O presidente Rafael Correa, do Equador, acaba de dar um tapa de luvas em seus detratores.
Anunciou o perdão da indenização judicial a que foram condenados
editorialistas e donos do jornal “El Universo”, que o acusaram de mandar
o Exército abrir fogo contra civis na tentativa de insurreição policial
em que foi agredido.
Pouco importava à direita que não tenha sido aberto fogo e que a ordem jamais tenha sido dada.
A condenação por danos morais, de US$ 40 milhões de dólares, foi
perdoada pelo presidente “tirânico e autoritário”. Bem como a sentença
de três anos de detenção que a Suprema Corte aplicou-lhes.
“”Embora eu saiba que muitos querem que não seja feita nenhuma
concessão aos que não merecem, e embora tenha tomado a decisão de
iniciar este julgamento, decidi ratificar algo há tempos decidido em
meu coração (…) perdoar os acusados, concedendo a eles a remissão das
condenações que merecidamente receberam”, disse Rafael Correa.
Mas essa gente é tão desavergonhada que, mesmo diante desse ato de
grandeza, vai criar mil e uma chicanas para chamar a Correa de tirania e
ataque á liberdade de imprensa.
Que, entretanto, sai com um estigma indelével deste episódio.
Porque, bem o disse Correa, há perdão, mas não o esquecimento.
*Tijolaço
Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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