Em entrevista realizada
nesta capital, a respeito das preparações para as manifestações
realizadas ao longo deste 11 de julho, as centrais sindicais criticaram a
atuação do ministro Paulo Bernardo à frente da pasta das Comunicações.
Para os representantes dos trabalhadores, o ministro tem dado
declarações que representam apenas suas posições individuais,
nitidamente contrárias à democratização da mídia.
A
roda de perguntas, mediada por Rita Casaro, do Centro de Estudos da
Mídia Alternativa Barão de Itararé, contou com a presença do presidente
da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas; do
vice-presidente, Nivaldo Santana (vice-presidente da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); do diretor-executivo da
Força Sindical, Claudio Prado; do presidente da Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas; e do presidente da
Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto.
Apesar
da mobilização para as paralisações, greves e manifestações nacionais
programadas para o 11 de Julho ser a pauta principal da atividade,
transmitida pela TVT, os representantes das centrais foram tachativos ao
serem questionados sobre a atuação de Paulo Bernardo e do Ministério
das Comunicações. O papel partidarizado da grande imprensa brasileira e a
importância da mídia alternativa para a agenda sindical também foram
abordados.
De
acordo com Wagner Freitas (CUT), Bernardo bate de frente com as
deliberações feitas pelo partido e, inclusive, pela própria CUT,
entidade da qual o ministro é oriundo.
–
Suas posições não refletem nada do que discutimos sobre o tema, afinal,
somos favoráveis à criação do marco regulatório do setor – diz,
salientando que “suas declarações mais recentes são patéticas”.
Recentemente, Bernardo concedeu entrevista às páginas amarelas da
revista semanal de ultradireita Veja, declarando ser contrário à
regulação e ganhando o apelido de “bom petista” por parte da revista.
Para
Ubiraci Dantas (CGTB), Bernardo é um cidadão “que jogou a toalha”. Em
sua avaliação, o ministro faz um “desserviço” à comunicação: “Ele está
no caminho contrário da democratização, ao entregar o setor para os
grandes empresários, atrasando e boicotando a luta pela regulação.”
O
papel da mídia na cobertura do 11 de julho também foi debatido pelos
representantes das sindicais. Houve consenso de que os grandes veículos
tentarão distorcer o sentido das manifestações.
–
É comum reunirmos dezenas de milhares de pessoas e não sair uma linha
na mídia, mas quando diz respeito aos seus interesses, uma dezena de
pessoas basta para deem destaque – opina Nivaldo Santana (CTB), que
prevê uma “desqualificação gritante” quanto aos atos nacionais.
Os
sindicalistas celebraram a importância da mídia alternativa, que faz
contraponto à visão única sustentada pelos grandes conglomerados de
comunicação. A imprensa sindical, como a TVT e a Agência Sindical, por
exemplo, já está preparada para a cobertura em tempo real das
manifestações do 11 de julho.
Pauta trabalhista
A
unidade das centrais sindicais para as manifestações nacionais foram a
tônica da entrevista coletiva. Todos os representantes destacaram a
importância da pauta unitária para destravar a pauta trabalhista no
governo, que não avança e, pior, vê grandes possibilidades de
retrocesso. De acordo com Wagner Freitas, a intenção é “forçar o governo
a atender às demandas”, destacando “o fim do fator previdenciário, fim
da terceirização e redução da jornada de trabalho sem redução do
salário, além de outras pautas periféricas”.
–
Não é um ato das centrais sindicais, mas sim dos trabalhadores e
trabalhadoras, chamados pelas centrais para se manifestarem, em um único
rumo, a defenderem seus direitos – avalia.
Claudio Prado, da Força Sindical, destaca o Projeto de Lei 4330 como um dos principais alvos da manifestação.
– O PL 4330 foi feito por um dos maiores empresários do país. O que será que ele defende? – questiona.
A
situação, na avaliação dos sindicalistas, é um golpe aos direitos dos
trabalhadores, pois terceiriza o trabalhador, reduzindo seu salário e
minando seus direitos.
Antonio
Neto (CSB) e Nivaldo Santana (CTB) argumentam que, diferentemente das
recentes manifestações de rua do país, o 11 de Julho tem pauta definida –
“a defesa dos interesses dos trabalhadores” – e direção.
– Creio que será a maior mobilização sindical do Brasil nos últimos 10 anos – aposta Santana.
–
Não se trata de um Fora Dilma, pelo contrário: estamos propondo guinada
de direção dentro do próprio governo, com propostas ao invés de pedras
na mão – opina.
Nota do Blog: Fora Paulo Bernardo, Franklin Martins para o Ministério das Telecomunicações.
*Cappacete