*Esse texto foi escrito pela Comissão de Ideologia do Comitê Central do Partido Comunista do México
Traduzido por João Melato
No dia 21 de Janeiro de 1924 parou de
bater o coração de Vladimir Ilich Lênin, mestre e chefe do proletariado
mundial.
Sua vida e sua obra, entregues
completamente à causa do comunismo, mantêm plena vigência e são guias para as
lutas contemporâneas, fontes teóricas para a ação revolucionária, bem como
constituem o caminho imutável a ser traçado pelos partidos comunistas e
operários para alcançar seus objetivos históricos.
Lênin restabeleceu o
caráter
revolucionário do marxismo, que havia sido distorcido pelo revisionismo
da II Internacional, que entraria em decomposição acelerada no período
da Primeira
Guerra Mundial. Mas a contribuição de Lênin consiste não só em resgatar o
marxismo, mas também em desenvolvê-lo, enriquecê-lo de forma criativa,
levando
a um estágio superior a visão de mundo da classe operária, bem como a
teoria e
a prática da revolução proletária. É justo, portanto, que a ideologia
proletária seja chamada de “marxismo-leninismo”.
Lênin e a classe operária
Assim como os fundadores do
socialismo científico, Lênin colocou acima de tudo a centralidade da classe
operária como classe mais revolucionária da história; a classe operária como
componente vital do Partido Comunista, a classe operária como organizadora das
outras classes e camadas oprimidas e exploradas, a classe operária como
protagonista da Revolução, a classe operária como dirigente do novo poder estatal,
a ditadura do proletariado. O critério classista foi o norte do pensamento e da
ação de Lênin.
Resgatando a obra de Marx e de Engels
O oportunismo, o revisionismo e o
reformismo predominavam nos partidos socialdemocratas no final do século XIX. Administrando
as obras marxistas, eles as deformavam e as publicavam convenientemente com seus
interesses. Ainda durante a vida de Engels, a sua Introdução à luta de classes na França em 1948-1850 foi publicada
pela socialdemocracia alemã, mas de forma mutilada, alterando o seu sentido
negativamente; o mesmo era feito com toda a obra marxista, despojando-a de seu
caráter revolucionário. Inicialmente Bernstein, ao qual mais tarde se somaria
Kautsky, mostravam como inviável a revolução e exaltavam o caminho da reforma,
da transformação gradual do capitalismo. O parlamentarismo e a defesa da institucionalidade da democracia
burguesa desdenhavam da necessidade da ruptura a partir da falsa premissa da
transição pacífica ao socialismo.
O
papel de Lênin foi fundamental para
confrontar e derrotar o oportunismo, para resgatar o objetivo da
ditadura do
proletariado e a teoria da revolução. Não foram alheias à prática
bolchevique a
aliança, a manobra e a operação conjunta com outras forças que
representavam as
classes revolucionárias da Rússia. Mas fica a lição de que a Revolução
de
Outubro, o assalto ao poder pelo proletariado dirigido pelo Partido
Bolchevique, haveria sido impensável se esse não houvesse reafirmado a
firmeza de suas
posições, vencendo teoricamente aos economicistas, populistas, marxistas
legais,
trudovikes, otzovistas, mencheviques, trostkianos¹, liquidacionistas,
etc.
Em muitas de suas obras está presente
essa contribuição contra a adulteração e dogmatização do marxismo.
Porém, sua contribuição não se limita
a esse período e permanece como uma tese básica: a luta contra o oportunismo é
uma condição para o desenvolvimento dos partidos comunistas. Deixar de lado uma
questão tão importante abriu a porta para retrocessos à classe operária, como o
surgimento do eurocomunismo, que levou à liquidação de vários partidos
comunistas e mudou a natureza de muitos outros, em uma operação corrosiva cujas
sequelas estão presentes ainda hoje.
O
oportunismo é o principal auxiliar
do capitalismo para conter a luta revolucionária. O Partido Comunista do
México² assume a tarefa da revolução levantando a bandeira de Lênin.
Desenvolvimento do capitalismo, desenvolvimento da teoria revolucionária
Lênin também enriqueceu o marxismo a
partir do estudo do desenvolvimento do capitalismo que não puderam estudar Marx e Engels.
A concentração e centralização que conduziram à formação de monopólios levaram
à fase superior e última do capitalismo: o imperialismo.
A teoria leninista do imperialismo
foi tergiversada reduzindo-a a um simples sistema de dominação de uns países
centrais sobre outros. Isso limita a tese leninista, que se trata de toda uma
época do capitalismo, na qual esse entra em sua fase de decomposição, onde
chega a seus limites históricos e se torna inevitável a revolução.
A teoria leninista do imperialismo
revelou o caráter parasitário do capital financeiro, o caráter de classe do
militarismo, das guerras agressivas, das disputas interimperialistas. Ataques
de toda laia surgem contra a obra de Lênin, buscando o embelezamento do imperialismo.
Para além disso, a teoria leninista
do imperialismo demonstra que se pode romper a cadeia imperialista em
seu elo mais débil, em favor do mundo novo, como ocorreu em Outubro de 1917.
Uma contribuição essencial de Lênin
para o desenvolvimento do marxismo é o papel do partido comunista como organizador
consciente da classe trabalhadora, como união voluntária de militantes, como
organização de revolucionários profissionais. Ele enfatiza o caráter
conspirativo do Partido e suas normas de organização baseadas no centralismo
democrático que asseguram a luta revolucionária.
A firmeza leninista frente ao culto do espontaneísmo e à chamada “liberdade de crítica” se prolongam aos nossos
dias, onde o movimentismo, os “sujeitos emergentes”, pretendem suplantar e
diluir o papel dos partidos comunistas, dissolver e liquidar o caráter de
vanguarda do partido da classe trabalhadora.
A combinação de todas as formas de luta
Lênin era contrário ao esquematismo,
nos ensinou a realizar a análise concreta da situação concreta, a compreender
as mudanças na situação objetiva e a ter permanente atenção nas condições
subjetivas. A não nos agarrar a nenhuma forma de luta, mas a ser ágeis para
variar de uma para outra de acordo com as mudanças que ocorrem na luta de
classes e, também, a possibilidade de exercer várias formas de luta
simultaneamente.
A Grande Revolução de Outubro e a construção socialista
Lênin conduziu o Partido Comunista
(bolchevique) e o proletariado russo em aliança com os camponeses pobres à
conquista do poder na Rússia e à formação da URSS, iniciando assim a construção
da sociedade onde os capitalistas foram derrotados, o que inaugurou uma nova
época para a humanidade, a da transição do capitalismo ao socialismo.
A experiência do poder operário
soviético ilumina o caminho dos explorados na luta contra a exploração e a
opressão. É uma lição irrenunciável no combate pelo socialismo-comunismo
O internacionalismo proletário
Desde o reagrupamento dos marxistas
contra a guerra imperialista até a formação da Internacional Comunista há um
processo de luta contínuo por fazer do internacionalismo proletário uma característica
inerente à ação dos comunistas.
A Internacional Comunista construiu e forjou
os partidos comunistas em quase todos os países do mundo, os destacamentos de
vanguarda que em primeira plano da luta de classes combatem pela revolução que
fará emancipar a classe operária e o conjunto da humanidade.
O Partido Comunista do México, no
caminho traçado por Lênin, busca a derrubada do poder dos monopólios em nosso
país, para construir o socialismo-comunismo, o poder operário.
Lênin, sua vida e sua obra, são
estudados pelos militantes do PCM e pela Liga da Juventude Comunista,
convencidos de que seus ensinamentos são indispensáveis para cumprir nossas
tarefas atuais e históricas.
Proletários de todos os países, uni-vos!
______
¹
Refere-se às polêmicas de Lênin com Trótski no período
pré-revolucionário. O texto original dizia "trotskistas", no entanto,
julgamos mais adequado o emprego do termo "trotskianos", uma vez que o
trotskismo é um fenômeno posterior. (N do T)
²
O texto foi escrito para leitura e divulgação em território mexicano.
Sua tradução e divulgação em português é iniciativa do blog Centro do
Socialismo. (N do T)