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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Presidenta argentina considera vergonhosa a existência de enclaves coloniais em 16 países

A presidenta da Argentina, Cristina Fernández, lamentou que no mundo ainda existissem “16 enclaves coloniais” e um deles está situado no Atlântico Sul, nas Ilhas Malvinas, cuja soberania reivindica esse governo sul-americano.  
Durante um ato de comemoração do bicentenário da Bandeira da Argentina, realizado na cidade de Rosario (centro-oeste), a Presidenta expos que “há 200 anos aquele ato histórico que hoje estamos comemorando (…) subsiste ainda – para vergonha do mundo – enclaves coloniais em 16 países do mundo”.
Enfatizou que a causa das Malvinas já não apenas é um problema de Estado, mas regional e global, por também, se trata da “defesa de nossos recursos naturais, aos quais têm direito os cidadãos”.
No entanto, ressaltou que não só a ocupação militar é uma forma de colonialismo, pois, atualmente, “existem outras formas de colônia” quanto à “subordinação física, intelectual e econômica”.
Neste sentido, relembrou que o ex-presidente – falecido – Néstor Kirchner (2003-2007) adiantou uma “tarefa titânica” para a independenizar a Argentina desse tipo de colonialismo, mediante o pagamento da divida externa, e rechaçando as iniciativas da Área de Livre Comércio das América (ALCA).
Fernández sustentou que Kirchner “chegou também a uma pátria colonizada, dominada por agentes e setores econômicos, que do exterior e também do interior, a tinha devastado”, mas, “iniciou o trabalho de gerar emprego, recuperar a indústria e reivindicar os direitos do povo”.
Igualmente, a mandataria reconheceu que nesta matéria, todavia, ficou muito por fazer, porém, justificou que “o que não se tem feito é por faltada de recursos”.
Sublinhou que parte dos recursos econômicos do país – 10 bilhões de dólares – se dilui na importação de combustível, montante que poderia ser investido em outras áreas se contasse com campos e plataformas próprias de petróleo.
Apesar disso, “temos conseguido ter balança comercial” estável graças ao crescimento das exportações e do mercado interno.
“Estou decidida a seguir avançando no processo de transformação da pátria”, enfatizou a Presidente.
“Defender o Estado é também defender a bandeira (…). Estou farta dos que me falam apenas de slogans e palavras de ordem, unicamente, quero que colaborem ativamente, que se cuidem vocês mesmos (…) porque vocês são a pátria, a pátria não é um termo vazio, a pátria é o território com os 40 milhões de pessoas no seu interior”, disse.
Cristina Fernández, também, se referiu ao incidente ferroviário da Estação Onze, em Buenos Aires (capital), ao advertir que tomará “as decisões que sejam necessárias, uma vez que a justiça decida”.
Estima que no espaço de 15 dias se concluam os processos de investigação e se determine “os responsáveis direto e indireto” da tragédia.
“Peço algo, encarecidamente, a esta justiça, que as pericias para determinar os responsáveis direto e indireto, não podem durar mais de 15 dias”, expressou a Presidente e sublinhou que “os 40 milhões (de argentinos) e as vitimas necessitam saber o que se passou e quem é responsável”.
Além disso, recomendou que ninguém esperasse dela “jamais, ante a dor da morte e diante a tragédia, a especulação de foto ou discurso fácil” e disse não tolerar aos “que querem aproveitar-se de tanta tragédia e tanta dor”.
A chefa de Estado chegou à cidade “santafesina” acompanhada pelo vice-presidente Amado Boudou e membro do governo nacional para encabeçar o ato de Bicentenário da criação da bandeira.
O evento se desenrolou em frente ao Monumento Nacional a Bandeira, as margens do Rio Paraná, onde se desfraldou a bandeira, “Alta no Céu”, a mais longa do mundo, costurada durante mais de 10 anos com retalho de tecido de todo o país.
Fonte:
Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)
*Históriaepovo

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