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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 28, 2012

Argentina discute militarização das Malvinas durante Cúpula

Durante a II Cúpula de Segurança Nuclear, que é realizada na Coreia do Sul, o chanceler argentino Héctor Timerman advertiu sobre o envio de um submarino nuclear inglês ao Atlântico Sul e exigiu que a Grã-Bretanha “confirme a ausência de armas nucleares” nesta zona. Por meio de seu vice-ministro Nicholas Clegg, o Reino Unido, sem apresentar provas ou argumentos, qualificou esse pedido como “infundado”.
Durante sua intervenção, Timerman chamou atenção para os “recentes episódios de militarização” segundo os quais “uma potência extra-regional envia um submarino nuclear a uma zona cuja soberania é objeto de disputa reconhecida pelas Nações Unidas e se nega ao mesmo tempo a confirmar se com esta ação não estaria introduzindo armas nucleares na zona desnuclearizada”.
Nick Clegg reforçou, nesta terça-feira (27), que as suposições de que o Reino Unido teria enviado um submarino nuclear às Malvinas são "sem fundamentos".
“Meu país demanda que se respeite o compromisso de paz que os países sul americanos escolheram para a região. A Argentina exige que a potência extra-regional que recentemente enviou um submarino capacitado para transportar arsenal nuclear para patrulhar o Atlântico Sul confirme a ausência de armas nucleares na região”, disse Timerman.
O chanceler sustentou ainda, frente aos mandatários e representantes diplomáticos das potências (entre os quais o presidente dos EUA, Barack Obama) que a militarização britânica nas Malvinas “nos traz novamente o tema do alcance do compromisso por parte dos países possuidores de armas nucleares com suas obrigações como Estados parte de tratados de zonas livres de armas nucleares”.
O ministro argentino lembrou que seu país, junto ao Brasil, "conforma o eixo sobre o qual se constrói a desnuclearização do Atlântico Sul" e "não se deve utilizar a dissuasão nuclear contra países que renunciaram as armas de destruição em massa".
“Um tratado que estabelece uma zona livre de armas nucleares é, antes de tudo, um tratado de segurança. Que proteção nos dá o tratado de não proliferação quando uma potência nuclear ameaça de maneira direta ou velada com a possibilidade de introduzir armas nucleares na zona desnuclearizada?”, questiona Timerman.
*comtextolivre

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