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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 13, 2013

Obra completa de Paulo Freire grátis para download






Acervo digital disponibiliza toda a obra de Paulo Freire. Estão disponíveis para download gratuito vídeos de aulas, conferências, palestras, entrevistas, artigos e livros do educador

paulo freire obra download
Obra de Paulo Freire está disponível na internet. (Foto: Reprodução)
O Centro de Referência Paulo Freire, dedicado a preservar e divulgar a memória e o legado do educador, disponibiliza vídeos das aulas, conferências, palestras e entrevistas que ele deu em vida. A proposta tem como objetivo aumentar o acesso de pessoas interessadas na vida, obra e legado de Paulo Freire.
Para os interessados em aprofundar os ensinamentos freirianos, o Centro de Referência também disponibiliza artigos e livros que podem ser baixados gratuitamente.

Educação como liberdade

Internacionalmente respeitado, os livros do educador foram traduzidos em mais de 20 línguas. No Brasil, tornou-se um clássico, obrigatório para qualquer estudante de pedagogia ou pesquisador em educação. Detentor de pelo menos 40 títulos honoris causa (concedidos por universidades a pessoas consideradas notáveis), Freire recebeu prêmios como Educação para a Paz (Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (Organização dos Estados Americanos, 1992).
*Pragmatismopolitico

Por que a FAB tem que mandar avião pra buscar as coisas do Papa Francisco? A obrigação é do Vaticano.

Por que a FAB tem que mandar avião pra buscar as coisas do Papa Francisco? A obrigação é do Vaticano.


O banco do Vaticano tem muito dinheiro e devia bancar a palhaçada, da FAB ir buscar o papamóvel e outras coisas.
http://noticias.terra.com.br/brasil/papa-francisco-no-brasil/aviao-da-fab-busca-papamovel-as-vesperas-da-visita-do-papa,eb63bbf8674df310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

Tem gente falando que ele está vindo como "chefe de estado", o que é mentira.

Sabe por que o banco do Vaticano não quer colocar dinheiro no transporte das coisas do Papa? Por que está falindo.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/29741/apos+escandalo+cupula+do+banco+do+vaticano+renuncia.shtml

Será que algum repórter brasileiro vai ter coragem de perguntar ao Papa Francisco sobre estes três assuntos?

- Escândalo da sauna gay do Vaticano:
http://oglobo.globo.com/mundo/vaticano-acusado-de-gastar-58-milhoes-em-complexo-que-abriga-sauna-gay-7807851


-Escândalo do Banco do Vaticano:

-Escândalos de Pedofilia.


E perguntar à organização da JMJ por que raios a FAB tem que mandar avião para buscar os pertences de um chefe de estado. Seria como a FAB mandar avião para buscar as coisas do Obama, quando ele vem visitar o Brasil.

Contra estas coisas, ninguém protesta?
Por que a FAB tem que mandar avião pra buscar as coisas do Papa Francisco? A obrigação é do Vaticano. 

O banco do Vaticano tem muito dinheiro e devia bancar a palhaçada, da FAB ir buscar o papamóvel e outras coisas.
http://noticias.terra.com.br/brasil/papa-francisco-no-brasil/aviao-da-fab-busca-papamovel-as-vesperas-da-visita-do-papa,eb63bbf8674df310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

Tem gente falando que ele está vindo como "chefe de estado", o que é mentira.

Sabe por que o banco do Vaticano não quer colocar dinheiro no transporte das coisas do Papa? Por que está falindo.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/29741/apos+escandalo+cupula+do+banco+do+vaticano+renuncia.shtml

Será que algum repórter brasileiro vai ter coragem de perguntar  ao Papa Francisco sobre estes três assuntos?

- Escândalo da sauna gay do Vaticano:
http://oglobo.globo.com/mundo/vaticano-acusado-de-gastar-58-milhoes-em-complexo-que-abriga-sauna-gay-7807851


-Escândalo do Banco do Vaticano:

-Escândalos de Pedofilia.


E perguntar à organização da JMJ por que raios a FAB tem que mandar avião para buscar os pertences de um chefe de estado. Seria como a FAB mandar avião para buscar as coisas do Obama, quando ele vem visitar o Brasil.

Contra estas coisas, ninguém protesta?*memeconsciente

GIRO DA DECEPÇÃO


Panair do Brasil uma história de glamour e conspiração

Nas asas da Panair

Panair do Brasil uma história de glamour e conspiração
 
Resgata a história da empresa Panair do Brasil S.A, símbolo de modernidade e eficiência, foi uma das companhias aéreas pioneiras do Brasil nascida em 1930, viveu o seu auge nas eras JK e Jango(1956/1963). 
Ao tomar o poder, o regime militar perseguiu a Panair e seus dirigentes, o que resultou na cassação de suas linhas aéreas em 1965.
Tudo levava a crer, nos bastidores do poder, que a Varig naturalmente se envolveria na aquisição de parte da Panair, porém, ela acabou nas mãos dos grandes empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen. Tal desfecho incomodou a VARIG, que dava como certa mais uma aquisição de outra empresa aérea nacional.
Entretanto, em seu apogeu acabou por ter suas operações aéreas abruptamente encerradas em 10 de fevereiro de 1965, devido a um decreto do governo militar, que suspendeu suas linhas. 
A opção pela suspensão, ao invés da cassação, foi um mero artifício técnico encontrado pelo governo militar. Assim as operações poderiam ser, na prática, paralisadas de imediato, sem o decurso dos prazos legais de uma cassação. 
Até hoje suas linhas encontram-se tecnicamente suspensas. Imediatamente após a suspensão, estranhamente os aviões e tripulações da VARIG já se encontravam prontos para operar os principais voos da Panair nos aeroportos do Brasil e do mundo, evidenciando que a Varig havia sido comunicada do processo de cassação antes mesmo do que a própria Panair do Brasil.
Nos dias seguintes, a empresa entrou na Justiça com um pedido de concordata preventiva, já que possuia boa situação patrimonial e financeira, e uma inigualável imagem de confiança e bons serviços prestados ao londo de décadas. Assim a recuperação judicial seria possível caso o decreto do governo fosse revogado. Porém, o Brigadeiro Eduardo Gomes, então Ministro da Aeronáutica, teria interferido no caso, pressionando o juiz responsável pela avaliação do caso, e, fardado, pressionou-o a indeferir a concordata. 
Assim, em um caso inédito na justiça brasileira, deu-se o indeferimento da ação no prazo recorde de 24 horas. O magistrado, em sua decisão, alegou que a Panair do Brasil não conseguiria recuperar-se, pois sem a operação de suas linhas não haveria receita. Essa decisão não levou em consideração, pela evidente pressão, que a empresa teria receitas provenientes de suas grandes subsidiárias, que atuavam nas mais diversas áreas de aviação civil, manutenção de turbinas ou, ainda, das receitas do conglomerado que a controlava, que incluía desde seguradoras, imobiliárias, fábricas do setor alimentício, exportação de café e telecomunicações e aeroportos da própria Panair.
O fechamento total da empresa pela ditadura militar, só se deu definitivamente em 1969, através de um ato até então inédito na história do direito empresarial brasileiro, um "decreto de falência" baixado pelo Poder Executivo, durante o governo do General Costa e Silva. 
O principal beneficiário deste processo foi Ruben Berta, proprietário da VARIG, que apoiador do regime militar e amigo pessoal de diversos militares de alta patente, que acabou recebendo as concessões de linhas aéreas internacionais da Panair do Brasil e incorporou parte dos qualificados funcionários da empresa sem custo algum.


*comtextolivre

O verdadeiro terrorista é o sistema capitalista.





Amigo, não se engane!
O verdadeiro terrorista é o sistema capitalista.
Não pode haver honestidade enquanto houver patrão e empregado.
Não pode haver felicidade enquanto uns comem, outros não.
Não pode haver civilização enquanto houver fronteiras.

Sangue e violência são o combustível do capitalismo.  O capitalismo é perverso, seja qual for sua coloração.

O capitalismo é racista!  Veja o que acontece em Israel.  Muros são erguidos para segregar semitas palestinos.  E para você que crê, o capitalismo é inimigo de Deus!  Se a César o que é de César, o que Deus faz na moeda que rege o mundo?

O capitalismo é tão cruel que criou o Operário Padrão, exemplo de serviçal que depois de mastigado é escarrado para longe.

O capitalismo é aquele que ensina a pescar onde não há peixes.

O capitalismo representa todas as misérias que os humanos têm a baixeza de ambicionar.

No capitalismo a miséria entra pela porta, a virtude sai pela janela.

Amigo, não perca a esperança! 
O capitalismo está agonizante! 
Ele é como o fogo que devora a si próprio quando nada mais encontra para devorar..

Amigo! 
Você nada tem a temer, a não ser o estado letárgico em que se encontra. 
Lembre-se: a águia de bico atômico tem asas de barro!

Agora é com você!

Centrais sindicais consideram Paulo Bernardo ‘desastroso’. Correio do Brasil


Correio do Brasil



ABr

Em entrevista realizada nesta capital, a respeito das preparações para as manifestações realizadas ao longo deste 11 de julho, as centrais sindicais criticaram a atuação do ministro Paulo Bernardo à frente da pasta das Comunicações. Para os representantes dos trabalhadores, o ministro tem dado declarações que representam apenas suas posições individuais, nitidamente contrárias à democratização da mídia.
A roda de perguntas, mediada por Rita Casaro, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, contou com a presença do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas; do vice-presidente, Nivaldo Santana (vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); do diretor-executivo da Força Sindical, Claudio Prado; do presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas; e do presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto.
Apesar da mobilização para as paralisações, greves e manifestações nacionais programadas para o 11 de Julho ser a pauta principal da atividade, transmitida pela TVT, os representantes das centrais foram tachativos ao serem questionados sobre a atuação de Paulo Bernardo e do Ministério das Comunicações. O papel partidarizado da grande imprensa brasileira e a importância da mídia alternativa para a agenda sindical também foram abordados.
De acordo com Wagner Freitas (CUT), Bernardo bate de frente com as deliberações feitas pelo partido e, inclusive, pela própria CUT, entidade da qual o ministro é oriundo.
– Suas posições não refletem nada do que discutimos sobre o tema, afinal, somos favoráveis à criação do marco regulatório do setor – diz, salientando que “suas declarações mais recentes são patéticas”. Recentemente, Bernardo concedeu entrevista às páginas amarelas da revista semanal de ultradireita Veja, declarando ser contrário à regulação e ganhando o apelido de “bom petista” por parte da revista.
Para Ubiraci Dantas (CGTB), Bernardo é um cidadão “que jogou a toalha”. Em sua avaliação, o ministro faz um “desserviço” à comunicação: “Ele está no caminho contrário da democratização, ao entregar o setor para os grandes empresários, atrasando e boicotando a luta pela regulação.”
O papel da mídia na cobertura do 11 de julho também foi debatido pelos representantes das sindicais. Houve consenso de que os grandes veículos tentarão distorcer o sentido das manifestações.
– É comum reunirmos dezenas de milhares de pessoas e não sair uma linha na mídia, mas quando diz respeito aos seus interesses, uma dezena de pessoas basta para deem destaque – opina Nivaldo Santana (CTB), que prevê uma “desqualificação gritante” quanto aos atos nacionais.
Os sindicalistas celebraram a importância da mídia alternativa, que faz contraponto à visão única sustentada pelos grandes conglomerados de comunicação. A imprensa sindical, como a TVT e a Agência Sindical, por exemplo, já está preparada para a cobertura em tempo real das manifestações do 11 de julho.
Pauta trabalhista
A unidade das centrais sindicais para as manifestações nacionais foram a tônica da entrevista coletiva. Todos os representantes destacaram a importância da pauta unitária para destravar a pauta trabalhista no governo, que não avança e, pior, vê grandes possibilidades de retrocesso. De acordo com Wagner Freitas, a intenção é “forçar o governo a atender às demandas”, destacando “o fim do fator previdenciário, fim da terceirização e redução da jornada de trabalho sem redução do salário, além de outras pautas periféricas”.
– Não é um ato das centrais sindicais, mas sim dos trabalhadores e trabalhadoras, chamados pelas centrais para se manifestarem, em um único rumo, a defenderem seus direitos – avalia.
Claudio Prado, da Força Sindical, destaca o Projeto de Lei 4330 como um dos principais alvos da manifestação.
– O PL 4330 foi feito por um dos maiores empresários do país. O que será que ele defende? – questiona.
A situação, na avaliação dos sindicalistas, é um golpe aos direitos dos trabalhadores, pois terceiriza o trabalhador, reduzindo seu salário e minando seus direitos.

Antonio Neto (CSB) e Nivaldo Santana (CTB) argumentam que, diferentemente das recentes manifestações de rua do país, o 11 de Julho tem pauta definida – “a defesa dos interesses dos trabalhadores” – e direção.

– Creio que será a maior mobilização sindical do Brasil nos últimos 10 anos – aposta Santana.
Segundo Ubiraci Dantas (CGTB), existe uma situação emergencial, que está na pauta unificada das centrais.
– Não se trata de um Fora Dilma, pelo contrário: estamos propondo guinada de direção dentro do próprio governo, com propostas ao invés de pedras na mão – opina.

Nota do Blog: Fora Paulo Bernardo, Franklin Martins para o Ministério das Telecomunicações.
*Cappacete

Ex-ministro da Saúde apoia projeto do Governo Dilma de estágio no SUS para estudantes recém-formados em Medicina


Adib Jatene, presidente de comissão que ajudou na formulação do projeto para mudança do ensino médico, defende Dilma
Adib Jatene, presidente de comissão que ajudou na formulação do projeto para mudança do ensino médico, defende Dilma

O cardiologista e ex-ministro da Saúde Adib Jatene, que preside uma comissão que auxiliou o governo na formulação do projeto para a mudança do ensino médico, defende a proposta apresentada ontem (08/07) pela presidente Dilma mas afirma que não conhece a versão final.

Para Jatene, o ensino médico está formando candidatos à residência médica, com muito ênfase às especializações e alta tecnologia. "O médico precisa se transformar num especialista de gente." (CLÁUDIA COLLUCCI)
*
Folha - O que o sr. achou das mudanças propostas para a mudança do ensino médico?

Adib Jatene - O ensino médico está formando candidatos à residência médica. Isso estimula a especialização precoce. Precisamos formar um médico capaz de atender a população sem usar a alta tecnologia. O médico precisa se transformar num especialista de gente.

E como ficará a supervisão?

É a própria faculdade de medicina que cuidará disso. A proposta [original] é que ele fique dois anos no Estado que se formou, supervisionado pela faculdade. A escola vai fazer parte do sistema de saúde, não simplesmente dar o diploma. Com telemedicina e teleconferência fica fácil.

O sr. foi consultado sobre isso?

Vínhamos trabalhando nessa proposta, mas não sabíamos que já seria anunciada. O ministro Mercadante me telefonou dizendo que a presidenta Dilma iria anunciar, mas não deu maiores detalhes. Mas parece que está está dentro dos princípios.
A proposta era mesmo de aumentar para oito anos?

Sim. Quando me formei em medicina, em 1953, o curso já era de seis anos, e o conhecimento era muito pequeno. Hoje é colossal e o curso continua de seis anos.

E em relação à política para fixar médicos no interior?

Municípios pequenos deveriam integrar um consórcio para uso de alta tecnologia. Precisam, porém de um médico polivalente, que atenda de parto a uma emergência.
*cutucandodeleve

Temos de encarar o projeto de estatização do transporte


  Por Almeida
Comentário ao post "Prefeitura de SP abre planilhas do sistema de transportes"
O vídeo a seguir, publicado em 13/06/2013, confirma esses números, sobre o transporte coletivo em Sampa.

É importante ter esses gastos fixos em mente, para se compreender que sua cobertura pode ser de fontes diversas e que não recaiam única e principalmente no usuário direto. Existem usuários indiretos do transporte urbano que tiram muitos benefícios, na medida em que o sistema melhore sua eficiência. Este é o caso de empresas, pela melhoria do acesso de clientes e trabalhadores, e dos ususários do transporte individual, pela redução dos congestionamentos; aí estão nomeadas duas fontes para responder pelos gastos, via IPTU, IPVA, gastos de combustíveis, etc. 

A Tarifa Zero não é um projeto tão utópico quanto se imagina, senão, não estariam registradas tantas experiências ao redor do mundo. Todos na cidade ganham com um sistema que incentiva o transporte coletivo, que faça deste um serviço de qualidade e de acesso universal.

Nós temos de encarar seriamente o projeto de estatização do transporte urbano, com instrumentos sociais de controle efetivo pelos seus usuários. Para isto, temos de romper com a ideologia que demoniza a empresa pública e glorifica a santa iniciativa depravada, esta que rola nas concessões de serviços públicos para interesses privados. Nas grandes metrópoles mundiais onde o transporte urbano é eficiente, ele é estatal; não somos nós, no Brasil, para reinventar a roda, que no nosso caso é um transporte urbano de 'rodas' quadradas: que não funciona.

Estatizar sai caro? Ora, não existe BNDES para financiar privatarias? Para fomentar 'campeões' de oligopolização e as aventuras dos eike da vida? Que se aplique o 'S' do banco, que deixe de ser um banco exclusivo de negócios e negociatas e dê atenção ao interesse social. Gradualmente as metrópoles brasileiras poderiam contar com empresas públicas ao seu serviço.



Boaventura Santos: “Desculpe, Presidente Evo”

Boaventura Santos: “Desculpe, Presidente Evo”


Esperei uma semana que o governo do meu país lhe pedisse formalmente desculpas pelo ato de pirataria aérea e de terrorismo de Estado que cometeu, juntamente com a Espanha, a França e a Itália, ao não autorizar a escala técnica do seu avião no regresso à Bolívia depois de uma reunião em Moscou, ofendendo a dignidade e a soberania do seu país e pondo em risco a sua própria vida. Não esperava que o fizesse, pois conheço e sofro o colapso diário da legalidade nacional e internacional em curso no meu país e nos países vizinhos, a mediocridade moral e política das elites que nos governam, e o refúgio precário da dignidade e da esperança nas consciências, nas ruas e nas praças, depois de há muito terem sido expulsas das instituições. Não pediu desculpa. Peço eu, cidadão comum, envergonhado por pertencer a um país e a um continente que são capazes de cometer esta afronta e de o fazer de modo impune, já que nenhuma instância internacional se atreve a enfrentar os autores e os mandantes deste crime internacional.
O meu pedido de desculpas não tem qualquer valor diplomático mas tem um valor talvez ainda superior, na medida em que, longe de ser um ato individual, é a expressão de um sentimento coletivo, muito mais vasto do que pode imaginar, por parte de cidadãos indignados que todos os dias juntam mais razões para não se sentirem representados pelos seus representantes. O crime cometido contra si foi mais uma dessas razões. Alegramo-nos com seu regresso em segurança a casa e vibramos com a calorosa acolhida que lhe deu o seu povo ao aterrar em El Alto. Creia, senhor Presidente, que, a muitos quilômetros de distância, muitos de nós estávamos lá, embebidos no ar mágico dos Andes.
O senhor Presidente sabe melhor do que qualquer de nós que se tratou de mais um ato de arrogância colonial no seguimento de uma longa e dolorosa história de opressão, violência e supremacia racial. Para a Europa, umPresidente índio é sempre mais índio do que Presidente e, por isso, é de esperar que transporte droga ou terroristas no seu avião presidencial. Uma suspeita de um branco contra um índio é mil vezes mais credível que a suspeita de um índio contra um branco. Lembra-se bem que os europeus, na pessoa do Papa Paulo III, só reconheceram que a gente do seu povo tinha alma humana em 1537 (bula Sublimis Deus), e conseguiram ser tão ignominiosos nos termos em que recusaram esse reconhecimento durante décadas como nos termos em que finalmente o aceitaram. Foram precisos 469 anos para que, na sua pessoa, fosse eleito presidente um indígena num país de maioria indígena.
Evo
Evo unificou a Bolívia com o respeito aos ritos e tradições dos índios locais
Mas sei que também está atento às diferenças nas continuidades. A humilhação de que foi vítima foi um ato de arrogância colonial ou de subserviência colonial? Lembremos um outro “incidente” recente entre governantes europeus e latino-americanos. Em 10 de novembro de 2007, durante a XVII Cúpula Iberoamericana, realizada no Chile, o Rei de Espanha, desagradado pelo que ouvia do saudoso Presidente Hugo Chávez, dirigiu-se-lhe intempestivamente e mandou-o calar. A frase “Por qué no te callas” ficará na história das relações internacionais como um símbolo cruelmente revelador das contas por saldar entre as potências ex-colonizadoras e as suas ex-colônias. De facto, não se imagina um chefe de Estado europeu a dirigir-se nesses termos publicamente a um seu congênere europeu, quaisquer que fossem as razões.
O senhor Presidente foi vítima de uma agressão ainda mais humilhante, mas não lhe escapará o fato de que, no seu caso, a Europa não agiu espontaneamente. Fê-lo a mando dos EUA e, ao fazê-lo, submeteu-se à ilegalidade internacional imposta pelo imperialismo norte-americano, tal como, anos antes, o fizera ao autorizar o sobrevoo do seu espaço aéreo para voos clandestinos da CIA, transportando suspeitos a caminho de Guantánamo, em clara violação do direito internacional. Sinais dos tempos, senhor Presidente: a arrogância colonial europeia já não pode ser exercida sem subserviência colonial. Este continente está a ficar demasiado pequeno para poder ser grande sem ser aos ombros de outrem. Nada disto absolve as elites europeias. Apenas aprofunda a distância entre elas e tantos europeus, como eu, que veem na Bolí­via um país amigo e respeitam a dignidade do seu povo e a legitimidade das suas autoridades democráticas.
Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
*correiodeobrasil