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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 27, 2012

Serra nega que tenha convidado papa Bento 16 para vice

Serra aplicou seu primeiro sermão como candidato: “Atire a primeira
bolinha de papel aquele que nunca pecou ou largou a prefeitura.”

Aparecida – Após dar três pulinhos para São Longuinho em agradecimento por ter vencido, enfim, uma eleição, José Serra prometeu fazer o trajeto até sua casa de joelhos. Percorreu dois metros e, esbaforido, pegou um táxi. “Era só uma promessazinha. Não registrei em nenhum cartório”, disse, fazendo o sinal da cruz.

Empolgado por ter conseguido 52% dos votos nas prévias do PSDB, Serra argumentou que o resultado deve ser encarado como uma resposta contundente e definitiva aos que o acusam de tergiversar em seu compromisso frente ao Palácio do Anhangabaú. “Se ninguém contesta quando venço com metade dos votos, por que reclamariam se dou meu trabalho por encerrado a meio caminho de cumprir o mandato integral?”, argumentou.

Serra prometeu assinar um documento no qual se comprometerá a não deixar a Prefeitura até pelo menos abril de 2014, “excluindo-se a Semana Santa e o Carnaval”. Caso permaneça na capital durante tais feriados, será permitido que desconte os dias, adiantando assim a renúncia para meados de abril, “ou finzinho de março, na eventualidade de abrir uma vaga no Banco Mundial, OEA, Otan, Unesco, FMI, Mercosul, CBF, diretoria do Palmeiras, Fiesp ou Big Brother Brasil”.
Um apêndice do documento atestará que, se porventura a presidenta Dilma renunciar, o vice-presidente Temer decidir mudar-se para Miami ou Piracicaba e o ex-presidente Lula ainda não estiver com a saúde inteiramente restabelecida para poder apoiar a candidatura de Edison Lobão à Presidência da República, Serra também se permitirá deixar a Prefeitura, “mas não antes de pelo menos 72 horas de dedicação integral às questões que afligem o cidadão paulistano”, assegurou.

Com um gesto solene, tomou um lápis e assinou o documento, não sem antes testar a eficácia da borrachinha na extremidade oposta do grafite.

Com uma hóstia na boca, o tucano explicou que decidirá, em breve, o nome de seu vice. “Gosto daquele rapaz do Vaticano, o João Paulo 2º. Ele é quase tão coroinha quanto eu.” Ao ser informado que João Paulo não era mais o papa, demonstrou surpresa: “Mudou?”, perguntou a assessores.

Após o vazamento da informação de que pretendia incorporar um papa a sua chapa, Serra apressou-se em negar que tenha convidado Bento 16: “Esse novo papa tem cara de petista”, despistou, enquanto prometia despoluir o Tietê com água benta.

Assustados com a quantidade de derrapadas nos discursos de José Serra, membros do PSDB tentam fechar alianças para diminuir o tempo de TV do candidato. “Estamos analisando a ideia de colocar o Silas Malafaia para dublá-lo”, explicou FHC.

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