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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 19, 2013

OEA sugere possível legalização da maconha nas Américas


OEA sugere possível legalização da maconha nas Américas



Documento é o primeiro de organização multilateral a contemplar possível legalização da maconha
Um relatório sobre drogas divulgado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na noite de sexta-feira na Colômbia sugere a possibilidade da legalização da maconha no continente americano.
O documento é o primeiro de uma organização multilateral a admitir a possibilidade de legalização. A OEA reúne os 35 Estados independentes das Américas.
O relatório foi entregue pelo secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anfitrião da Sexta Cúpula das Américas, realizada no ano passado, quando se encomendou o relatório para analisar a chamada “guerra às drogas”.
O estudo da organização concluiu que a questão do uso de drogas deveria ser tratada primordialmente como uma questão de saúde pública e que os usuários deveriam ser tratados como doentes, não processados criminalmente.
O documento também destaca as grandes somas de dinheiro que poderiam ser poupadas pelos governos com a reavaliação da guerra às drogas.
Apesar disso, o relatório diz que não há apoio suficiente entre os países membros da OEA para a legalização das drogas ilícitas consideradas mais sérias, como cocaína e heroína.
Discussões políticas
Relatório foi entregue pelo secretário-geral da OEA (dir.) ao presidente colombiano em Bogotá
“O relatório que a OEA nos entregou hoje é uma peça importante para a construção de um caminho que nos permita enfrentar esse problema”, afirmou o presidente colombiano, um dos principais defensores de mudanças na guerra às drogas. “Agora que o trabalho real começa, que é a discussão (do relatório) no nível político”, disse.
“Vamos deixar claro que ninguém aqui está defendendo nenhuma posição, nem legalização, nem regulação, nem guerra a qualquer custo. O que precisamos fazer é usar estudos sérios e bem considerados como esse que a OEA nos apresentou hoje para buscar melhores soluções”, disse.
Insulza, por sua vez, disse que o objetivo do relatório era “não esconder nada” e mostrar como o problema das drogas “afeta cada país e região, o volume de dinheiro que as drogas fazem circular e quem se beneficia dele, mostrar como as drogas corroem a organização social, a saúde pública, a qualidade do governo e até mesmo a democracia”.
O relatório chama a atenção para o fato de que as Américas são a única região do mundo na qual todas as etapas relacionadas às drogas estão presentes: cultivo, produção, distribuição e consumo.
Além disso, indica o documento, a região concentra aproximadamente 45% dos usuários de cocaína do mundo, cerca de 50% dos usuários de heroína e um quarto dos consumidores de maconha.
O consumo de drogas no continente gera, segundo a OEA, US$ 151 bilhões anuais somente com a venda do produto.
“A relação entre as drogas e a violência é uma das muitas causas de temor entre nossos cidadãos e contribui para tornar a segurança uma das questões mais preocupantes para os cidadãos de todo o hemisfério”, afirmou Insulza. “Esta situação precisa ser enfrentada com maior realismo e efetividade se quisermos avançar”, disse.
*correiodoBrasil

sábado, maio 18, 2013

Charge foto e frase do dia




























Nada deve parecer impossível de mudar.




Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.

Bertolt Brecht

O psiquiatra de Caruaru: “Homofobia é veadagem enrustida”

do Assaz Atroz
 
Fernando Soares Campos
Caruaru é a maior cidade do interior de Pernambuco, conhecida como Capital do Agreste, terra da feira que “faz gosto a gente vê, de tudo que há no mundo, nela tem pra vendê”, conforme cantava Luiz Gonzaga. Mas o que pouca gente sabe é que em Caruaru também tem pelo menos um psiquiatra bageguiano ― adepto dos métodos gauchescos do analista de Bagé, com adaptações aos costumes nordestinos. Ele recebe a clientela trajado de gibão, alpercatas e chapéu de couro. Em vez de divã, tem uma rede rosa-shocking instalada no consultório, na qual os pacientes se deitam, desfiam queixumes e resenham seus pecados.
Outro dia, o filho de respeitado coronel midiático entrou no consultório aparentemente avexado, com as mãos nos bolsos, talvez para dissimular o nervosismo. Mas não passou despercebido pelo tarimbado terapeuta.
― Que foi que aconteceu, cabra? Parece que viu lobisomem!
― Não é nada não, doutor. Já faz muito tempo que eu queria falar com o senhor... Mas tava evitando, porque dizem que só vem aqui quem tá com o miolo mole...
― Nada disso, meu jovem. O que mais atendo aqui é cabeça-dura.
― Apois eu quero me consultar.
― Então, deite aí na rede e desembuche.
― Deitar?! Precisa isso?!
―Sim, que é pra você relaxar e liberar a alma do cabresto.
O rapaz deitou-se, mas manteve as mãos nos bolsos.
― Por que não tira as mãos dos bolsos?
― É que o ar condicionado tá fazendo muito frio...
― Acho que você tá é com medo de desmunhecar na minha frente.
― Hein?!
― Deixa pra lá. Vamos ao que interessa. O que foi que trouxe você aqui? Que bicho te mordeu?
― Num é nada demais não, doutor. É que ando cismado comigo mesmo... ― ficou meio alheado, olhando para o teto.
― Continue.
― De repente, perdi o interesse por quase tudo: parei de andar com os amigos de sempre, larguei a namorada e até deixei de assistir televisão, coisa que eu gostava muito... ― continuou com olhar fixo no teto.
― Bom, parar de andar com amigos e largar a namorada, a gente até que entende, não parece coisa tão grave. Mas deixar de assistir televisão é um tanto esquisito, preocupante. Isso, sim, pode indicar um comportamento anormal. Tem alguma ideia dos motivos que levarem você e se comportar assim?
― Sei não, doutor, sei não...  ― pensou um pouco e concluiu: ― Acho que deve ser por causa dessa campanha toda que tão fazendo contra nós...
― Nós, quem?! De que campanha você tá falando?
O jovem mexeu-se inquieto, e a rede balançou suave.
― Dessa que diz que ninguém pode mais nem dar umas porradas num boiola. Toda hora tem alguém na tevê dizendo que a gente tem que parar com o preconceito, com a violência contra os gays, essas coisas. Isso aperreia a gente.
― Peraí! Na verdade, isso quer dizer que você é homofóbico.
― Chame como quiser. Só sei que não gosto de baitola. Tenho raiva de pirobo.
― Nesse caso, você procurou a pessoa certa. Homofobia é doença, precisa ser tratada. Aliás, qualquer fobia é sinal de neurose e pode evoluir para uma psicose.
― Num é nada disso, doutor! Doença mesmo é boiolice. Doente é quem queima a rosca.
― Mas homofobia é veadagem enrustida, cabra!
― Como assim?! O senhor tá me chamando de viado?
― Não, porque acho que você ainda não deu... Entende?
― Nem dei nem pretendo dar.
― Aí é que tá o problema: você reprime o seu impulso homossexual, não tem coragem de se revelar, por isso descarrega nas pessoas assumidas. Inveja dos ânus libérrimos. Sacou?
O terapeuta se levantou, foi até a estante, pegou uma garrafa contendo uma beberagem, encheu uma caneca e se aproximou do paciente.
―Isso aqui é uma garrafada que inventei com ervas da caatinga, uma verdadeira panaceia: amansa corno brabo, mulher arengueira e biriteiro valentão, entre outras serventias. Só não cura político corrupto, que esse aí não tem mais jeito. Acho que vai resolver seu problema. Tome.
O rapaz ficou meio cabreiro, mas pegou a caneca e bebeu devagar. Fechou os olhos, parecendo meditar. Súbito, saltou da rede, agarrou o psiquiatra de Caruaru pelo guarda-peito do gibão, sacudiu o homem violentamente, fazendo o chapéu de couro voar longe, e gritou histérico:
― Agora me bate! Me cospe! Me joga na parede! Me chama de lagartixa!
Empurrou o terapeuta cabra da peste, que se estatelou no chão. Saiu disparado. Na porta, ouviu o psiquiatra lhe perguntar:
― Não vai pagar a consulta?
― Pagar?! Que pagar que nada, eu vou é processar você e pedir indenização por danos morais.
― Como assim? Baseado em quê?
O ex-machão pôs as mãos nos quadris, respirou fundo, sacudiu a cabeça para os lados e respondeu:
― É proibido tratar bichice como doença, e você tratou um homofóbico, que, como você mesmo diz, é um viado enrustido. Agora liberei de vez. Morou?!
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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
*GilsonSampaio

Genocida argentino foi cumprir resto da pena na cadeia do capeta

  do Pragmatismo Político
Morte de genocida Videla gera reações diversas na Argentina
Avós da Praça de Maio sobre Videla: “ser desprezível deixou este mundo”. Nobel da Paz argentino diz que Videla traiu Argentina. Políticos, ativistas de direitos humanos e artistas criticam trajetória de ex-ditador; veja reações
A morte do ex-ditador argentino argentino Jorge Rafael Videla, ocorrida nesta manhã (17/05), em Buenos Aires, gerou uma rápida reação de políticos e ativistas argentinos nos meios de comunicação e em redes sociais, todos críticos ao passado e à postura do líder da junta militar que comandou violentamente o país entre 1976 a 1983. O ex-ditador morreu por volta das 6h30 em sua cela na prisão Marcos Páz.
general jorge videla argentina
General Jorge Videla comandou a sangrenta ditadura argentina (Foto: Arquivo)
O Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquível classificou Videla, que morreu aos 87 anos de “causas naturais”, como “um homem que passou a vida fazendo muito mal e traindo os valores de todo um país”. No entanto, o ativista de Direitos Humanos, que ficou 28 meses preso durante o regime, diz que “não se alegra com a morte de ninguém”.
“Jamais me acusaram ou julgaram por nada, sou um sobrevivente dos voos morte. Mas a morte de Videla não deve alegrar a ninguém, temos de seguir trabalhando por uma sociedade melhor, mais justa, mais humana, para que todo esse horror não volte a se repetir nunca mais”.
“Isso (a morte de Videla) não fecha um ciclo. (A ditadura) vai além de Videla, é uma política que se implementou em todo o país e na América Latina”.
Nora Cortiñas, integrante e fundadora das Mães da Praça de Maio, seguiu a mesma linha ao preferir não festejar a morte do ditador. “Mesmo com minha dor, não festejo a morte. Porque eles (os ditadores) se vão e levam junto consigo alguns dos segredos mais importantes da história”.
A associação de direitos humanos H.I.J.O.S., (acrônimo em espanhol para Filho pela Identidade e Justiça contra o Esquecimento e o Silêncio) da capital, Buenos Aires, postou em sua conta no Twitter: “Morreu sem dizer onde eles (os desaparecidos) estão”. Fundada em 1994, essa organização, dividida em diversas filiais pela Argentina, reúne, filhos de desaparecidos e assassinados, e outros que se consideram “filhos da geração ditatorial”. Entre outras ações, investigam casos de bebês sequestrados, e organizaram “escrachos” com ex-participantes do regimes. A H.I.J.O.S. de Tucumán, por sua vez, postou: “nem esquecimento nem perdão. Morreu o genocida Videla”.
Políticos
General Jorge Rafael Videla
General Jorge Rafael Videla encontrava-se preso pelo assassinato e tortura de milhares de argentinos durante a ditadura militar
O líder da oposicionista UCR (União Cívica Radical) na Câmara dos Deputados, Ricardo Gíl Lavedra, que também foi integrante de um tribunal que condenou a última junta militar, afirmou que Videla será “lembrado como um ditador que semeou a morte na Argentina e produziu a ditadura mais sangrenta e terrível” na história do país. Em entrevista à rede de TV Todo Notícias, ele lembrou que o ditador, assim como outros integrantes do regime “lamentavelmente nunca mostrou arrependimento sobre os fatos, tampouco considerou uma reparação às vítimas”.
O porta-voz do partido de esquerda FAP (Frente Ampla Progressista), Hermes Binner, postou, em sua conta no microblog Twitter, ao saber da morte do ex-ditador: “Morreu Videla: choremos as 30.000 vítimas de sua ditadura”.
O ministro de Cultura de Buenos Aires, Hernán Lombardi, recordou Videla como um “tirano sangrento” o qual “a democracia argentina teve o valor de julgar e condenar”.
O secretário nacional de Direitos Humanos, Martín Fresneda, defendeu que “o Estado não deve nunca celebrar a morte de ninguém”, mas sim “comemorar o fato de que foi feita justiça”. “Pudemos reparar a maioria dos crimes que esses homens cometeram” com os julgamentos realizados.
Sociedade
Em declarações ao canal C5N, o músico e compositor Víctor Heredia disse que “morreu um criminoso”: “Foi uma monstruosidade o que ele fez em vida”, disse o artista, cuja irmã foi sequestradas e dada como desaparecida quando estava grávida. Ele também foi perseguido pelo regime, período o qual afirmou que ficará marcado para o resto de sua vida.

Morre Videla. Na Argentina. Onde ditador vai para a cadeia

 do Sakamoto
Leonardo Sakamoto
Morreu, nesta quinta (17), de “causas naturais”, o general e ex-ditador Jorge Videla, aos 87 anos, no Centro Penitenciário Marcos Paz, onde cumpria pena de prisão perpétua por cometer crimes de lesa humanidade.
Ele comandou o golpe de março de 1976, que derrubou o regime democrático, e coordenou a repressão entre 1976 e 1983 – quando mais de 30 mil pessoas foram assassinadas por questões políticas, e mais de 500 bebês de ativistas foram sequestrados ou desapareceram. Em 2010, foi condenado à prisão perpétua, depois de ter sido condenado e anistiado anteriormente. Videla chegou a confessar que as mortes foram necessárias.
A Argentina pode ter um milhão de problemas. Mas conseguiu lidar com seu passado de uma forma bem melhor do que nós, punindo responsáveis por sua ditadura militar (uma das mais cruéis da América Latina), reformando sua anistia.
Por aqui, as coisas não funcionaram assim.
Por exemplo, o coronel Erasmo Dias morreu, em 2010, aos 85 anos. Na época, muita gente entrou em júbilo orgásmico com a notícia. Entendo a alegria de todos os que, durante a ditadura, foram atropelados pelos seus cavalos ou torturados sob sua responsabilidade. Mas não deixo de dar meus pêsames pela nossa incompetência, por não conseguirmos fazer com que esse arauto da retrocesso respondesse por tudo aquilo que fez. De 1974 a 1979, Erasmo ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública em São Paulo, garantindo a ordem sob as técnicas persuasivas da Gloriosa. Ficou conhecido pela invasão da PUC-SP em setembro de 1977, ao reprimir um ato pela reorganização da União Nacional dos Estudantes.
Um amigo comentou que a “justiça” finalmente havia chegado para Erasmo através do câncer que o consumiu. Discordo. O sujeito com 85 anos, morando confortavelmente, sem ter que responder pelo passado, passa dessa para a melhor e isso é “justiça”? Não só não tivemos a competência para abrir e limpar publicamente as feridas que ele causou, como a sociedade ainda o elegeu deputado federal, deputado estadual e vereador.
Outra alma ceifada tempos atrás pela mesma “justiça” foi a do Coronel Ubiratan, responsável pela execução de 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo. Não é que a sociedade não conseguiu puni-lo, ela não quis puni-lo. Ele fez o servicinho sujo que muitos paulistanos desejam em seus sonhos mais íntimos, de limpeza social. Morreu em 2006, em um crime não solucionado. Estava a caminho de ser facilmente reeleito como deputado estadual, ironizando o país ao candidatar-se com o número 14.111.
Os dois não são casos únicos. Se listássemos os fazendeiros que assassinaram trabalhadores e lideranças rurais no Brasil e morreram com processos criminais (lentamente) tramitando contra eles, gastaríamos hectares e mais hectares. Quer mais um exemplo? O julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura, condenado por ser um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, foi novamente cancelado.
Todos os que lutam para que os direitos humanos não sejam um monte de palavras bonitas emolduradas em uma declaração sexagenária não se sentem contemplados com o passamento de Erasmo Dias, Ubiratan, ou mesmo de ditadores como Pinochet. Mas podem ficar tranquilos com a ida de Videla.
Não quero fazer Justiça por minhas mãos, não sou lelé da cuca. Quero apenas que a nossa justiça funcione. Ou, no mínimo, que a nossa sociedade consiga saldar as contas com seu passado.
Por aqui o governo brasileiro resolveu não mais tentar buscar a revisão da Lei da Anistia. Mais do que punir torturadores, seria uma ótima forma de colocar pontos-finais em muitas das histórias em aberto e fazer com que pessoas tivessem, pela primeira vez em décadas, uma noite de sono inteira. A Presidência da República resolveu investir suas fichas na Comissão da Verdade, criada pelo Congresso Nacional. Ela é uma grande iniciativa. Mas, mesmo assim, não irá garantir que representantes daquele tempo, como o coronel Brilhante Ustra, deixem de reinventar a História como quiserem sem medo de serem punidos.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos concluiu que o Brasil é responsável pelo desaparecimento de 62 pessoas entre os anos de 1972 e 1974, durante a Guerrilha do Araguaia. A Corte afirmou que as disposições da Lei de Anistia brasileira, que impedem a investigação e punição de violações contra os direitos humanos, são incompatíveis com a Convenção Americana dos Direitos Humanos. Ou seja, a Lei da Anistia vai contra um documento internacional assinado pelo Brasil e que o país deve respeitar. O tribunal, vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), concluiu também que o país é responsável pela violação do direito à integridade pessoal de familiares das vítimas, em razão do sofrimento pela falta de investigações efetivas para o esclarecimento dos fatos. Além disso, é responsável pela violação do direito de acesso à informação, estabelecido no artigo 13 da Convenção Americana, pela negativa de dar acesso aos arquivos em poder do Estado com informação sobre esses fatos. E deve, enfim, investigar e punir as mortes por meio da Justiça.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal, que vem sendo sensível em decisões sobre a dignidade humana, também deu de ombros e disse que tudo fica como está.
Uma pesquisa do Datafolha em 2010 apontou que 45% da população era contrária à punição de agentes que torturaram presos políticos durante a ditadura militar contra 40% a favor. Agarro-me desesperadamente à esperança de que o pessoal não entendeu exatamente do que se tratava.
Como já disse aqui, o impacto de não resolvermos o nosso passado se faz sentir no dia-a-dia dos distritos policiais, nas salas de interrogatórios, nas periferias das grandes cidades, nos grotões da zona rural, com o Estado aterrorizando parte da população (normalmente mais pobre) com a anuência da outra parte (quase sempre mais rica). A ponto de ser banalizada em filmes como Tropa de Elite, em que parte de nós torceu para os mocinhos que usavam o mesmo tipo de método dos bandidos no afã de arrancar a “verdade”.
A justificativa é a mesma usada nos anos de chumbo brasileiros ou nas prisões no Iraque e em Guantánamo, em Cuba: estamos em guerra. Ninguém explicou, contudo que essa guerra é contra os valores que nos fazem humanos e que, a cada batalha, vamos deixando um pouco para trás. Esse é o problema de sermos o país do “deixa disso” ou mesmo do “esquece, não vamos criar caso, o que passou, passou” e ainda do “você vai comprar briga por isso? Ninguém gosta de briguentos”.
Enquanto não acertarmos as contas com nossa história, não teremos capacidade de entender qual foi a herança deixada por ela – na qual estamos afundados até o pescoço e que nos define.
*GilsonSampaio

Golpe comunista 2014 – A reação virá dos Shoppings


No CausameEspecie
Neste momento quase 35 mil confirmados


Segundos os organizadores, eles foram procurados pelaFolha de São Paulo e que a página está sendo comentada nos corredores do Palácio do Planalto.
"Folha de S. Paulo acabou de nos ligar e conversa vai, conversa vem .. Ele perguntou se eu, criador da página era à favor de um Golpe Comunista. Falei que claroooooooo que sim né, to organizando as classes para juntos acabarmos com a farra desses milionários. Soubemos por fontes internas ligadas à Brasília que nossa página está sendo comentada nos corredores do Palácio do Planalto e pela reaçadaaaaaaa que está louca conosco.
Vamoooo proletariados do BRASIL, vamos junto criar poder POPULAR! 
GOLPE COMUNISTA BRASIL 2014, O MAIOR GOLPE DA TERRA!" 
"Soubemos por fontes internas ligadas à Brasília que nossa página está sendo comentada nos corredores do Palácio do Planalto e pela reaçadaaaaaaa que está louca conosco."
Outras enquetes:

Arnaldo Jabor ganha seguido por Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, ou os três em forma de jogral.


“Golpe comunista 2014 no Brasil” tem 25 mil confirmados
Página do evento viralizou na rede social e abriga dezenas de enquetes bem-humoradas. Veja aqui as melhores

por Redação — publicado 16/05/2013 18:53, última modificação 16/05/2013 19:15

Evento “Golpe comunista 2014 no Brasil” tem mais de 25 mil confirmados Criada para satirizar o temor de determinados setores conservadores da sociedade, segundo os quais o Brasil estaria à beira de uma ditadura comunista, o evento “Golpe Comunista 2014 no Brasil” passou hoje de 25 mil pessoas com “presença confirmada” no facebook. O evento foi criado pela página Golpe Comunista 2014. Desde sua criação, a página do evento vem abrigando dezenas de enquetes bem-humoradas de seus participantes confirmados, tais como:

Capa de iPhone com o Che Guevara, comprar ou não comprar? A) Claro! Dá pra xingar muito no Twitter com estilo!; B) Lógico! Hay que revolucionar pero sin perder la fofura; C) Não, prefiro uma com a foto do Kim Jong Un
Que traje usar no golpe? A) Todo mundo nu!! B) Uniforme da FFLCH C) Se for homem, ir de saia
Depois dos médicos, o que mais iremos importar de Cuba? A) Mecânicos de carro vintage B) O cirurgião plástico do Zé Dirceu C) Blogueiros

Qual será o nome da moeda após a libertação? A) Dilmas B) Moeda é coisa de burguês! Viva o escambo! C) Companheiros
O que faremos se 100 mil pessoas confirmarem presença? A) Faremos um LENINGRADO shake. Harlem é um bairro estadunidense e imperialista. B) Faremos um Harlem Shake. C) Vamos dar as mãos. 1, 2, 3! Quem errar o passo, perde a vez
O que faremos com o Facebook? A) Mudar a opção "curtir" para "apoiado camarada" B) Mudar o nome para "Rede Social... ista" C) Mudar o fundo para vermelho
Confira aqui a página do evento e todas as enquetes e confirme suas presença... ou não http://www.cartacapital.com.br/sociedade/201cgolpe-comunista-2014-no-brasil201d-tem-25-mil-confirmados
http://causameespecie.blogspot.com.br/2013/05/cartacapital-viral-no-facebook-golpe.html


Golpe comunista 2014 – A reação virá dos Shoppings





Começa a Pátria a se levantar da letargia indolente na qual foi deitada pelos malévolos asseclas do bolchevismo petista durante a usurpação ilegítima do poder iniciada pelo despreparado sr. Lula da Silva, assustada pelo perigo do golpe comunista que já se faz notar no horizonte e que poderá mergulhar o país em trevas definitivas se nada fazermos agora para evitar este mal maior. A hora é crucial para o estabelecimento de nossas trincheiras democráticas, de nossos batalhões em defesa da família cristã e da propriedade, contra os grilhões do marxismo escarlate satânico que já marcham ao nosso encontro.

A Classe Média e a Mídia

por Paulo Nogueira 
A mídia defende abjetamente seus próprios interesses, e os de seus amigos, e não o interesse público. 
As empresas jornalísticas não pagam os impostos devidos (o papel não é taxado, por exemplo), gozam de uma absurda reserva de mercado (estrangeiros só podem ter 30% das ações) e historicamente se alinharam às ações mais nocivas contra o povo brasileiro, como o golpe militar de 1964.



A mídia brasileira precisa de um choque do capitalismo que prega mas que não pratica: tem que ser exposta à competição internacional e tem que criar vergonha na cara e parar de mamar no Estado, do qual sempre extraiu financiamentos a juros que são um assalto ao contribuinte. 

Boa parte da gestão inepta das empresas jornalísticas brasileiras reside nisso – nas vantagens que elas recebem de sucessivas administrações. 

Isso acabou criando culturas corporativas em que você acha que é mais fácil resolver problemas com um telefonema ao presidente ou ao ministro do que com habilidade gerencial. 

A internet apareceu para libertar a sociedade do monopólio de opinião das empresas de mídia, e isso é um fato que deve ser comemorado. 

Você só tem acesso a Marilena Chauí na internet. 

Em compensação, pensadores como Vilas,Magnolis, Pondés et caterva estão em toda parte, defendendo o mundo da iniquidade que foi sempre a marca do Brasil. 

Sobre a classe média, Marilena Chauí também está certa. 

Historicamente, a classe média é, em geral, o que existe de mais reacionário numa sociedade. 

Nas grandes transformações da humanidade, como na França de 1789, lá estava a classe média na defesa assustada da manutenção da ordem. 

Na Alemanha de 1933, foi a classe média que pôs Hitler no poder. 

Nos Estados Unidos destes dias, é a classe média — obesa, entupida de pipoca e coca cola gigante, sentada no sofá vendo blockbusters de Hollywood — que dá sustentação a guerras como a do Iraque e a do Afeganistão

Uma das razões do sucesso escandinavo como sociedade é que, lá, a classe média foi educada, e aprendeu a importância do verbo repartir. 

A classe média brasileira ainda está bem longe disso. 

É racista, preconceituosa, homofóbica. 

Detesta negro, detesta nordestino, detesta gays. 

Detesta tanta coisa que, exatamente por isso, é detestável, como disse Marilena Chauí. 

A íntegra do texto está aqui. 

do Blog DoLaDoDeLá

LASAR SEGALL: O ARTISTA CROMÁTICO E SOCIAL

Lasar e seus colegas em uma sessão de pintura ao ar livre: liberdade e vanguarda
Lasar e seus colegas em uma sessão de pintura ao ar livre: liberdade e vanguarda
Por Maura Voltarelli

Alemão naturalizado brasileiro, Lasar Segall é considerado um dos ícones do modernismo brasileiro, seguindo e solidificando um caminho já aberto por Anita Malfati e pelo movimento modernista de 1922. Pintor de traços inusitados, que rompem com os academicismos e as formas tradicionais da pintura realista, adepto das cores fortes e expressivas, tocado pela crítica social e pela denúncia política do antissemitismo e dos horrores da guerra, Lasar combinou as heranças da tradição e cultura europeia com as cores e as temáticas tropicais, criando uma obra original e sempre atual.

A primeira exposição do artista no Brasil aconteceu em março de 1913, em São Paulo, e nas obras mostradas já se podiam ver as marcas do impressionismo alemão e da pintura holandesa.  Em comemoração ao centenário da exposição, o Museu Lasar Segall programou exposições de 50 obras do artista que pertencem ao acervo do Museu e também de algumas fotografias que faziam parte de seu arquivo pessoal.

Encontro
Encontro

Lasar tinha uma relação muito próxima com a fotografia, tanto que muitos de seus quadros, como Encontro, por exemplo, remetem diretamente a uma imagem fotográfica de seu casamento, apenas modificando alguns detalhes. Fotografias marcantes que traduzem um pouco do que foi a trajetória do artista, bem como movimentos decisivos para construir a proposta e o perfil estético de seu trabalho, como a fotografia que registra uma sessão de pintura ao ar livre com colegas da Academia de Dresden, em 1911, também fazem parte da exposição.

Nesta fotografia os colegas da academia carregam a modelo nua, em um manifesto que já ditava o movimento libertário e de vanguarda que se formava no momento.

Os demais registros fotográficos e as obras, algumas recentemente recuperadas pelo Museu, como Eternos Caminhantes, revelam o artista histórico e ousado. Eternos Caminhantes traz um grupo de andantes, tema recorrente na obra do mestre expressionista, que faz referência ao êxodo e à perseguição aos judeus. Sintética e geometrizada, a obra se instala em um tempo específico e, pela qualidade de sua construção, projeta-se na eternidade conquistada pelos grandes artistas.

Outras obras, como Bananal, trazem a temática tropical, sempre presente em Sagall principalmente na sua fase mais marcadamente expressionista. Parecem sinais do quanto o artista de terras frias ia se misturando com os costumes, as cores, a gente, das terras quentes tropicais, refletindo e ajudando a construir o modernismo de nossa arte.

Eternos caminhantes
Eternos caminhantes

Mesmo adepto do expressionismo, da (re)criação da realidade, e dono de um estilo próprio, Lasar também mantinha o diálogo com algumas tradições da pintura, revisitando gêneros como natureza-morta, retrato e paisagem. Os rostos, as frutas, os lugares ganham, no entanto, sempre o seu tom, a sua ousadia. Em cada obra respira certa sensualidade bruta original e uma denúncia visceral dos movimentos históricos, e, para os que querem encarar as trevas no coração da história, voltar ao seu Navio de emigrantes é sempre uma forma de voltar a nós mesmos.

Página do Museu Lasar Segall, onde podem ser vistas obras e fotografias do artista.
Algumas informações retiradas da revista da FAPESP, que traz reportagem com mais informações sobre o Museu Lasar Segall e sobre a exposição comemorativa.
Navio de emigrantes
Navio de emigrantes
  *Educação Política: