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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 02, 2012

A Racionalidade Destrutiva do Capital

Sebastião no blog ARQUIVOS CRITICOS



Ao longo de sua história o capital tem se definido também como crescente racionalização da produção, ou seja, da sua base material e da superestrutura política, jurídica e cultural. As revoluções da técnica e da ciência têm reforçado essa racionalização de todo o ser social.

Max Weber analisa este processo como um desencantamento do mundo, um fenômeno que despoja os seres humanos do conhecimento mítico e dos valores, e o submete a uma vida organizada racionalmente, de forma fria e calculista. Para ele este processo vem se desenvolvendo desde milênios, mas é no capitalismo que ele atinge o máximo da plenitude. Ele tem uma visão dialética deste processo, pois o vê como algo que liberta os homens das superstições mágicas, tornando-o senhor de seu destino, mas que ao mesmo tempo torna a vida do individuo vazia e desprovida de sentido. Assim se define este processo:

“A intelectualização e a racionalização crescentes não equivalem, portanto, a um conhecimento geral crescente acerca das condições em que vivemos.”

Em seguida ele define as consequências da racionalização para os indivíduos.

“O destino de nosso tempo, que se caracteriza pela racionalização, pela intelectualização e, sobretudo, pelo desencantamento do mundo, levou os homens a banirem da vida pública os valores supremos e mais sublimes.”

Para Weber, o tipo de racionalidade que predomina no capitalismo é o da razão instrumental, uma razão manipuladora, preocupada somente com meios e fins para aumentar a produção e a competitividade entre as empresas e entre os indivíduos. É este tipo de razão que aumenta o poder e a expansão do capital, mas que ao mesmo tempo conduz à perda dos valores e do sentido da vida humana.

Georg Lukács considera esse processo de racionalização como um processo de reificação das relações sociais. Além de significar a reificação das relações humanas, este processo também significa uma fragmentação dos trabalhadores dominados por uma força cega que eles mesmos criaram e que agora não sabem o que é. Sobre a reificação e a alienação Lukács afirma:

“Objetivamente, surge um mundo de coisas acabadas e de relações entre coisas (o mundo das mercadorias e do seu movimento no mercado)...Subjetivamente, a atividade do homem – numa economia mercantil realizada – objetiva-se em relação a ele, torna-se numa mercadoria regida pela objetividade das leis sociais naturais estranhas aos homens e deve efetuar os seus movimentos tão independentemente dos homens como qualquer bem destinado à satisfação de necessidades, que se tornou coisa mercantil.”

Sintetizando Weber e Marx, Lukács funde em sua análise a teoria da racionalização do primeiro e a teoria do fetichismo da mercadoria do segundo para concluir que o capitalismo é marcado em seu desenvolvimento pelo crescente domínio do estranhamento dos indivíduos em relação às partes e ao todo do ser social; pela reificação das relações sociais e pela socialização da relação entre as coisas.

Para Lukács, o resultado da racionalização é a perpetuação da alienação e da opressão dos homens pelo sujeito capital.

Para Adorno e Horkheimer, a racionalização capitalista é resultado da dialética do esclarecimento, um processo que começa na antiguidade e chega até os dias do capitalismo contemporâneo. A racionalização e o projeto do esclarecimento tem como objetivo libertar os homens das amarras emocionais do mito. Mas ao perseguir este fim, utilizando-se da razão instrumental manipuladora, os homens retornam ao mito, sendo subjugados novamente por forças cegas e sobrenaturais, típicas do fetichismo do capitalismo.

“No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal’’.


Para os teóricos da Escola de Frankfurt a racionalização crescente da vida humana, em toda a sua totalidade, leva, contraditoriamente, a razão instrumental a cair na irracionalidade da dominação do capital. O capital, desta maneira, se torna um pseudo-sujeito e acaba sucumbindo às leis cegas e irracionais postas em movimento por ele mesmo. Sendo assim, todas as classes sociais sofrem as conseqüências destrutivas postas pela lógica do capital. Suas conclusões mostram a gravidade deste processo:

“O absurdo desta situação, em que o poder do sistema sobre os homens cresce na mesma medida em que subtrai ao poder da natureza, denuncia como obsoleta a razão da sociedade racional.”

Como podemos inferir, a organização racional do ser social do capitalismo se interverte no seu oposto, a desorganização irracional da sociedade em sua totalidade. E conforme avança o capitalismo, sua essência anárquica e irracional se torna cada vez mais absoluta.

Agora procuraremos relacionar o processo de racionalização com o complexo de reestruturação produtiva surgido nos anos setenta, como possível solução para crise estrutural.

A racionalização produtiva significou uma maior flexibilização na utilização do capital e do trabalho, visando reduzir ao máximo os custos, a ociosidade dos fatores produtivos e os riscos impostos pela instabilidade dos mercados. Esse processo se define também pelo rápido desenvolvimento de novos equipamentos informatizados e flexíveis, pela introdução de novas formas de organizar a produção (kanban, just-in-time) e pelo processo de especialização, articulado com um sistema de subcontratação de produção e serviços.

A racionalização dentro do complexo de reestruturação produtiva modificou as relações de produção. As empresas tiveram que apelar para a flexibilização do trabalho. O resultado desta racionalização produtiva foi o aumento da produtividade das empresas, proporcionado pela intensificação da exploração dos trabalhadores. Além disso, tivemos a precarização do emprego, aumento da instabilidade do emprego, ampliação dos contratos de trabalho por tempo determinado e/ou tempo parcial.

Dedecca assim define as conseqüências para os trabalhadores desta racionalização produtiva:

“A organização flexível tem decomposto as relações do trabalho, fragilizado as competências dos trabalhadores, corroído a solidariedade, destruído as capacidades de construção de aprendizagem e de experiências.”

Outras conseqüências da racionalização são o aumento do desemprego e da subutilização da capacidade de trabalho. Ao analisar esse processo de racionalização produtiva, como um dos principais componentes da reestruturação capitalista, senão a principal, que serve ao capital para solucionar sua crise, podemos concluir que este processo representa a afirmação da continuidade da hegemonia do capital em toda a sociedade.

Essa hegemonia do capital tem sido utilizada para perpetuar os interesses de exploração da mais-valia, adaptando as formas de acumulação desta mais-valia às conjunturas sociais, políticas e econômicas que melhor garantam o predomínio da razão de ser do capital, a exploração do trabalho.

E assim, o capital segue sua lógica, explorando e barbarizando toda a sociedade, para garantir a sua existência perversa e irracional. Mas isto tem um limite e esta crise estrutural que se estende até os dias de hoje parece apresentar uma das principais manifestações destes limites, o que talvez só seja solucionado pela negação do modo de produção capitalista.

*Turquinho

Cruzeiros da Costa Crociere eram regados a álcool, drogas e sexo


Dois funcionários da companhia de navegação Costa Crociere revelaram que nos cruzeiros da empresa dona do transatlântico que naufragou em janeiro, em frente à ilha italiana de Giglio, predominavam o sexo, as drogas e o álcool, noticiou nesta quinta-feira o jornal La Stampa.
Segundo informações que vazaram da investigação judicial aberta na Itália, vários trabalhadores da companhia contaram aos promotores que tanto os oficiais quanto alguns tripulantes das embarcações costumavam "ficar bêbados".
"Durante as festas, nos perguntávamos se alguém poderia salvar o barco em caso de emergência", contou Mery G., que trabalhou a bordo do Costa Concordia, o navio que naufragou, durante dois meses no ano de 2010.
A mulher relatou ter sido molestada por um membro da tripulação, que estava "completamente drogado".
Uma ex-enfermeira, Valentina B, que esteve sob o comando do controverso comandante Francesco Schettino em outro cruzeiro, o Costa Atlantica, afirmou que "a corrupção, a droga e a prostituição" reinavam a bordo.
"Vi com meus próprios olhos um oficial aspirar cocaína", afirmou.
Para a funcionária, as condições de vida da tripulação do cruzeiro "eram péssimas" e o capitão tratava os funcionários "como escravos".
Os diretores da Costa Crociere informaram que a empresa não tolera drogas a bordo dos cruzeiros e que seu pessoal passa por controles regulares.
Em janeiro, após o naufrágio do Costa Concordia, que deixou 32 mortos, a companhia defendeu seu pessoal e elogiou tanto o profissionalismo quanto a coragem demonstrada pelos funcionários e tripulantes durante a tragédia.
Schettino está em prisão domiciliar na Itália e é acusado de homicídio culposo múltiplo, naufrágio e abandono de navio, bem como omissão de socorro por ter evitado comunicar às autoridades marítimas a gravidade do acidente.
O Costa Concordia, no qual viajavam 4.229 pessoas de 60 nacionalidades (das quais 3.200 turistas que faziam um cruzeiro pelo Mediterrâneo), bateu contra uma rocha na noite de 13 de janeiro e naufragou em poucas horas.
O acidente aconteceu depois que o capitão decidiu aproximar o navio da ilha de Giglio para entreter os passageiros, uma manobra considerada muito perigosa.
Após o acidente, Schettino fingiu, em suas conversas com a Capitania dos Portos, que estava dentro do navio e demorou em dar o alarme, retardando a evacuação dos passageiros.
Além do capitão, seu imediato, Ciro Ambrosio, e outras sete pessoas, entre elas dois diretores da Costa Crociere, são investigados pela justiça.
*Yahoo
 
 

Ciclistas protestam após atropelamento e morte na Paulista

O acidente ocorreu por volta das 9h45 de hoje e o grupo, identificado com o Massa Crítica, se dirigu ao local com bicicletas para protestar. Foto: Oslaim Britto/Futura Press
O acidente ocorreu por volta das 9h45 de hoje e o grupo, identificado com o Massa Crítica, se dirigu ao local com bicicletas para protestar
Foto: Oslaim Britto/Futura Press
Um grupo de ciclistas fez um protesto nesta sexta-feira e cobrou mais "respeito e segurança" nas ruas de São Paulo após um atropelamento e morte na avenida Paulista, próximo ao cruzamento com a rua Pamplona, no centro da cidade. O acidente ocorreu por volta das 9h45 de hoje e o grupo, identificado com o Massa Crítica, se dirigu ao local com bicicletas. Eles foram carregados pela Polícia Militar (PM). À noite, a partir das 19h, os ciclistas planejam um ato em homenagem à vítima.
"A reunião foi para cobrar respeito e mostrar que a situação está começando a ficar inviável devido à falta de respeito de motoristas de ônibus e taxistas", afirmou uma das integrantes do Massa Crítica, identificada como Luiza Dias Lamas. Os bombeiros chegaram a enviar viaturas de resgate ao local do acidente, mas foi constatada a morte antes do socorro. Tanto a idade quanto a identidade da vítima ainda eram desconhecidos, segundo a corporação.
"As pessoas que estavam lá comentaram que o motorista furou o sinal e atropelou a garota", disse o ciclista Guilherme Silva. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o acidente ocorreu no lado direito da avenida Paulista, onde existe uma faixa preferencial para ônibus.
Os ciclistas marcaram para a noite desta sexta-feira uma homenagem à vítima. O grupo sairá da praça do Ciclista, próximo ao cruzamento da avenida Paulista com a rua da Consolação, por volta das 19h. Na semana que vem, o Massa Crítica fará a 1ª Bicicletada Extraordinária Nacional para protestar contra a violência no trânsito.
*Terra
Joaquim Barbosa será o terceiro negro na presidência do STF





Por Daiane Souza
Pela terceira vez em mais de 100 anos de existência, o Supremo Tribunal Federal (STF) terá como presidente um negro: o ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes. Destinado a ocupar o mais alto cargo da corte de Justiça Brasileira, ele deverá assumir em novembro de 2012, em razão do rodízio de ministros da casa. Até lá, Ayres Britto que terá posse em 19 de abril permanecerá no lugar de Cezar Peluso.
Não fossem por problemas de saúde, Barbosa teria ocupado o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2010. Devido aos imprevistos, e por sua competência, ele assume o cargo que faz parte da linha sucessória da Presidência da República, depois da Presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Histórico – De família pobre, Joaquim Barbosa como é conhecido no cenário político, nasceu no município mineiro de Paracatu, em 1954. Primogênito de oito filhos, viu seus pais se separarem cedo, tornando-se responsável pela família composta por sua mãe e irmãos. Aos 16 anos, foi sozinho para Brasília, onde conseguiu emprego e concluiu o segundo grau, sempre estudando em colégio público.   
Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília e, em seguida, mestrado em Direito do Estado. Prestou concurso público para Procurador da República e foi aprovado. Na década de 1990, licenciou-se do cargo e foi estudar na França por quatro anos, onde se mestrou em Direito Público e se doutorou em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas).
É professor licenciado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde ensinou as disciplinas de Direito Constitucional e Direito Administrativo. Foi visiting scholar (1999-2000) no Human Rights Institute da Columbia University School of Law, New York, e na University of California Los Angeles School of Law (2002-2003).           
Barbosa prestou concurso para a carreira diplomática. Foi aprovado em todas as etapas e ficou na entrevista: a única na qual a cor de sua pele era identificada. A partir do episódio, sua consciência racial, que começou a ser desenhada na adolescência, ganhou contornos mais fortes. Atual ministro e provável presidente do STF, foi defensor do sistema de cotas que garante vagas universitárias específicas para estudantes negros.


No Palmares
*MariadaPenhaNeles

PROSTITUTOS

 

Prostituição é andar na contramão do coração. É hipotecar a própria alma em nome de necessidades terrenas ou que não são nossas. Pode ser com sexo, mas também com o não-sexo.Existe prostituição contra si mesmo dentro do próprio casamento quando alguém deixa de se satisfazer (vale sexo casual, masturbação, saída com amigos, desejos inconfessáveis etc.) para não agredir a moral que paira sobre as famílias inautenticas que absorvem sem perceber a moral coletiva. Existe - e muito - a prostituição pelo trabalho...Quem, entre os tantos que contam os minutos do relógio esperando o expediente terminar porque odeiam o que fazem, poderá condenar uma prostituta "clássica"? Pode haver prostituição quando as nossas necessidades que parecem secundárias, são, na verdade, preferenciais e acabam prostituídas. Quem deixa de fazer alguma coisa por conta de uma imposição moral (e elas são como carrapatos em nós...) acaba se prostituindo. Prostituição também é um atalho falacioso para uma redenção mais falaciosa ainda. Prostituição é ir contra a moral do "bem" que se arrasta pela história, em especial, a partir do advento do cristianismo. Prostituição é deixar de educar em nome dos alunos que viraram clientes. Prostituição é abdicar dos nossos fundamentos bem pensados e refletidos em nome de um Éden que vive num tempo que não existe, o futuro. De algum jeito, somos todos prostitutos e prostitutas, não sejamos hipócritas. O "sistema" econômico é apenas uma das pressões que forçam nossa própria prostituição... Repito, apenas uma entre tantas. E - pergunto - se viver nessa terra que equilibra dores e delícias for também uma prostituição?
*entrehermes

Ricardo Kotscho rebate Jô Soares e acusa golpismo da mídia

Em entrevista ao apresentar Jô Soares, o jornalista Ricardo Kotscho, um dos mais importantes do país, afirma peremptoriamente que a imprensa brasileira colaborou com o golpe militar de 64. Já o apresentador global tenta limpar a barra do PIG: "mas era uma ditadura". Kotscho rebate Jô mais uma vez e diferencia a censura da necessidade de impor limites aos meios de comunicação.


*Onipresente

A lógica ilógica de um mundo linear e infinito

Não desejo causar polêmica, muito menos ser condenado ao fogo dos infernos que habitam as profundezas de nossa eternidade, mas diante de fatos incontestáveis sou obrigado a fazer uma categórica afirmação que a alguns poderá parecer absurda:
- O mundo é redondo ou pelo menos algo muito próximo disso!
Claro que para alguns pode soar óbvio demais, já que a constatação cartesiana foi provada há muito tempo e ainda temos imagens de satélites capazes de refutar quaisquer outras teorias e interpretações a respeito da circunferência terrena.
Portanto, a troco de que inicio estas linhas temeroso de causar espanto e de receber admoestações e críticas por “chover no molhado”?
Simples: é que se fosse tão óbvio, como explicar que a lógica fordista, uma longa linha de produção a principiar na extração das matérias-primas passando por sua transformação em produtos, depois o consumo e, posteriormente, um simples e irreal descarte, funcione apenas como se vivêssemos numa infinita e eterna linha reta.
Era assim que pensavam alguns dos nossos primeiros navegantes. Ao singrar e enfrentar os mares desconhecidos eles teriam pela frente um mundo plano e contínuo e temerosos de cruzar com monstros e dragões a espreita, além de precipícios sem fundo. Mas aí surgiram nossos primeiros astrônomos e cientistas que ousaram, por meio da observação e cálculos precisos, provar, por A mais B, que habitamos um belo, finito e frágil planeta redondo, pois sim!
Se então apresentamos esse formato e contamos com recursos limitados existentes em nossa pequena esfera, por que estamos a esgotar tudo o que temos de maneira cada vez mais rápida e frenética?
Por que utilizamos materiais essenciais à sobrevivência da humanidade para produzir supérfluos em ritmo alucinante e, depois, com a mesma celeridade “jogamos fora” como se fossem coisas imprestáveis?
Em artigo recente fiz menção a constatações do relatório O Estado do Mundo publicado no ano passado de que nos dias atuais são extraídos 50% mais recursos naturais do que há 30 anos. São cerca de 60 bilhões de toneladas anuais de recursos arrancados do planeta.
Quando alguns, mesmo diante dessas obviedades ululantes, ainda se encorajam a dizer que são ações necessárias para se obter o crescimento econômico, podemos elaborar o seguinte questionamento:
- Afinal, sobre qual “crescimento” estamos nos referindo?
Será o tipo do qual o professor Ladislaw Dowbor, da PUC de São Paulo costuma se referir? Segundo ele, o nosso crescimento é baseado na lógica da célula cancerígena, ou seja, é o de crescer por crescer e nada mais.
As novas tecnologias foram responsáveis por mudanças extraordinárias, dignas dos sonhos de muitos de nossos ficcionistas mais famosos, mas, em quase todas elas, o modelo de produção é a mesma desde os primórdios da Revolução Industrial. As fábricas evoluíram em sofisticação e velocidade, mas a lógica fordista segue lá, seja no que era usado para produzir o Ford T nos anos 1920, ou agora nos tablets e ipods de última geração.
O que fica muito claro nessa dinâmica estúpida é a necessidade que temos de parar por alguns momentos e refletir sobre o produzir por produzir, o crescer por crescer, o comprar por comprar e por aí vai.
Talvez precisemos de um pouco mais de questionamentos filosóficos, daqueles que retomem as perguntas simples formuladas na Grécia antiga sobre as próprias razões de nossa existência.  Por que e para que estamos aqui? Para consumir de maneira totalmente irresponsável tudo o que temos de melhor no planeta Terra? Provavelmente não seja essa a melhor resposta!

Roger Waters reúne-se com Camila Vallejo


O músico britânico Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, se reuniu com a líder do movimento estudantil chileno Camila Vallejo horas antes de se apresentar em Santiago.

Eles se encontraram no estádio Nacional durante um ensaio do artista, ocasião em que permaneceram juntos por mais de quatro horas. Segundo a rádio chilena Cooperativa, eles teriam permanecido a sós por cerca de uma hora.

Waters está no Chile para dois shows, nos quais apresentará o disco "The Wall", de 1979, na íntegra. O álbum é considerado por especialistas como um dos mais importantes do rock and roll.

"Não tem nada no The Wall sobre o Chile em especial, mas sei sobre os estudantes por gente que conheço daqui. Sei que existe um sentimento de que não existem oportunidades igualitárias para a educação no Chile e que o sistema de educação é ruim. Desta forma, entendo claramente porque os jovens protestam", disse Waters durante uma coletiva de imprensa.

*esquerdopata

BADERNEIROS DE PIJAMA - CADEIA PARA OS INSUBORDINADOS!

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 A Lei 7.524, de 17 de julho de 1986, diz o seguinte:______
"Artigo 1º - Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público."

Já o manifesto dos militares da reserva diz textualmente:

“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade".

Ele fala; eles têm que ouvir. E, acima de tudo, obedecer
Ou seja: não é que esses gorilas de pijama estejam simplesmente emitindo sua opinião a respeito do governo; eles simplesmente NÃO RECONHECEM autoridade ou legitimidade ao seu superior hierárquico, o ministro da Defesa, Celso Amorim. E isso tem um nome: INSUBORDINAÇÃO, delito que é pecado mortal em qualquer instituição militar, que são baseadas na DISCIPLINA e na HIERARQUIA. E é por isso que esses oficiais têm que ser punidos, sob pena de se quebrar a cadeia de comando das Forças Armadas.

Tancredo (esq.) queria prender brigadeiros
Aliás, toda vez que a disciplina e a hierarquia das Forças Armadas foram desrespeitadas, o país mergulhou em crises institucionais, tentativas de golpes ou golpes mesmo. Em 1954, por exemplo, Tancredo Neves, então ministro da Justiça, queria prender os brigadeiros que instalaram, à margem das instituições e da lei, a “República do Galeão” para investigar o assassinato do major Rubens Vaz. Getúlio não quis, a pressão militar (e civil, evidentemente) aumentou e ele acabou se suicidando para não ser deposto.

O general Henrique Teixeira Lott
Em 1955, o general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra, teve que por as tropas na rua para conjurar a tentativa de militares e civis de impedir a posse do presidente democraticamente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1964, o fato de Jango ignorar a quebra de hierarquia na Marinha, prestigiando os marinheiros sublevados, contribuiu mais do que qualquer outra coisa para desencadear o golpe de 1º de abril.


O ditador-general Ernesto Geisel 
Os próprios ditadores militares, que conheciam melhor do que ninguém a liturgia da disciplina e hierarquia, quebraram a cara quando não as observaram, impondo-as a seus subordinados. Castello Branco viu seu ministro da Guerra, Costa e Silva, se impor a ele como sucessor; Costa e Silva cedeu à pressão do Alto Comando e baixou o AI-5, fechando o Congresso, cassando parlamentares a dando carta branca à repressão. Figueiredo não teve coragem de peitar a linha-dura depois do Riocentro e ficou a reboque de seus pares. Apenas Ernesto Geisel, o “alemão”, impôs sua condição de comandante-em-chefe à caserna, e o fez em duas ocasiões cruciais: na primeira, em 1976, quando demitiu o comandante do II Exército depois de assassinatos consecutivos de presos políticos no DOI-Codi de São Paulo; depois, em 1977, quando afastou o ministro do Exército, que ameaçava se tornar o “candidato” à sucessão presidencial.

Brizola (à dir.) e o general Machado Lopes, do III Exército
Houve uma exceção à essa regra, é verdade: em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, os chefes militares se articularam para “vetar” a posse do vice-presidente constitucional, João Goulart, acusado de "comunista". Foram impedidos pela Campanha da Legalidade, do então governador Leonel Brizola, que levou o III Exército a apoiar os legalistas, rachando o Exército. Foi a única vez que a quebra de hierarquia se fez em benefício da legalidade. Mas, na verdade, foram os chefes militares que violaram a hierarquia ao pretender vetar uma posse constitucional.     

Na democracia, os militares são subordinados ao poder civil: pela ordem, ao presidente da República, ao ministro da Defesa e aos comandantes de cada força. No serviço ativo, os militares não têm que dar palpite na política. Quem decide sobre leis, revisão de leis – como a da Anistia – Comissão da Verdade e outros assuntos são os poderes Legislativo e Executivo legitimamente constituídos. Aos militares cabe apenas bater continência. Na reserva, eles podem expressar suas opiniões, mas ainda assim devem obediência aos seus superiores hierárquicos.

General Góes Monteiro

 Acima de tudo, é preciso enterrar de vez essa pretensão messiânica do estamento militar de achar que representa os “anseios da nação” e que está acima do bem e do mal. Levada ao paroxismo na época da Guerra Fria e da ditadura, essa concepção, na verdade, tem suas origens no pensamento do general Góes Monteiro, líder militar da Revolução de 1930. Ele dizia que era preciso acabar com a “política no Exército” – as rebeliões tenentistas que culminaram na Revolução de 1930 – para substituí-la pela “política do Exército”. Esta se impôs no Estado Novo, se consolidou na ditadura militar e sobreviveu a ela, perpassando até hoje o discurso dos saudosistas.