Três belicistas, um santarrão, um esquisitão
Bristol (EUA) – Amigos, esta é a
descrição mais sucinta que se pode fazer no momento dos três principais
candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos: todos os três
querem bombardear o Irã, um não se cansa de papar missas e o outro
viajou um dia de Massachusetts ao Canadá com o cachorro da família
amarrado no teto do carro.
Há um
quarto, no momento a rápido caminho do ostracismo: Ron Paul, que quer
acabar com o Banco Central (o Federal Reserve Bank), expurgar do
orçamento toda e qualquer menção de gasto público - não se sabe como
receberá seu salário de presidente, caso eleito - e adotar outra vez o
lastro de ouro para o dólar.
É
bem verdade que, em decorrência de seu horror a qualquer gasto, Ron
Paul opõe-se a bombardear o Irã. Ele quer cortar a ajuda dos Estados
Unidos aos países estrangeiros, aí incluído Israel. Uma posição que, é
claro, irrita profundamente o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, pois
Israel não resistiria muito tempo se não dispusesse do dinheiro dos
contribuintes americanos para seus gastos civis e militares.
Os
americanos não sabem a sorte que têm em contar no momento com um
presidente moderado como Barack Obama – imaginem, ele que é
reiteradamente chamado de radical pela direita. Obama compreende que o
país não pode mais embarcar numa aventura do tipo Afeganistão e Iraque.
Uma
recente pesquisa de professores universitários revelou por sinal que
Barack Obama é o presidente mais centrista eleito pelos democratas desde
a Segunda Guerra Mundial. Perde apenas para Franklin Delano Roosevelt,
que governou o país durante os tempos da Depressão e da Guerra, e cujo
plano econômico, o New Deal, resgatou a atividade econômica.
O
Plano de Estímulo de Barack Obama não foi tão vigoroso quanto o New
Deal, mas mesmo assim há indícios de que a economia dos Estados Unidos
começa a crescer outra vez, ao contrário do que se passa em países
europeus engolfados pela onda de austeridade.
Austeridade
que os republicanos insistem em prometer nas primárias de seu partido –
excetuando-se, claro, as aventuras militares. Newt Gingrich é apoiado
por um bilionário intimamente ligado a Benjamin Netanyahu e deseja
bombardear o Irã. Mitt Romney, o mórmon esquisitão que levou seu
cachorro amarrado no teto do carro até o Canadá, já disse que vai
bombardear o Irã, invadi-lo, depor os aiatolás, despachar um número
imenso de porta-aviões para o Estreito de Hormuz.
Rick
Santorum, para não destoar, também critica a “tibieza” ” de Barack
Obama em relação ao Irã, e disse que teve vontade de vomitar ao ouvir o
discurso de John Kennedy afirmando que raligião e governo não devem se
misturar. Ele é um aiatolá da Igreja Católica, que nega às mulheres o
direito de usar a pílula anti-concepcional. Acha que dar a todos a
oportunidade do ensino superior é “esnobismo”.
Na verdade, o candidato considerado mais doido entre os republicanos, o excêntrico Ron Paul, é o que tem mais sanidade mental.
Ou malucos são mesmo os eleitores do partido?
José Inácio Werneck*Direto da Redação
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