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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, fevereiro 22, 2014
A mídia nutre relação esquizofrênica com a Copa do Mundo
A mídia nutre relação esquizofrênica com a Copa do Mundo
Desenha-se um cenário de Copa no qual, se o Brasil vencer, o bônus será dos jogadores. Se perder, o ônus ficará com o governo
Encerrei o artigo publicado na edição de janeiro da Revista do Brasil
com a expressão “2014 promete”. Escrito em dezembro, chamava a atenção
para o desespero da oposição, representada pela mídia, na busca de um
candidato para as eleições presidenciais deste ano, alertando sobre o
previsível “vale-tudo”. A previsão, infelizmente, começou a se confirmar
antes mesmo do fim do ano, com o jornalista Elio Gaspari pedindo na
Folha de S.Paulo a volta das manifestações de rua, seguido na mesma
linha por vários outros comunicadores, até pelo Faustão, na Globo.
Passadas as festas, a carga prosseguiu com a GloboNews mostrando um
gráfico sobre inflação que irá para os anais da manipulação jornalística
brasileira. Por ele ficamos sabendo que a inflação de 2013, de 5,91%, é
maior que as de 2010 (5,92%) e 2011 (6,50%). Disseram depois que foi
“erro”, para mim só comparável ao célebre “boimate” da Veja de tempos
atrás, quando a revista da Abril publicou uma nota científica sobre a
descoberta da criação de um híbrido formado por boi e tomate. A
diferença entre os dois “erros” está em seus objetivos. O da Veja antiga
era mero sensacionalismo. Já o da GloboNews faz parte de ação política
orquestrada, tendo como referência ideológica o Instituto Millenium, articulador da mídia brasileira em torno do pensamento único de raiz reacionária.
Curiosa, no entanto, é a esquizofrenia diante da Copa do Mundo. Ao mesmo
tempo que a defende de acordo com os seus interesses mercadológicos,
procura incentivar manifestações populares em torno dela, contra o
governo, por interesses políticos. Mas pede que sejam feitos de forma
“pacífica”, repetindo os chavões de junho passado. Creio até que
gestores e mentores dessa mídia torçam contra a seleção brasileira, na
esperança de que a derrota crie algum alento à oposição. Ainda que
custem um período de relativas baixas nas receitas publicitárias
advindas do ufanismo futebolístico.
Se for assim, será mesmo o derradeiro ato de desespero. Foi-se o tempo
em que política e futebol contaminavam-se reciprocamente. Não estamos
mais em 1950, quando candidatos aos mais diferentes cargos circulavam
entre os jogadores da seleção, invencível até começar o jogo final,
tentando tirar uma casquinha do prestígio por eles conquistado nos
gramados até minutos antes da tragédia do Maracanã diante do Uruguai. Ou
da ditadura, em seu momento mais sinistro, durante a Copa de 1970,
tentando sufocar os gritos das masmorras com marchinhas do tipo “pra
frente, Brasil”.
De lá para cá, o país mudou muito. Foi campeão do mundo mais duas vezes,
passou dos “90 milhões em ação” para mais de 200 milhões e, na última
década, tornou-se uma das mais importantes economias do mundo. Não há
futebol que possa contaminar as conquistas populares como o aumento das
redes de proteção social, a universalização do acesso ao ensino
fundamental, a expansão do ensino superior e, principalmente, a redução
do desemprego.
O “complexo de vira-lata” pregado na testa dos brasileiros pelo escritor
Nelson Rodrigues, logo após a derrota de 1950, e que se aplicava não só
ao futebol, mas a toda a autoestima do país, desapareceu. Mesmo as
mazelas que persistem na insegurança das ruas, no trânsito caótico, na
prisões medievais, nas habitações precárias deixaram de ser consideradas
destinos manifestos da gente brasileira. Ao contrário, mostram-se como
desafios a serem enfrentados e superados pela ação política,
institucionalizada ou não.
A mídia tentará, uma vez mais, instrumentalizar essas lutas, juntando-as
ao futebol, tanto em caso de vitória como de derrota na Copa. Se
vencermos, o mérito será da seleção, se perdermos o ônus ficará com o
governo. Serão as últimas cartadas oferecidas por ela ao seus candidatos
numa tentativa de utilizar esses temas, neste ano, da mesma forma
irresponsável como pôs em debate o aborto nas eleições de 2010. Como
disse no artigo anterior, “2014 promete”...
Lalo Leal No RBA
*comtextolivre
Há um "golpe em gestação" para tomar o petróleo da Venezuela, diz embaixador no Brasil
Via Opera Mundi
Diego Molero, ex-ministro da Defesa, diz que grupos de ultra-direita estão sendo financiados pelos EUA para derrubar Maduro
O embaixador da Venezuela no Brasil, Diego Molero, entra em seu
escritório, na embaixada venezuelana em Brasília, segurando dezenas de
cópias de montagens feitas com fotografias, disseminadas pela web.
“Veja: essas fotos não foram tiradas na Venezuela, mas em países como
Egito, Chile e até o Brasil”, fala, enquanto passa as páginas, antes de
começar a entrevista exclusiva com Opera Mundi.
Veja trechos da entrevista, em espanhol:
Ele lamenta o que o governo venezuelano classifica de “guerra midiática”
e critica informações disseminadas por meios de comunicação de seu país
e internacionais, que acusam o presidente Nicolás Maduro de reprimir
manifestantes e não permitir a liberdade de imprensa. “Se há um país, se
há um governo, que realmente respeitou, respeita e continuará
respeitando os direitos humanos de sua população, é o venezuelano”, diz.
Opera Mundi
Molero: "temos uma força armada que não vai permitir, sob nenhum conceito, que o fio constitucional seja rompido" na Venezuela
O diplomata, com uma carreira militar de mais de 35 anos, recebeu Opera
Mundi para comentar a atual onda de violência na Venezuela, desatada
após três pessoas morrerem e mais de 60 ficarem feridas durante uma
manifestação da oposição em Caracas, em 12 de fevereiro. Na conversa,
repudiou a ação do que chama de grupos radicais, liderados
principalmente pelo dirigente opositor Leopoldo López, do partido
Vontade Popular, detido nesta terça-feira (18/02).
Segundo ele, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e os Estados Unidos
estão por trás dessas ações violentas, sendo que o objetivo principal é
a posse do petróleo venezuelano. De acordo com a Opep (Organização do
Países Exportadores de Petróleo), a Venezuela tem as maiores reservas de
petróleo do mundo, com 296,5 bilhões de barris em seu solo. “Sabemos
que temos mais de 120 anos de petróleo e os EUA, 20, e essa é uma
realidade que eles visualizam”, salienta.
Ministro da Defesa de outubro de 2012 a julho de 2013, período marcado
pelo retorno do presidente Hugo Chávez a Cuba para se tratar de um
câncer e, depois, seu falecimento em 5 de março do ano passado, Molero
garantiu que as forças armadas da Venezuela estão preparadas para uma
eventual situação de quebra da ordem constitucional. “Hoje temos uma
força armada humanista, que é do povo, e para o povo, e está
estabelecida para apoiar seu povo”, sublinha.
Leia os principais trechos da entrevista e assista ao vídeo. As imagens foram captadas pela equipe do UOL Notícias.
Opera Mundi: Muitos meios de comunicação e a oposição estão acusando o
governo venezuelano de reprimir com violência as manifestações no país. O
que está acontecendo na Venezuela e quem está por trás dos protestos?
Diego Molero: Se há um país, se há um governo, que realmente respeitou,
respeita e continuará respeitando os direitos humanos de sua população, é
o venezuelano, dirigido pelo nosso presidente Nicolás Maduro Moros e
todos os funcionários lá. Esse é um legado do nosso comandante Hugo
Chávez Frías. Eu posso te dizer, como anunciou o presidente, que o que
está acontecendo na Venezuela nada mais é do que um golpe de Estado em
gestação. Um golpe de Estado liderado por membros radicais da oposição.
Na oposição ao governo venezuelano há pessoas dignas, respeitáveis, que
vêm fazendo sua política enquadrados no que está na Constituição, suas
leis, regulamentos. Mas há pequenos grupos radicais, entre esses o de
Leopoldo López e outros personagens, apoiados por Álvaro Uribe e por
outros elementos que querem que a revolução acabe, apoiados
principalmente por meios de comunicação internacionais que tergiversam a
verdade.
Um grupo de estudantes brasileiros veio até a embaixada pedir que os
diretos humanos dos estudantes seja respeitado e, foram embora, além de
contentes [com o diálogo], indignados por ver como os meios de
comunicação internacional os têm enganado.
Quando os meios fazem montagens, com fotografias, não estão
desrespeitando somente o leitor, mas o povo venezuelano. O que esse
lacaios do império norte-americano nada mais fazem é usar o dinheiro que
lhes dão para alcançar o poder por interesses não humanistas. O
interesse, realmente, é o grande potencial energético que a Venezuela
tem e, assim como os EUA fizeram em outros países petroleiros do mundo,
querem fazer lá.
Quando escutamos um personagem como Leopoldo López, que convoca os
manifestantes a provocar ações hostis, até que o governo saia...
Eu quero dizer ao mundo inteiro que o meu país é um país democrático,
que se guia pela Constituição. Se o povo venezuelano, e aqueles
políticos conscientes, querem chegar ao poder, aí está o jogo político
democrático, através das eleições. Quando eu convoco um povo, um grupo
muito específico, a que tome ações contra o governo até que ele saia, o
que estou pedindo? Ações fora do contexto constitucional, um golpe de
Estado.
Esse senhor Leopoldo López nada mais é do que um golpista, um
ressentido, que obteve toda essa fortuna por meio de sua família, do que
era a empresa petroleira. Hoje ela é uma empresa que utiliza seus
dividendos para o povo, para ações sociais. Eles querem pôr as mãos no
que já não é deles e, de fato, não estão buscando as vias
constitucionais, mas uma via golpista. Esse elemento está sendo apoiado
por Álvaro Uribe e pelo governo imperialista dos EUA.
Efe
Membro da Polícia Nacional Bolivariana conversa com manifestantes da oposição venezuelana, durante protesto em Caracas
OM: A oposição também fala de presos políticos.
DM: Quando escutamos o subsecretário adjunto para a América Latina do
Departamento de Estado Alex Lee, seus comentarios feitos a nosso
embaixador Roy Chaderton [embaixador da Venezuela na OEA], onde ele diz
que a Venezuela deve soltar os presos. Quais presos? Esses são presos
que foram submetidos à autoridade, à justiça venezuelana, porque
assassinaram alguns, são criminosos, assassinos, que destruíram bens dos
Estado, da municipalidade e provocaram outros danos. Se é verdade que
no dia 12 [de fevereiro] uma grande manifestação de um grupo de
estudantes que livremente foram fazer pedidos ao governo, também é
verdade que um pequeno grupo, que é pago por esses políticos
ultra-radicais de direita, foram chamados a cometer atos violentos. E o
que fizeram? Queimaram a Promotoria, destruíram carros. Agora pergunto:
realmente a polícia reprimiu um grupo estudantil quando até veículos
deles foram queimados? É ilógico. Dos mais de 60 feridos, a maioria é de
funcionários da segurança, que dignamente estavam protegendo os
manifestantes e que foram agredidos. Atuaram civicamente e
humanisticamente para conter as ações agressivas e criminosas desses
grupos fascistas. Não são presos políticos, são delinquentes, que
atuaram contra o que estabelecem nossas leis.
E esse Alex Lee ainda pede que o governo dialogue com a oposição.
Perdão, mas somos um país digno, livre, e isso fica a critério do
governo. Nenhum país pode fazer ingerência sobre nossa política.
OM: O senhor confia nas forças armadas venezuelanas?
DM: Com suficiente base, e suficientes elementos, posso te responder. Eu
estive nas forças armadas por 35 anos, onde ocupei cargos como
comandante de regiões estratégicas, como comandante geral da armada e
ministro da Defesa e posso te dizer que vi muito de perto a
transformação levada a cabo por nosso comandante supremo da revolução
Hugo Chávez Frías, com nossas forças armadas bolivarianas. As forças
armadas de Chávez nem se parecem, nem remotamente, às da Quarta
República. Hoje temos uma força armada humanista, que é do povo, e para o
povo, e está estabelecida para apoiar seu povo.
Mas também está claro que é uma força armada que não vai permitir, sob
nenhum conceito, que o fio constitucional seja rompido e isso já
demonstramos. Digo isso porque estive no grupo que resgatou a dignidade,
no golpe de Estado de 2002. Quando esses mesmos grupos, com o mesmo
roteiro que estão usando hoje em dia, derrubaram o governo de Hugo
Chávez. Mas o povo, e esse é um fato inédito, saiu junto com as suas
forças armadas, para resgatar sua dignidade.
Hoje em dias as forças armadas estão mais sólidas, firmes e
comprometidas com seu povo e a Constituição, do que nunca. Por isso
tenho certeza que não só as forças armadas estão capacitadas,
fisicamente, mas também moralmente e espiritualmente para defender a
Constituição da República.
OM: Não há o risco de que setores se levantem contra o governo, como aconteceu em 2002?
DM: Há uma diferença entre 2002 e agora. Naquela época, ainda restavam
redutos da Quarta República. Hoje em dia, todos os generais e almirantes
são filhos de Chávez. E há um fenômeno no qual, à medida que a pirâmide
vai baixando, quanto mais baixo, maior é a fortaleza de espírito, de
compromisso desses soldados, desses sargentos, com seu povo,
Constituição e presidente eleito.
Opera Mundi
Molero: mesmo roteiro que está sendo desenvolvido atualmente na Venezuela já foi visto em outros países com petróleo
OM: Nesse contexto de “guerra midiática”, o que deve ser feito pelo governo venezuelano?
DM: A Venezuela mudou sua política de ação comunicacional. Os meios do
Estado, nesse caso a VTV, e também a TeleSur, transmitem a verdade
constantemente, não somente sobre a Venezuela, mas sobre o mundo.
Hoje o venezuelano não é como o de antes, que quando colocavam uma
situação nos meios de comunicação, acreditava cegamente. Hoje em dia, o
venezuelano vê, procura, analisa, estuda, verifica essas mentiras
estúpidas e brutas, nas quais os meios querem que o mundo acredite.
Há um caso para ser analisado. Existe um grupo juvenil no meu país
chamado JAVU (Juventude Ativa Venezuela Unida), financiado pelo império
norte-americano. Por aí se diz que receberam mais de 80 milhões de
dólares. Inclusive, há elementos e provas que demonstram que a oposição
venezuelana – esses grupos radicais – receberam mais de 120 bilhões de
bolívares, uma soma impressionante. Quando se vê que esses supostos
estudantes, que levam panfletos onde se lê “A Venezuela precisa de você. Mate um chavista”. Mate, assassine um chavista!
Os chavistas e os não chavistas são todos irmãos. Eu amo os chavistas,
mas também todos os meus concidadãos venezuelanos. Quem incita, quem
inculca em seus seguidores esse sentimento de matança, de ódio,
criminoso, são esses elementos da oposição. Um chavista é um
venezuelano, um irmão deles. No entanto, jamais verão aqueles que apoiam
o governo revolucionário com esse tipo de atividade. Apesar de
tergiversarem a verdade, ela sempre será conhecida.
Efe (19/02/2013)
Grupo de pessoas caminha próximo a uma barricada montada em manifestação opositora na avenida Rómulo Gallegos, em Caracas
OM: Como o senhor qualifica a importância do apoio dos países
latino-americanos, especialmente os que estão reunidos em torno da
Unasul e Mercosul?
DM: Nós temos alianças com muitos países do continente americano, do
Caribe, inclusive com outros países do mundo. Nesse caso, quero que
saibam do que está acontecendo. De fato, os governos sabem e se
preocupam, são aliados. Vimos uma infinidade de manifestações de
governos amigos, do Mercosul, Celac, Alba, seus gestos de solidariedade
com a democracia , com a atual situação que vive a Venezuela. É
importante também que, além dos governos, isso seja conhecido a nível de
povo, que saibam da realidade do que está acontecendo na Venezuela. E
que sirva também de exemplo para esses países, para que no futuro sirva
de experiência para todos os países, não só da região, mas para todos os
países do mundo. Porque esse mesmo roteiro que está sendo desenvolvido
atualmente na Venezuela já foi visto em outros países, especialmente
naqueles que têm grande quantidade de petróleo e foram invadidos pelos
EUA.
OM: O senhor acredita que o que está acontecendo na Venezuela faz parte
de um plano global de desestabilização? Vocês têm medo que a situação
possa se tornar parecida com a da Ucrânia ou Síria?
DM: Esse roteiro foi utilizado na Ucrânia, na Síria, em outros países,
como Iraque, Líbia, onde vimos supostas agressões e ações do governo
contra que povo que, depois da invasão da OTAN, ou no Iraque, dos EUA,
se mostraram falsas. E a Venezuela não escapa dessa realidade, porque
temos petróleo. Quais são os países que foram assediados pelos governos
norte-americanos? Os países que têm petróleo. Ou os países que são
progressistas, de esquerda, vistos como mau exemplo para a hegemonia que
eles realizam no mundo. Nós, não é que temos medo. Nós nos cuidamos
para que não aconteçam situações similares às que ocorreram nesses
lugares. Como eu, há mutos venezuelanos no mundo mostrando a realidade
do que acontece no nosso país. O povo e as forças armadas jamais vão
permitir que se caia numa situação que nos afete e nos leve a uma
situação adversa. Sabemos que temos mais de 120 anos de petróleo e os
EUA, 20, e essa é uma realidade que eles visualizam.
*aJusticeiradeesquerda
Documentário esclarecedor demais - nem ponho o nome no título, pra não chamar a atenção...
Esses são os links de um documentário que acho essencial pra entender a
realidade em que vivemos. A primeira vez que vi tava livre na internet,
depois foi dificulltando e hoje é difícil de encontrar. Se eu tiver o
direito de recomendar alguma coisa, recomendo assistir logo, antes que
desapareça - há interesses nisso, obviamente. Tomar consciência é tudo o
que o poder real, muito acima da política rasteira que somos obrigados a
engolir, quer evitar. É preciso ignorância e desinformação pra se
sustentar este sistema social em que vivemos. É muita exploração e
desumanidade em nome de lucros empresariais.
The Century of the Self (doc BBC Parte 1 - Máquinas de felicidade):http://www. dailymotion.com/video/x15ov47_ parte-1-maquinas-de- felicidade_shortfilms?search_ algo=2
>> The Century of the Self (doc BBC Parte 2 - A engenharia do consentimento):http://www. dailymotion.com/video/x15p6mp_ parte-2-a-engenharia-do- consentimento_shortfilms
>> The Century of the Self (doc BBC Parte 3 -Há um policial dentro de nossas cabeças. Ele deve ser destruído): http://www. dailymotion.com/video/x15p6pk_ parte-3-ha-um-policial-dentro- de-nossas-cabecas-ele-deve- ser-destruido_shortfilms>>
The Century of the Self (doc BBC Parte 4 -Oito pessoas bebendo vinho em Kettering): http://www. dailymotion.com/video/x15p6q5_ parte-4-oito-pessoas-bebendo- vinho-em-kettering_shortfilms
*observarabsorver
Universitários da UFRJ expulsam TV Globo do campus
"Uma equipe da TV Globo gravava cenas externas de novela dentro do campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), no prédio da reitoria e da faculdade belas artes e arquitetura.
Os alunos, quando viram, resolveram contribuir dando um toque de realismo às cenas. Protestaram gritando “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.
Resultado: melaram a gravação e a equipe da Globo caiu fora.
Além da emissora não ser popular entre os estudantes, a equipe ainda tumultuava a rotina dos alunos, professores e funcionários, obstruindo caminhos e tomando o estacionamento do bosque só para eles."
*Saraiva
Aprenda STF, aprenda máfia midiática, aprendam elites reacionárias brasileiras: solidariedade a Dirceu ultrapassa valor da multa imposta por Barbosa
SHOW DO MILHÃO: DIRCEU BATE SUA META
Ex-ministro ultrapassa arrecadação do valor da multa de R$ 971 mil, em
campanha; vaquinha chegou a R$ 1.083.694,38 em doações, neste sábado
(22); 3.972 pessoas contribuíram com a campanha, entre elas figuras
ilustres como o advogado José Roberto Batochio, ex-presidente da OAB, e o
ator global José de Abreu; "Graças à colaboração de milhares de
brasileiros, atingimos o valor da injusta multa imposta pelo STF ao
ex-ministro José Dirceu. Temos certeza que muitos outros também
gostariam de colaborar, mas já alcançamos nosso objetivo. Juntos,
vencemos esta batalha. Ainda há outras por vir, certamente. E, juntos
mais uma vez, estamos pontos para enfrentá-las. Mais uma vez, obrigado a
todos. Obrigado Brasil!", diz mensagem publicado no site "Apoio a Zé
Dirceu"
22 DE FEVEREIRO DE 2014 ÀS 14:14
do Brasil 247
O site www.apoiozedirceu.com chegou, neste sábado (22), a marca de R$
1.083.694,38. O valor, resultado de doações de 3.972 pessoas, ultrapassa
o que ex-ministro José Dirceu precisava para pagar a multa de R$
971.128,92, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A campanha, lançada há 10 dias, alcançou assim mais de 100% do valor da
multa e segue o exemplo de outros dois petistas condenados no chamado
processo do “mensalão”, José Genoino e Delúbio Soares, que superaram os
valores de suas punições. A pena pecuniária de Dirceu, no entanto, é de
quase o dobro da imposta aos dois correligionários.
Além dos recursos não faltam apoios ilustres e aberto ao ex-ministro. Ao
247, o advogado José Roberto Batochio, ex-presidente da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), contou ter doado R$ 1 mil. "A solidariedade aos
perseguidos é um valor a ser defendido na sociedade brasileira, que vive
dias tão difíceis, quando muitos cultivam o ódio, sentimento típico de
regimes fascistas", disse Batochio. Outro doador renomado foi o
jornalista e escritor Fernando Morais, que foi taxativo ao justificar
sua doação ao ex-ministro: "O dinheiro é meu. E com o meu dinheiro eu
faço o que eu quiser".
Também jornalista, Paulo Moreira Leite, da revista IstoÉ – autor do
livro "A outra história do mensalão", acredita que as doações são um
instrumento para tornar inútil o esforço de realizar a "execução social"
dos condenados na Ação Penal 470. "O que se quer é a execução social
dos prisioneiros, que devem ser reduzidos a condição de seres
manipuláveis e disponíveis, sem consciência nem vontade própria. As
doações mostram que esse esforço é inútil".
Em entrevista recente ao jornal O Globo, o ator José de Abreu também
declarou ter doado R$ 1 mil ao amigo Dirceu, que conheceu enquanto
cursava a Faculdade de Direito. A intenção: "dividir a pena com ele".
Crítico ferrenho da forma como foi julgada a Ação Penal 470, Zé de Abreu
disse considerar "legítima" a iniciativa da militância, amigos e
familiares em fazer a campanha de arrecadação.
Site publicou mensagem de agradecimento:
MUITO OBRIGADO, BRASIL!
Caros amigos e amigas,
Chegamos hoje ao final da campanha “Eu Apoio Zé Dirceu”. Graças à
colaboração de milhares de brasileiros, atingimos o valor da injusta
multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal ao ex-ministro José Dirceu.
Temos certeza que muitos outros também gostariam de colaborar, mas já
alcançamos nosso objetivo.
Em nome da transparência e em resposta a todos os ataques daqueles que
não compreendem o real significado da palavra ‘solidariedade’, eis os
números finais:
A campanha arrecadou R$ 1.083.694,38, valor suficiente para quitar a
multa de R$ 971.128,92 e também os impostos que devem ser recolhidos
sobre o total das doações. Agradecemos especialmente aos 3.972 doares
espalhados pelos 27 estados brasileiros - uma clara demonstração do
alcance nacional do apoio a José Dirceu.
Temos uma dívida imensurável com todos vocês que nos apoiaram –
contribuindo, divulgando a campanha ou ainda na linha de frente contra
as mentiras e perseguições de que esta campanha foi alvo.
O resultado representa muito mais do que uma cifra. Em pouco mais de uma
semana, cidadãos de todo o país demonstraram sua indignação contra o
julgamento político ao qual José Dirceu foi submetido.
O sucesso da campanha só demostra que Dirceu não está e nunca esteve só.
Confirma também que há uma parcela significativa da sociedade
consciente das graves violações feitas durante o julgamento da AP 470. O
protestos coletivo se fez ouvir.
Recebemos centenas de depoimentos dos colaboradores em nosso site. É
impossível expressar em palavras o que essas mensagens significaram para
nós. Elas nos deram ainda mais motivação, mais esperança, mais orgulho
de estarmos do lado de quem estamos.
Queremos também estender os nossos agradecimentos a todos os que
colaboraram com as campanhas de José Genoino e Delúbio Soares – e a
todos os que estavam dispostos a colaborar com João Paulo Cunha.
Juntos, vencemos esta batalha. Ainda há outras por vir, certamente. E, juntos mais uma vez, estamos pontos para enfrentá-las.
Mais uma vez, obrigado a todos. Obrigado Brasil!
BBC
Desde o início dos protestos de junho do ano passado, a imprensa e as redes sociais mostraram à exaustão cenas de violência nas manifestações, muitas delas envolvendo policiais. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin há tempos reitera que os excessos “estão sendo investigados” e, desde junho, a Corregedoria da Polícia Militar já abriu 21 inquéritos – mas até o momento nenhuma investigação foi concluída e nenhum policial foi punido.
A BBC Brasil pediu os números diretamente à Corregedoria da PM, mas só os conseguiu após protocolar um pedido via Lei de Acesso à Informação, processo que levou duas semanas. A informação é referente ao período de 1 de junho de 2013 a 28 de janeiro de 2014.
Em entrevista à BBC Brasil, o Comandante-Geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, confirmou que nenhum policial foi punido. Ele disse que os 21 processos envolvem mais que 21 policiais, mas não soube precisar o número exato.
Na entrevista, Meira diz que alguns inquéritos foram concluídos, mas a comunicação oficial enviada pela Corregedoria contradiz o comandante, ao dizer que os 21 inquéritos ainda “estão sendo apurados”.
“Não tenha dúvida de que aguardamos decisão (da Justiça Militar, para onde seguirão os inquéritos após conclusão) para iniciar o processo administrativo (de eventual punição para policiais que venha a ser condenados)”, disse Meira.
Igor Leone, membro do coletivo Advogados Ativistas, que presta assistência jurídica a manifestantes envolvidos em incidentes nos protestos, disse que o número “causa surpresa, mas surpreende por ser muito pequeno”.
“A gente esperava muito mais. Não temos quase nenhuma informação do que ocorre na Corregedoria. Aqui no coletivo Advogados Ativistas nunca tivemos notícia de que um policial tenha sofrido punição exemplar por conduta inadequada”, disse.
Em um telefonema à BBC Brasil, o coronel da PM que cuidava do caso questionou qual seria o “objetivo real” da reportagem e qual seria sua abordagem.
O Comandante Geral da PM rebateu as críticas do Advogados Ativistas durante a entrevista. “Eu também acho muito pouco o número de ativistas que agrediram policiais militares, durante as manifestações, e que até então não foram punidos”, disse Meira. O coronel reclamou da fragilidade da legislação brasileira.
Questionado se a Corregedoria conseguiria conduzir investigações independentes sendo subordinada ao Comando da PM, Meira disse que “o tempo mostrou que a Corregedoria é totalmente independente”, citando investigações de policiais envolvidos de execuções.
Para os Advogados Ativistas, no entanto, um dos principais obstáculos para protocolar denúncias na corregedoria é a falta de identificação dos policiais, que, muitas vezes, retiram o nome e a patente das fardas, o que configura uma “transgressão disciplinar”, de acordo com a própria polícia.
“Muitas vezes vemos um grupo inteiro de policiais sem identificação nas manifestações. Me parece claro que o comandante daquele grupo perceba quando os policiais não estão identificados”, diz Leone.
Casos de agressão registrados em boletim de ocorrência na Polícia Civil também são encaminhados à Corregedoria, segundo a PM. Essa informação aumenta ainda mais a “desconfiança” dos ativistas em relação ao número “pequeno” de inquéritos instaurados.
Sobre o tempo de conclusão de uma investigação na Corregedoria, o comandante da PM disse que “o inquérito policial militar, por lei, demora 40 dias de prazo, mais 20 (dias) prorrogáveis”.
“São 60 dias. Porém, esses prazos podem se exceder, em razão da falta de laudos ou na insistência do encarregado em ouvir determinadas testemunhas”, disse.
A equipe de corregedores é chefiada desde por um corregedor-chefe, o coronel Rui Conegundes de Souza. Segundo a PM, todos os membros da equipe são coronéis, a patente mais alta dentro da corporação.
“Isso mostra o problema que é a militarização da polícia no Brasil, já que a hierarquia militar impossibilita que alguns policiais com patente mais alta sejam investigados”, disse Leone. A hierarquia também se aplica no caso dos coronéis mais jovens em relação aos coronéis com mais velhos.
A assessoria de imprensa da PM negou que investigações sejam bloqueadas por essa razão, embora admita que policiais de menor patente sejam proibidos de investigar superiores. A PM garantiu, no entanto, que há alternativas de investigação em casos desse tipo.
Para muitos especialistas, a violência policial é fruto justamente do caráter militar da polícia. Em mais de uma ocasião o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou ao Brasil a desmilitarização das polícias estaduais. Meira disse estar aberto esse debate, mas disse ser contra.
“No atual momento eu julgo não ser conveniente a desmilitarização da polícia”, disse.
Policiais também foram vítimas da violência. Em outubro, o coronel Reynaldo Simões Rossi foi espancado e golpeado com uma placa metálica durante confronto com manifestantes em um terminal de ônibus no centro de São Paulo.
A adoção por parte dos manifestantes da tática black bloc, de depredação de bancos e até de edifícios públicos, incitou ainda mais os ânimos.
O Comandante-Geral da Polícia disse que a PM foi surpreendia pelas novas táticas de protesto.
“A Policia Militar sempreu deu respaldo a manifestações pacíficas, quando não temos pessoas mascaradas, quando não temos pessoas com o propósito de depredar o patrimônio público e privado”, disse.
A BBC Brasil ouviu o relato de um estudante de 22 anos que participou dos protestos no dia 7 de setembro, na Avenida Paulista. Ele, que nega ser black block, diz que apanhou da polícia quando seu grupo tentava furar um bloqueio policial.
O estudante levou cinco pontos na cabeça e sofreu hematomas, mas não foi indiciado por qualquer crime, apesar de ficar detido por quatro horas.
No dia 25 de janeiro, uma manifestação contra a Copa do Mundo em São Paulo acabou na perseguição do manifestante Fabrício Proteus Chaves, que acabou baleado pela polícia na região central. A PM alegou legítima defesa, alegou que o rapaz de 22 anos teria sacado um estilete.
A violência também atinge a imprensa. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), 75,5% dos jornalistas agredidos em manifestações de junho até hoje foram vítimas de ações policiais.
*coletivoDAR
Desde o início dos protestos de junho do ano passado, a imprensa e as redes sociais mostraram à exaustão cenas de violência nas manifestações, muitas delas envolvendo policiais. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin há tempos reitera que os excessos “estão sendo investigados” e, desde junho, a Corregedoria da Polícia Militar já abriu 21 inquéritos – mas até o momento nenhuma investigação foi concluída e nenhum policial foi punido.
A BBC Brasil pediu os números diretamente à Corregedoria da PM, mas só os conseguiu após protocolar um pedido via Lei de Acesso à Informação, processo que levou duas semanas. A informação é referente ao período de 1 de junho de 2013 a 28 de janeiro de 2014.
Em entrevista à BBC Brasil, o Comandante-Geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, confirmou que nenhum policial foi punido. Ele disse que os 21 processos envolvem mais que 21 policiais, mas não soube precisar o número exato.
Na entrevista, Meira diz que alguns inquéritos foram concluídos, mas a comunicação oficial enviada pela Corregedoria contradiz o comandante, ao dizer que os 21 inquéritos ainda “estão sendo apurados”.
“Não tenha dúvida de que aguardamos decisão (da Justiça Militar, para onde seguirão os inquéritos após conclusão) para iniciar o processo administrativo (de eventual punição para policiais que venha a ser condenados)”, disse Meira.
Igor Leone, membro do coletivo Advogados Ativistas, que presta assistência jurídica a manifestantes envolvidos em incidentes nos protestos, disse que o número “causa surpresa, mas surpreende por ser muito pequeno”.
“A gente esperava muito mais. Não temos quase nenhuma informação do que ocorre na Corregedoria. Aqui no coletivo Advogados Ativistas nunca tivemos notícia de que um policial tenha sofrido punição exemplar por conduta inadequada”, disse.
Outro lado
Antes de entrevistar Meira, a BBC Brasil já havia tentado ouvir a Corregedoria sobre as investigações de policiais e os dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, mas fora informada pelo Comando Geral na última semana de que a PM só se pronunciaria após a publicação da reportagem. Foi pedido então um posicionamento do governador Alckmin. No mesmo dia, a PM ofereceu a entrevista com Meira.Em um telefonema à BBC Brasil, o coronel da PM que cuidava do caso questionou qual seria o “objetivo real” da reportagem e qual seria sua abordagem.
O Comandante Geral da PM rebateu as críticas do Advogados Ativistas durante a entrevista. “Eu também acho muito pouco o número de ativistas que agrediram policiais militares, durante as manifestações, e que até então não foram punidos”, disse Meira. O coronel reclamou da fragilidade da legislação brasileira.
Questionado se a Corregedoria conseguiria conduzir investigações independentes sendo subordinada ao Comando da PM, Meira disse que “o tempo mostrou que a Corregedoria é totalmente independente”, citando investigações de policiais envolvidos de execuções.
Para os Advogados Ativistas, no entanto, um dos principais obstáculos para protocolar denúncias na corregedoria é a falta de identificação dos policiais, que, muitas vezes, retiram o nome e a patente das fardas, o que configura uma “transgressão disciplinar”, de acordo com a própria polícia.
“Muitas vezes vemos um grupo inteiro de policiais sem identificação nas manifestações. Me parece claro que o comandante daquele grupo perceba quando os policiais não estão identificados”, diz Leone.
Casos de agressão registrados em boletim de ocorrência na Polícia Civil também são encaminhados à Corregedoria, segundo a PM. Essa informação aumenta ainda mais a “desconfiança” dos ativistas em relação ao número “pequeno” de inquéritos instaurados.
Sobre o tempo de conclusão de uma investigação na Corregedoria, o comandante da PM disse que “o inquérito policial militar, por lei, demora 40 dias de prazo, mais 20 (dias) prorrogáveis”.
“São 60 dias. Porém, esses prazos podem se exceder, em razão da falta de laudos ou na insistência do encarregado em ouvir determinadas testemunhas”, disse.
Militarização da polícia
Outro problema apontado pelos ativistas é o fato de policiais de patentes menores serem proibidos de investigar na Corregedoria policiais de patente mais alta.A equipe de corregedores é chefiada desde por um corregedor-chefe, o coronel Rui Conegundes de Souza. Segundo a PM, todos os membros da equipe são coronéis, a patente mais alta dentro da corporação.
“Isso mostra o problema que é a militarização da polícia no Brasil, já que a hierarquia militar impossibilita que alguns policiais com patente mais alta sejam investigados”, disse Leone. A hierarquia também se aplica no caso dos coronéis mais jovens em relação aos coronéis com mais velhos.
A assessoria de imprensa da PM negou que investigações sejam bloqueadas por essa razão, embora admita que policiais de menor patente sejam proibidos de investigar superiores. A PM garantiu, no entanto, que há alternativas de investigação em casos desse tipo.
Para muitos especialistas, a violência policial é fruto justamente do caráter militar da polícia. Em mais de uma ocasião o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou ao Brasil a desmilitarização das polícias estaduais. Meira disse estar aberto esse debate, mas disse ser contra.
“No atual momento eu julgo não ser conveniente a desmilitarização da polícia”, disse.
Exemplos de violência
A violência policial foi um dos estopins dos protestos de junho. No dia 6 daquele mês, uma manifestação do Movimento Passe Livre foi reprimida pela polícia em São Paulo. As imagens da dura repressão rodaram as redes sociais e ajudam a impulsionar os protestos de rua no país.Policiais também foram vítimas da violência. Em outubro, o coronel Reynaldo Simões Rossi foi espancado e golpeado com uma placa metálica durante confronto com manifestantes em um terminal de ônibus no centro de São Paulo.
A adoção por parte dos manifestantes da tática black bloc, de depredação de bancos e até de edifícios públicos, incitou ainda mais os ânimos.
O Comandante-Geral da Polícia disse que a PM foi surpreendia pelas novas táticas de protesto.
“A Policia Militar sempreu deu respaldo a manifestações pacíficas, quando não temos pessoas mascaradas, quando não temos pessoas com o propósito de depredar o patrimônio público e privado”, disse.
A BBC Brasil ouviu o relato de um estudante de 22 anos que participou dos protestos no dia 7 de setembro, na Avenida Paulista. Ele, que nega ser black block, diz que apanhou da polícia quando seu grupo tentava furar um bloqueio policial.
O estudante levou cinco pontos na cabeça e sofreu hematomas, mas não foi indiciado por qualquer crime, apesar de ficar detido por quatro horas.
No dia 25 de janeiro, uma manifestação contra a Copa do Mundo em São Paulo acabou na perseguição do manifestante Fabrício Proteus Chaves, que acabou baleado pela polícia na região central. A PM alegou legítima defesa, alegou que o rapaz de 22 anos teria sacado um estilete.
A violência também atinge a imprensa. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), 75,5% dos jornalistas agredidos em manifestações de junho até hoje foram vítimas de ações policiais.
*coletivoDAR
‘Vaquinha’ para José Dirceu arrecada 96% da multa em 9 dias
POR RODRIGO RODRIGUES
Lançada há nove dias, a campanha de arrecadação de fundos para o
pagamento da multa de José Dirceu no processo do mensalão colheu R$
932.894,32, segundo os organizadores.
O valor corresponde a 96% da meta de R$ 971,1 mil necessário para
que o ex-ministro da Casa Civil acertes as contas com a Justiça
Federal.
De acordo com a organização do site “Apoio a Zé Dirceu”,
quase 3 mil pessoas colaboraram até aqui com a “vaquinha” para o
ex-ministro, que cumpre pena no presídio da Papuda, em Brasília.
Dirceu foi condenado a dez anos e dez meses de prisão pelos crimes
de corrupção ativa e formação de quadrilha. Esse último crime ainda está
sendo avaliado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que
na próxima semana devem definir se acatam o recurso da defesa e diminuem
a pena do condenado.
Assim como ele, José Genoíno e Delúbio Soares realizaram uma
campanha de arrecadação de fundos para cobrir as despesas com multa do
STF e levantaram com amigos, parentes e militantes do PT cerca de R$1,7
milhão.
Somado aos valores arrecadados até agora por Dirceu, os petistas
conseguiram R$2,6 milhões em doações desde o início dos processos de
execução penal, em final de janeiro.
*Saraiva
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