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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Metrô mais caro do mundo e a cortina de fumaça



Hoje, os paulistanos estão sendo brindados com a notícia de aumento dos trens do metrô, um reajuste de 9,43%, que o tucano Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem, passará a vigorar à partir de domingo 13/02. Desnecessário dizer, que o aumento é superior ao índice de inflação acumulado durante o ano indexados ao IPCA (Índices de Preços ao Consumidor) que foi de 6%.
Não precisa ser economista formado pela FEA-USP, para chegar a uma conclusão óbvia sobre o “xoque de jestão” - tucano, que sempre empurra a vara, além daquilo que ela já é, ou seja, aplicar uma aumento de 9,43% - quando o índice correto seria 6% - trata-se estelionato administrativo, uma vez que estão aplicando 3,43% acima da inflação do período.
Este blogueiro, especialista em nada, fez as continhas básicas e chegou à conclusão, que Alckmin e sua trupe, omitem da população que na verdade, não aplicaram só 3,43% acima da inflação, e sim 57,17% a mais que aquilo que deveriam aplicar. Isso é um jogo de números, pura cortina de fumaça.
Vamos “desfolclorizar” a matemática “deles” com anuência da imprensa (velha amiga de sempre) – que não tem o menor interesse em “analisar” o falsete que aplicam, vejam:
Se o índice correto a ser aplicado é de 6% - você pega a diferença daquilo que “eles” aplicaram que foi (3,43%) para fechar os 9,43% e aplica em forma de percentual sobre 6% – o resultado é o valor que além da inflação, eles jogaram 57,17% a mais, que foram os (3,43%).
Aí vem a cortina de fumaça, com conivência da imprensa, então “eles” declaram:
Apesar do reajuste, a passagem do metrô seguirá mais barata que a dos ônibus municipais, cuja alta de R$ 2,70 para R$ 3 foi dada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) em janeiro -11,11%, também acima da inflação” - Perceberam o joguete que sempre fazem em parceria, no velho estilo, um levanta a bola, outro chuta? Agora Kassab é desafeto deles, então vale a comparação (hoje) oportunista, pois dormiram na mesma cama até ontem.
Segundo a Folha de SP, de hoje, sem citar nomes, no velho estilo do bom jornalismo tucano escreve: “integrantes” da gestão Alckmin ouvidos pela Folha citaram dois fatores para a decisão do reajuste da tarifa do metrô acima da inflação. Porém eles citam três (talvez seja distração do jornalista):
1. De ordem técnica, é a preocupação de, abaixo de R$ 2,90, superlotar mais a rede metroviária devido à diferença do preço dos ônibus.
2. A demanda na linha 3-vermelha (Leste/Oeste) já é suficiente para carregar 10,9 passageiros por m2, contra um índice de desconforto recomendado de até 6 por m2.
3. Outro fato, de ordem política, é que um índice maior neste começo de mandato pode levar ao reajuste menor no próximo ano de eleições.
ATENÇÃO PARA A JUSTIFICATIVA DE OUTRO AUMENTO EM BREVE:
Aos leitores e usuários dos trens do metrô, faço aqui uma alerta, que irá redundar num aumento de tarifa num futuro bem próximo. Já observaram umas caixinhas amarelas esparramadas entre os trilhos nos trechos de estações? Aquilo trata-se de uma "novidade" que é a implementação de uma nova sinalização.
O metrô hoje, trabalha com um padrão de sinalização ATO - LEIA AQUI - ou seja funciona em automático, com blocos de de trens de 150 metros de distancia uns dos outros. Com aquelas caixinhas, estarão implantando o sistema CBTC - LEIA AQUI - que trabalhará com intervalos de 15 metros entre os trens, que segundo eles, provocará um ganho de 25% a mais de trens nos horários de pico, reduzindo assim a lotação. Uma vez implantando, lá vem aumento novamente, podem escrever aí.
AGORA VAMOS COMPARAR OS METRÔS?
* METRÔ DE LONDRES, tem 415 kms de trilhos - para atender uma população de 19,8 milhões de habitantes - com 11 linhas, 270 estações, transportando 2,95 milhões de passageiros/dia - com a média de 7.108 passageiros por km;
* METRÔ DE NOVA IORQUE, tem 398 kms de trilhos, para atender uma população de 30,4 milhões de habitantes - com 26 linhas, 468 estações, transportando 5,6 milhões de passageiros/dia - com a média de 14.070 passageiros por km;
* METRÔ DE MADRÍ, tem 283 kms de trilhos, para atender uma população de 8,1 milhões de habitantes - com 12 linhas e 293 estações, transportando 2,5 milhões de passageiros/dia com a média de 8.809 passageiros por km;
* METRÔ DE TÓKIO, tem 195,1 kms de trilhos, para atender uma população de 44,8 milhões de habitantes - com 9 linhas e 179 estações, transportando 6,2 milhões de passageiros/dia - com a média de 31.794 passageiros por km;
* METRÔ DE PARIS, tem 211 kms de trilhos, para atender uma população de 13,3 milhões de habitantes - com 16 linhas e 380 estações, transportando 4,0 milhões de passageiros/dia - com a média de 19.126 passageiros por km;
* METRÔ DE SÃO PAULO, tem 61 kms de trilhos, para atender uma população de 30,8milhões de habitantes - com 4 linhas e 55 estações, transportando 3,7 milhões de passageiros/dia - com a média de 60.655 passageiros por km.
CONCLUSÃO:
Quando o PSDB assumiu o governo de São Paulo, em 1995, a rede metroviária tinha 43,4 km de extensão. Atualmente, tem 62,3. Nesses 15 anos, o metrô avançou apenas 18,9 km - o que indica um crescimento de apenas 1,26 km ao ano.
Entre as grandes capitais do mundo, a rede paulistana, só é maior que a de Buenos Aires, mas transporta quatro vezes mais passageiros por km instalado. E aí podemos observar que o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo, chegando a transportar até DEZ PASSAGEIROS por metro quadrado, quando o "aceitável" são quatro passageiros e o "tolerável", seis.
Quando forem inauguradas, sabe Deus quando, a Linha 4 (amarela), e o prolongamento da Lina 2 (verde), a rede paulistana contará com 78 km, o que dará um crescimento médio de 2,3 km ao ano em 2010, a contar de 1995.
Se mantida essa média, para o Metrô de São Paulo, chegara aos 200 km de trilhos, levará mais 60 anos, ou seja, só em 2070.
Vejam o absurdo, pois enquanto o Metrô de Nova Iorque, custa cinquenta centavos de dólar, e em Buenos Aires, trinta e seis centavos de dólar, o nosso metrô, custa dois dólares.
FONTES: Transport for London, Metropolitan Transportationm Authority, Metro de Madrid, Tokyo Metro, RATP, IBGE, INSEEE, Word City Population - OMS
*paulinho

Charge do dia

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Ativistas fazem acordo para perseguir ex-presidente Bush



ONGs de direitos humanos prometem não dar sossego ao ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush (2001-2009). Ativistas de vários países fizeram um acordo para perseguir o ex-líder americano, responsável pela invasão do Iraque, em suas viagens pelo mundo. Eles irão entrar com processos na Justiça dos países pedindo investigação sobre violações de direitos durante seu governo.

A atuação das ONGs já fez o ex-presidente cancelar uma viagem à Suíça na última semana, por temer uma ordem de prisão. Katherine Gallagher, advogada da ONG Centro para os Direitos Constitucionais disse ao jornal britânico The Guardian que as associações querem lançar mão das convenções internacionais sobre tortura.

Bush é responsabilizado, especificamente, por violações de direitos humanos na prisão de Guantánamo, para onde foram mandados acusados de terrorismo.

Katherine diz que “torturadores, mesmo que sejam ex-presidentes dos Estados Unidos, devem ser presos para serem processados”.

Embora o ex-presidente viaje pelo mundo desde que deixou a Casa Branca, em 2009, os ativistas agora usam declarações feitas por Bush em seu livro de memória, no qual ele diz que autorizou técnicas de depoimento que são consideradas tortura – como mergulhar a cabeça do preso em água.
*Esquerdopata

Wikileaks-Brasil divulga inquérito completo sobre Operação Satyagraha


Atualizando para correção de links dos documentos
Vazamento: A WikiLeaks Brasil recebeu o inquérito completo da operação, veja os documentos agora.
PRISÃO – DANIEL DANTAS – VERÔNICA DANTAS – NAJI NAHAS – CELSO PITTA

O inquérito completo da Operação Satyagraha, que investiga o desvio de verbas públicas, corrupção e levagem de dinheiro, desencadeada em 2004.
A Operação Satiagraha prendeu, no início de julho de 2008, mais de 20 pessoas acusadas de crimes financeiros, como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha. Entre eles, o empresário e investidor financeiro Naji Nahas, o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

Informação do ContextoLivre:
Satyagraha é um termo cunhado pelo pacifista indiano Mahatma Gandhi em sua campanha pela independência da Índia, para significar o fundamento e o núcleo da não-violência que ele seus discípulos praticavam. Em sânscrito, Satya significa “verdade”. Já agraha quer dizer “firmeza”. Desta forma, Satyagraha é a “firmeza na verdade”, ou “insistir pela verdade”.

Observação:
O site Wikileaks Brasil é organizado por um grupo anônimo, sem qualquer ligação com o WikiLeaks de Julian Assange.
Os documentos do Wikileaks-Brasil não chegaram a ser enviados ou analisados pelo WikiLeaks oficial.
*comtextolivre

WikiLeaks vaza Satiagraha e mostra advogado de Dantas com a boca na botija


Alô, Alô, Gilmar Dantas !

A versão brasileira do WikiLeaks, divulgada através da Carta Capital, mostra seis conjuntos de documentos da Operação Satiagraha.

Como previu este Conversa Afiada, não adiantou o ministro Eros Grau sentar em cima dos documentos que incriminam Daniel Dantas.

No primeiro conjunto de documentos, das páginas 54 a 57, assiste-se à mais deslavada operação de evasão fiscal e pagamento de propina.

Há a reprodução de um diálogo entre Humberto Braz, que apareceu no jornal nacional no ato de subornar um funcionário público, e Norberto Tomaz, homem de inteira confiança de Daniel Dantas, que, segundo documento vazado, realiza pagamento de propinas e controla o caixa dois do grupo Opportunity.

O diálogo ilustra a operação para pagar propina através do pagamento de honorários advocatícios de Wilson Mirza.

O inacreditável é que os agentes de Dantas tem à disposição o talão de nota fiscal de Wilson Mirza.

Até Gilmar Dantas (*) será capaz de corar.

Isto é o que o Conversa Afiada conseguiu ler nos primeiros cinco minutos de análise.

Navalha
Em boa hora, o WikiLeaks Brasil se livrou da Folha (**) e do Globo.
Dificilmente os baluartes do PiG (***) jogariam o Dantas aos leões.
É tudo da mesma jaula.

Paulo Henrique Amorim

(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
*conversaafiada

As origens do mal




Como o imperialismo europeu transformou uma região pacífica no mais famoso barril de pólvora geopolítica da atualidade.
Foto: Ahmad Gharabl/AFP
Os frequentes atos extremistas que assolam o Oriente Médio remetem à pergunta: hoje palco de tamanha violência, por que Jerusalém foi há pouco mais de um século lugar de convivência respeitosa entre judeus, muçulmanos e cristãos? Devemos considerar que até então a cidade encontrava-se sob a tutela do império turco-otomano, cujo califa de outrora, o sultão Osman III, através de um edito de 1757, delimitou muito bem os direitos e competências de cada religião que entendia ser sua a sagrada Jerusalém. As maiores confusões ficavam por conta dos cristãos, particularmente durante a Páscoa, quando a boa convivência dava lugar a vergonhosos acirramentos entre gregos ortodoxos, católicos armênios, coptas egípcios, maronitas sírios e outras comunidades cristãs. Mas, no geral, a convivência era boa e pautada pela tolerância, salvo excessos eventuais. Certa vez, entrevistei um octogenário palestino que me disse ser um judeu o melhor amigo de seu pai. Vizinhos, era - comum caminharem juntos pelas ruas da Palestina; seu pai virava à esquerda e entrava na mesquita, o amigo à direita para a sinagoga. Finalizadas as orações, encontravam-se na saída e continuavam o passeio. Essa utópica cena para os dias de hoje foi fato um dia na Terra Santa.
Não obstante celeumas ideológicas, é quase impossível não atribuir ao imperialismo europeu (logo, ao capitalismo), o barril de pólvora em que se transformou o Oriente Médio. O desarranjo lógico do território forjou ali as mais esdrúxulas unidades sem o mínimo lastro histórico-geográfico que justificasse a existência de certos países, em particular às margens do Golfo Pérsico, mas também nas areias do deserto. Fronteiras mal formuladas construíram gradativamente o clima de tensão que hoje se abate na região. A tensão evoluiu para violência na segunda metade do século XX, cujas três últimas décadas assistiram ao surgimento de um novo fenômeno: o fundamentalismo.
INTOLERÂNCIA: FENÔMENO DO SÉCULO XX
Quem matou o Mahatma Gandhi? Quem matou Yitzhak Rabin? Quem matou Anwar Sadat? Cada um desses líderes foi morto pelo fundamentalismo intrínseco à sua própria religião.
Apesar de litígios religiosos serem antiquíssimos, é no século XX que o extremismo torna-se fenômeno comum. Temos notícias de atentados religiosos desde o fim do século XIX, quando a Irmandade Muçulmana lutava contra o domínio britânico no Egito. Mas o parâmetro contemporâneo para aquilo que se convencionou designar como “fundamentalismo” podemos encontrar na Revolução Islâmica de 1979, quando o Irã converteu-se em uma teocracia xiita.
Contudo, é no cristianismo que residem os primórdios do fundamentalismo. Suas raízes estão ligadas ao protestantismo cristão norte-americano do século XIX, cuja leitura literal e dogmática da Bíblia difundia a crença de uma supremacia cristã e a não aceitação de outras verdades religiosas, fundamentos que tanto contribuíram para a formação da cultura Wasp (White, Anglo-Saxon and Protestant ou Branco, Anglo-Saxão e Protestante). Líderes norte-americanos passaram a se inspirar nesses preceitos para a orientação do modo de vida, num claro enfrentamento com a modernização da sociedade. Nessa linha, o homem deve pautar-se numa leitura ortodoxa da palavra de Deus, o Ser infalível que orienta todo o modus vivendi da sociedade. Para os fundamentalistas, qualquer interpretação da vida que não encontre uma justificativa bíblica deve ser refutada. A Bíblia não deve ser interpretada, como fazem os teólogos mais progressistas, mas simplesmente obedecida, pois é a verdadeira palavra de Deus: basta segui-la. A História, a Geografia e, principalmente, a Biologia nada acrescentam ao conhecimento. O evolucionismo deve ser banido como teoria e ser substituído plenamente pelo criacionismo – esta, sim, uma teoria embasada na palavra divina. O fundamentalismo consiste nesse comportamento de obediência extrema a um credo religioso, que não aceita conviver com outra perspectiva ou forma de explicação da vida. Há uma única verdade: Deus.
Na perspectiva fanática, portanto, a crença do outro está equivocada. Acontece que, quando o outro pensa da mesma forma, aflora a intolerância e a coexistência torna-se impossível. Resultado: conflitos e mortes. A origem disso é cristã, mas, nos dias de hoje, é o fundamentalismo islâmico o mais atuante de todos e seus feitos, os mais impressionantes.
O fundamentalismo é um movimento reacionário, pois pretende um retorno aos valores tradicionais que fundamentam sua crença, numa clara oposição ao secularismo e à modernidade. A emergente Índia, por exemplo, candidata à condição de potência econômica nos anos vindouros, tem no combate ao extremismo religioso interno seu maior desafio. O Partido do Congresso, laico, tenta, a duras penas, construir uma nação secular, mas o oposicionista Barhatya Janart Party (BJP), de orientação fundamentalista hindu e que já governou nos anos 1990, luta por uma Índia teocrática, caminhando no sentido contrário e investindo na supremacia bramanista perante uma minoria muçulmana de mais de 150 milhões de habitantes. A atmosfera indiana é de pura tensão.
Tendo como grande ícone a Revolução Islâmica, a opção fundamentalista não ficou restrita ao xiismo; inclusive, nos dias de hoje, é na vertente do sunismo que temos os principais grupos atuando. A falta de atenção, no entanto, pode levar muitos a incorrer no mais comum dos erros: a confusão entre islamismo e fundamentalismo, visto que o noticiário pouco contribui ao discernimento das diferenças, podendo levar a entender o extremismo religioso como circunscrito ao islamismo. Sobre o significado da palavra Islã, o xeque Jihad Hassan Hammadeh, vice-presidente da Assembleia Mundial da Juventude Islâmica, uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, informa que “islã”, na língua árabe, deriva da palavra “salam”, que significa paz, portanto, a essência da religião islâmica é a paz, seu alicerce é a paz, por isso é que a definição de islam é: submissão total e voluntária a Deus Único, então quem é voluntário a Deus deve praticar o que Ele ordena, que é a justiça, a paz, o amor, a solidariedade etc. Quanto à violência, a religião islâmica proíbe qualquer ato de injustiça contra qualquer ser e inclui também a agressão contra o meio ambiente. Deus disse no Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos): “E quem tirar uma vida inocente é como se tivesse assassinado toda a Humanidade, e quem salvá-la é como se tivesse salvado toda a Humanidade”, portanto, o muçulmano é proibido de cometer qualquer ato de agressão injusta, dando-lhe, somente, o direito à legítima defesa, que é direito de qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo e em todas as religiões. Deus disse no Alcorão Sagrado: “E se punirem,- que punam da mesma forma como foram punidos,- e quem tiver paciência, é melhor para os pacientes”.
Alguns estudiosos do Islã afirmam ser equivocada a expressão “fundamentalismo” para designar os atos extremistas que marcaram o fim do século XX. Em sua concepção, o termo é totalmente infeliz, uma vez que se faz uma adaptação da realidade cristã à islâmica. Tal analogia é então descabida, pois as escolas de filiação religiosa são distintas. Enquanto no cristianismo a interpretação do fundamentalismo é visceralmente conservadora, antimodernista e arraigada aos valores tradicionais da Bíblia, no Islã, dá-se o contrário. Logo, o que vemos e classificamos hoje como fundamentalismo islâmico é exatamente o oposto daquilo que pregam os verdadeiros estudos dos fundamentos do Islã. Regimes como o iraniano ou o que era vigente até há pouco tempo no Afeganistão seguem o oposto daquilo que seriam os “fundamentos do Islã.”
Edilson Adão Cândido da Silva é mestre em Ciências pela USP, autor de Oriente Médio: A Gênese das Fronteiras (Editora Zapt) e professor de Geopolítica e Teoria das Relações Internacionais no Ensino Superior
*cartacapital

Lula diz que expansão agrícola é chave para desenvolvimento da África


Bastante aplaudido por brasileiros em debate no FSM, Lula defendeu a criação do Estado Palestino, apoiou a revolta popular no Egito, criticou os países ricos e afirmou que as savanas africanas, como o cerrado brasileiro, poderiam dar suporte ao avanço da agricultura e da segurança alimentar.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (7) que as nações africanas deveriam apostar no desenvolvimento agrícola como forma de garantir soberania alimentar e gerar riquezas por meio da exportação dos produtos.
Em sua primeira viagem internacional após deixar a presidência do Brasil, Lula veio ao Senegal para participar do Fórum Social Mundial em uma mesa de debates sobre "A África na geopolítica mundial", na qual falou ao lado do presidente senegalês, Abdoulaye Wade.
Ao longo de sua exposição, bastante aplaudida por dezenas de ativistas brasileiros, Lula defendeu a criação de um Estado Palestino, apoiou a revolta popular no Egito, criticou as potências econômicas e o neoliberalismo e exaltou os resultados de seus governos (2003-2010), sobretudo no que diz respeito ao combate à miséria.
Após voltar ao Brasil, o ex-mandatário brasileiro fará outra viagem internacional neste mês: a convite, visitará o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que enfrentará eleições em 2012.
Em sua fala no Fórum, Lula afirmou que as nações africanas precisam cortar os laços de dependência que ainda mantêm com as ex-metrópoles. Para isso, a questão alimentar seria essencial. "Não há soberania efetiva sem segurança alimentar", disse. Para o ex-presidente, a experiência brasileira na área agrícola, ainda que não seja possível a "transposição de modelos", revela que é viável a expansão da produção de alimentos em terras pouco valorizadas.
"Até os anos 70 o cerrado brasileiro era considerado um deserto verde, sem condições de sustentar uma agricultura produtiva", lembrou Lula. Mas, graças à atuação do Estado no fomento à pesquisa, essas regiões "tornaram-se grandes fornecedoras de alimentos para o mundo e viabilizou-se a política de erradicação da fome em nosso país".
Para ele, as savanas africanas poderiam repetir a história do cerrado no continente. Segundo Lula, as savanas se espalham por mais de 25 países da África e, com investimento em pesquisa, seria possível desenvolver seu potencial agrícola.
Hoje, apenas 10% da área das savanas possuem cultivos agrícolas. Na opinião do brasileiro, a elevação desse índice ajudaria a reduzir o drama da fome no continente, que poderia se tornar um grande fornecedor de alimentos no mundo. "Se o território dos países ricos está escasso para produzir alimentos, se há mais africanos, chineses, indianos, coreanos e latinos comendo, onde há terra para produzir alimento?", questionou, para em seguida responder: "A África e a América Latina podem e devem suprir os alimentos que são um produto essencial para a vida humana".
Lula criticou ainda os subsídios agrícolas dos países ricos e a atual escalada de preços das commodities no mundo, afirmando que a culpa é da especulação. "Não há nenhuma explicação para o preço do petróleo superar 100 dólares", disse.
Em ataque direto à ciranda financeira, o ex-mandatário lembrou que, apesar de sempre faltarem recursos para programas de erradicação da fome, sobraram fundos para "resgatar bancos e instituições financeiras na recente crise financeira internacional".
Para o brasileiro, os países africanos precisam alterar os modelos de cooperação internacional vigentes e não mais aceitar a imposição de modelos externos.
Revoltas populares
O ex-presidente brasileiro registrou pleno apoio às revoltas populares que ocorrem no Norte da África e no Oriente Médio – segundo ele, causadas pela pobreza, pela dominação de tiranos e pela submissão das políticas internas à agenda das grandes potências. E avaliou que a criação de uma cultura de paz – um dos temas históricos do Fórum Social Mundial – não dependeria apenas do fim do comércio de armas, mas sobretudo do combate à fome, à desigualdade e ao desemprego.
Além de criticar a intolerância étnica, cultural e religiosa, Lula mais uma vez atacou o modus operandi dos países ricos, em especial a política da guerra preventiva dos Estados Unidos. Disse que, sem ingerências externas, a África teria mais chances de acelerar seu desenvolvimento econômico e social. "Nos 29 países que visitei como presidente, comprovei a vitalidade deste continente que aqui reafirma sua diversidade ética e cultural", disse.
Para ele, a inclusão econômica de milhões de africanos pode ser uma estratégia para superação mais rápida da crise financeira internacional – assim como a expansão do mercado interno brasileiro evitou a intensificação dos problemas no país.
Ao terminar sua fala, Lula afirmou que o impasse em 2008 sobre as negociações comerciais de Doha, conduzidas pela Organização Mundial do Comércio, não foi resolvido até hoje por obra dos Estados Unidos, que se viam em eleições internas. Lula defendeu o engajamento dos ativistas nesse processo de negociações, bastante contestado por organizações que discutem o tema agrícola no Fórum Social Mundial.
Marcel Gomes
*cartamaior

terça-feira, fevereiro 08, 2011

DIRIGENTES POLÍTICOS OCIDENTAIS E ISRAELITAS ESCONDEM UM PROFUNDO ÓDIO À DEMOCRACIA, DIZ NOAM CHOMSKY

http://glaucocortez.files.wordpress.com/2011/01/noam_chomsky.jpg Chomsky: verdade por trás de aparências entrevista concedida à estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now e publicada pelo Brasil de Fato, o linguista, filósofo e ativista libertário Noam Chomsky discute temas como wikileaks, crise econômica, democracia, entre outros. O professor do Massachusetts Institute of Technology , que já escreveu mais de cem livros, ajudou, 40 anos atrás, o denunciante de dentro do governo norte-americano Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA durante a guerra do Vietnã.

Na entrevista, ele comenta o episódio e defende caso parecido envolvendo o Wikileaks. Para Chomsky, é um absurdo chamar uma organização como essa de terrorista, já que ela revela fatos que o governo gostaria de manter escondidos da população. O fato é que, segundo Chomsky, é extremamente importante que a população tenha conhecimento desses fatos e o wikileaks cumpre com essa função.

Ele ainda fala sobre a polêmica envolvendo o Irã e a política de armas nucleares; e destrói a propaganda feita pelo governo norte-americano e israelita segundo a qual o Irã é o grande inimigo dos árabes e por isso deve ser combatido e permanecer distante de armas nucleares. Na realidade, o linguista revela que apenas 10% da população árabe vê o Irã como inimigo. “O que isso revela é o profundo ódio à democracia por parte dos nossos dirigentes políticos e dos dirigentes políticos israelitas. São coisas que nem referidas podem ser. Isso impregna todo o serviço diplomático”, declara Chomsky.

Veja trecho da entrevista, seguida de link para texto completo:

WikiLeaks, crise econômica e outros temas
A estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now entrevistou à distância o linguista, filósofo e activista libertário Noam Chomsky, em vésperas do seu 82º aniversário
Amy Goodman
Amy Goodman: Encontramo-nos com o distinto dissidente político e linguista de reputação mundial Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology e autor de mais de cem livros, incluindo o seu mais recente Esperanças e realidades, para obter a sua reacção aos documentos da WikiLeaks. Há quarenta anos, Noam e Howard Zinn ajudaram o denunciante de dentro do governo Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA da guerra do Vietname. Noam Chomsky fala-nos a partir de Boston… Antes de falarmos da WikiLeaks, qual foi a sua participação nos “Documentos do Pentágono”? Não creio que a maioria das pessoas esteja informada sobre isso.
Noam Chomsky: Dan e eu éramos amigos. O Tony Russo também os preparou e ajudou a filtrá-los. Recebi cópias do Dan e do Tony e várias pessoas as distribuíram à imprensa. Eu fui uma delas. Então o Howard Zinn e eu, como você disse, editámos um volume de ensaios e indexámos os documentos.
Amy Goodman: Explique como funcionou. Penso sempre que é importante contar essa história, especialmente aos jovens. Dan Ellsberg – funcionário do Pentágono com acesso ao máximo segredo – saca da sua caixa de fundos essa história da intervenção dos EUA no Vietname, fotocopia-a, e então como veio parar às suas mãos? Entregou-lha directamente a si?
Noam Chomsky: Chegou-me por intermédio de Dan Ellsberg e de Tony Russo, que tinham feitos as fotocópias e preparado o material.
Amy Goodman: Foi muito editado?
Noam Chomsky: Bem, nós não modificámos nada. Não corrigimos os documentos. Ficaram na sua forma original. O que fizemos, o Howard Zinn e eu, foi preparar um quinto volume além dos quatro que apareceram, que continha ensaios críticos de muitos peritos sobre os documentos, o que significavam, etc. E um índice, que é quase imprescindível para poderem ser seriamente utilizados. É o quinto volume da série da Beacon Press. (Texto Completo)
*educaçãopolítica

Lula no FSM: ricos trocam neoliberalismo por nacionalismo atrasado




Por Redação, com ABr - de Dacar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do Fórum Social Mundial uma atitude firme diante da posição dos países ricos em relação à África. Ele foi aplaudido pelos representantes dos movimentos sociais que lotaram o auditório, entre eles muitos brasileiros, ao dizer que acha que “não faz sentido que Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial imponham ajustes que inviabilizem políticas públicas de incentivo à agricultura em países pobres”.

– Penso que o Fórum deveria tomar uma decisão: não é possível que o mundo rico não assuma um compromisso com o Continente Africano, exatamente no momento em que o preço dos alimentos sobe no mundo inteiro. Não pensem que o G-20 tem sensibilidade para o problema da fome. Só fomos chamados para reuniões com os países ricos quando eles entraram em crise e precisavam do nosso apoio – afirmou Lula.

Também foi saudado ao afirmar que é cada vez mais forte a consciência de que fracassou o chamado Consenso de Washington (conjunto de medidas pactuadas em 1989 por organismos financeiros multilaterais, como FMI e Banco Mundial, que serviu de base para políticas de estabilização econômica de países em desenvolvimento).

– Quem, com arrogância, nos dava lições, não foi capaz de evitar a crise nos seus próprios países. Felizmente não vigoram mais as teses do Estado mínimo, sem presença reguladora. O mercado já não é mais a panaceia – disse.

Lula completou dizendo que não se pode trocar o neoliberalismo pelo “nacionalismo atrasado, opção da direita norte-americana e europeia, culpando o imigrante pela corrosão social”. Lula participou de uma mesa sobre a peso geopolítico da África, ao lado do presidente de Senegal, Abdoulaye Wade.

– O Brasil não tem pretensão de ditar modelos para ninguém – disse. Mas, segundo ele, o êxito do país “pode ser um estímulo para a construção de um caminho alternativo ao desenvolvimento sustentável e igualidade social”.

Ainda segundo o ex-presidente, “é hora de colocar o desenvolvimento e a democracia no centro da agenda africana”. “É urgente incorporar à cidadania milhões de africanos pobres, o que será importante também na recuperação da economia mundial”. A saída, segundo ele, é produzir alimentos.

– Não há soberania efetiva sem segurança alimentar.

Lula disse que leva ao fórum a mensagem de quem governou o país com a segunda maior comunidade negra do mundo (80 milhões de pessoas), menor apenas que a da Nigéria. Repetiu o pedido de desculpas feito quando da primeira visita ao Senegal, em 2005, por causa do processo de escravidão ocorrido no Brasil até o fim do século 19. “A melhor maneira de reparar é lutar para fazer desse Continente um dos mais prósperos e justos do século 21”.

Na sequência, o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou ter “profundos desacordos” com os participantes do fórum porque é “um liberal, partidário da economia de mercado, e isso diz tudo”. Entretanto, afirmou, o Fórum Social é importante porque “o mundo espera pela ideia que o salvará do caos”.

Presidente desde 2000, Wade afirmou que o Senegal melhorou muito desde então. “A renda per capita era de menos de U$ 1,5 mil em 1999. Hoje é de U$1,34 mil, duas vezes e meia o limite da pobreza”. O país também é autossuficiente na produção de alimentos.

– A aspiração à mudança é fundamental. E hoje a África está numa encruzilhada. A imagem é de continente pobre, mas é preciso corrigir essa ideia. Ela não é pobre – foi empobrecida – sentenciou o presidente do Senegal.

Wade disse que apoia a proposta de taxação do fluxo de capitais em 20%, o que geraria recursos para combater a pobreza. E defendeu que a África tenha um assento com direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). “70% dos temas tratados (no conselho) são relativos à África”, disse o presidente senegalês.

A hipocrisia dos EUA e de Israel escancarada




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