Campanha que defende o nome de Amaury Ribeiro Jr. foi lançada nesta segunda (8) por um grupo de jornalistas, intelectuais e professores universitários. Objetivo é disputar cadeira de número 36, que está vaga desde que o jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo morreu, em 22 de março passado.
Abaixo assinado: Autor de ‘A Privataria Tucana’ vai disputar Academia Brasileira de Letras com FHC
Campanha que defende o nome de Amaury Ribeiro Jr. foi lançada nesta
segunda (8) por um grupo de jornalistas, intelectuais e professores
universitários. Objetivo é disputar cadeira de número 36, que está vaga
desde que o jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo morreu,
em 22 de março passado.
Da Redação da Carta Maior
São Paulo – Um grupo de jornalistas, intelectuais e professores
universitários progressistas lança nesta segunda-feira (8) uma campanha
para defender o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior para a Academia
Brasileira de Letras (ABL).
Jornalista premiado, hoje funcionário da TV Record, Ribeiro Jr. é autor
do best-seller “A privataria tucana”, livro-reportagem denuncia
irregularidades na venda de empresas estatais durante o governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A candidatura de Ribeiro Jr. visa se contrapor à do próprio Fernando
Henrique, que está inscrito para disputar a cadeira de número 36, que
está vaga desde que o jornalista e escritor paulista João de
Scantimburgo morreu, em 22 de março passado.
As inscrições de candidaturas na ABL podem ser feitas até 26 de abril.
Depois deste prazo, a entidade marca em até 60 dias uma reunião para a
eleição, em que o novo imortal deve ter a metade mais um dos votos dos
atuais imortais para ser eleito para a cadeira.
Leia, a seguir, o manifesto da candidatura de Amaury Ribeiro Jr. Para assinar, clique aqui.
“A PRIVATARIA É IMORTAL - Amaury Ribeiro Júnior para a Academia Brasileira de Letras
Não é a primeira vez que a Academia Brasileira de Letras tem a
oportunidade de abrir suas portas para o talento literário de um
jornalista. Caso marcante é o de Roberto Marinho, mentor de obras
inesquecíveis, como o editorial de 2 de abril de 64:
"Ressurge a Democracia, Vive a Nação dias gloriosos" – o texto na capa
de "O Globo" comemorava a derrubada do presidente constitucional João
Goulart, e não estava assinado, mas trazia o estilo inconfundível desse
defensor das liberdades. Marinho tornou-se, em boa hora, companheiro de
Machado de Assis e de José Lins do Rego.
Incomodada com a morte prematura de "doutor" Roberto, a Academia acolheu
há pouco outro bravo homem de imprensa: Merval Pereira, com a riqueza
estilística de um Ataulfo de Paiva, sabe transformar jornalismo em
literatura; a tal ponto que – sob o impacto de suas colunas – o público
já não sabe se está diante de realidade ou ficção.
Esses antecedentes, "per si", já nos deixariam à vontade para pleitear –
agora - a candidatura do jornalista Amaury Ribeiro Junior à cadeira 36
da Academia Brasileira de Letras.
Amaury, caros acadêmicos e queridos brasileiros, não é um jornalista
qualquer. É ele o autor de "A Privataria Tucana" – obra fundadora para a
compreensão do Brasil do fim do século XX.
Graças ao trabalho de Amaury, a Privataria já é imortal! Amaury Ribeiro
Junior também passou pelo diário criado por Irineu Marinho (o escritor
cubano José Marti diria que Amaury conhece, por dentro, as entranhas do
monstro).
Mas ao contrário dos imortais supracitados, Amaury caminha por outras
tradições. Repórter premiado, não teme o cheiro do povo. Para colher
boas histórias, andou pelas ruas e estradas empoeiradas do Brasil. E não
só pelos corredores do poder.
Amaury já trabalhou em "O Globo", "Correio Braziliense", "IstoÉ",
"Estado de Minas", e hoje é produtor especial de reportagens na "TV
Record". Ganhou três vezes o Prêmio Esso de Jornalismo. Tudo isso já o
recomendaria para a gloriosa Academia. A obra mais importante do
repórter, entretanto, não surge dos jornais e revistas. "A Privataria
Tucana" – com mais de 120 mil exemplares comercializados – é o livro que
imortaliza o jornalista.
A Privataria é imortal - repetimos!
O livro de Amaury não é ficção, mas é arte pura. Arte de revelar ao
Brasil a verdade sobre sua história recente. Seguindo a trilha aberta
por Aloysio Biondi (outro jornalista que se dedicou a pesquisar os
descaminhos das privatizações), Amaury Ribeiro Junior avançou rumo ao
Caribe, passeou por Miami, fartou-se com as histórias que brotam dos
paraísos fiscais.
Estranhamente, o livro de Amaury foi ignorado pela imprensa dos homens
bons do Brasil. Isso não impediu o sucesso espetacular nas livrarias - o
que diz muito sobre a imprensa pátria e mais ainda sobre a importância
dos fatos narrados pelo talentoso repórter.
A Privataria é imortal! Mas o caminho de Amaury Ribeiro Junior rumo à
imortalidade, bem o sabemos, não será fácil. Quis o destino que o
principal contendor do jornalista na disputa pela cadeira fosse o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC é o ex-sociólogo que – ao virar presidente – implorou aos
brasileiros: "Esqueçam o que eu escrevi". A ABL saberá levar isso em
conta, temos certeza. É preciso esquecer.
Difícil, no entanto, é não lembrar o que FHC fez pelo Brasil. Eleito em
1994 com o apoio de Itamar Franco (pai do Plano Real), FHC prometeu
enterrar a Era Vargas. Tentou. Esmerou-se em desmontar até a Petrobras.
Contou, para isso, com o apoio dos homens bons que comandam a imprensa
brasileira. Mas não teve sucesso completo.
O Estado Nacional, a duras penas, resistiu aos impulsos destrutivos do intelectual Fernando.
Em 95, 96 e 97, enquanto o martelo da Privataria tucana descia
velozmente sobre as cabeças do povo brasileiro, Amaury dedicava-se a
contar histórias sobre outra página vergonhosa do Brasil - a ditadura
militar de 64. Em uma de suas reportagens mais importantes, sobre o
massacre de guerrilheiros no Araguaia, Amaury Ribeiro Junior denunciou
os abusos cometidos pela ditadura militar (que "doutor" Roberto preferia
chamar de Movimento Democrático).
FHC vendia a Vale por uma ninharia. Amaury ganhava o Prêmio Esso...
FHC entregava a CSN por uns trocados. Amaury estava nas ruas, atrás de
boas histórias, para ganhar mais um prêmio logo adiante...
As críticas ao ex-presidente, sabemos todos nós, são injustas. Homem
simples, quase franciscano, FHC não quis vender o patrimônio nacional
por valores exorbitantes. Foi apenas generoso com os compradores -
homens de bem que aceitaram o duro fardo de administrar empresas
desimportantes como a Vale e a CSN. A generosidade de FHC foi muitas
vezes incompreendida pelo povo brasileiro, e até pelos colegas de
partido - que desde 2002 teimam em esquecer (e esconder) o estadista
Fernando Henrique Cardoso.
Celso Lafer - ex-ministro de FHC - é quem cumpre agora a boa tarefa de
recuperar a memória do intelectual Fernando, ao apresentar a candidatura
do ex-presidente à ABL. A Academia, quem sabe, pode prestar também uma
homenagem ao governo de FHC, um governo simples, em que ministros
andavam com os pés no chão - especialmente quando tinham que entrar nos
Estados Unidos.
Amaury não esqueceu a obra de FHC. Mostrou os vãos e os desvãos, com
destaque para o caminho do dinheiro da Privataria na volta ao Brasil.
Todos os caminhos apontam para São Paulo. A São Paulo de Higienópolis e
Alto de Pinheiros. A São Paulo de 32, antivarguista e antinacional. A
São Paulo de FHC e do velho amigo José Serra - também imortalizado no
livro de Amaury.
Durante uma década, o repórter debruçou-se sobre as tenebrosas transações. E desse trabalho brotou "A Privataria Tucana".
Por isso, dizemos: se FHC ganhar a indicação, a vitória será da
Privataria. Mas se Amaury for o escolhido, aí a homenagem será completa:
a Privataria é imortal!
*ajusticeiradeesquerda
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