Tadinhas das empreiteiras, são tão perseguidas
Via Jornal Hora do Povo
Exército agiliza obras no país e as empreiteiras se queixam
Na transposição do São Francisco os trechos a cargo da instituição estão quase concluídos
A
eficiência e a rapidez do Exército na execução de obras de construção e
reforma pelo país estão incomodando as empreiteiras, que se queixam de
“concorrência desleal” por parte da corporação.
O
presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic),
Paulo Safady Simão, reclamou esta semana da participação do Exército
Brasileiro em obras desenvolvidas pelo governo federal. “O setor da
construção civil não vê com bons olhos a atuação do Exército em obras
como duplicação de estradas e construção de aeroportos. Não há
necessidade de os militares assumirem obras desse tipo”, disse. “O
Exército é hoje a maior empreiteira do país”, reclama também João
Alberto Ribeiro, presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras
Rodoviárias. Segundo ele, poucas construtoras no país têm hoje uma
carteira de projetos como a executada pelos batalhões do Exército. No
PAC, há 2.989 quilômetros de rodovias federais sob reparos, em
construção ou restauração, com gastos previstos em R$ 2 bilhões. Destes,
745 quilômetros – ou R$ 1,8 bilhão – estão a cargo da corporação. “Isso
equivale a 16% do orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes neste ano”, disse.
O general
Jorge Ernesto Pinto Fraxe, da Diretoria de Obras de Cooperação (DOC), do
Departamento de Engenharia e Construção do Exército (DEC), rebateu as
declarações dos representantes das empreiteiras e afirmou que “a atuação
dos militares só ocorre quando é bom para o país e para a instituição”.
O general declarou que “algumas das obras assumidas pelos militares
eram consideradas prioritárias e estavam tendo problemas para serem
tocadas pela iniciativa privada”. “A gente não pleiteia obras. Elas são
oferecidas e aceitamos quando elas são importantes para o
desenvolvimento do país e para nosso treinamento”, destacou. No auge das
obras, 12 mil soldados atuaram na construção civil para o governo.
Ele
lembra, por exemplo, que havia uma briga no consórcio vencedor da
licitação para a duplicação da BR-101 e que as empresas fugiam do início
das obras da transposição do São Francisco. A alegação para o
retardamento do início das obras era que o canteiro ficava no polígono
da maconha. O general conta que o Exército fez um trabalho social na
área e que dois hospitais chegaram ser montados na região, para
atendimento à população.
Em função de
“dificuldades” desse tipo, apresentadas pelas empresas privadas, uma
parte expressiva das obras do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) estão sendo conduzidas pelos militares. Graças a convênios com o
governo federal, os militares receberam R$ 2 bilhões nos últimos três
anos para executar duplicações de estradas, construção de aeroportos,
preparar novos gasodutos e iniciar a transposição do Rio São Francisco.
No total seriam 80 obras.
A transposição do São
Francisco é o caso mais emblemático. Enquanto os trechos que ficaram sob
a responsabilidade do Exército estão quase prontos, a parte que cabe às
empresas privadas está atrasada ou paralisada. Tanto assim que em
recente visita aos canteiros da obra a presidenta Dilma cobrou melhor
desempenho e agilidade. Em Floresta (PE), onde a presidenta esteve, o
percentual de execução não passa de 13%. Em outros lugares chega só a
16%. Nos trechos feitos pelo Exército, a obra avançou 3 vezes mais que
os das empreiteiras no Eixo Norte (80% está concluída) e 5 vezes mais no
Eixo Leste. Por sua vez as empresas privadas estão pedindo mais
dinheiro para continuar as obras.
As empresas
privadas, algumas delas organizadas em cartéis, depois de retardarem
obras importantes para o país, de exigirem reajustes absurdos nos
preços, criticam quando o Exército é acionado para garantir as obras
prioritárias. Elas alegam uma suposta “concorrência desleal’. Segundo os
empreiteiros, a participação expressiva dos militares “inibe o
investimento e impede a geração de empregos”.
Para
o general Fraxe, “as obras ajudam a formar um contingente de 2.000 a
2.500 rapazes que passam pelo serviço militar obrigatório e que voltam
para a sociedade com um ofício, quando são utilizados pela Engenharia
dos militares”. Ele diz que também são geradas novas tecnologias: “No
fim do ano passado fizemos um boletim técnico que cedemos à Associação
Brasileira de Pavimentação sobre novas técnicas na construção de pistas
de concreto, que ficaram com qualidade das alemãs”, informou.
Ele
diz que o assédio aos cerca de 600 engenheiros do Exército prova que a
qualidade do trabalho é reconhecida. Entretanto, ele diz que não há uma
debandada generalizada. Ele minimiza o medo das construtoras. “O
Exército não é um construtor. Quem pensa que vamos concorrer com as
empresas está equivocado. Só atuamos para treinar nosso pessoal”, disse o
general, que afirma que contrata empresas privadas para a construção de
pontes e viadutos.
Os militares também fizeram
obras para estatais - como as clareiras na selva para a construção do
gasoduto Coari-Manaus, e para outros níveis de governo, como a atual
construção do Caminho da Neve, estrada que Santa Catarina quer abrir
para unir Gramado (RS) a São Joaquim (SC), favorecendo o turismo de
inverno.
Estima-se que, ao serem concluídas, as
obras entregues ao Exército terão um custo até 20% menor para os cofres
públicos. “A corporação não pode lucrar com os serviços que presta”.
Como emprega os próprios oficiais e soldados, já remunerados pelo soldo,
o custo da mão de obra deixa de ser um componente do preço final da
empreitada. Por tudo isso, o Exército está desempenhando um papel
fundamental na infraestrutura necessária para o Brasil sediar a Copa do
Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
*Gilsonsampaio
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