Feminismo e luta de classes
Por Verinha Dias
Você acredita que todas as mulheres lutam pelo mesmo objetivo dentro do feminismo?
Se
a resposta for sim, você precisa entender o significado de classes
sociais, que surge dentro do capitalismo e desfragmenta nossa luta de
dentro para fora, nos impedindo de avançar em nossa completa
emancipação.
Existem três classes sociais, quem é você nestas classes?
Burguesia: A classe dominante do modo de produção capitalista (que são os donos de empresas, os patrões, os ricos...);
Pequena Burguesia :
camadas médias da sociedade atual, regido por valores e aspirações da
burguesia. São pequenos empresários, que exploram a classe trabalhadora
da mesma forma pretendendo ascensão à classe social adiante da dele.
Proletariado: O
proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua
força de trabalho (suas aptidões), que ele vende para sobreviver, ou
seja, o trabalhador que vende sua força de serviço para as classes
citadas acima.
Você acredita que os
interesses destas pessoas são os mesmos? Pense: Os dois primeiros
precisam ter lucro para ascender e se manterem estáveis, o último é a
classe que mantém a ascensão e estabilidade dos dois primeiros. Todo
este grupo dentro do mesma luta em algum momento haverá um cabo de
guerra, pois os interesses de um grupo significa o prejuízo do outro.
Concorda?
Conhece os grupos
feministas que foram pioneiros na luta? O que ficou mais conhecido foi o
NOW ("agora"), a National Organization for Women (Organização Nacional
de Mulheres), criada em 1966 por Betty Friedan. O NOW não tinha um
programa claro e encarnava o radicalismo da pequena-burguesia - as
mulheres da classe operária tiveram pouca ou nenhuma participação -, uma
vez que sua única bandeira era "exigir a igualdade total para as
mulheres nos EUA agora". O NOW era um movimento de mulheres que apoiavam
o partido Democrata, o partido do presidente dos EUA na época, Jimmy
Carter e que frearam as lutas das mulheres sempre que elas ameaçavam
ultrapassar as fronteiras do capitalismo.
Algumas lutas podem até
ser iguais, como por exemplo, a luta pela liberalização sexual,
divórcio, mas o que emancipa verdadeiramente a mulher?
Emancipação é sinônimo
de pleno emprego, salários dignos, saúde, educação, domínio de seu
próprio corpo, enfim, coisas concretas, boas condições materiais de
vida, (tudo que o capitalismo nega as mulheres, em relatório da ONU
sobre a fome mundial há a constatação de que 70% dos pobres do mundo são
mulheres).
O problema não é apenas
desigualdade de gênero, (algo real e muito importante, como o quê todas
temos sim de lutar!), mas a desigualdade de classe esta inclusa ai
também, ela gera discriminações, como acesso ao trabalho, ao salário, a
melhores condições de vida.
Até que não acabemos com
o capitalismo e o imperialismo, essas questões são as que determinam a
vida de todas as mulheres. Como criar seus filhos, como alimentar a
família, como arrumar um emprego decente e ter uma vida digna? Para a
mulher burguesa, isso não é problema, já está resolvido de antemão.
Desde que nasce, uma mulher burguesa tem tudo o precisa para viver, a
mulher trabalhadora, ao contrário. Tem de passar a vida inteira lutando
para pôr comida na mesa. E isso não é ideologia, é a vida concreta,
real, de milhões e milhões de mulheres no mundo inteiro.
A Luta contra o
capitalismo e exploração dele sobre as mulheres pobres e trabalhadores
só interessa a ultima classe social, o proletariado, os demais são
exploradores desta classe, sejam homens ou mulheres que pertençam a ela.
O gênero une a todas as
mulheres, burguesas e proletárias, porque todas nós sentimos uma ou
outra forma de opressão. Mas a classe nos divide. E isso é categórico e
um intransponível divisor de águas no movimento feminista. As mulheres
trabalhadoras devem organizar-se de forma separada das mulheres
burguesas, porque apesar de ambas serem oprimidas, essa luta fatalmente
vai colocá-las em lados opostos, porque implica em lutar contra a
exploração capitalista, algo que não interessa às mulheres burguesas.
*Centrodosocialismo
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