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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 26, 2012

Çerra decepciona o PIG: só consegue 3 mil votos em prévias, com rejeição de 48% dos próprios tucanos

 

Mesmo com o apoio da máquina do governador Alckmin, do prefeito Kassab, da cúpula tucana, de FHC conclamando os tucanos a votarem no que ele chama de o "mais preparado", mesmo sendo ex-governador, ex-prefeito, ex-senador, ex-ministro duas vezes, e duas vezes ex-candidato a presidente da república, José Serra só conseguiu apoio de 3.176 dos 20,5 mil filiados paulistanos habilitados a votar nas prévias. Um apoio pífio de 15,5%. o que significa que quase metade dos militantes que participaram da eleição interna do partido não votou nele.

Apenas 6.229 tucanos compareceram para votar (30% do total de filiados), e com esse baixo comparecimento, Serra teve 52,1% dos votos, sendo rejeitado por 47,9% dos próprios tucanos que votaram.

O que era para ser comemorado como uma vitória, revela um dramático quadro de divisão e falta de empolgação já na largada da campanha.

Até o colunista do PIG, Fernando Rodrigues, não conseguiu esconder a decepção.

Serra esteve longe de ser um candidato de consenso, arregimentando apenas seus 3.176 votos, contra 1.902 de José Aníbal (31,2%) e 1.082 votos do deputado federal Ricardo Tripoli (16,7%).

Para se ter idéia do quanto foi pífia a votação de Serra, seus 3 mil votos mal dariam para elegê-lo vereador em uma cidade média do interior paulista. 

Vá lá que prévias é uma coisa e eleição real é outra, mas mesmo comparando com outras prévias no Brasil, o desempenho é fraco. Em uma cidade com uma população 23 vezes menor, Niterói (RJ), o pré-candidato do PT à prefeitura, Rodrigo Neves, venceu prévias com 2.219 votos.

O fraco desempenho nas prévios vem a se somar com alguns fantasmas que assombram o tucanato paulistano: o medo da "cristianização" de Serra (debandada de tucanos desafetos para apoiar discretamente outras candidaturas), do corpo-mole, o medo da traição (até Alckmin tem em Chalita um plano "B"), e o medo da "fadiga de material" de Serra (começando na frente nas pesquisas por ser o nome mais conhecido, mas perdendo no final, a medida que o eleitorado conhece outros candidatos e compara), o medo da lei da ficha limpa (Serra respondia a 17 processos em 2010), e o medo da Privataria Tucana tirar José Serra até mesmo de um segundo turno.
*osamigosdopresidentelula

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