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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 30, 2012

ESCOLA DO MST LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ABELARDO LUZ, EM SANTA CATARINA, TEM A MELHOR NOTA DA CIDADE NO ENEM

Projeto educacional do MST vem dando certo no campo

Em uma sociedade onde, infelizmente, o acesso à cultura e educação de qualidade chega para poucos, uma escola do MST, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, dirigida por militantes e com professores indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, conquistou a melhor nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em comparação com as outras escolas da cidade.

O fato obviamente não teve muito destaque na mídia, tampouco na política local, o que não é surpresa diante de um cenário marcado por fortes cargas de preconceito ideológico que não valoriza o protagonismo popular e as iniciativas que dão certo, mesmo contra todas as expectativas.

A educação no campo, de forma geral, vive um sério período de crise. Nas escolas faltam professores, material didático e até os próprios alunos que, na maioria das vezes, não conseguem chegar à escola. Diante dessa realidade, projetos educacionais que dão certo no campo, caso dessa escola de Abelardo Luz deveriam ser reproduzidos e valorizados em tudo aquilo que propõe de novo e eficaz na prática educacional.

Não se trata de fazer apologia ao projeto educacional do MST e sim de reconhcer uma experiência que vem dando certo, mesmo com tantas dificuldades. Muitos dizem que as escolas do MST servem a uma ideologia e “doutrinam os alunos”, no entanto, o sucesso dos alunos do município de SC no Enem revela que, em última instância, a qualidade de um ensino vai muito além da questão ideológica, mesmo porque ideologia sempre existe, e as piores são aquelas que se disfarçam sob uma aparente neutralidade.

O importante é desenvolver diferentes formas de pensar e a capacidade de escolher, por conta própria, como agir diante da realidade social. E se os alunos conseguem um bom desempenho em exames de avalização, já estão neste caminho.

Veja trecho da notícia publicada no Portal do MST:

*Educaçãopolítica

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