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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 13, 2013

Temos de encarar o projeto de estatização do transporte


  Por Almeida
Comentário ao post "Prefeitura de SP abre planilhas do sistema de transportes"
O vídeo a seguir, publicado em 13/06/2013, confirma esses números, sobre o transporte coletivo em Sampa.

É importante ter esses gastos fixos em mente, para se compreender que sua cobertura pode ser de fontes diversas e que não recaiam única e principalmente no usuário direto. Existem usuários indiretos do transporte urbano que tiram muitos benefícios, na medida em que o sistema melhore sua eficiência. Este é o caso de empresas, pela melhoria do acesso de clientes e trabalhadores, e dos ususários do transporte individual, pela redução dos congestionamentos; aí estão nomeadas duas fontes para responder pelos gastos, via IPTU, IPVA, gastos de combustíveis, etc. 

A Tarifa Zero não é um projeto tão utópico quanto se imagina, senão, não estariam registradas tantas experiências ao redor do mundo. Todos na cidade ganham com um sistema que incentiva o transporte coletivo, que faça deste um serviço de qualidade e de acesso universal.

Nós temos de encarar seriamente o projeto de estatização do transporte urbano, com instrumentos sociais de controle efetivo pelos seus usuários. Para isto, temos de romper com a ideologia que demoniza a empresa pública e glorifica a santa iniciativa depravada, esta que rola nas concessões de serviços públicos para interesses privados. Nas grandes metrópoles mundiais onde o transporte urbano é eficiente, ele é estatal; não somos nós, no Brasil, para reinventar a roda, que no nosso caso é um transporte urbano de 'rodas' quadradas: que não funciona.

Estatizar sai caro? Ora, não existe BNDES para financiar privatarias? Para fomentar 'campeões' de oligopolização e as aventuras dos eike da vida? Que se aplique o 'S' do banco, que deixe de ser um banco exclusivo de negócios e negociatas e dê atenção ao interesse social. Gradualmente as metrópoles brasileiras poderiam contar com empresas públicas ao seu serviço.



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