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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 31, 2012

Investigação esquecida? 

É gritante a disparidade de tratamento e apuração de escândalos por parte da imprensa e das autoridades responsáveis pelas investigações quando se trata de governos e políticos da oposição

É gritante a disparidade de tratamento e apuração de escândalos por parte da imprensa e das autoridades responsáveis pelas investigações quando se trata de governos e políticos da oposição. Este é um vício perigoso e que deve ser combatido, na busca de um tratamento isonômico dos escândalos.
O exemplo mais recente disso é a denúncia da venda de emendas parlamentares na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). A prática tucana teria se tornado comum, de acordo com o denunciante, o deputado estadual Roque Barbiere (PTB), integrante da própria base dos governos tucanos no Estado.
Na semana passada, completaram exatos seis meses da denúncia de Barbiere, de que alguns deputados da base governista tucana de São Paulo venderiam emendas para ONGs (Organizações Não-Governamentais), empreiteiras e prefeituras. Até hoje não se tem notícia das ações que o governo estadual adotou para apurar as gravíssimas acusações.
Pelo contrário: foram encerrados os trabalhos da Comissão de Ética da Alesp, que poderia apurar o caso. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) poderia ter sido criada para investigar a denúncia, mas botaram uma pedra em cima. Vale lembrar também que foi preciso o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a imediata instalação de CPIs na Alesp para que elas iniciassem os trabalhos, pois a prática que o governo tucano fixou é a de impedir a instalação das comissões de investigação.
Mais:
*Ajusticeiradeesquerda

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