Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 18, 2013

Por Pável Blanco Cabrera

Se a obra de Marx se limitasse ao Manifesto do Partido Comunista ou a O Capital seria já uma realização gigantesca. Mas é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele arma os explorados e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialética, é uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.

As contribuições de Karl Marx são atuais; a sua obra, elaborada em conjunto com o seu íntimo camarada F. Engels, desenvolvida e enriquecida por V. I. Lenine, é o guia para a emancipação do proletariado e de toda a humanidade.

Marx foi um homem de teoria e ação; com ele, a dissociação entre ser e pensar, velho problema da filosofia, foi superada pela primeira vez, pois, como afirmou nas Teses sobre Feuerbach, não se trata apenas de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.

A sua obra não se limita ao Manifesto do Partido Comunista, ou a O Capital, é muito mais ampla, porque nada de humano lhe era estranho; cada descoberta científica, cada argumento levantado por ele, arma os explorados e todas as classes oprimidas contra os exploradores, contra a classe dominante, a classe burguesa. Estudar a sua obra integralmente, assimilar a dialéctica, é uma obrigação para os revolucionários que aspiram a mudar o mundo.

Surpreende a atualidade da sua conclusão científica, ao estudar o modo de produção baseado na propriedade privada e no trabalho assalariado, de que o «sórdido segredo da exploração capitalista é a mais-valia».

O marxismo é o materialismo dialéctico, o materialismo histórico, a economia política, o socialismo científico, e deve ser integralmente assimilada pelos trabalhadores do mundo. Houve tendências positivistas, dogmáticas, mecanicistas, que, pondo de parte o materialismo dialéctico, corromperam a teoria revolucionária.

Marx integrou de forma contundente no seu trabalho a ditadura do proletariado, a violência revolucionária como parteira da história, a classe trabalhadora como sujeito da História, coveira do capitalismo. Quão surpreendente é que alguns dos que se dizem seus seguidores neguem qualquer um desses elementos essenciais. Marx voltaria a sua pena afiada contra esses “acadêmicos” que o negam, que procuram suavizá-lo, convertendo-o em “teoria crítica”, anulando o seu carácter subversivo, partidário, determinado a não se deixar acorrentar às paredes da universidade. Que falácia a dos que querem limitá-lo a um democrata, um humanista, um sonhador. O Prometeu de Tréveris foi um homem de partido, um militante, um conspirador e escreveu, não para a carreira, não para obter um mestrado ou um doutoramento, mas para dar elementos à luta de classes. Não fez da academia o abrigo confortável, assumiu as consequências de ser revolucionário profissional: a perseguição, o exílio, a fome.

Quanto dano fazem aqueles que negam a teoria nos fatos, esses pragmáticos que não têm a disciplina e a abnegação que o estudo e a produção teórica requerem, mas também aqueles que produzem uma “teoria” que não contribui nada, procurando emendar o marxismo-leninismo, que, pelo ego, procuram publicar textos ininteligíveis para a nossa classe. Há que enriquecer o marxismo, estreitamente vinculado ao conflito social, ao fortalecimento dos partidos comunistas, tendo em conta a evolução da ciência, as experiências do proletariado.
Marx e Engels sempre observaram a necessidade de o proletariado se tornar classe, mas também o carácter internacionalista da sua luta; a senha lançada no início da Revolução de 1848 está tão viva como sempre: Proletários de todos os países, uni-vos! Para enfrentar o capital internacional, o imperialismo eufemisticamente chamado de globalização ou mundialização. Não importa se é mexicano, ou alemão, ou americano, venezuelano, colombiano, cubano ou grego, hoje a luta dos trabalhadores é contra o poder dos monopólios, classe contra classe; hoje, a luta é entre capital e trabalho.

Na Crítica ao Programa de Gotha e em vários outros textos, Marx definiu uma alternativa anticapitalista, o socialismo-comunismo, não andou pela rama do taticismo. Desde o Manifesto insistiu, com Engels, que os comunistas devem apresentar-se com o seu programa, com franqueza, sem o esconder, dados os limites históricos do capitalismo. Hoje alguns dizem-se marxistas, mas quando se fala sobre a alternativa ao capitalismo, chamam-lhe pós-capitalismo, ou dizem que é uma questão para discussão posterior. Marx deu-lhe nome e conteúdo, chama-se socialismo-comunismo e é baseado na ditadura do proletariado, na socialização dos meios de produção.

Marx continua em vigor nos dias de hoje, em que a economia segue ciclos descobertos por ele e está em crise. Em vão o mataram tantas vezes, pois sempre regressa à consciência da classe operária e de todos os oprimidos.

Marx, o comunista, o homem de Partido, jornalista de classe e democrata, o revolucionário, o internacionalista, o homem da teoria e da prática, Marx vivo.

*Primeiro Secretário do Partido Comunista do México
Traduzido por André Rodrigues P. da Silva

Publicado originalmente em ODiário.info
Posted by
Labels: HISTÓRIA Teoria
*centrodosocialismo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário