Mexicanos pedem ao Papa para reconhecer encobrimento da Igreja de casos de pedofilia
Os
mexicanos que denunciaram os abusos sexuais alegadamente cometidos pelo
fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel (1920-2008), pediram
no sábado ao Papa Bento XVI que reconheça a responsabilidade da Igreja
no encobrimento deste caso.
Os mesmos cidadãos pediram ainda a Bento XVI que afirme que “nunca mais” será tolerada a pedofilia.
Em
1999, o ex-sacerdote Alberto Athié enviou a Bento XVI (naquela data
cardeal Ratzinger), por intermédio do bispo mexicano Carlos Talavera,
uma carta na qual denunciava actos alegadamente pedófilos de Marcial
Maciel, que foi recebida no Vaticano e nunca teve resposta.
O
ex-sacerdote considera que com Bento XVI à frente da Igreja, “só ele e
mais ninguém do que ele pode dar um caminho diferente a este tremendo
problema” dos abusos sexuais de menores, “este holocausto de milhares de
meninas e meninos que foram abusados em muitas partes do mundo”.
“Com isto não lhe pedimos que cometa um acto anticristão. É a raiz da consciência cristã”, referiu Alberto Athié.
A
jornalista Carmen Aristegui referiu que esta chamada de atenção a Bento
XVI ganha pertinência por ser feita um dia antes de o Papa dar uma
missa no Parque Bicentenario de Guanajuato, neste domingo, onde são
esperadas 600 mil pessoas.
Algumas
vítimas dos abusos sexuais, alegadamente cometidos por sacerdotes no
México, lamentaram, entretanto, a recusa de Bento XVI em reunir-se com
eles durante a sua visita de três dias ao país, que começou no sábado e
termina na segunda-feira.
“É
lamentável que não o queira fazer, infelizmente faz com que o próprio
Papa seja cúmplice deste tipo de crimes”, afirmou, em declarações à
agência EFE, uma das vítimas, Joaquín Aguilar Méndez.
Encontros
deste género aconteceram nos Estados Unidos e na Austrália, em 2008, em
Portugal e em Malta, em 2010, e na Alemanha, no ano passado.
* Público
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