Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, abril 08, 2013
Primeira exibição de Faroeste Caboclo, o filme, será em Brasília
Filme inspirado na obra de Renato Russo vai chegar à capital 15 dias antes da estreia nacional
A primeira sessão de pré-estréia de Faroeste caboclo, o filme, será em Brasília, em 14 de maio, uma terça-feira. O longa-metragem vai ser exibido somente para convidados, em salas dos cinemas do Park Shopping, no Guará. A estreia nacional no circuito comercial está marcada para 30 de maio.
A informação foi dada ao Correio Braziliense, em primeira mão, pelo diretor da obra, o brasiliense René Sampaio. "Fizemos questão de começar o filme pela capital. Não faria sentido iniciar em outro lugar, um filme brasiliense, de um diretor da cidade, rodado em Brasília e adaptado para o cinema, essa história tão cara a cara de todos nós", afirmou ele. Já a ssessoria de comunicação do Park Shopping informou apenas que haverá "uma grande festa" e que a pelicúla será exibida simultaneamente em "várias salas".
Por meio de Faroeste Caboclo, Brasília vai ganhar as telas de todo o país. Em 30 de maio, entrará em circuito nacional uma das mais aguardadas obras do cinema brasileiro. O longa-metragem ambientado no Distrito Federal do fim da década de 1970, onde e quando Renato Russo escreveu a música homônima, está pronto. Os primeiros a assistirem a versão final da produção foram a mãe, a irmã e o filho do compositor e cantor. A sessão exclusiva ocorreu mês passado.
Violência e desigualdade
O filme segue roteiro fiel aos versos da letra da canção-hino, sucesso da Legião Urbana que retrata a violência e desigualdade brasilienses de 30 anos atrás. O longa terá cerca de 100 minutos, de acordo com René Sampaio. "Mais de 80% do tempo de tela é ocupado por cenas rodadas no Distrito Federal e no Entorno. O resto foi rodado em Pau Ferro, sertão de Pernambuco, e no Polo de Cinema de Paulínia (SP)", conta. Respeitado no universo da sétima arte por curtas como Sinistro (2000), Sampaio estreia em longas com Faroeste caboclo.
Outro candango envolvido na obra é o músico Philippe Seabra, fundador, vocalista, guitarrista e letrista da Plebe Rude, banda formada nos anos 1980 em Brasília, como Os Paralamas do Sucesso, o Capital Inicial e a Legião Urbana. Seabra é o responsável pela trilha sonora de Faroeste caboclo. Trilha que deve incluir a canção-título. Mas como ela aparecerá é o maior segredo do longa.
Filho de Renato Russo
O único filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini acompanhou de perto as filmagens de Faroeste caboclo. Tanto que ganhou um papel na trama. Fruto do relacionamento do vocalista da Legião Urbana com uma fã, Raphaela Bueno, morta em um acidente de carro em 1989, Giuliano mora com a avó no Lago Sul. Aos 22 anos, se divide entre o curso de administração em uma faculdade particular e a administração prática de uma produtora cultural. Giuliano, que nunca havia participado de um filme como ator, já foi guitarrista da banda Síndrome, hoje vive agitando o cenário musical da capital com os shows e eventos organizados por sua empresa, a Mundano Produções.
O envolvimento da família Manfredini na produção de Faroeste caboclo vem desde 2006, quando os produtores do filme começaram a desenvolver o projeto de adaptação da canção para o cinema. "Foram muitos encontros, telefonemas, e trocas de e-mails com a direção e a produção, em que eram compartilhadas impressões pessoais sobre roteiro, locações e escolha do elenco", lembra René Sampaio, sem, no entanto, revelar o papel do filho de Renato Russo no longa.
Protagonistas famosos
Faroeste Caboclo, a canção, foi composta por Renato Russo em 1979, quando ele tinha apenas 19 anos, mas lançada somente em 1987, no álbum Que país é este?, da Legião Urbana. Escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino, com consultoria do escritor Paulo Lins, autor do clássico livro Cidade de Deus, o roteiro de Faroeste caboclo ambienta a rotina violenta de quadras do Plano Piloto e, principalmente, da periferia de Brasília entre 1979 e 1981.
Para dar vida à canção nas telonas, os roteiristas criaram novos personagens. Além de João, Maria Lúcia e Pablo, há um senador e um policial corrupto. Vivido pelo experiente Marcos Paulo, o senador é o pai de Maria Lúcia. O não menos experiente Antonio Calloni interpreta o policial bandido. "Aceitei o convite desse projeto por se tratar de uma homenagem ao Renato Russo, um poeta, um gênio da nossa música", comentou ele em uma madrugada, em meio à gravação de uma troca de tiros, contracenada com atores profissionais e policiais civis de verdade, de Brasília.
Entre os protagonistas do longa, há atores que ganharam fama recentemente com participações em tramas globais. Protagonista da minissérie Subúrbia, Fabrício Boliveira interpreta João de Santo Cristo, o rapaz pobre do interior da Bahia que se muda para Brasília em busca de uma vida melhor. Já Maria Lúcia, a quem Santo Cristo o coração prometeu, é vivida por Ísis Valverde, a piriguete-maria-chuteira Suellen da novela Avenida Brasil. Jeremias —maconheiro sem-vergonha, que desvirginava mocinhas inocentes e se dizia que era crente mas não sabia rezar — é vivido pelo jovem ator de teatro Felipe Abib.
Na
trama de René Sampaio, o gosto pela maconha leva Maria Lúcia a conhecer
os inimigos Jeremias e Santo Cristo. Os traficantes se encontraram pela
primeira vez em um casarão do Lago Sul. Jeremias é marcado pelas roupas
de couro e um bigodão ao estilo mexicano, típico dos antigos faroestes
americanos. Para manter esse clima de bangue-bangue, o diretor escolheu
as ruas empoeiradas do Jardim ABC, para rodar as cenas de Ceilândia do
fim dos anos 1970. A comunidade localizada no Entorno recebeu uma cidade
cinematográfica e a equipe de Faroeste caboclo por quatro semanas.
Adiamentos
Orçado em R$ 6 milhões, Faroeste caboclo tinha estreia prevista para outubro de 2011, depois adiada para o início de 2012. No entanto, os produtores esbarraram na falta de dinheiro para concluir o longa. Uma equipe de mais de 100 pessoas, entre atores, produtores e técnicos, participou das locações na capital, em abril e maio do ano passado. O restante, rodaram em junho e julho, no Polo Cinematográfico de Paulínia e no sertão pernambucano, que serviram de cenário para as cenas da infância e juventude de João do Santo Cristo na Bahia.
Para as filmagens do longametragem, os produtores montaram uma base na 609 Norte, numa das unidades do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). Eles ocuparam quatro amplas salas do subsolo da faculdade. Cada cômodo foi destinado a uma etapa da produção. Havia espaço para ensaios dos atores, testes de figurinos, pesquisas para cenários, entre outros. Tudo muito organizado para rodar e finalizar o filme.
Com o intuito de não deixar técnicos, atores e todos os outros profissionais perdidos, cada fase da filmagem ficava escrita em quadros fixados nas paredes. Eles também serviam para as fotografias e desenhos dos cenários, roupas, mobílias e todos os objetos que serão usados nas cenas. Entre eles estava a clássica Winchester 22, escolhida por João para enfrentar o Jeremias. "Como se trata de um personagem, a do filme será especial, banhada a ouro", revelou a produtora Bianca De Felippes.
Feriado
Os produtores, porém, não revelam o valor para a finalização do filme nem demonstram preocupação com a demora no lançamento. Com o tempo esticado, têm se empenhado em editar as imagens para transformá-las em uma grande produção, conforme o anunciado desde o início do projeto, em 2008, quando René Sampaio conseguiu a autorização da família de Renato Russo para levar às telas a história escrita em música. Mas, agora, garantem, a estreia não será mais adiada.
O primeiro fim de semana de exibição será no feriado de Corpus Christi, uma sexta-feira. "Tomamos a decisão durante o Festival do Rio (em outubro), em reunião com o distribuidor, procurando a melhor janela para entrarmos em um grande número de salas em todo o Brasil", conta Sampaio. "Não fechamos ainda o corte final. O distribuidor viu uma montagem em estado adiantado e gostou muito, prevendo um grande lançamento. Esse corte deverá estar pronto nos próximos dias e, então, pretendemos fazer uma sessão exclusiva para a família (de Renato Russo), em primeira mão", completa o diretor.
Quem é quem
João do Santo Cristo
No cinema, o soteropolitano Fabrício Boliveira participou de 400 Contra 1 e Tropa de Elite 2. Na TV, protagoniza a minissérie Subúrbia, da Globo.
Jeremias
Felipe Abib, jovem ator de teatro, interpreta o "traficante de renome" inimigo de Santo Cristo. Ele atuou em 180º, longa-metragem de Eduardo Vaisma.
Maria Lúcia
Ísis Valverde, a piriguete-maria-chuteira Suellen da novela Avenida Brasil, interpreta a "menina linda" por quem Santo Cristo se apaixona.
Pablo
Na fita, "o peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá" é interpretado pelo uruguaio César Troncoso, o protagonista Beto, de O banheiro do Papa).
Senador Ney
O personagem, pai de Maria Lúcia, que não está na canção-título, é interpretado pelo global Marcos Paulo, que após uma longa temporada voltou a trabalhar como ator.
Marco Aurélio
Outro personagem criado para o filme. Vivivo por Antonio Calloni, trata-se do líder de um grupo de policiais corruptos que dão proteção ao traficante Jeremias.
Ficha técnica
Direção: René Sampaio
Roteiro: Marcos Bernstein, Victor Atherino e Paulo Lins
Elenco: Ísis Valverde (Maria Lúcia), Fabrício Boliveira (João do Santo Cristo) e Felipe Adib (Jeremias), Antonio Calloni (policial Marco Aurélio), César Troncoso (Pablo), Cinara Leal (Teresa)
Produção: Gávea Filmes, Fogo Cerrado, República Pureza
Co-produção: Globo Filmes e Lereby
Distribuição: Europa Filmes
Finalização: O2 Filmes
Para saber mais
Tragédia brasileira
Escrita por Renato Russo em 1978, Faroeste caboclo conta, em 159 versos, as desventuras de João de Santo Cristo, o "bandido destemido e temido no Distrito Federal", desde o nascimento numa fazenda no interior da Bahia, à sua morte, num duelo com o traficantes Jeremias, em Ceilândia. A letra virou febre nacional após ser gravada e lançada pela Legião Urbana em 1987, por meio do disco Que país é este?, o terceiro da banda. A música tem 1.239 palavras, 168 versos e 9 minutos e 3 segundos de duração.
Rockonha
As cenas da Rockonha, a festa organizada por Jeremias — "maconheiro, sem-vergonha" — onde muita gente acabou presa — de verdade — em flagrante pela temida polícia nos anos de chumbo da ditadura militar foram filmadas em Sobradinho, no mesmo sítio onde ocorreu a original, descrita por Renato Russo. A produção do longa cedeu à Encontro imagens inéditas da gravação da balada movida a rock e a maconha.
Produção conjunta
Faroeste caboclo
é o primeiro longa de René Sampaio e o trabalho de estréia da Gávea Filmes, de Bianca De Felippes. Ela é ex-sócia de Carla Camurati na Copacabana Filmes, que abrigou o projeto inicialmente. A Gávea Filmes (RJ) divide a produção do longa baseado na canção de Renato Russo com a República Pureza (RJ) e a Fogo Cerrado Filmes (DF).
Herdeiro da Legião
Além de único filho de Renato, Giuliano Manfredini é herdeiro de grande parte do espólio das músicas da Legião Urbana. Mas diz que, quando se trata da banda, todas as decisões são tomadas em conjunto com os outros ex-integrantes da Legião, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, que hoje desenvolvem trabalhos solo.
Morte precoce
Registrado como Renato Manfredini Júnior e nascido em 27 de março de 1960, o cantor e compositor adotou o nome artístico Renato Russo quando morava em Brasília e iniciava sua carreira. Primeiro, ele integrou o Aborto Elétrico, que, após seu fim, deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial. Bissexual assumido, Renato morreu devido Às complicações causadas pela Aids, aos 36 anos, em 11 de outubro de 1996.
Cena mostra a chegada de Santo Cristo na Rodoviária |
A primeira sessão de pré-estréia de Faroeste caboclo, o filme, será em Brasília, em 14 de maio, uma terça-feira. O longa-metragem vai ser exibido somente para convidados, em salas dos cinemas do Park Shopping, no Guará. A estreia nacional no circuito comercial está marcada para 30 de maio.
A informação foi dada ao Correio Braziliense, em primeira mão, pelo diretor da obra, o brasiliense René Sampaio. "Fizemos questão de começar o filme pela capital. Não faria sentido iniciar em outro lugar, um filme brasiliense, de um diretor da cidade, rodado em Brasília e adaptado para o cinema, essa história tão cara a cara de todos nós", afirmou ele. Já a ssessoria de comunicação do Park Shopping informou apenas que haverá "uma grande festa" e que a pelicúla será exibida simultaneamente em "várias salas".
Por meio de Faroeste Caboclo, Brasília vai ganhar as telas de todo o país. Em 30 de maio, entrará em circuito nacional uma das mais aguardadas obras do cinema brasileiro. O longa-metragem ambientado no Distrito Federal do fim da década de 1970, onde e quando Renato Russo escreveu a música homônima, está pronto. Os primeiros a assistirem a versão final da produção foram a mãe, a irmã e o filho do compositor e cantor. A sessão exclusiva ocorreu mês passado.
Cartaz do filme Faroeste Caboclo |
O filme segue roteiro fiel aos versos da letra da canção-hino, sucesso da Legião Urbana que retrata a violência e desigualdade brasilienses de 30 anos atrás. O longa terá cerca de 100 minutos, de acordo com René Sampaio. "Mais de 80% do tempo de tela é ocupado por cenas rodadas no Distrito Federal e no Entorno. O resto foi rodado em Pau Ferro, sertão de Pernambuco, e no Polo de Cinema de Paulínia (SP)", conta. Respeitado no universo da sétima arte por curtas como Sinistro (2000), Sampaio estreia em longas com Faroeste caboclo.
Outro candango envolvido na obra é o músico Philippe Seabra, fundador, vocalista, guitarrista e letrista da Plebe Rude, banda formada nos anos 1980 em Brasília, como Os Paralamas do Sucesso, o Capital Inicial e a Legião Urbana. Seabra é o responsável pela trilha sonora de Faroeste caboclo. Trilha que deve incluir a canção-título. Mas como ela aparecerá é o maior segredo do longa.
Filho de Renato Russo
O único filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini acompanhou de perto as filmagens de Faroeste caboclo. Tanto que ganhou um papel na trama. Fruto do relacionamento do vocalista da Legião Urbana com uma fã, Raphaela Bueno, morta em um acidente de carro em 1989, Giuliano mora com a avó no Lago Sul. Aos 22 anos, se divide entre o curso de administração em uma faculdade particular e a administração prática de uma produtora cultural. Giuliano, que nunca havia participado de um filme como ator, já foi guitarrista da banda Síndrome, hoje vive agitando o cenário musical da capital com os shows e eventos organizados por sua empresa, a Mundano Produções.
O envolvimento da família Manfredini na produção de Faroeste caboclo vem desde 2006, quando os produtores do filme começaram a desenvolver o projeto de adaptação da canção para o cinema. "Foram muitos encontros, telefonemas, e trocas de e-mails com a direção e a produção, em que eram compartilhadas impressões pessoais sobre roteiro, locações e escolha do elenco", lembra René Sampaio, sem, no entanto, revelar o papel do filho de Renato Russo no longa.
Protagonistas famosos
Faroeste Caboclo, a canção, foi composta por Renato Russo em 1979, quando ele tinha apenas 19 anos, mas lançada somente em 1987, no álbum Que país é este?, da Legião Urbana. Escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino, com consultoria do escritor Paulo Lins, autor do clássico livro Cidade de Deus, o roteiro de Faroeste caboclo ambienta a rotina violenta de quadras do Plano Piloto e, principalmente, da periferia de Brasília entre 1979 e 1981.
Para dar vida à canção nas telonas, os roteiristas criaram novos personagens. Além de João, Maria Lúcia e Pablo, há um senador e um policial corrupto. Vivido pelo experiente Marcos Paulo, o senador é o pai de Maria Lúcia. O não menos experiente Antonio Calloni interpreta o policial bandido. "Aceitei o convite desse projeto por se tratar de uma homenagem ao Renato Russo, um poeta, um gênio da nossa música", comentou ele em uma madrugada, em meio à gravação de uma troca de tiros, contracenada com atores profissionais e policiais civis de verdade, de Brasília.
Gravação do filme Faroeste Cabolclo |
Entre os protagonistas do longa, há atores que ganharam fama recentemente com participações em tramas globais. Protagonista da minissérie Subúrbia, Fabrício Boliveira interpreta João de Santo Cristo, o rapaz pobre do interior da Bahia que se muda para Brasília em busca de uma vida melhor. Já Maria Lúcia, a quem Santo Cristo o coração prometeu, é vivida por Ísis Valverde, a piriguete-maria-chuteira Suellen da novela Avenida Brasil. Jeremias —maconheiro sem-vergonha, que desvirginava mocinhas inocentes e se dizia que era crente mas não sabia rezar — é vivido pelo jovem ator de teatro Felipe Abib.
Filme conta história da música de Renato Russo |
Adiamentos
Orçado em R$ 6 milhões, Faroeste caboclo tinha estreia prevista para outubro de 2011, depois adiada para o início de 2012. No entanto, os produtores esbarraram na falta de dinheiro para concluir o longa. Uma equipe de mais de 100 pessoas, entre atores, produtores e técnicos, participou das locações na capital, em abril e maio do ano passado. O restante, rodaram em junho e julho, no Polo Cinematográfico de Paulínia e no sertão pernambucano, que serviram de cenário para as cenas da infância e juventude de João do Santo Cristo na Bahia.
Para as filmagens do longametragem, os produtores montaram uma base na 609 Norte, numa das unidades do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). Eles ocuparam quatro amplas salas do subsolo da faculdade. Cada cômodo foi destinado a uma etapa da produção. Havia espaço para ensaios dos atores, testes de figurinos, pesquisas para cenários, entre outros. Tudo muito organizado para rodar e finalizar o filme.
Com o intuito de não deixar técnicos, atores e todos os outros profissionais perdidos, cada fase da filmagem ficava escrita em quadros fixados nas paredes. Eles também serviam para as fotografias e desenhos dos cenários, roupas, mobílias e todos os objetos que serão usados nas cenas. Entre eles estava a clássica Winchester 22, escolhida por João para enfrentar o Jeremias. "Como se trata de um personagem, a do filme será especial, banhada a ouro", revelou a produtora Bianca De Felippes.
Feriado
Os produtores, porém, não revelam o valor para a finalização do filme nem demonstram preocupação com a demora no lançamento. Com o tempo esticado, têm se empenhado em editar as imagens para transformá-las em uma grande produção, conforme o anunciado desde o início do projeto, em 2008, quando René Sampaio conseguiu a autorização da família de Renato Russo para levar às telas a história escrita em música. Mas, agora, garantem, a estreia não será mais adiada.
O primeiro fim de semana de exibição será no feriado de Corpus Christi, uma sexta-feira. "Tomamos a decisão durante o Festival do Rio (em outubro), em reunião com o distribuidor, procurando a melhor janela para entrarmos em um grande número de salas em todo o Brasil", conta Sampaio. "Não fechamos ainda o corte final. O distribuidor viu uma montagem em estado adiantado e gostou muito, prevendo um grande lançamento. Esse corte deverá estar pronto nos próximos dias e, então, pretendemos fazer uma sessão exclusiva para a família (de Renato Russo), em primeira mão", completa o diretor.
Quem é quem
João do Santo Cristo
No cinema, o soteropolitano Fabrício Boliveira participou de 400 Contra 1 e Tropa de Elite 2. Na TV, protagoniza a minissérie Subúrbia, da Globo.
Jeremias
Felipe Abib, jovem ator de teatro, interpreta o "traficante de renome" inimigo de Santo Cristo. Ele atuou em 180º, longa-metragem de Eduardo Vaisma.
Maria Lúcia
Ísis Valverde, a piriguete-maria-chuteira Suellen da novela Avenida Brasil, interpreta a "menina linda" por quem Santo Cristo se apaixona.
Pablo
Na fita, "o peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá" é interpretado pelo uruguaio César Troncoso, o protagonista Beto, de O banheiro do Papa).
Senador Ney
O personagem, pai de Maria Lúcia, que não está na canção-título, é interpretado pelo global Marcos Paulo, que após uma longa temporada voltou a trabalhar como ator.
Marco Aurélio
Outro personagem criado para o filme. Vivivo por Antonio Calloni, trata-se do líder de um grupo de policiais corruptos que dão proteção ao traficante Jeremias.
Ficha técnica
Direção: René Sampaio
Roteiro: Marcos Bernstein, Victor Atherino e Paulo Lins
Elenco: Ísis Valverde (Maria Lúcia), Fabrício Boliveira (João do Santo Cristo) e Felipe Adib (Jeremias), Antonio Calloni (policial Marco Aurélio), César Troncoso (Pablo), Cinara Leal (Teresa)
Produção: Gávea Filmes, Fogo Cerrado, República Pureza
Co-produção: Globo Filmes e Lereby
Distribuição: Europa Filmes
Finalização: O2 Filmes
Para saber mais
Tragédia brasileira
Escrita por Renato Russo em 1978, Faroeste caboclo conta, em 159 versos, as desventuras de João de Santo Cristo, o "bandido destemido e temido no Distrito Federal", desde o nascimento numa fazenda no interior da Bahia, à sua morte, num duelo com o traficantes Jeremias, em Ceilândia. A letra virou febre nacional após ser gravada e lançada pela Legião Urbana em 1987, por meio do disco Que país é este?, o terceiro da banda. A música tem 1.239 palavras, 168 versos e 9 minutos e 3 segundos de duração.
Cena do filme mostra a Rockonha |
As cenas da Rockonha, a festa organizada por Jeremias — "maconheiro, sem-vergonha" — onde muita gente acabou presa — de verdade — em flagrante pela temida polícia nos anos de chumbo da ditadura militar foram filmadas em Sobradinho, no mesmo sítio onde ocorreu a original, descrita por Renato Russo. A produção do longa cedeu à Encontro imagens inéditas da gravação da balada movida a rock e a maconha.
Produção conjunta
Faroeste caboclo
é o primeiro longa de René Sampaio e o trabalho de estréia da Gávea Filmes, de Bianca De Felippes. Ela é ex-sócia de Carla Camurati na Copacabana Filmes, que abrigou o projeto inicialmente. A Gávea Filmes (RJ) divide a produção do longa baseado na canção de Renato Russo com a República Pureza (RJ) e a Fogo Cerrado Filmes (DF).
Herdeiro da Legião
Além de único filho de Renato, Giuliano Manfredini é herdeiro de grande parte do espólio das músicas da Legião Urbana. Mas diz que, quando se trata da banda, todas as decisões são tomadas em conjunto com os outros ex-integrantes da Legião, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, que hoje desenvolvem trabalhos solo.
Morte precoce
Registrado como Renato Manfredini Júnior e nascido em 27 de março de 1960, o cantor e compositor adotou o nome artístico Renato Russo quando morava em Brasília e iniciava sua carreira. Primeiro, ele integrou o Aborto Elétrico, que, após seu fim, deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial. Bissexual assumido, Renato morreu devido Às complicações causadas pela Aids, aos 36 anos, em 11 de outubro de 1996.
*correiobrasiliense
Margaret Thatcher's death greeted with street parties in Brixton and Glasgow
Crowds shout 'Maggie Maggie Maggie, dead dead dead' during impromptu events
Several hundred people gathered in south London on Monday evening to celebrate Margaret Thatcher's death with cans of beer, pints of milk and an impromptu street disco playing the soundtrack to her years in power.
Young and old descended on Brixton, a suburb which weathered two outbreaks of rioting during the Thatcher years. Many expressed jubilation that the leader they loved to hate was no more; others spoke of frustration that her legacy lived on.
To cheers of "Maggie Maggie Maggie, dead dead dead," posters of Thatcher were held aloft as reggae basslines pounded.
Clive Barger, a 62-year-old adult education tutor, said he had turned out to mark the passing of "one of the vilest abominations of social and economic history".
He said: "It is a moment to remember. She embodied everything that was so elitist in terms of repressing people who had nothing. She presided over a class war."
Builder Phil Lewis, 47, a veteran of the 1990 poll tax riots, said he had turned out to recall the political struggles the Thatcher years had embroiled him in. "She ripped the arsehole out of this country and we are still suffering the consequences."
Not all those attending were old enough to remember Thatcher's time in power. Jed Miller, 21, clutching a bottle of cider, said: "She was a bit before my time, but family never had anything good to say about her."
Not all were there to celebrate. Student Ray Thornton, 28, said he was there to commemorate "victims" of Thatcherism. "It is a solemn day. It is important to remember that Thatcherism isn't dead and it is important that people get out on the street and not allow the government to whitewash what she did," he said.
Unemployed Kiki Madden scrawled "you snatched my milk and our hope" on a fence and said she felt slightly guilty taking delight in Thatcher's death, "but in the end I can't deny the fact that Thatcher made me so unhappy when I was a kid. I grew up in Liverpool and all my friends' dads lost their jobs on the docks under Thatcher. It was an awful time."
Alex Bigham, a local Labour councillor, condemned the event, taking to Twitter to brand it disgraceful.
In Glasgow, more than 300 people gathered in the city centre for an impromptu party, organised on Twitter.
Members of organisations including the Anti-Bedroom Tax Federation, the Communist party, the Socialist party, the Socialist Workers party and the International Socialist Group, were joined by members of the public in George Square.
A chorus of "so long, the witch is dead" erupted, along with chants of "Maggie Maggie Maggie, dead dead dead," from the gathering as champagne bottles were popped.
*theguardian
Young and old descended on Brixton, a suburb which weathered two outbreaks of rioting during the Thatcher years. Many expressed jubilation that the leader they loved to hate was no more; others spoke of frustration that her legacy lived on.
To cheers of "Maggie Maggie Maggie, dead dead dead," posters of Thatcher were held aloft as reggae basslines pounded.
Clive Barger, a 62-year-old adult education tutor, said he had turned out to mark the passing of "one of the vilest abominations of social and economic history".
He said: "It is a moment to remember. She embodied everything that was so elitist in terms of repressing people who had nothing. She presided over a class war."
Builder Phil Lewis, 47, a veteran of the 1990 poll tax riots, said he had turned out to recall the political struggles the Thatcher years had embroiled him in. "She ripped the arsehole out of this country and we are still suffering the consequences."
Not all those attending were old enough to remember Thatcher's time in power. Jed Miller, 21, clutching a bottle of cider, said: "She was a bit before my time, but family never had anything good to say about her."
Not all were there to celebrate. Student Ray Thornton, 28, said he was there to commemorate "victims" of Thatcherism. "It is a solemn day. It is important to remember that Thatcherism isn't dead and it is important that people get out on the street and not allow the government to whitewash what she did," he said.
Unemployed Kiki Madden scrawled "you snatched my milk and our hope" on a fence and said she felt slightly guilty taking delight in Thatcher's death, "but in the end I can't deny the fact that Thatcher made me so unhappy when I was a kid. I grew up in Liverpool and all my friends' dads lost their jobs on the docks under Thatcher. It was an awful time."
Alex Bigham, a local Labour councillor, condemned the event, taking to Twitter to brand it disgraceful.
In Glasgow, more than 300 people gathered in the city centre for an impromptu party, organised on Twitter.
Members of organisations including the Anti-Bedroom Tax Federation, the Communist party, the Socialist party, the Socialist Workers party and the International Socialist Group, were joined by members of the public in George Square.
A chorus of "so long, the witch is dead" erupted, along with chants of "Maggie Maggie Maggie, dead dead dead," from the gathering as champagne bottles were popped.
*theguardian
Campanha que defende o nome de Amaury Ribeiro Jr. foi lançada nesta segunda (8) por um grupo de jornalistas, intelectuais e professores universitários. Objetivo é disputar cadeira de número 36, que está vaga desde que o jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo morreu, em 22 de março passado.
Abaixo assinado: Autor de ‘A Privataria Tucana’ vai disputar Academia Brasileira de Letras com FHC
Campanha que defende o nome de Amaury Ribeiro Jr. foi lançada nesta
segunda (8) por um grupo de jornalistas, intelectuais e professores
universitários. Objetivo é disputar cadeira de número 36, que está vaga
desde que o jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo morreu,
em 22 de março passado.
Da Redação da Carta Maior
São Paulo – Um grupo de jornalistas, intelectuais e professores
universitários progressistas lança nesta segunda-feira (8) uma campanha
para defender o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior para a Academia
Brasileira de Letras (ABL).
Jornalista premiado, hoje funcionário da TV Record, Ribeiro Jr. é autor
do best-seller “A privataria tucana”, livro-reportagem denuncia
irregularidades na venda de empresas estatais durante o governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A candidatura de Ribeiro Jr. visa se contrapor à do próprio Fernando
Henrique, que está inscrito para disputar a cadeira de número 36, que
está vaga desde que o jornalista e escritor paulista João de
Scantimburgo morreu, em 22 de março passado.
As inscrições de candidaturas na ABL podem ser feitas até 26 de abril.
Depois deste prazo, a entidade marca em até 60 dias uma reunião para a
eleição, em que o novo imortal deve ter a metade mais um dos votos dos
atuais imortais para ser eleito para a cadeira.
Leia, a seguir, o manifesto da candidatura de Amaury Ribeiro Jr. Para assinar, clique aqui.
“A PRIVATARIA É IMORTAL - Amaury Ribeiro Júnior para a Academia Brasileira de Letras
Não é a primeira vez que a Academia Brasileira de Letras tem a
oportunidade de abrir suas portas para o talento literário de um
jornalista. Caso marcante é o de Roberto Marinho, mentor de obras
inesquecíveis, como o editorial de 2 de abril de 64:
"Ressurge a Democracia, Vive a Nação dias gloriosos" – o texto na capa
de "O Globo" comemorava a derrubada do presidente constitucional João
Goulart, e não estava assinado, mas trazia o estilo inconfundível desse
defensor das liberdades. Marinho tornou-se, em boa hora, companheiro de
Machado de Assis e de José Lins do Rego.
Incomodada com a morte prematura de "doutor" Roberto, a Academia acolheu
há pouco outro bravo homem de imprensa: Merval Pereira, com a riqueza
estilística de um Ataulfo de Paiva, sabe transformar jornalismo em
literatura; a tal ponto que – sob o impacto de suas colunas – o público
já não sabe se está diante de realidade ou ficção.
Esses antecedentes, "per si", já nos deixariam à vontade para pleitear –
agora - a candidatura do jornalista Amaury Ribeiro Junior à cadeira 36
da Academia Brasileira de Letras.
Amaury, caros acadêmicos e queridos brasileiros, não é um jornalista
qualquer. É ele o autor de "A Privataria Tucana" – obra fundadora para a
compreensão do Brasil do fim do século XX.
Graças ao trabalho de Amaury, a Privataria já é imortal! Amaury Ribeiro
Junior também passou pelo diário criado por Irineu Marinho (o escritor
cubano José Marti diria que Amaury conhece, por dentro, as entranhas do
monstro).
Mas ao contrário dos imortais supracitados, Amaury caminha por outras
tradições. Repórter premiado, não teme o cheiro do povo. Para colher
boas histórias, andou pelas ruas e estradas empoeiradas do Brasil. E não
só pelos corredores do poder.
Amaury já trabalhou em "O Globo", "Correio Braziliense", "IstoÉ",
"Estado de Minas", e hoje é produtor especial de reportagens na "TV
Record". Ganhou três vezes o Prêmio Esso de Jornalismo. Tudo isso já o
recomendaria para a gloriosa Academia. A obra mais importante do
repórter, entretanto, não surge dos jornais e revistas. "A Privataria
Tucana" – com mais de 120 mil exemplares comercializados – é o livro que
imortaliza o jornalista.
A Privataria é imortal - repetimos!
O livro de Amaury não é ficção, mas é arte pura. Arte de revelar ao
Brasil a verdade sobre sua história recente. Seguindo a trilha aberta
por Aloysio Biondi (outro jornalista que se dedicou a pesquisar os
descaminhos das privatizações), Amaury Ribeiro Junior avançou rumo ao
Caribe, passeou por Miami, fartou-se com as histórias que brotam dos
paraísos fiscais.
Estranhamente, o livro de Amaury foi ignorado pela imprensa dos homens
bons do Brasil. Isso não impediu o sucesso espetacular nas livrarias - o
que diz muito sobre a imprensa pátria e mais ainda sobre a importância
dos fatos narrados pelo talentoso repórter.
A Privataria é imortal! Mas o caminho de Amaury Ribeiro Junior rumo à
imortalidade, bem o sabemos, não será fácil. Quis o destino que o
principal contendor do jornalista na disputa pela cadeira fosse o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC é o ex-sociólogo que – ao virar presidente – implorou aos
brasileiros: "Esqueçam o que eu escrevi". A ABL saberá levar isso em
conta, temos certeza. É preciso esquecer.
Difícil, no entanto, é não lembrar o que FHC fez pelo Brasil. Eleito em
1994 com o apoio de Itamar Franco (pai do Plano Real), FHC prometeu
enterrar a Era Vargas. Tentou. Esmerou-se em desmontar até a Petrobras.
Contou, para isso, com o apoio dos homens bons que comandam a imprensa
brasileira. Mas não teve sucesso completo.
O Estado Nacional, a duras penas, resistiu aos impulsos destrutivos do intelectual Fernando.
Em 95, 96 e 97, enquanto o martelo da Privataria tucana descia
velozmente sobre as cabeças do povo brasileiro, Amaury dedicava-se a
contar histórias sobre outra página vergonhosa do Brasil - a ditadura
militar de 64. Em uma de suas reportagens mais importantes, sobre o
massacre de guerrilheiros no Araguaia, Amaury Ribeiro Junior denunciou
os abusos cometidos pela ditadura militar (que "doutor" Roberto preferia
chamar de Movimento Democrático).
FHC vendia a Vale por uma ninharia. Amaury ganhava o Prêmio Esso...
FHC entregava a CSN por uns trocados. Amaury estava nas ruas, atrás de
boas histórias, para ganhar mais um prêmio logo adiante...
As críticas ao ex-presidente, sabemos todos nós, são injustas. Homem
simples, quase franciscano, FHC não quis vender o patrimônio nacional
por valores exorbitantes. Foi apenas generoso com os compradores -
homens de bem que aceitaram o duro fardo de administrar empresas
desimportantes como a Vale e a CSN. A generosidade de FHC foi muitas
vezes incompreendida pelo povo brasileiro, e até pelos colegas de
partido - que desde 2002 teimam em esquecer (e esconder) o estadista
Fernando Henrique Cardoso.
Celso Lafer - ex-ministro de FHC - é quem cumpre agora a boa tarefa de
recuperar a memória do intelectual Fernando, ao apresentar a candidatura
do ex-presidente à ABL. A Academia, quem sabe, pode prestar também uma
homenagem ao governo de FHC, um governo simples, em que ministros
andavam com os pés no chão - especialmente quando tinham que entrar nos
Estados Unidos.
Amaury não esqueceu a obra de FHC. Mostrou os vãos e os desvãos, com
destaque para o caminho do dinheiro da Privataria na volta ao Brasil.
Todos os caminhos apontam para São Paulo. A São Paulo de Higienópolis e
Alto de Pinheiros. A São Paulo de 32, antivarguista e antinacional. A
São Paulo de FHC e do velho amigo José Serra - também imortalizado no
livro de Amaury.
Durante uma década, o repórter debruçou-se sobre as tenebrosas transações. E desse trabalho brotou "A Privataria Tucana".
Por isso, dizemos: se FHC ganhar a indicação, a vitória será da
Privataria. Mas se Amaury for o escolhido, aí a homenagem será completa:
a Privataria é imortal!
*ajusticeiradeesquerda
O PROCESSO CONTRA LULA E A FORÇA DO SIMBOLISMO
(Carta Maior) - O
Ministério Público do Distrito Federal –
por iniciativa do Procurador Geral da República – decidiu promover investigação contra Lula, denunciado, por
Marcos Valério, por ter intermediado suposta “ajuda” ao PT, junto à Portugal
Telecom, no valor de 7 milhões de reais.
O
publicitário Marcos Valério perdeu tudo, até mesmo o senso da conveniência. É
normal que se sinta injustiçado. A sentença que o condenou a 40 anos de prisão
foi exagerada: os responsáveis pelo seqüestro, assassinato e esquartejamento de
Eliza Salmúdio foram condenados à metade de sua pena.
Assim se
explica a denúncia que fez contra o ex-presidente, junto ao Procurador Geral da
República, ainda durante o processo contra dirigentes do PT.
O
Ministério Público se valeu dessas circunstâncias, para solicitar as
investigações da Polícia Federal - mas o aproveitamento político do episódio
reclama reflexões mais atentas.
Lula é
mais do que um líder comum. Ele, com sua biografia de lutas, e sua
personalidade dotada de carisma, passou a ser um símbolo da nação brasileira,
queiramos ou não. Faz lembrar o excelente estudo de Giorg Plekhanov sobre o
papel do indivíduo na História. São homens como Getúlio, Juscelino e Lula que percebem o rumo do processo, com sua ação
movem os fatos e, com eles, adiantam o destino das nações e do mundo.
Há outro
ponto de identificação entre Lula e Plekhanov, que Lula provavelmente
desconheça, como é quase certo de que desconheça até mesmo a existência desse
pensador, um dos maiores filósofos russos. Como menchevique, e parceiro teórico
dos socialistas alemães, Plekhanov defendia, como passo indispensável ao
socialismo, uma revolução burguesa na Rússia, que libertasse os trabalhadores
do campo e industrializasse o país. Sem passar por essa etapa, ele estava
convencido, seria impossível uma revolução proletária no país.
É mais ou
menos o que fez Lula, em sua aliança circunstancial com o empresariado
brasileiro. Graças a essa visão instintiva do processo histórico, Lula pôde
realizar uma política, ainda que tímida, de distribuição de renda, com estímulo
à economia. Mediante a retomada do desenvolvimento econômico, com a expansão do
mercado interno, podemos prever a formação de uma classe trabalhadora numerosa
e consciente, capaz de conduzir o processo de soberania.
Não importa se
o grande homem público brasileiro vê assim a sua ação política. O importante é
que esse é, conforme alguns lúcidos marxistas, começando pelo próprio Marx, o
único caminho a seguir.
Como Getúlio e
Juscelino, cada um deles em seu tempo, Lula é símbolo do povo brasileiro.
Acusam-no hoje de ajudar os empresários brasileiros em seus negócios no
Exterior. O grave seria se ele estivesse ajudando os empresários estrangeiros
em seus negócios no Brasil.
Lula não é uma
figura sagrada, sem erros e sem pecados. É apenas um homem que soube aproveitar
as circunstâncias e cavalga-las, sempre atento à origem de classe e fiel às
suas próprias idéias sobre o povo, o Brasil e o mundo.
Mas deixou de
ser apenas um cidadão como os outros: ao ocupar o seu momento histórico com
obstinação e luta, passou a ser um emblema da nacionalidade. *MauroSantayana
TATCHER – Uma herança maldita para o Brasil
Vitima de derrame, a dama
de ferro, como era conhecida Margareth Tatcher, faleceu neste dia 08 em Londres.
Por
JÚLIO PEGNA
Seu legado político é bastante controverso. Amada e odiada,
era uma liderança incontestável da direita européia e foi defensora ferrenha do
neoliberalismo.
Foi premiê do
Reino Unido de 1979 a 1990 e sua obra
deixou males que se espalharam pelo mundo com rapidez: privação social, opressão
de sindicatos, confronto com opositores de forma dura e implacável, como no episódio da Guerra das Malvinas. Em resumo,
governou de modo tão conservador que seu próprio partido, o Partido Conservador!,
voltou-se contra ela e a retirou do poder.
Sua forma de ver a economia era voltada exclusivamente ao
protecionismo do capital. Gerou desemprego e queda da produção industrial na
Inglaterra mas nunca desamparou os banqueiros. Seu processo político de
privatizações e culto ao livre mercado
foi determinante para que alguns países, o Brasil inclusive, adotassem medidas conservadoras
drásticas e danosas.
Sobretudo no período de governo do PSDB, na figura de FHC, o
Brasil experimentou o remédio mais amargo que Tatcher criou: a economia foi
atirada no colo do mercado, empresas públicas tradicionais foram privatizadas
depois de saneadas com dinheiro público, o desemprego aumentou na proporção do
crescimento da dívida interna e externa, apesar da entrada de recursos da venda
de Estatais, a taxa básica de juros crescente era mantida para atender os
banqueiros e a população, ora, permanecia estagnada, pobre e sem perspectivas.
Passadas duas décadas desde a queda de Tatcher, depois que
parte do mundo ocidental abusou de venerar o livre mercado, vimos Nações de
joelhos implorando recursos ao FMI e tendo que, em troca, adotar medidas ainda
mais drásticas na área econômica, com corte de programas sociais e elevação da
taxa de juros. Os resultados foram desastrosos principalmente para os países menos desenvolvidos da América Latina.
Hoje, ao abandonar as teorias malucas do neoliberalismo, o
Brasil e parte importante do mundo capitalista descobriu nova fórmula de
crescimento: participação direta do Estado na economia com intervenções
pontuais e injeção de capitais. É hilário ler, por exemplo, como certos veículos
de comunicação resmungam sobre o déficit em conta corrente do governo, sobre
aumento das despesas de custeio e de pessoal. Reclamam que o governo gasta
muito ...
Mas não vemos xororô da midia fundamentalista quando o
governo dos EUA coloca, mensalmente, quase 90 bilhões de dólares na economia
com o objetivo de incentivar o consumo e a geração de emprego; não vemos os “analistas”
dizendo que é errado o Japão expandir sua base monetária em quase 1,5 trilhão
de dólares para fazer frente ao baixo crescimento.
Seria um escândalo a intervenção do governo do Brasil na economia
na época FHC, ditado pelas regras de austeridade da Dama de Ferro. Ou foi um escândalo manter a pobreza e a miséria
do jeito que estavam?
Felizmente, isso mudou.
E, por certo, as novas gerações de Primeiros Ministros do
Reino Unido aprenderam que tudo o que Margareth Tatcher produziu foi aumentar
ainda mais a diferença entre ricos e pobres. Lá e no resto do mundo neoliberal.
Ela morreu, e tomara que morra com ela a teoria da concentração de renda.
***
*Saraiva
Letícia Sabatella: “O pastor Feliciano é uma benção de Deus”. Entenda
Glamurama
Letícia Sabatella: mal que vem para bem
Glamurama acaba de cruzar com Letícia Sabatella no Projac e, sabendo da veia politizada da atriz, puxou papo sobre o pastor Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “O Feliciano é uma benção de Deus. Ele é tão nazista, arcaico e egoísta que enfim estamos acordando para a homofobia e o preconceito. É um mal que vem pra bem. É tão absurdo e forte, como se quem não pensa como ele estivesse associado ao demônio, possuído. Aconteceram coisas que doeram na minha alma. E, para ser contra essa aberração, quem antes não queria chocar a bisavó está se assumindo. Graças a isso, a homofobia daqui a pouco vai acabar, como acabou a escravidão.”
*mariadapenhaneles
Infelicano, Paul, em psicografia, pede que você confirme através de teste: Estudo liga preconceito a pessoas de baixo QI
Estudo liga preconceito a pessoas de baixo QI
Exame
Neonazistas nos EUA: pesquisa aponta que eles seriam menos inteligentes
São Paulo - Um estudo feito pela Universidade de Ontario, no Canadá, parece ser bastante provocador. A pesquisa chegou à conclusão de que pessoas menos inteligentes - sim, isso é um eufemismo - são mais conservadoras, preconceituosas e racistas.
O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas. A pesquisa foi publicada na revista Psychological Science.
A
descoberta aponta para um ciclo vicioso, em que esses adultos com pouca
inteligência ‘orbitam’ em torno de ideologias socialmente conservadoras,
resistentes à mudança e que, por sua vez, geram o preconceito.
As
pessoas menos inteligentes seriam atraídas por ideologias conservadoras,
segundo o estudo, porque oferecem ‘estrutura e ordem’, o que dá um
certo ‘conforto’ para entender um mundo cada vez mais complicado.
"Infelizmente,
muitos desses recursos também podem contribuir para o preconceito",
disse Gordon Hodson, pesquisador chefe do estudo, ao site Live Science.
Ele
salientou ainda que, apesar da conclusão, o resultado não significa que
todos os liberais são ‘brilhantes’ e nem que todos os conservadores são
‘estúpidos’. A pesquisa é um estudo de médias de grandes grupos, disse
Gordon Hodson.
Assinar:
Postagens (Atom)