No aniversário do partido, André Vargas diz que maior autoridade do PT é sua militância
De Louise Caroline – PT 32 anos: pra trás e pra frente.
Hoje
comemoramos 32 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. A
história de movimentos populares, sociais e sindicais que decidem
disputar institucionalmente o Estado e os recursos públicos sempre
concentrados na mão das elites.
A
história de um Partido estudado no mundo inteiro como experiência
exitosa na implementação de um novo modelo de democracia: daquela
restrita ao voto eleitoral àquela partilhada nos orçamentos
participativos, nas conferências de políticas públicas e na
resignificação da política.
Um partido de massas. De militantes. De fidelidade partidária e voto
programático, características raras em um sistema político fragmentado e
personalista. Um partido de idéias e ideais, de políticos comprometidos
com a coisa pública. Um partido de governo.
O fenômeno dos Governos do Presidente Lula, com todas as contradições
de uma coalizão imposta pelo sistema presidencialista e pelo
multipartidarismo, elevaram o PT a um reconhecido exemplo de inclusão
social e soberania internacional. Uma mirada especial aos oprimidos de
dentro e de fora do país.
A data de hoje é de alegria. De comemoração. E de olhar para o futuro. Como serão os próximos 32 anos do PT?
A primeira geração petista elaborou uma estratégia de partido e de
governo. Agora, com 10 anos de governo federal, cabe elaborarmos uma
nova estratégia que compatibilize a capacidade militante de um partido
de massas com uma gestão pública capaz de saltar da democratização do
capitalismo para uma sociedade socialista.
É que um partido eleitoralista, com lideranças personalistas e adaptado
ao jogo econômico do processo eleitoral não é o PT dos 32 anos pra
trás, nem o que queremos pra frente. Um Estado de bem-estar social,
universalizador de direitos básicos sem transformações nos fundamentos
da exploração dos seres humanos, não é o PT dos 32 anos pra trás, nem o
que queremos pra frente.
O desafio que temos nessa data reflexiva, como são os aniversários, é
entender que para sermos os mesmos temos que ser diferentes. A mesma
estratégia não cabe a um período histórico distinto. Nossas vitórias
exigem outras atitudes. Não precisamos mais consolidar um partido
nacional, mas fazê-lo manter sua capiralidade social, sem espaço para os
empresários da política e os políticos de si mesmos. Não precisamos
mais chegar à Presidência da República, mas fazer dessa oportunidade um
marco de rupturas que não exijam coalizões esquizofrênicas, nem
submissão aos banqueiros e aos latifundiários.
A experiência da social-democracia européia é um exemplo que precisamos
analisar como alerta. Não basta incluir gente na economia sem incluí-la
na política, não basta fazer remendos igualitários em um sistema de
desigualdades. Deixar o Estado refém do sistema financeiro capitalista é
deixar qualquer possibilidade de sucesso de nossa estratégia refém de
nossos inimigos.
Aos que terão a responsabilidade de dar continuidade à vida do PT, cabe
mergulhar nos melhores sonhos desses 32 anos e perceber que foi ousadia
de puxar a linha do horizonte o sustentáculo desse projeto.
Fazer o que parecia loucura e apostar no motor da história quando se
dava a história como morta moveu nossas conquistas.
A história exige novas ousadias. Mudar para que sejamos os mesmos.
Vida longa ao PT!
Louise Caroline Lima e Silva, petista com orgulho.
*Historiavermelha
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