o calor do magma.
Como afirmado, não passa duma hipótese, sendo as verdadeiras razões ainda desconhecidas.
Mas há ainda outro mistério que está à espera de ser resolvido. Algo
igualmente importante, mas com contornos muito menos definidos.
...e mais dúvidas
No
sul-oeste do lago, as equipas de pesquisa têm identificado e testado
ao longo de anos a presença duma forte anomalia magnética, de origem
inexplicável, com uma extensão 105 para 75 km.
Alguns pesquisadores acreditam que o tal fenómeno seja devido ao afinamento da crosta nessa área; porém,
alguns medições feitas por detectores sísmicos identificaram a
presença dum elemento metálico de forma circular (ou talvez cilíndrica)
que aparece na base do lago, com um diâmetro muito grande.
Portanto, a hipótese é que seja esta não especificada estrutura que gera a alteração de 1000 nanotesla no campo magnético da zona.
Um meteorito? Ou algo ainda
desconhecido? Não sabemos. A única certeza é que o objecto apresenta um
perfil regular e que a NSA (a agência
para a segurança nacional dos EUA) tem perimetrado a área e
classificado as comunicações, oficialmente para "evitar a contaminação".
Um
dos muitos mistérios do Vostok, cuja exploração faz lembrar o trabalho
das sondas espaciais: um mundo novo, desconhecido, com muitas perguntas
em aberto.
*InformaçãoIncorresta
Ipse dixit.