Boris Casoy e o CCC, segundo a revista “O Cruzeiro”
Segundo o âncora da Band, “Eliana
Tranchesi foi exposta à execração pública e humilhada”. Veja só, leitor, que
esse sujeito parece entender que tudo aconteceu só por ela ter sonegado algumas
centenas de milhões de reais em um esquema que o Ministério Público chamou de
“organização criminosa” e que gerou multa de R$1 bilhão, além da ação penal.
Chega a parecer que, pelos crimes cometidos, deveriam ter feito uma estátua
para Tranchesi.
Via Cloaca
News
Recordar é viver. Reproduzimos, na
íntegra, a reportagem da finada revista O
Cruzeiro, de 9 de novembro de 1968. O texto é de Pedro Medeiros e as fotos de
Manoel Motta. Segundo a matéria, Boris Casoy, o
amigo dos garis e um dos expoentes principais do Comando de Caça aos Comunistas
(CCC), andava armado para assustar alunos na USP. Leia também texto de Altamiro
Borges sobre o fascista CCCasoy, de janeiro de 2010.
Clique nas imagens para ampliá-las.
Altamiro Borges: Boris Casoy é
“uma vergonha”
Altamiro Borges em seu blog,
em 3/1/2010
Primeiro vídeo: ao encerrar o Jornal
da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de São Paulo aparecem desejando
feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência, sem perceber o vazamento de áudio,
o fascistóide Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes, faz um comentário asqueroso:
“Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras...
Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.
Segundo vídeo: na noite seguinte,
o jornalista preconceituoso pede desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o
programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas
aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostra que não se arrependeu da frase e do
seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo
e supostamente os microfones estavam desligados.”
Do CCC à assessoria dos golpistas
Este fato lastimável, que lembra a
antena parabólica do ex-ministro de FHC, Rubens Ricupero – outras centenas de comentários
de colunistas elitistas da mídia hegemônica infelizmente nunca vieram ao ar –, revela
como a imprensa brasileira “é uma vergonha”, para citar o bordão de Boris Casoy,
com seu biquinho e seus cacoetes. O episódio também serve para desmascarar de vez
este repugnante apresentador, que gosta de posar de jornalista crítico e independente.
A história de Boris Casoy é das mais
sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com
políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista O Cruzeiro, em 1968, o então estudante do
Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista
que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a
sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.
Âncora da oposição de direita
Ainda de 1968, o direitista foi nomeado
secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo
biônico de Abreu Sodré, em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura
do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar.
Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo
e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Otávio Frias,
outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão,
a sua carreira teve início no SBT, em 1988.
Na sequência, Casoy foi apresentador
do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido,
ele declarou à revista IstoÉ que “o governo
pressionou a Record [para me demitir]...
Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve
como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da
oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo
do mensalão”.
Nos bastidores da TV Bandeirantes
Em 2008, Casoy foi contratado pela
TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado
dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra
as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas
dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os
garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os
bastidores da TV Bandeirantes.
Entidades sindicais e populares já
analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral
da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília,
seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas,
para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível
acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais
do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como
é o caso das TVs.
Na 1ª Conferência Nacional de Comunicação,
realizada em dezembro, Walter Ceneviva, Antonio Teles e Frederico Nogueira, entre
outros dirigentes da Rede Bandeirantes, participaram de forma democrática dos debates.
Bem diferente da postura autoritária das emissoras afiliadas à Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), teleguiadas pela Rede Globo. Apesar das
divergências, essa participação foi saudada pelos outros setores sociais presentes
ao evento. Um dos pontos polêmicos foi sobre a chamada “liberdade de expressão”.
A pergunta que fica é se a deprimente declaração de Boris Casoy faz parte deste
“direito absoluto”, quase divino.
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