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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 09, 2014

Charge foto e frase do dia





























































































































Pronunciamento da presidenta Dilma pelo Dia Internacional da Mulher


    Nocividades de igrejas no Brasil e a afronta da marcha com Deus


+Cartas e Reflexões Proféticas
Querido amigo Marcos Velasques

Alegro-me em contá-lo como amigo no Facebook. Conhece-te desde tua tenra idade quando teus queridos pais eram jovens. Tive a honra de ser aluno de teu pai, o Dr. e Teólogo Prócoro Velasques Fº. Ele era uma pessoa interessante: rigoroso como professor e um amigo simples nos contatos pessoais. 

Certamente acompanhaste pela mídia online a repercussão de meu artigo “Joaquim Barbosa é uma chaga social violenta e malcheirosa”. 

Choquei-me em alguns casos com a violência dos comentários nos sites, no meu blog e com as ameaças que recebi por telefone. Impressionante, as pessoas sabem que as ligações são rastreadas mesmo assim não vacilam em ofender e a ameaçar com bobagens que não significam nada em termos práticos, apenas representam mesquinharia humana e intelectual para debater os problemas que preocupam o País. 

Porém, um tipo de ameaça e conteúdo comentado me chama a atenção e que merece análise. Trata-se da postura política de setores católicos romanos, outros católicos e evangélicos. 

Aprendi com meu amigo e meu professor Psicólogo Social, Padre Pedrinho Guareschi, principalmente no seu livro Sociologia Crítica Alternativas de Mudanças, que a sociedade, além ser movida pela luta de classes, em virtude dos aparelhos ideológicos usados pela classe dominante ocupante do Estado, ou Bloco Histórico no dizer de Antonio Gramsci e de seu estudioso Louis Althusser, move-se com certos grupos que ganham poderes autônomos dentro da sociedade civil. Tais “autonomias” se constituem em força com fóruns de partidos e poderes de barganha ao ponto de ameaçar a paz social, sempre a serviço disfarçado da classe dominante, de quem recebe abastecimentos materiais. 

A partir de ofensas de que fui alvo a partir de meu artigo, que enfrenta o que representa Joaquim Barbosa num poder da república, o STF, sensibilizei-me para pensar e entender a ação de grupos de igrejas fundamentalistas em nossa sociedade. 

Vejo nas redes sociais e em sites religiosos “convocando” a sociedade para a tal “Marcha da Família com Deus pela liberdade”. Leio sobre fundamentalismo dogmático virulento pleno de ódio de agentes despertando racismo, homofobia e mentiras gravemente caluniosas e, por isso, criminosas contra negros, pobres, homossexuais e a esquerda. 

1. Política macabra de direita. Basta um bocadinho de análise para que os fios que costuram o tecido das posturas de pastores, padres e bispos, com atitudes fascistas mostrem suas ligações com interesses escusos e golpistas em nosso País. Em ano eleitoral como o que vivemos as fúrias dos interesseiros se exalta e se escancara ainda mais. 

Nas quadras eleitorais pastores, padres e bispos correm para todos os lados para fecharem acordos com candidatos abastados financeiramente. A resistência que setores de direita têm em relação a uma reforma política, que imponha financiamento público das campanhas e desbarate os currais alimentados por muita corrupção na compra de votos e de pressões da classe dominante sobre os de quem bancaram patrocínios eleitorais, possibilita que milhões de reais jorrem nestas ocasiões. É aí que muitos grupos de igrejas entram para trocar votos de seus frequentadores por dinheiro de candidatos corruptos, algozes dos pobres e da justiça social. As práticas, por tanto, nada guardam de santidade e fé. Aí, pelo contrário, rolam muitas corrupções, manipulações e atentados à justiça social em nome do “deixa assim que é melhor para nossos interesses”. 

A partir desses interesses mesquinhos, feios e imorais tudo cabe. É possível caluniar, ajudar a manipular as consciências informes, desde que se assegurem mais “recursos” para as “obras do Senhor, leia-se mais ladroagem de dinheiro para sustentar o aparelho idiológico religioso da manutenção do status quo. Por isso esse ódio contra a esquerda, que luta para quebrar esse pedestal sujo que sustenta a ideologia dominante e golpista.


2. Desprezo ao conhecimento. Os tais “líderes” religiosos afirmam que basta ler a “palavra” e ouvir seus pastores, verdadeiros capitães de grotas, para ser abençoado e feliz, principalmente para ir para o céu e deixar as riquezas da terra para os chefes de igreja. 


Uma crente resolveu, apesar de toda a sua pobreza econômica como empregada doméstica, ingressar numa universidade para fazer um curso superior. Finda a graduação comunicou ao seu pastor que ingressaria no mestrado. Meu Deus, ele se desesperou e lhe pediu para não fazê-lo. Disse-lhe que os estudos a tirariam da igreja e que ela viraria ateia. Um aluno meu me contou que informou à sua comunidade que faria um curso superior e que nele teria filosofia. Ato contínuo, desde o pastor até o mais humilde irmão, recomendaram que ele não prestasse atenção nas aulas de filosofia porque essa disciplina afasta de Deus e leva as pessoas ao ateísmo. 


E assim vai. A rasura intelectual, o desprezo à ciência e ao conhecimento é tamanho que cega as pessoas até mesmo na leitura da Bíblia, que chamam de “a palavra”, termo já tingido ideologicamente. A interpretação da sagrada escritura é ideológica a favor da classe dominante. Deus para essa interpretação é um poderoso rei sentado num trono, distante das desgraças dos pecadores. Para essa pregação Deus um dia, antes era no ano 2000, não se sabe quando, enviará de seu trono o seu Filho, que virá em nuvens para arrebatar os que dão dízimos, os santos e os puros. Noutras palavras, o Deus a quem se referem não tem nenhuma relação com o Deus pobre, sofrido, cuspido e crucificado como um sedicioso na Palestina, como Jesus ensinou e viveu. O Jesus que eles pregam, com o objeito de embotar a consciência dos direitos humanos e da luta de classes, é o de um fantasma sem história e sem contexto social. É um vulto ressurreto que mora no céu e nos corações dos dizimistas e puros. 


Pregam vida sem pés no chão, sem contexto, sem história e sem compromisso social. Seus cultos e missas são ruídos sem nexo com a realidade. Sua devoção não os remete aos injustiçados. Aliás, fora do arraial de cada um desses grupos, não há salvação. Todos são pecadores e merecem as desgraças que se empulham sobre seus ombros. Não se importam com nada desde que suas chefias consigam dinheiros para seus programas de TVs, de rádios e luxúrias. Daí para aliarem-se com candidatos e eleitos é um passo, se suas vontades são satisfeitas. Ouvi um deles dizer quando José Serra era candidato a presidente: “Serra é melhor para nós”. Perguntei porque e a resposta veio rápido: “ah porque o pastor Silas Malafaia conseguirá um canal de TV prá nós”. 


Quer dizer, esses grupos fanáticos, que praticam cizânias e guerras sociais não se importam com o povo, com a sociedade e com o Brasil. Tudo o que os move são os interesses igrejeiros. Entendem-se como um estado dentro da sociedade. São risco à paz social. 


O resultado é o luxo, é ânsia burguesa com que templos e líderes religiosos se organizam e se constroem. Todos os “grandes” líderes não existem sem um programa de TV. Para mantê-lo é preciso muito dinheiro. Daí a necessidade de arrancar dinheiro das pessoas e de fazer “parcerias” com candidatos ricos e de campanhas eleitorais ricas, como os da direita do espectro social. A direita, historicamente sem votos e sem povo, despeja dinheiro nas burras dos pastores em troca dos seus cabrestreados membros, que falaciosamente votam nas pessoas e não em partidos, para não dizer que votam nas pessoas corruptas que dão dinheiro para suas igrejas e instituições. 


Como sempre, onde há dinheiro há poder e corrupção. Isso alimenta fanatismos e fanáticos desvairados sem argumentos, sem conhecimento e sem sabedoria. 


3. Rasura ética e hipocrisia. Os grupos religiosos que agem a reboque da classe dominante apregoam que não gostam de política e que não se filiam a partidos. Mentem quando assim se afirmam. Podem não ser filiados cartorialmente a partidos, mas filiam-se política e ideologicamente a partidos e a partidários do sistema dominante e conservador dos privilégios dos 1º dos poderosos, sustentados pelo trabalho e pelo sacrifício dos 99% da sociedade. 


Esses grupos fundamentalistas e fanáticos são os que perseguem homossexuais, os negros, os pobres e os comunistas. Um site de um desses fanáticos chega ao ponto de dizer sem rodeios que Lula e Dilma foram eleitos por gentalhas desclassificadas e ignorantes, ao se referir aos pobres, aos nordestinos, aos trabalhadores e aos usuários da Bolsa Família. 


Um dos argumentos falaciosos que usam para induzir o povo a votar na direita é que os socialistas e comunistas são ateus. Porém, o conceito de ateísmo que manejam é senso comum, vulgar e destorcido. O preconceito é infundado e idológico com o claro objetivo de intimidar. Herdam a propaganda imperialista de que os países socialistas perseguem os cristãos. Só não explicam que tais “cristãos” são sabotadores de direita que servem aos interesses imperialistas contra a redenção humana pelo socialismo. 


É bom afirmar que nos países socialistas atuais os cristãos engajados na luta pelo novo ser humano, mais justo, de pensamento coletivo, de compromisso social com o constante processo educativo de construção de sociedade mais humana, são profundamente respeitados. É como diz o comandante Fidel Castro a Frei Betto, na famosa entrevista que se transformou no livro “Fidel Castro e a Religião”: “cristãos e socialistas têm aliança estratégica”. 


É sinceramente lamentável ver pastores, padres e bispos incitando suas comunidades ao ódio. Sua falta de fundamento derrapa para as mentiras caluniosas de caráter divisionista e ofensivo, próprias às práticas da direita, que não dialoga, servindo-se de técnicas maculantes das imagens das pessoas e dos projetos de caráter popular. 


Certamente lembras do “berrão” Silas Malafaia que prometeu, na sua típica linguagem grosseira, “rebentar com o Haddad” quando o prefeito de São Paulo disputou as eleições. 


Um leigo pentecostal aqui em Goiás, professor de língua portuguesa, entregou-se a uma cruzada mentirosa e desonesta contra os que ele chamava de petistas. O mentiroso escreveu um artiguetizinho acusando o MEC de destruir a família ao solicitar que as escolas ensinassem as crianças a respeitar as diversidades sexuais e religiosas. Descaradamente se lançou a distribuir seu artigo indigente de ética pedindo clamorosamente que jornais e sites o publicassem. Os que assim não o faziam os acusava de se juntar ao petismo na destruição da família. Uma coisa que ele mostrou, muito própria desses grupos que integra, é o autoritarismo dogmático. Nunca aceitou dialogar sobre sua falta de fundamento. O que dizia se revestia de verdade caída do céu. Pedi-lhe que me desse os textos do MEC que propagavam a alegada destruição da família. Fazia-se de surdo e nunca me entregou nada, até mesmo porque não existem. Sua desonestidade nunca lhe permitiu declarar que se juntava a grupos de direita aqui para sabotar a educação fazendo discurso tipicamente global e mentiroso. 


Atitudes assim levam-nos a compreender que muitos desses grupos que usam o terror na prática de preconceitos segregacionistas têm ligações escusas com organizações corrosivas à paz social. Este é o caso do famoso pastor Charles Fox Parham, célebre fundador do pentecostalismo moderno. Parham foi acusado de envolvimento em assassinatos de negros, de participar da temida organização racista Ku Klux Klan e de abusar sexualmente de um guri, a despeito de seu imenso e hipócrita moralismo. São dignas de vigilância também certas missões que igrejas do Brasil fazem na África. O que fazem lá? 


Destaco, contudo, Marcos, que recebi apoios impressionantes de católicos romanos e de evangélicos sérios. Padres, religiosos e pastores me escreveram e pediram minha amizade nas redes sociais. Essas pessoas entendem plenamente que seguir Jesus é necessariamente aliar-se a projetos de luta pela justiça social e não se entregar aos berros para que Deus venha fazer o que é de nossa responsabilidade e engajamento. Viva!


Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.


Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

 Partido Militar Brasileiro deve concorrer às eleições de 2016


Partido Militar Brasileiro deve concorrer às eleições de 2016
Líderes do PMB já coletaram 320 mil das 492 mil assinaturas necessárias para regulamentação da legenda
As lideranças do Partido Militar Brasileiro (PMB) estão perto de conseguir a regulamentação da sigla. Das 492 mil assinaturas exigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a criação de novas legendas, 320 mil já foram conquistadas.

Segundo Augusto Rosa, capitão da Polícia Militar de São Paulo e fundador do partido, os militares devem entrar na disputa eleitoral apenas em 2016, nos pleitos municipais. Mesmo assim, a estimativa é que cerca de mil municípios brasileiros já contem com representantes do PMB. O número solicitado ao TSE é 99, “para mostrar que estamos à extrema direita de tudo o que existe na política hoje”, indica Rosa.

Um dos nomes envolvidos com a criação da sigla é o coronel Marcos Pontes, conhecido por ser o primeiro brasileiro a ir ao espaço, em 2006. ”O apoio do coronel Pontes dá credibilidade ao nosso projeto de extrema direita dentro da democracia”, declara o capitão.

O Partido Militar Brasileiro é idealizado, de acordo com seu próprio estatuto, para atender à “necessidade de a sociedade brasileira resgatar a ética, a moral e a honestidade na política nacional”. Seus valores máximos são pátria, honra, moral e ética.

No Fórum
*comtextolivre

Porque o golpismo venezuelano pode trazer prejuízos bilionários ao Brasil?



É importante entender que as questões políticas e ideológicas também afetam a economia. A direita venezuelana, enquanto esteve no poder, jamais permitiu que o comércio entre Brasil e Venezuela se aprofundasse. Apenas com a ascenção do chavismo, o Brasil conseguiu abrir este mercado para seus produtos.

O golpismo atual da oposição, da mesma forma, poderá causar grandes prejuízos econômicos ao Brasil, porque seus patrocinadores querem redirecionar a corrente de comércio venezuelana de volta para os Estados Unidos.
Isso você não lerá em nossa grande mídia, quase toda engajada em favor dos golpistas anti-chavistas.
 

]Examinem gráfico acima, preparado por nosso colega de twitter, @politica_santos. Se as letras ficarem muito pequenas, cliquem aqui para vê-lo em tamanho maior.
*militânciaviva

    ENTENDA POR QUE A CRIMEIA QUER E DEVE SER RUSSA


A luta contra o racismo também é feminismo

    Um dia pra lembrar que lutar contra o racismo também é feminismo


Por Charô Nunes
Houve um momento da vida em que quase enlouqueci. Me refugiar na ideia de que o racismo não existia não estava funcionando. A quantidade de trabalho empreendido para fechar os olhos era de tal ordem que estava praticamente me matando. Até que um dia não consegui suportar um comentário sobre ter de me vestir duas vezes melhor pelo fato de ser negra. Perceber que meus pesadelos de infância e adolescência não haviam terminado foi demais para mim. Hoje sei que não foi esse episódio isolado que me derrubou mas sim a combinação de todas as outras estórias, de anos a fio, tantas vezes sem revide e compreensão ou suporte.
Foi o olhar sanguinário do vigia, trabalhando para manter tudo onde está e nos fazem acreditar que a responsabilidade é nossa. Para muitos e na minha cabeça também, eu simplesmente havia sido fraca por sucumbir. O problema não era todo o sistema de coisas contra o qual eu lutava. Não era a aliança bensucedida entre todos aquele que se beneficiam e promovem o racismo. Eu que não havia remado o bastante, não até o fim. Mas um dia oxalá percebi que a minha estória é a de todas, que a estória de todas é a minha também.
Estou falando daquilo que para a estatística são apenas números, muitas vezes sem gênero ou ainda dolorosamente mulher. Ser apartada de sua negritude para sobreviver à violência. Ser criticada em todos os pormenores do seu corpo ou ser hipersexualizada justamente por causa deles, desde muito cedo inclusive. Ser perseguida por seguranças em shoppings, causar espanto por falar ou escrever corretamente, por não saber dançar ou não escutar samba. Por ousar ser outra coisa que não globeleza, tia nastácia, mãe preta de alguém. Por ter formado um ou todos os filhos. Ou ainda, simplesmente adoecer porque tudo isso junto ao longo de uma vida é demais, demais.
Tão feminismo quanto
Tão ou ainda mais triste que todo esse combinado de coisas é o fato de que grande parte dessas violências, e por consequência o esforço para combatê-las, ainda não são considerados questões de gênero por alguns, quando deveria ser enegrecido que combater o racismo é tão feminismo quanto falar sobre aborto, cultura do estupro ou mercado de trabalho. Tudo aquilo que diz respeito à mulher negra deveria ser feminismo para todo mundo. Desde a necessidade de você estar preparada para reagir quando alguém atacar nossa aparência. Ou ter ferramentas para detectar o tratamento desigual por parte de médicos que tem nojo de tocar em seu corpo ou não nos consideram inteligentes o bastante para entender um diagnóstico simplório.
Por que o feminismo acontece pelo modo como reagimos, em grupo ou isoladamente, quando somos automaticamente classificadas nesse ou naquele grupo por conta de nossa cor e nossa idade, quando nos tornam assexuadas por conta de nosso tipo de corpo que deveria sempre ser magro, jovem e estar quase sempre desnudo. Quando somos destinadas ao mesmo lugar de servidão, subjugadas por corpos brancos de toda a sorte e a todo momento. Quando alguém diz que quer nos amar, desde que seja às escondidas e nunca para algo a mais que um encontro furtivo à quatro paredes. Quando um de nós adoece, sem ao menos entender o porquê como aconteceu comigo e acontece com tantas outras.
Por que a luta contra o racismo também é feminismo quando atinge aqueles que estão à nossa volta. Afinal tantas vezes está em jogo a vida de nossos companheiros, filhos, pais, amigos. Nossas companheiras, filhas, mães e amigas. Quantas de nós tiveram ou ainda terão de ensinar seus filhos a não serem confundidos com ladrões por exemplo. Quantas de nós vimos ou veremos nossos companheiros serem mortos posto que são dispensáveis, descartáveis. Nossas companheiras serem estupradas. Quantas de nós seremos o arrimo de família, cuidando de tudo e de todos. Inúmeras violências que operam simplesmente porque somos mulheres e somos negras.
A luta contra o racismo também é feminismo
Não temos tempo. Mais que pra ontem enegrecer as questões “clássicas” de gênero, mostrar seu rosto negro; que a luta contra o racismo é feminismo, que precisa ser agenda e não apenas um recurso de argumentação ou uma pauta a ser apenas publicizada. Fugir dessa urgência é despreparo, ma-fé e porque não dizer em alto e bom som: racismo. Porque esse é o único motivo para que a mulher negra seja silenciada enquanto o preconceito de cor limita nossas vidas e nos mata. Algumas vezes muito rapidamente quando se trata de acesso à saúde por exemplo; outras tantas vezes ao logo dos anos, diminuindo nossa expectativa de vida, a vontade de viver e de lutar.
Por outro lado, hoje também é dia de esperança, como todos os outros. O feminismo negro é um movimento diverso, vibrante e atuante. E não, não pediremos licença porque entre nós a compreensão de que o combate ao racismo também tem rosto de mulher é uma realidade. Concreta desde que uma mulher negra, ainda em África, conseguiu escapar da escravidão tecida pelo branco europeu. Muito provavelmente antes disso. Ou quando nossas mães fizeram o que podiam e o que não podiam para que nossos destino não fosse traçado antes que pudéssemos sequer pensar sobre ele.
É por isso que pra gente hoje também é mais um dia de luta. E como em todos os outros dias, lutaremos. Com respeito e sororidade, onde for espaço de respeito e sororidade. De punhos fechados quando preciso. Coletiva, individualmente. Presencialmente, pela rede. Nas conversas de bar, na hora da novela, durante as horas de estudo, nas fábricas, nos sindicatos. Andando pela rua em festa e também nos espaços que nos são negados por causa de nossa cor. E também como Blogueiras Negras. Inclusive dizendo que lutar contra o racismo também é feminismo, precisa ser.

sábado, março 08, 2014

VITÓRIA DOS GARIS NO RIO

Viste, pelego? Só a luta constrói.
AGORA É OFICIAL: Após as manifestações durante toda a semana com amplo apoio popular em busca de melhores condições de trabalho e de direitos fundamentais, a contraproposta feita pela assembléia grevista dos garis foi aceita pela prefeitura e um novo acordo acaba de ser firmado: piso salarial de 1.100 + horas extras + adicional de insalubridade, vale alimentação de 20 reais e a garantia que ninguém será demitido. Viva a luta popular! \0/\0/\0/\0/\0/\0/\0/\0/

http://www.twitcasting.tv/midianinja
AGORA É OFICIAL: Após as manifestações durante toda a semana com amplo apoio popular em busca de melhores condições de trabalho e de direitos fundamentais, a contraproposta feita pela assembléia grevista dos garis foi aceita pela prefeitura e um novo acordo acaba de ser firmado: piso salarial de 1.100 + horas extras + adicional de insalubridade, vale alimentação de 20 reais e a garantia que ninguém será demitido. Viva a luta popular! \0/\0/\0/\0/\0/\0/\0/\0/
http://www.twitcasting.tv/midianinja


         A MALDADE DAS CRIANÇAS

       

Numa sátira famosa, o irlandês Jonathan Swift, autor do clássico Viagens de Gulliver, propôs uma solução inusitada para o problema das crianças abandonadas de seu país: vendê-las como iguaria para os ricos... Além das carnes apetitosas, o corpo dos petizes ainda proveria os irlandeses abastados de finíssima pele, que, bem tratada, daria “luvas admiráveis para as senhoras” e “botas de verão para os cavalheiros elegantes”.
A MALDADE DAS CRIANÇAS
Pode parecer que essa proposta é uma crueldade, mas crueldade, amigos, seria deixar viver uma criatura demoníaca que cotidianamente nos atormenta. Pois não é isso o que fazem as crianças? Quem, neste mundo, espalha tantas torpezas quanto elas? Além de dar muita despesa, fazer muita bagunça, atrapalhar as brincadeiras noturnas dos pais etc., elas se especializaram nos últimos tempos em desgraçar a vida dos nossos homens mais santos, em especial os digníssimos representantes da Igreja Católica.
Vejam vocês a que extremos pode chegar a velhacaria desses guris. Um padre passa a vida inteira se esforçando para alcançar a santidade: ora, jejua, flagela-se, lê a Bíblia, abstém-se dos prazeres mundanos etc. Aí vem um traquinas de seis, sete, oito anos de idade, cheio de maldade no coração, com o diabo no corpo, e se insinua vergonhosamente para o servo do Altíssimo, ora rindo com malícia, ora mostrando as coxas nuas, ora exibindo os dentinhos brancos... Por Deus! Como, amigos, vocês querem que alguém resista à tamanha tentação? Como alguém pode ver uma coisa dessas e não sucumbir ao pecado?
Estão, portanto, certíssimos o arcebispo polonês Jozef Michalik, o bispo espanhol Bernardo Álvares e o padre norte-americano Bernard Groeschel, entre muitos outros homens abençoados, ao atribuírem a culpa pela pedofilia clerical às próprias crianças. Ora, se elas não ficassem por aí seduzindo os ministros de Deus, eles jamais pecariam e, assim, não teríamos esses escândalos vexaminosos que mancham a imagem da nossa santíssima igreja.
Por isso, amigos, defendo o resgate urgente e a aplicação imediata da proposta de Swift. Vendamos essas pestes como provimento de carne e pele para os plutocratas do mundo. Não permitamos que elas continuem a destruir a credibilidade da igreja.
Alguém pode objetar que o abate das crianças acarretaria em breve a extinção da nossa espécie. Afinal, os adultos logo morrerão e, sem uma descendência que os substitua, a Terra ficaria despovoada de humanos. Mas essa não é uma objeção que mereça ser levada a sério, porque Deus, sendo onipotente, poderia facilmente repovoar o planeta fazendo chover adultos do céu, assim como fez chover manás sobre os judeus que atravessavam o deserto.
*euracional