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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 26, 2012

Deleite Leonard Peltier - Native American Prisoner



Na sombra da noite
as vezes, na sombra da noite
eu torno-me espírito

As paredes, os bares, as grades
dissolvem-se em luz e libertam a minha alma
eu voo através da esuridão do meu ser
torno-me transparente, uma sombra brilhante

um pássaro nos sonhos a cantar na árvore da vida
eu não tenho presença, talvez um passado, talvez um futuro.

A minha presença foi tirada de mim, fui deixado num vazio na escuridão do espaço
eu modelo com uma a faca a minha mente
devo modelar de novo para sair dessa clausura

Vou conhecer a essência e a dor da liberdade

Ouça-me, eu sou a voz indígena
ouça-me (cura-me) chorando ao vento
eu sou a voz indígena, escuta-me

Eu falo para os nossos antepassados e eles choram por você dos seus túmulos
falo para as crianças ainda não nascidas e elas choram por você a partir do seu silêncio

Eu sou a voz indígena
escuta-me
eu sou um coro de milhões de pessoas
ouça-nos

Nosso grito de águia ainda vai ser ouvido
estamos chamando a tua consciência

Estamos buscando o choro inédito dentro de você
que a minha voz inaudível possa ser ouvida

Deixe-me falar do meu coração
e as palavras sussurradas ao vento sejam ouvidas por milhões de pessoas
para que todos ouçam
para que todos os ouvidos ouçam
o coração a bater como um
assim como o meu

Coloque o seu ouvido junto a terra e ouvirá o meu coração batendo dentro dela
ponha o seu ouvido ao vento e me ouvirá a falar

Nós somos a voz da Terra do futuro e do mistério
ouça-nos

ouça-nos

ouça-nos...


Fonte: YouTube - Letra de Leonard Pelier, música de Oliver Shanti
Tradução livre: Tibiriçá
*Prezadocarapálida

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