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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 09, 2012

Três belicistas, um santarrão, um esquisitão


Bristol (EUA) – Amigos, esta é a descrição mais sucinta que se pode fazer no momento dos três principais candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos: todos os três querem bombardear o Irã, um não se cansa de papar missas e o outro viajou um dia de Massachusetts ao Canadá com o cachorro da família amarrado no teto do carro.
Há um quarto, no momento a rápido caminho do ostracismo: Ron Paul, que quer acabar com o Banco Central (o Federal Reserve Bank), expurgar do orçamento toda e qualquer menção de gasto público - não se sabe como receberá seu salário de presidente, caso eleito - e adotar outra vez o lastro de ouro para o dólar.
É bem verdade que, em decorrência de seu horror a qualquer gasto, Ron Paul opõe-se a bombardear o Irã. Ele quer cortar a ajuda dos Estados Unidos aos países estrangeiros, aí incluído Israel. Uma posição que, é claro, irrita profundamente o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, pois Israel não resistiria muito tempo se não dispusesse do dinheiro dos contribuintes americanos para seus gastos civis e militares.
Os americanos não sabem a sorte que têm em contar no momento com um presidente moderado como Barack Obama – imaginem, ele que é reiteradamente chamado de radical pela direita. Obama compreende que o país não pode mais embarcar numa aventura do tipo Afeganistão e Iraque.
Uma recente pesquisa de professores universitários revelou por sinal que Barack Obama é o presidente mais centrista eleito pelos democratas desde a Segunda Guerra Mundial. Perde apenas para Franklin Delano Roosevelt, que governou o país durante os tempos da Depressão e da Guerra, e cujo plano econômico, o New Deal, resgatou a atividade econômica.
O Plano de Estímulo de Barack Obama não foi tão vigoroso quanto o New Deal, mas mesmo assim há indícios de que a economia dos Estados Unidos começa a crescer outra vez, ao contrário do que se passa em países europeus engolfados pela onda de austeridade.
Austeridade que os republicanos insistem em prometer nas primárias de seu partido – excetuando-se, claro, as aventuras militares. Newt Gingrich é apoiado por um bilionário intimamente ligado a Benjamin Netanyahu e deseja bombardear o Irã. Mitt Romney, o mórmon esquisitão que levou seu cachorro amarrado no teto do carro até o Canadá, já disse que vai bombardear o Irã, invadi-lo, depor os aiatolás, despachar um número imenso de porta-aviões para o Estreito de Hormuz.
Rick Santorum, para não destoar, também critica a “tibieza” ” de Barack Obama em relação ao Irã, e disse que teve vontade de vomitar ao ouvir o discurso de John Kennedy afirmando que raligião e governo não devem se misturar. Ele é um aiatolá da Igreja Católica, que nega às mulheres o direito de usar a pílula anti-concepcional. Acha que dar a todos a oportunidade do ensino superior é “esnobismo”.
Na verdade, o candidato considerado mais doido entre os republicanos, o excêntrico Ron Paul, é o que tem mais sanidade mental.
Ou malucos são mesmo os eleitores do partido?
José Inácio Werneck
*Direto da Redação

quinta-feira, março 08, 2012

Vaticano não se faz respeitar 

 


Pela primeira vez, o governo norte-americano, por meio do Departamento de Estado, coloca o pequeno Estado do Vaticano na lista dos 67 países potencialmente suscetíveis à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas.
O elenco, na categoria de “ Estados preocupantes”,  acaba de ser  publicado no relatório anual da International Narcotics Control Strategy, que será encaminhado ao Congresso dos EUA na próxima semana.
O Vaticano, como “Estado preocupante”, figura ao lado, por exemplo, da Albânia, República Tcheca, Egito, Coreia do Sul, Malásia e Iêmen.

Vaticano não se faz respeitar


Pela primeira vez, o Vaticano surge na lista dos Estados potencialmente vulneráveis à lavagem de dinheiro em casos de droga.
*Abolapt

Israel pede bombas aos EUA: Ameaça ou pressão contra o Irã?

 

Israel busca que os Estados Unidos aprove a venda de avançados sistemas de reabastecimentos e bombas anti-bunker, que poderiam ser usadas para ataques contra o Irã.
Tal solicitação foi feita pelo primeiro ministro israelense, Benjamim Netanyahu, durante sua recente reunião com o secretario de Defesa norte-americano, Leon Panetta, segundo informou o jornal israelense ‘Haaretz’.
Segundo o jornal, que cita a um alto funcionário norte-americano sem identificar, se trata das bombas GBU-28 que poderiam destruir alguns dos centros do controvertido programa nuclear iraniano.  
O funcionário assinala que o presidente, Barack Obama, encarregou a Panetta para trabalhar diretamente nesta matéria com o ministro de Defesa israelense, Ehud Barack, e que Washington, está inclinado a aceitar a demanda o quanto antes possível.
Sobre o governo de George W. Bush, os EUA rechaçaram o fornecimento de tal material bélico pelas suspeitas de que Israel poderia usá-las contra o Irã.
Segundo uma investigação difundida pela imprensa, os EUA poderia ter vendido em 2009 – em secreto – a Israel, 55 bombas de penetração profunda GBU-28, apontadas como “rompedoras de bunkeres”.
Em 9 de janeiro passado, o Irã anunciou o começo de enriquecimento de uranio na usina subterrânea de Fordow, que se encontra a tal profundidade, que é inalcançável pelos atuais mísseis de Israel.
Enquanto se intensifica a pressão internacional sobre o Irã, que já tem desembocado num série de sanções, se está aumentando, também, a presença militar dos EUA e Reino Unido no Golfo Pérsico.
O impulsionador destes movimentos é a acusação, por parte do Ocidente, de que o Irã estar desenvolvendo armas nucleares, algo que Teerã nega de forma reiterada e mediante diversos canais, declarando que necessita desenvolver seu programa nuclear para fins energéticos de caráter civil.  
Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz historia)

Informe internacional evidência o fortalecimento militar britânico nas Ilhas Malvinas

O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) reconheceu, nesta quarta-feira, num informe anual, que na atualidade a presença militar nas Ilhas Malvinas representa um poderio superior ao de 30 anos atrás, quando Reino Unido e Argentina se enfrentaram pela soberania do Arquipélago.
Na contenda de 1982, os britânicos contavam com um contingente da Marinha nas Malvinas e, no presente, tem empregado mil soldados e ao menos três buques de guerra, destaca o documento.
Além disso, possui também quatro aviões de combate Typhoon que patrulha o espaço aéreo, assim como, uma rede de radares. Por outro lado, enviou um de seus buques mais modernos, o destruidor HMS Dauntless, e o submarino nuclear Vanguard. Tudo isso, a revelia do chamado de Buenos Aires para resolver, pela via diplomática, o litígio sobre o território.  
O anuncio de IISS se deu a conhecer a proposito das recentes tensões entre os dois Governos, que reclamam a soberania das Ilhas, localizada no Oceano do Atlântico Sul, na plataforma continental da América do Sul.
Buenos Aires reclama a soberania sobre as Ilhas Malvinas, Georgias de Sur e Sandwich del Sur e os espaços marítimos circundantes, os que Reino Unido ocupou em 1833 e, sobre os quais, mantém uma disputa internacional desde a guerra de 2 de abril de 1982, que durou 74 dias.
A guerra terminou em 14 de junho com um balanço de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.
Diante da negativa britânica de reconhecer o direito do país sul americano, a Argentina apresentou uma queixa formal no Conselho de Segurança das Nações Unidas, por considera que o Reino Unido militariza o Atlântico Sul ao anunciar o envio de um barco militar de guerra.
O chanceler argentino, Héctor Timerman, informou nesse contexto sobre a “violação do Reino Unida das cercas de 40 resoluções das Nações Unidas, que convocam ao diálogo entre esse mencionado país e Argentina para resolver, pacificamente, o conflito iniciado em 1833, com a invasão militar das Ilhas Malvinas”, segundo um comunicado emitido pela secretaria.
Tradução de Luis Carlos (Redação do blog o povo na luta faz história)

Ricardo Teixeira pede afastamento da presidência da CBF

 

Record inicia série de denúncias que derrubaram o dirigente
Ricardo Teixeira está de licença da CBF. Nesta quinta-feira (8), o presidente da entidade confirmou seu afastamento aos presidentes das 27 federações de futebol no Brasil, alegando motivos médicos para se afastar por tempo indeterminado.
Em seu lugar, assumirá José Maria Marin, vice-presidente da CBF e que, recentemente, ganhou notoriedade aoroubar uma medalha após a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Justiça suíça manda Fifa divulgar dossiê
Documentário denuncia Teixeira por corrupção
Ricardo Teixeira, no cargo há 23 anos, vinha sendo bastante pressionado e sua renúncia chegou a ser dada como certa antes do Carnaval. Uma série de denúncias de corrupção, iniciadas pela Rede Record, minaram a credibilidade do cartola.
Porém, ao retornar de viagem a Miami (EUA), no fim do mês passado, descartou a possibilidade de sair e retomou suas atividades à frente da CBF.
Teixeira constrói vasto patrimônio após assumir CBF
Deputados querem investigar Teixeira
Agora, com menos pressão, adota uma saída estratégica. Não se sabe, contudo, se desta vez voltará ao comando da entidade ou se a deixará nas mãos de Marin. O dirigente assume o posto em caso de renúncia por ser o vice-presidente mais velho, com 79 anos.
Além de ser presidente da CBF, na qual tem mandato até 2015, Ricardo Teixeira acumula a função de presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, que será disputada no Brasil.
Ao seu lado, em busca de mais prestígio, colocou os ex-atacantes Ronaldo e Bebeto como conselheiros. Ao pedir licença da entidade, o cartola também se afasta, por um mês, do Comitê.
http://esportes.r7.com/futebol/noticias/ricardo-teixeira-pede-licenca-da-presidencia-da-cbf-20120308.html?question=0

Cidade espanhola vai plantar maconha para saldar dívida

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Driblando a crise: a cidade espanhola de Rasquera irá plantar maconha como forma de  saldar sua dívida de 1,3 milhões de euros (cerca de R$ 3 milhões). O financiamento para o polêmico plantio da erva será feito ao longo dos próximos dois anos pela Associação de Consumidores de Maconha de Barcelona.
Mas as autoridades espanholas ainda estão estudando se a medida é ou não legal. A lei do país permite o consumo de maconha em bases pessoais ou compartilhada, mas o tráfico é punido com penas que podem chegar a 6 anos de prisão. Se a moda pega... (Vi no @Estadão)
maconha *Terra

Problemas de mulher

 

Uma boa maneira de começarmos a pensar sobre o problema que envolve o significado de ser mulher e, de certa forma, o aprisionamento em que se encontram os sujeitos femininos (e na contramão, mas diretamente envolvido, também os masculinos) é colocando em xeque a existência de um problema que envolve exclusivamente essa divisão: homens de um lado, mulheres do outro.
No discurso ordinário, a utilização de uma divisão binária, epistemológica e ontológica, das categorias de gênero nos possibilita destinar aos dois campos características e papéis que poderiamos dizer serem oriundas daquele próprio organismo. Logo, o convite é oferecido: estamos diante de uma investigação da (in)existência de um problema que recai, neste caso específico, ao grupo das mulheres. E que problema seria esse? Como forma de esclarecer o pensamento aqui comprometido, penso ser indispensável suspeitarmos da (im)possibilidade de conseguirmos definir uma identidade das ‘mulheres’, ou seja, de não conseguirmos constituir o sujeito estável e permanente de uma teoria feminista sem que isso acabe por minar os interesses reais de uma busca por justiça e inclusão. Talvez, por mais esquisito que isso possa parecer, seja necessário pensarmos que os sujeitos, caracterizados de maneira a priori, de quaisquer que sejam nossas teorias, são produções de sistemas de poder e, por essa razão, não existem de fato; ou seja, são projetos de uma ficção comprometida com a manutenção do poder vigente.
Logo, é preciso ter em mente a possibilidade de estarmos comprando uma ficção fundacionista do sujeito que nos faz acreditar que um termo como ‘mulheres’ possa definir elementos criteriosos que vão denotar uma identidade comum a todos os sujeitos que participam desse ‘grupo’. Neste caso, podemos suspeitar que a fala “talvez não existam mulheres”, da filósofa Julia Kristeva, possa fazer algum sentido. De qualquer forma, o que essa nova perspectiva de encarar as teorias feministas chama atenção é para o fato de que é preciso romper com os parâmetros que fundaram as relações políticas e culturais das nossas sociedades e que, advindo disso, dominaram e dominam a nossa forma de se relacionar não com as categorias de ‘homens’ ou ‘mulheres’, mas com a humanidade.
Desta maneira, não é preciso ignorar o processo histórico que nos fez ser quem somos, mas incluir nesse processo a compreensão de que nossa percepção do mundo de fora e também de nós mesmos é fruto de algo maior. Ser mulher, ser feminina, ser moça, ser santa ou ser puta são conceitos que nasceram como fruto de uma dominação patriarcal, masculina, para não dizer heterossexual. Sendo assim, oferecida a suspeita de tal diagnóstico, passamos a enaltecer as ‘mulheres’, na sua utilização ordinária, que fizeram parte desse processo histórico de luta pela emancipação das mesmas à categoria de ‘indivíduos’ desprovidos de qualquer poder político que quisesse lhe conceder aquilo que deveriam ser. Dentro dessa perspectiva feminista comprometida com todas as variações possíveis que podem formar a identidade dos sujeitos, problemas de mulher passam a ser, na verdade, problemas da humanidade.
Ps: Este texto é dedicado a todas as pessoas que fizeram e fazem de suas vidas a luta por um mundo melhor, mais igualitário e inclusivo. (Dedicado especialmente a Maria Clara Dias, Marcia Tiburi, Laerte Coutinho e Judith Butler)
Fabio Oliveira

Eduardo Galeano - Mujeres










Deleite às mulheres