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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Israel:uma sociedade estruturada no fanatismo e no racismo



 

A partir da recente tragédia, onde 10 crianças palestinas foram mortas em um acidente de carro, enorme quantidade de comentários racistas e de ódio, proveniente de Israel, inundaram redes sociais, jornais e mídia, celebrando a morte das crianças palestinas. Para as pessoas comuns civilizadas, comemorar a morte de crianças (ou qualquer ser humano), seria uma aberração grosseira. No entanto, para a sociedade israelense, isso é algo habitual, comum. Não é um fato isolado, tão pouco se trata de uma minoria de fanáticos, jovens desajustados ou algo semelhante. Este é o fiel retrato de uma sociedade, cuja base está estruturada no fanatismo, na psicose, na paranóia e no ódio aos "gentios"(não judeus). Simplesmente este é o resultado do discurso e das políticas do estado , das autoridade políticas, sociais e morais de Israel.
2012-02-20 06:11:58 / Fonte: Comitê democrático palestino - Chile
Um ônibus de transporte de crianças palestinas  de um jardim de infância, colidiu com um caminhão israelense próximo de um ponto de controle militar israelense - checkpoint - na parte norte de Jerusalém, o vazamento de óleo provocou imediatamente um grande incendio. (16/02/2012)
Dez crianças foram mortas imediatamente e, pelo menos, 20 foram gravemente feridas, oito dos quais estão em estado crítico, de acordo com fontes médicas palestinas.
Até aqui, essa informação  não é mais do que uma lamentável e muito triste notícia policial, nem mais nem menos. No entanto, frente a esta tragédia, uma enorme quantidade de israelenses, através das redes sociais, jornais, periódicos, comentários na mídia, etc., celebraram a morte de crianças palestinas.
Muitos defensores de Israel  minimizaram os comentários apontando que estes correspondiam a uma minoria. Infelizmente, isso não é verdade, a reação à desgraça das crianças e suas famílias corresponde a uma importante maioria significativa e o mais triste, é o resultado de uma permanente e sistemática campanha de racismo e ódio dos distintos governos, autoridades políticas, militares, "morais" e até religiosas do estado de Israel.
Para as pessoas comuns e civilizadas, celebrar a morte de crianças (ou qualquer ser humano), seria uma grosseira aberração. No entanto, para a sociedade israelense isso é comum, é algo habitual. Este fato não é um evento isolado, tão pouco se trata de uma minoria de fanáticos, ou juvens desajustados, ou algo semelhante. É o reflexo fiel de uma sociedade baseada e estruturada no fanatismo, na psicose, na paranóia e no ódio dos "gentios", os não judeus. Simplesmente, é o resultado do discurso e da atuação das autoridades políticas, sociais e morais de Israel.
Exemplos como estes podem ser vistos todos os dias. Bastaria ler a imprensa israelense, ou ouvir os comentários e discursos dos diversos atores da política israelense, para verificar esta triste realidade.
Apenas a título de exemplo, as mensagens de ódio e racismo sobre a tragédia que aconteceu com os meninos e meninas palestinos, também apareceu no Facebook oficial de Premier israelense Netanyahu, com frases tão odiosas como "são apenas crianças palestinas," ou "morte aos árabes", "temos de enviar vários caminhões para concluir a tarefa," entre muitas outras. (Haaretz 17/02/2012).
Um ex ministro do Governo israelita, Rechavam Zeevy, sugeriu que fosse exigido dos palestinos, que vivem em Israel e que têm nacionalidade israelense, "a obrigação de levar sinais, cartões ou marcas de cor amarela em suas roupas, para que possam ser distinguidos dos israelitas.” Proposta já implementada, historicamente, pelos nazistas na Alemanha. Este mesmo Ministro declarou, sem constrangimento, que a solução da Palestina " é expulsar os palestinos dela e, assim, desta forma, através da limpeza, será preservado o sangue judeu.”
O Grão Rabino Ovadia Yosef, líder espiritual do partido Shas, um dos mais importantes partidos de Israel da coalisão do actual governo, qualificou os árabes como "macacos". E, posteriormente, acrescentou: "os árabes são serpentes que Deus se arrependeu de te-las criado". Em outra ocasião,afirmou: “Devemos exterminar os árabes" e exigiu que o estado  "ataque os árabes com todos os tipos de armas, para que não sobre nenhum árabe."
Não houve ninguém,  nenhuma declaração de repulsa e desagravo por estas declarações racistas. Ao contrário, o estado israelita colocou em prática as exigências de Ovadia Yosef:  atacou os árabes com mísseis, utilizando contra eles todos os tipos de armas, incluindo urânio empobrecido, fósforo branco e F-16.
Um soldado israelense em declaração a rádio militar , referindo-se aos palestinos mortos: "Ataco-os e os mato - como se estivesse dançando Rock and Roll". Um chefe de governo israelense, dirigindo-se aos soldados, disse: "não queremos que penses, mas que atueis!”
O atual Ministro de relações exteriores, que é o verdadeiro governante de Israel, Avigdor Lieberman, exigiu lançar bombas nuclear em Gaza. (4 De fevereiro no "Jerusalem Post"). Em 2002, ele defendeu o bombardeio de Teerã , da barragem egípcia de Aswan, de Beirute, propos assassinar Arafat e esmagar a Cisjordânia. "Não deixar pedra sobre... destruir tudo," afirmou, incluindo alvos civis, como os centros comerciais, bancos ou estações de gás.
Essas mensagens são ouvidas diariamente por crianças e jovens israelenses. Desde tenra idade, esses meninos são doutrinados e educado sob estes valores, o resultado é o que se observa. Não é estranho ver as crianças israelenses escrevendo mensagens na cabeça dos mísseis que são lançados por seu poder militar, desejando-lhes sucessos (aos mísseis) e o número máximo de vítimas. Nem é raro, nem tao pouco estranho ver como colonos, paramilitares e os próprios militares israelenses se gabam e demonstram orgulho por torturarem e matarem palestinos.
Camisetas com frases como "uma bala dois mortos", referindo-se as mulheres palestinas grávidas, ou como matar crianças palestinas, são tomadas com orgulho pelos militares. Os alunos de escola de Herzliya Hayovel, participantes de um campeonado de tiros, em um base militar, cobriam seus objetivos com o kuffiyeh Palestina, (diário israelense Haaretz 3 de abril de 2011), etc., estes são alguns exemplos das práticas comuns e rotineiras da ocupação.
Uma pesquisa, de Março de 2010, realizada pela Universidade de Tel Aviv, demostra que: 49,5% dos estudantes judeus israelenses secundaristas acreditam que cidadãos palestinos que vivem em Israel não devem ter os mesmos direitos que os judeus; 56% acham que não devem ser elegíveis para o Knesset (parlamento israelense). De acordo com um relatório de Janeiro de 2011, publicado no jornal israelense Yediot Aharonot, professores judeus em Israel indicam que o racismo anti-árabe entre alunos judeus atingiu níveis alarmantes, a ponto de proporem a matança dos palestinos. Os professores informaram a existência grafites nas paredes das escolas e até mesmo escritos nas folhas das provas escolares, onde a juventude expressa seu racismo violento: "morte aos árabes". De acordo com o relatório, um estudante de uma escola em Tel Aviv disse a seu professor em sala de aula que seu sonho era tornar-se um soldado para ser capaz de exterminar todos os árabes; os outros alunos da classe aplaudiram, em seu apoio. Em grande parte´, esta reação da juventude é, também consequência direta do Projeto Educacional racista das escolas israelenses, onde as criianças judias são regularmente doutrinadas
A grande maioria da sociedade israelense é imigrante de países longínquos, de regiões tais como Rússia, Índia, Etiópia, América Latina, Europa, etc. E, por isso, todos eles sabem que se encontram vivendo em terras e casas de um outro povo,  verdadeiros e históricos proprietários que estão sendo sistematicamente expulsos de suas terras e passam a viver como refugiados. Contudo, o fanatismo não permite aos colonos judeus ver esta injustiça, fecham os olhos para as atrocidades que seus militare levam a cabo contra os palestinos.
Tudo se passa ao contrário, eles se sentem (ou foram convencidos) como se fossem vítimas dos "terroristas" que pretendem sua destruição ou eliminação. Esta psicose, verdadeira indústria de paranóia, é o pilar fundamental da política sionista que tem conseguido manter uma férrea e implacável união entre imigrantes de diferentes origens, raças, etnias, idiossincrasias e nacionalidades que hoje formam esta sociedade.
Esta sociedade ou o estado de Israel, não puni as ações criminosas contra os palestinos, muito pelo contrário, há uma espécie de "Prêmio social" para tais atitudes. De fato, milhares de palestinos foram e continuam sendo assassinados , dezenas de milhares feridos, enormes danos a propriedades e aos bens palestinos, no entanto, nem um único israelita foi criminalizado. Entretanto, dezenas de milhares de palestinos passaram pelos cárceres israelitas, sob diversas acusações.
Curiosamente, as vítimas são os palestinos e os punidos, também!
Esta estranha mistura de fanatismo, psicose e paranóia tampouco lhes permite ver ou ouvir as críticas de setores e organismos humanitários e de defesa dos direitos humano. As críticas são simplesmente desclassificadas por expressões como "anti-semita" ou "antijudíos". Isso é suficiente para desqualificar as críticas, as denúncias e as opinioes contrária à atuação do estado de Israel.
19 De fevereiro de 2012
tradução do Blog
*GilsonSampaio

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