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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 25, 2013

GUERRA CONTRA AS DROGAS: A HUMANIDADE PARTIU PARA A IGNORÂNCIA, MAS SERÁ ESSA A ÚNICA NÃO-SOLUÇÃO?

Milhares passam fome e milhõe$ combatem as drogas
Milhares passam fome e milhõe$ combatem as drogas

Quando duas pessoas saem no tapa ou partem para a briga, é comum usar a expressão popular: “eles partiram para a ignorância”. Partir para a ignorância é romper toda a capacidade de diálogo, é a guerra. Quando o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, declarou guerra às drogas, há 40 anos, e levou vários países a seguir essa estratégia, ele também decidiu partir para a ignorância.

É por isso que até hoje a chamada guerras às drogas não acabou e os países continuam a “partir para a ignorância” sem fim. E provavelmente passaremos mais 40 anos na pancadaria contra as drogas. Há 4 décadas, todas as polícias de praticamente todos os países combatem as drogas com armas de fogo pesada, equipamentos de guerra, tapas, pontapés e assassinatos. E o resultado? Não, não há resultado.

O tráfico e o consumo de drogas só tem aumentado, na maioria das vezes com a complacência e parceria de quem deveria combater.

Não seria hora de pensar em uma nova guerra contra as drogas? Não seria mais inteligente combater as drogas de outra forma, visto que essa não tem dado resultado?

Que tal uma guerra humanitária e política contra as drogas? Por que não investir pesado em uma região dominada pelo tráfico, que normalmente são regiões pobres, como favelas? No lugar de intervir, investir. Assim, os combatentes contra as drogas seriam outros, pessoas comuns. Veja só:

O primeiro batalhão de artilharia poderia ser de arquitetos e engenheiros que, armados de pranchetas e cálculos, em parceria com a comunidade, desenharia um plano de urbanização, com casas decentes para todos os moradores, ruas, escolas, hospitais, locais de lazer, para comércio, indústria e até para agricultura de hortaliças. Em seguida, um batalhão armado com retroescavadeiras, pás e enxadas para erguer um novo bairro por etapas, com a consonância dos moradores.

Na sequência entram mais três batalhões para fuzilar as drogas.

Um batalhão seria das secretarias de Educação, Saúde, Esporte e Lazer, com atendimento das crianças de zero a 18 anos, programando educação e atividades escolares, culturais e esportivas.

Outro batalhão entraria para financiar pequenos negócios, profissionalização e assistência social para os adultos. Esse seria um batalhão persistente e implacável com a miséria social e econômica.

E, por último, um postinho da polícia comunitária.

Será que daria resultado? Por que não testar?

*Educaçãopolitica

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