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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

No aniversário do partido, André Vargas diz que maior autoridade do PT é sua militância
+*justiceiradeesquerda

De Louise Caroline – PT 32 anos: pra trás e pra frente.

 Hoje comemoramos 32 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. A história de movimentos populares, sociais e sindicais que decidem disputar institucionalmente o Estado e os recursos públicos sempre concentrados na mão das elites.
http://www.portaldecaruaru.com/images/conteudo/img_g/141111121125louise.jpgA história de um Partido estudado no mundo inteiro como experiência exitosa na implementação de um novo modelo de democracia: daquela restrita ao voto eleitoral àquela partilhada nos orçamentos participativos, nas conferências de políticas públicas e na resignificação da política.
            Um partido de massas. De militantes. De fidelidade partidária e voto programático, características raras em um sistema político fragmentado e personalista. Um partido de idéias e ideais, de políticos comprometidos com a coisa pública. Um partido de governo.
            O fenômeno dos Governos do Presidente Lula, com todas as contradições de uma coalizão imposta pelo sistema presidencialista e pelo multipartidarismo, elevaram o PT a um reconhecido exemplo de inclusão social e soberania internacional. Uma mirada especial aos oprimidos de dentro e de fora do país.
            A data de hoje é de alegria. De comemoração. E de olhar para o futuro. Como serão os próximos 32 anos do PT?
            A primeira geração petista elaborou uma estratégia de partido e de governo. Agora, com 10 anos de governo federal, cabe elaborarmos uma nova estratégia que compatibilize a capacidade militante de um partido de massas com uma gestão pública capaz de saltar da democratização do capitalismo para uma sociedade socialista.
            É que um partido eleitoralista, com lideranças personalistas e adaptado ao jogo econômico do processo eleitoral não é o PT dos 32 anos pra trás, nem o que queremos pra frente. Um Estado de bem-estar social, universalizador de direitos básicos sem transformações nos fundamentos da exploração dos seres humanos, não é o PT dos 32 anos pra trás, nem o que queremos pra frente.
            O desafio que temos nessa data reflexiva, como são os aniversários, é entender que para sermos os mesmos temos que ser diferentes. A mesma estratégia não cabe a um período histórico distinto. Nossas vitórias exigem outras atitudes. Não precisamos mais consolidar um partido nacional, mas fazê-lo manter sua capiralidade social, sem espaço para os empresários da política e os políticos de si mesmos. Não precisamos mais chegar à Presidência da República, mas fazer dessa oportunidade um marco de rupturas que não exijam coalizões esquizofrênicas, nem submissão aos banqueiros e aos latifundiários.
            A experiência da social-democracia européia é um exemplo que precisamos analisar como alerta. Não basta incluir gente na economia sem incluí-la na política, não basta fazer remendos igualitários em um sistema de desigualdades. Deixar o Estado refém do sistema financeiro capitalista é deixar qualquer possibilidade de sucesso de nossa estratégia refém de nossos inimigos.
            Aos que terão a responsabilidade de dar continuidade à vida do PT, cabe mergulhar nos melhores sonhos desses 32 anos e perceber que foi ousadia de puxar a linha do horizonte o sustentáculo desse projeto.
            Fazer o que parecia loucura e apostar no motor da história quando se dava a história como morta moveu nossas conquistas.
            A história exige novas ousadias. Mudar para que sejamos os mesmos.
            Vida longa ao PT!
Louise Caroline Lima e Silva, petista com orgulho.
*Historiavermelha

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