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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 06, 2016

É com pesar que o Levante Popular da Juventude informa


É com pesar que o Levante Popular da Juventude informa e lamenta profundamente a perda do professor Marcus Vinicius Oliveira, grande referência para a Psicologia, na Luta Antimanicomial e para a luta do povo em nosso país!
Prestamos nossa solidariedade aos familiares, amigos, colegas de profissão, alunas e alunos, pacientes e a tantos outros que puderam compartilhar das suas inquietudes, seu ânimo, garra e sede de justiça.
Marcus dedicou sua vida à luta por uma sociedade justa, igualitária e mais democrática, marcando profundamente gerações. Militante histórico da Luta Antimanicomial, lutou durante a Ditadura Militar e foi ex-conselheiro do Conselho Federal de Psicologia, onde durante por mais uma década exerceu função de Diretor e nos anos de 2002 a 2004 esteve como responsável pela Comissão Nacional de Direitos Humanos.
O professor Marcus Vinicius Oliveira foi assassinado na noite de ontem (4) em uma emboscada armada por latifundiários no sítio que residia na Ilha de Itaparica, Salvador - BA. Marcus estava na mediação de conflitos de terras entre fazendeiros e comunidades da região.
Marcus foi mais uma vítima dos latifundiários, que derramam sangue do povo diariamente. Seguiremos com suas inquietudes, sua força, na certeza de que só a luta muda a vida. A sua chama está acesa no coração de todas e todos que aqui ainda continuam. Uma perda irreparável, mas não nos calaremos!
Aos que ficam:
Pelos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!
MARCUS VINICIUS DE OLIVEIRA:
PRESENTE SEMPRE!

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