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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, novembro 15, 2012
ONU revela que uma a cada oito pessoas passam fome no mundo
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ONU revela que uma a cada oito pessoas passam fome no mundo
Leia em nosso site: ONU revela que uma a cada oito pessoas passam fome no mundo
O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012 (SOFI)” publicado em outubro deste ano por três agências da Organização das Nações Unidas (ONU) – FIDA(Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola),FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e PMA(Programa Mundial de Alimentos) – revelou que uma a cada oito pessoas passam fome no mundo, totalizando cerca de 868 milhões famintos (12,5% da população mundial).Destes, aproximadamente 16 milhões encontram-se nos países desenvolvidos, mostrando que as contradições do capitalismo e as condições sub-humanas a que estão submetidos a maioria da população também estão presentes nos países considerados ricos, onde falsamente a mídia burguesa, os países imperialistas e os exploradores fazem propaganda de que estes lugares são o paraíso e as pessoas possuem seus direitos garantidos e ampla qualidade de vida.
Os dados são ainda mais críticos nos países considerados subdesenvolvidos, nações que na verdade sofreram duras invasões e saques de suas riquezas durante décadas por países como Inglaterra, Estados Unidos, França e, até hoje, continuam com sua soberania ameaçada pela ganância e aprofundamento da miséria pelos que se acham donos do mundo. Segundo o relatório, nas últimas duas décadas, houve aumento da fome na África, de 175 milhões para 239 milhões de pessoas, sendo este crescimento de 20 milhões nos últimos quatro anos. Na Ásia e no Pacífico houve uma redução de aproximadamente 30% (de 739 para 563 milhões de pessoas), mas ainda assim os números mostram que houve pouca mudança quantitativa e qualitativa nos últimos vinte anos para os que todos os dias não têm do que se alimentar. As “missões de paz” dos Estados Unidos nestes países, onde são enviados exércitos e armas para dar “segurança e organizar” a população( ao invés de irem médicos, professores, alimentos, remédios como tem enviado o estado Cubano), possui na verdade o objetivo de reprimir o povo, controlar as riquezas destes países e não permitir que governos populares, democráticos e soberanos se organizem.
No Caribe e na América Latina tem-se atualmente 49 milhões de famintos, sendo deste total 13 milhões de Brasileiros, o quase equivalente a população do estado da Bahia(atualmente com 14,01 milhões de habitantes – Dados do IBGE 2012). É evidente que persiste o alto índice de subnutridos crônicos no Brasil, mesmo que neste período tenha ocorrido no país uma redução de 14,9% (1990-1992) para 6,9% (2010-2012) devido aos programas sociais desenvolvidos pelo governo, em especial o Programa Bolsa Família.
A desnutrição infantil a nível mundial ameaça 500 milhões de crianças, afeta o crescimento e leva a morte 2,5 milhões todos os anos. Segundo estudo realizado nos países da Índia, Bangladesh, Peru, Paquistão e Nigéria pela ONG Save de Chidren, as famílias não possuem condições financeiras para comprar carne, leite e vegetais. No relatório da organização divulgado em fevereiro deste ano, essas crianças podem ter problemas de crescimento nos próximos 15 anos devido a desnutrição e um a cada cinco pais entrevistados revelaram que seus filhos abandonam a escola para trabalhar e ajudar a comprar comida.
Apesar de todo o desenvolvimento técnico, alta produção de alimentos e a humanidade ter o domínio suficiente de conhecimento para eliminar todas as formas de insegurança alimentar e subnutrição, temos visto milhões morrerem ou ter seu futuro comprometido. Para o estado burguês o principal motivo da situação atual são as crises econômicas. No entanto, podemos citar alguns fatos que assim como a crise sempre existirão enquanto o capitalismo organizar a estrutura social: Especulação financeira no mercado de alimentos; Problemas de distribuição, chegando a desperdiçar cerca de um terço da produção; Agronegócio e monocultura que gera concentração de renda, dos meios de produção e da terra, em detrimento da agricultura familiar e comunitária; Exportação de alimentos de qualidade e em larga escala, retenção nacional dos de baixa qualidade; Domínio da produção agrícola por grandes empresas agroindustriais de monopólio estrangeiro e nacional, gerando aumento nos preços dos alimentos; Redução na produção de alimentos para o plantio voltado para produção de biocombustíveis; Tudo isso é consequência do sistema econômico e social, o capitalismo, onde os meios de produção são de propriedade privada, o trabalho para produzir é executado por toda a sociedade, mas os produtos não são socializados, vão para a minoria detentoras dos meios de produção. Isso reflete diretamente na agricultura, em seus ramos de produção e sua estrutura de organização, portanto temos a agricultura capitalista, pois ela está submetida as leis do capitalismo. O lucro e o favorecimento das empresas agroindustriais e da burguesia estão acima de tudo. Para os trabalhadores (que possuem apenas sua força de trabalho para vender) resta a exploração, condições de vida desumanas e baixos salários para comprar alimentos caros.
A erradicação da fome vai além de aumentar a quantidade de alimentos disponíveis para as famílias em risco, é necessário garantir a qualidade destes alimentos em termos de segurança, nutrientes e diversidade. É necessário por fim ao agronegócio e garantir que a produção esteja ligada as necessidades sociais, que todos tenham acesso ao direito mais básico da vida e que os preços dos alimentos não seja refém da especulação financeira. Enquanto a sociedade estiver organizada segundo as leis do capitalismo será impossível garantir que estes 868 milhões não passem fome, pois essa miséria gera lucro e mantem as riquezas da burguesia, a minoria da sociedade e classe dominante, dona dos meios sociais de produção. Como diria Karl Marx “Qualquer que seja a taxa dos salários, alta ou baixa, a condição do trabalhador deve piorar à medida em que se acumula o capital. Trata-se de uma lei que estabelece uma correlação fatal entre a acumulação do capital e a acumulação de miséria, de modo que a acumulação de riqueza em um pólo é igual à acumulação de pobreza, de sofrimento, de ignorância, de embrutecimento, de degradação moral, de escravidão no polo oposto, no lado da classe que produz o próprio capital.”¹ Portanto, cabe a classe oprimida construir um novo sistema econômico, onde os meios de produção e o que for produzido serão de propriedade social, todos terão direito iguais e a fome não terá necessidade de existir para beneficiar e manter a classe exploradora, pois esta sociedade estará organizada pelo povo e para o povo: “O proletariado toma o poder político e, por meio dele, converte em propriedade pública os meios sociais de produção”.² Esse sistema econômico e social que o povo almeja e tem construído no dia-dia através de todas as mobilizações contra o capitalismo e suas contradições e em cada luta pelo direito dos trabalhadores, se chama Socialismo. Quem tem dúvidas de sua eficiência e igualdade social deverá olhar para o exemplo Cubano, único país que erradicou a desnutrição infantil e a pobreza será eliminada em 2015 (Dados da Unicef), enquanto isso a Meta do Milênio das organizações da ONU é reduzir até lá em 50% o número de famélicos, ou seja, até 2015 muito morreram de fome.
O povo Brasileiro e de todos os países sonha com uma sociedade livre, igualitária e onde todos possuam os direitos humanos garantidos, e isso só poderá ser conquistado através da organização popular e do Partido Revolucionário para guiar os explorados, que juntos levaram à êxito a luta cotidiana pela construção do Socialismo.
Lidiane Monteiro
ReferênciasEstudante de Física da UFRPE, Coordenadora-geral do DCE-UFRPE ¹ Karl Marx, O Capital – Volume I (1867) ² Friedrich Engels, Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico (1877) |
quarta-feira, novembro 14, 2012
Cultura: Lançamento Quem Tem Medo de Hugo Chávez #NossaGente
CONVITE
A Editora Aquariana tem a honra de convidá-lo para a primeira noite de autógrafos do livro Quem Tem Medo de Hugo Chávez,
do blogueiro FC Leite Filho, com
prefácio do jornalista Beto Almeida, a realizar-se em Brasília, no
Restaurante Carpe Diem, da 104 Sul,
dia 28 de novembro de 2012, quarta-feira, a partir das 19 horas.
Atenciosamente, pela Aquariana
JC Venâncio
Polêmico, amado ou execrado, mas dominando os acontecimentos na América
Latina há 14 anos, ao longo dos quais comandou 16 eleições democráticas
em seu país, o presidente da Venezuela é visto aqui a partir do
protagonismo que revirou pelo avesso as antigas relações entre os países
vizinhos e a situação política em cada país do continente. Por causa do
câncer que o obrigou a fazer três delicadas cirurgias, Hugo Chávez
permaneceu, em diferentes intervalos, 250 dias em Cuba. Em outra época, o
presidente dificilmente resistiria a um golpe de Estado.
Como o coronel paraquedista construiu sua blindagem democrática para
manter-se no poder há 14 anos é um dos temas centrais do livro “Quem tem medo de Hugo Chávez?”, pela Editora Aquariana, de São Paulo, que estará nas principais livrarias a partir da segunda quinzena de novembro.
De autoria do blogueiro FC Leite Filho, que já atuou como jornalista nos principais jornais do país e escreveu El Caudillo – Perfil Biográfico de Leonel Brizola,
também pela Aquariana, e com prefácio do jornalista Beto Almeida, o
livro, que já aborda a última reeleição de Chávez, de sete de outubro
último, ainda faz um levantamento da relação especial com Cuba, que ele
considera essencial, não apenas para a segurança venezuelana e
latino-americana, como também para a popularização das políticas
públicas, sobretudo as vinculadas à educação e à assistência médica
universal à população.
Clique aqui para um capítulo, fotos, vídeos e mais informações sobre o livro no hot site
O livro, porém, não consiste em mais uma das 300
biografias já escritas sobre o presidente bolivariano. É antes uma
mirada sobre os ventos renovadores que, desde 1999, varreram o
analfabetismo, distribuíram laptops nas escolas públicas e dignificaram
os salários em países latino-americanos como o Brasil, Argentina,
Equador, Bolívia.
Diante de uma Europa que se afunda nos 25% de desemprego da Espanha –
contra a média de 7% no Brasil, Argentina e Venezuela -, e uma Suécia e
uma Inglaterra, antes exemplos de democracia, que pressionam para
entregar Julian Assange aos Estados Unidos, onde enfrentaria a pena de
morte, é no Equador, que o diretor do Wikileaks encontra asilo para
defender seus direitos humanos e ideais de uma comunicação transparente.
Aqui, também, o leitor vai se informar de como esses países se
blindaram contra a crise mundial e seus seguidos espasmos que até hoje
agrilhoam indistintamente europeus e estadunidenses, enquanto o FMI, não
mais nosso verdugo, enfia goela abaixo seus remédios amargos à Grécia,
Espanha, Portugal e até a antes gaulilsta e gloriosa França.
Perfil do autor
Jornalista e blogueiro independente, Francisco das Chagas Leite Filho
(Sobral-Ce, 1947, e baseado em Brasília a partir de 1968) dedicou-se ao
estudo de líderes transformadores que se focaram na educação e na
soberania para vencer o atraso e afirmar-se neste novo mundo pluripolar.
Desde Leonel Brizola, a quem dedicou seus dois primeiros livros, o
autor agora se desdobra para explicar o fenômeno Hugo Chávez, de quem
estudou quase 500 discursos, e a arrancada que ele deu para, junto com
Lula, Dilma, Cristina, Rafael, Daniel Ortega, Mel Zelaya, Fernando Lugo e
Evo Morales, efetivar a integração latino-americana.
Blog: CafénaPolítica
Nas principais livrarias do país, a partir de 15/11/2012
Tamanho: 280 páginas
Preço: R$ 45,00
Pedidos também podem ser feitos diretamente no site da
Cameron: “Invadir a Síria!” / General: “Você e que exército?”
John Robles |
A
formação da chamada oposição síria unificada – logo onde?! Em Doha, Qatar! – e que
não inclui inúmeros grupos e facções de sírios que lutam contra Bashar al-Assad,
foi saudada no ocidente e em vários estados muçulmanos sunitas como uma vitória;
e a “coalizão” foi apresentada como legítima voz do povo sírio. O ocidente
continua a promover e atiçar o morticínio, fornecendo armas a alguns grupos e
até, como já se noticiou, treinando atiradores e grupos terroristas para
assassinar Assad. Simultaneamente, os clamores de David Cameron, que “exige”
imediata intervenção militar na Síria, colidiram violentamente contra um muro de
descrédito.
David Cameron |
O
ocidente insiste em tentar impor seus planos à Síria e promover uma “mudança de
regime” a qual, desde o começo, é desejo de Washington, muito mais que do povo
sírio.
O
mais recente golpe/tentativa de legitimar a oposição apoiada e armada pelo
ocidente apareceu sob a forma de conferência realizada fora da Síria, no domingo
passado. Reunião de fantoches do ocidente, a tal ponto que muitos dos líderes da
oposição síria “real”, que permanecem na Síria, recusaram-se a participar
daquela encenação.
A
escolha do Qatar para sediar a “conferência” já sugere viés bem claro: o Qatar
sempre apoiou os muçulmanos sunitas e seus interesses; e lá estão instaladas
bases dos EUA e do Comando Central dos EUA [orig. US Central Command
(CENTCOM)] que também mantém bases no Kuwait, Bahrain, Emirados Árabes
Unidos, Omã e Paquistão.
Importante
observar que a maioria da população síria é formada de muçulmanos sunitas, e que
Bashar al-Assad é alawita (denominação que para muitos se refere a uma seita do
Islã xiita). Isso explica por que o Qatar e outros países são tão empenhadamente
contra Assad e tanto se interessam em fazer o jogo dos EUA, no golpe para
derrubar Assad e seu governo de alawitas.
O
resultado da conferência em
Doha, Qatar, que reuniu várias associações e grupos da chamada
oposição síria, foi acordo assinado que constituiu mais um grupo de oposição,
chamado hoje Coalizão Nacional [orig. National Coalition (NC)].
EUA
e Grã-Bretanha apressaram-se a anunciar apoio ao novo grupo, e por razões
óbvias: assim se podem apresentar ao mundo como apoiadores de coalizão dita
legítima, mesmo que formada fora do país e marcada por favorecer interesses dos
aliados de Washington, selecionados a dedo. Como se já não estivessem ruins o
suficiente, as coisas, em seguida, pioraram.
Na
2ª-feira, o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), formado de Arábia Saudita
(sunitas), Bahrain (sunitas), Emirados Árabes (sunitas), Omã (ibadistas), Qatar
(sunitas) e Kuwait (sunitas) também decidiram reconhecer a tal Coalizão
Nacional, como legítima representante do povo sírio.
Bashar al-Assad |
As
razões pelas quais todos esses países tanto se empenham em derrubar o governo de
Assad são variadas e todas envolvem interesses específicos desses países, muito
mais do que interesses dos sírios; a nova Coalizão fatalmente levará a ampliar a
carnificina e a instabilidade na região, que virão como consequências
inescapáveis se Assad for derrubado. Para o CCG, o apoio parece óbvio, dado que
estão apoiando os irmãos sunitas e pondo fim a um importante aliado do Irã na
região.
O
Irã é país xiita, caso único no mundo muçulmano, porque a população da República
Islâmica do Irã é constituída de 90% de xiitas. Os xiitas iranianos são
malvistos pelos vizinhos muçulmanos árabes também porque não são árabes, mas
persas e muitos países árabes veem o Irã como ameaça.
Quanto
ao ocidente, as razões pelas quais querem ver Assad fora do governo são
completamente diferentes e nada têm a ver com a oposição sunitas-xiitas. O
ocidente tem ambições imperiais na região e a rixa religiosa, que o ocidente
sempre manipula, serve muito bem àquelas ambições. Para os EUA, há dois
objetivos na região: fixar o controle, para facilitar a exploração dos recursos
naturais; e proteger Israel.
A
duplicidade é evidente e o ocidente não tem qualquer objetivo humanitário. Se o
governo apóia a implantação militar dos EUA na região, é governo aliado; se não,
os EUA imediatamente passam a trabalhar para a “mudança de regime”.
No
Bahrain, por exemplo, o governo sunita oprime a população de maioria xiita. Mas
o Bahrain é crucialmente importante para o ocidente, do ponto de vista
estratégico, porque ali estão aquartelados o Comando Central das Forças Navais
dos EUA [orig. United States Naval Forces Central Command (COMUSNAVCENT)]
e da 5ª Frota dos EUA [orig. United States Fifth Fleet (COMFIFTHFLT);
nessas circunstâncias, os EUA ignoram todas as questões sociais; e o levante da
maioria xiita no Bahrain praticamente não é assunto na mídia mundial.
Saddam Hussein |
Saddam
Hussein é outro exemplo. Saddam era sunita, e oprimia a população xiita do
Iraque; mas o problema, para os EUA jamais foi a opressão dos xiitas. O
problema, ali, foi que Saddam começava a constituir política independente dos
EUA e a não obedecer aos ditames do ocidente. Se Saddam tivesse autorizado a
instalação de bases dos EUA em território iraquiano e garantisse pleno acesso
para os EUA aos recursos do Iraque, lá estaria, até hoje, por mais que
governasse como ditador sanguinário.
Assim,
em resumo, embora ainda haja quem suponha que o ocidente apóia muçulmanos
sunitas, fato é que os EUA só fazem manipular os sunitas e servir-se deles como
instrumentos para alcançar seus objetivos. Esses movimentos nem sempre são bem
claramente entendidos por muitos muçulmanos, que veem as atitudes dos EUA como
traição sempre: ou os EUA traem os sunitas, ou os EUA traem os xiitas e, em
todos os casos, traem muçulmanos.
O
mundo muçulmano enfrenta levantes populares hoje que ainda acompanham as linhas
sectárias manipuladas pelo ocidente, sempre na direção que mais interesse aos
EUA.
Muammar Gaddafi |
Outro
exemplo foi Muammar Gaddafi, do qual muitos dizem que seria o mais verdadeiro
dos muçulmanos, dado que não era nem xiita nem sunita. Os EUA decidiram derrubar
Gaddafi pelas mesmas razões (interesse em ocupar os recursos naturais da Líbia),
porque Gaddafi trabalhava para construir políticas de autonomia e independência
nacional – e já governava o sistema socialista de governo mais justo e produtivo
que o mundo jamais conheceu. Aí está exatamente o tipo de governo e governante
cuja existência o ocidente não pode admitir, porque governo e governante, nesse
caso, convertem-se em obstáculos vivos à exploração predatória do país por
interesses capitalistas.
De
volta à Síria, importante aliado do Irã, a “mudança de regime” tornou-se
absolutamente necessária porque o ocidente vê a Síria como ameaça importante aos
planos ocidentais de invadir e ocupar o Irã. Aí está outro país que construiu
políticas de autonomia e independência e que, além do mais, é arqui-inimigo de
Israel.
Muitos
especialistas concordam que, se a Síria cair, o alvo seguinte será o Irã. Há
quem diga que, nos planos dos imperialistas ocidentais para dominar o mundo,
depois do Irã virá a Venezuela; depois a Rússia; depois a China.
William Hague |
Assim
sendo, o que se tem é, em resumo muito apertado: nações sunitas, que trabalham
para promover interesses dos sunitas; o ocidente, que manipula a seu favor as
divisões sectárias, com vistas a promover o projeto imperialista de exploração
de recursos e o que entendem que seja o interesse de Israel; como consequência
disso tudo, o Irã e a Síria estão sendo hoje atacados por todos os lados.
A
Síria está sendo saqueada e rachada ao meio por efeito da manipulação, do
aprofundamento de ódios sectários, que voltam a reabrir as muitas divisões
internas, estimulados pela infiltração, no país, de terroristas e mercenários
vindos de fora. E o Irã está sendo completamente isolado pelas sanções,
aplicadas de fora para dentro.
Quanto
à Grã-Bretanha que, agora, parece que unilateralmente – de fato, só se ouviu uma
voz: do Primeiro-Ministro David Cameron – anda dizendo que o país estaria pronto
para iniciar intervenção militar na Síria, os planos do Primeiro-Ministro
colidiram violentamente contra um muro de descrédito.
Philip Hammond |
Segundo
o jornal Sun da Grã-Bretanha, uma fonte militar contou que:
Um
brigadeiro, que assistiu ao noticiário e soube que Cameron falava de invasão
armada contra a Síria, perguntou: “Quer invadir, primeiro-ministro?! Você e que
exército?”
Segundo
o Sun, o Secretário de Defesa Philip Hammond e o Secretário de Relações
Exteriores, William Hague também se manifestaram contra qualquer ideia de
invadir a Síria; lembraram que a Síria não é a Líbia; e que o presidente Bashar
al-Assad, além de comandar exército poderosíssimo, conta com o apoio dos
russos.
*redecastorphoto
GENOINO É CONDENADO A 6 ANOS E 11 MESES DE PRISÃO
Sem a presença do revisor Ricardo Lewandowski, os ministros do Supremo
Tribunal Federal votaram sobre a pena do ex-presidente do PT José
Genoino na Ação Penal 470. Genoino pegou 2 anos e três meses de prisão
por formação de quadrilha e 4 anos e oito meses por corrupção ativa. Del
deve responder em regime semi-aberto
12 DE NOVEMBRO DE 2012
247 - Sem a presença do revisor Ricardo Lewandowski, os ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) votaram sobre a pena do ex-presidente do
PT José Genoino na Ação Penal 470, logo depois de estabelecer pela de 10 anos e 10 meses de cadeia para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
O relator Joaquim Barbosa fixou em 2 anos e 3 meses de reclusão a pena
por formação de quadrilha para Genoino e foi acompanhado por Luiz Fux,
Gilmar Mendes, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello e o presidente da
Corte, Carlos Ayres Britto. Nesse item, os ministros Ricardo
Lewandowski, Dias Toffoli, Rosa Weber e Cármen Lúcia não votam, pois
absolveram Genoino do crime de quadrilha.
Sobre o crime de corrupção ativa, Barbosa disse que "não se tratou de um
crime de corrupção ativa comum" e propôs a pena de 5 anos e 3 meses de
prisão, além de 180 dias-multa, pelo pagamento de propina a
parlamentares. Nesse caso, o único ministro que não vota é o revisor
Ricardo Lewandowski, único a absolver Genoino do crime.
Após do voto da ministra Rosa Weber, que pediu pena de 4 anos e 8 meses,
Barbosa mudou seu voto para seguir a ministra. O ministro Dias Toffoli
divergiu dos votos proferidos até então e fixou pena em 2 anos e 8 meses
de reclusão, além de 26 dias-multa, para Genoino, pedindo, na prática, a
prescrição da pena. Acabou prevalecendo o voto de Barbosa, definindo a
pena de Genoino em 6 anos e 11 meses de prisão.
*MilitânciaViva
A AMÉRICA LIBERAL
Além da
reeleição de Barack Obama, vários episódios demonstram que os Estados Unidos
estão longe de se transformar numa teocracia militarista-corporativa prevista
por analistas mais à esquerda.
A aprovação do consumo recreativo de maconha nos
estados de Washington e Colorado é um exemplo. Outro foram os referendos que
aprovaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados de Maryland,
Maine e Washington (DF), juntando-se a outros estados que já reconhecem esse
direito: Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire, Vermont e Washington
(DF).
Na Flórida, 55% dos eleitores rejeitaram um projeto que visava proibir o uso de fundos públicos para financiar abortos, exceto em caso de estupro, incesto ou risco para a vida da mãe. A exceção é a Califórnia, estado que costuma ser vanguarda em questões de comportamento, renegou sua reputação progressista ao rejeitar a abolição da pena de morte.
Na Flórida, 55% dos eleitores rejeitaram um projeto que visava proibir o uso de fundos públicos para financiar abortos, exceto em caso de estupro, incesto ou risco para a vida da mãe. A exceção é a Califórnia, estado que costuma ser vanguarda em questões de comportamento, renegou sua reputação progressista ao rejeitar a abolição da pena de morte.
Tammy Baldwin, a primeira parlamentar gay |
O próximo
Senado dos Estados Unidos terá um número recorde de mulheres: 19 de um total de
cem parlamentares na Casa, contra as 17 atuais. As mulheres se destacaram
principalmente no Partido Democrata; as seis senadoras democratas que
disputavam a reeleição venceram. Duas democratas eleitas serão as primeiras
mulheres a representar seus Estados – Elizabeth Warren em Massachusetts e Tammy
Baldwin, no Wisconsin. Tammy – que parece a irmã gêmea mais nova de Mick Jagger –
é também a primeira senadora abertamente homossexual a ser eleita. Outra
democrata, Mazie Hirono, é a primeira senadora de origem asiática do Havaí.
Mazie Hirono |
Mas o grande
destaque foi Elizabeth Warren, 63 anos, eleita senadora pelo estado de
Massachussetts, que já foi governado pelo candidato republicano derrotado, Mitt
Romney. Ela defendia a regulação do sistema financeiro antes da crise dos
“subprime” estourar em 2008 e a criação de uma agência de proteção financeira ao consumidor.
Elizabeth Warren, a nova sensação liberal |
Como escreveu o colunista Elio Gaspari: “a
banca torrou US$ 1,3 bilhão com lobistas para desidratar a reforma, mas não
conseguiu impedir a criação da agência. Por qualquer critério, Warren seria
encarregada de dirigi-la. A astuciosa oposição do secretário do Tesouro,
Timothy Geithner, e a maleabilidade do companheiro Obama driblaram-na. Numa
bonita cerimônia, ela foi encarregada de organizar a instituição, e tchau.
Agora Warren chega a Washington como senadora, montada na vassoura da defesa da
classe média.
Ela diz coisas que pareciam ter saído de moda. Por exemplo:
‘Neste país ninguém ficou rico à sua custa -ninguém. Você transporta seus produtos em estradas que nós pagamos; você contrata pessoas que foram educadas pelo sistema público, sua fábrica está segura porque nós pagamos a polícia e os bombeiros. (...) Nosso contrato social pressupõe que você receba uma parte dos benefícios e pague para que um garoto seja beneficiado por ele.’”
Os espíritos de George McGovern, Ted Kennedy, Martin Luther King, Adlai Stevenson e Eleanor Roosevelt devem estar sorrindo...
Ela diz coisas que pareciam ter saído de moda. Por exemplo:
‘Neste país ninguém ficou rico à sua custa -ninguém. Você transporta seus produtos em estradas que nós pagamos; você contrata pessoas que foram educadas pelo sistema público, sua fábrica está segura porque nós pagamos a polícia e os bombeiros. (...) Nosso contrato social pressupõe que você receba uma parte dos benefícios e pague para que um garoto seja beneficiado por ele.’”
Os espíritos de George McGovern, Ted Kennedy, Martin Luther King, Adlai Stevenson e Eleanor Roosevelt devem estar sorrindo...
*MilitânciaViva
Greve Geral: vozes contra a austeridade vão ouvir-se em 20 países europeus
Vinte
países, entre os quais Portugal, vão juntar-se, na quarta-feira, à
jornada de luta europeia contra a austeridade e a favor do emprego, que
inclui greves, manifestações, ações de protesto e reuniões em várias
cidades da Europa.
Foto de Piquete Joven - Espanha, www.facebook.com/PiqueteJoven.
A jornada europeia de ação e
solidariedade, organizada pela Confederação Europeia dos Sindicatos
(CES), tem como lema "Pelo emprego e a solidariedade na Europa, não à
austeridade" e vai mobilizar cerca de 40 organizações sindicais.
Segundo a Lusa, além dos 20 países em
que as vozes contra a austeridade se vão fazer ouvir na quarta-feira, há
outros três que também se associam à jornada de luta, mas onde as ações
de protesto decorrerão mais tarde: Suíça (quinta-feira), Eslovénia e
República Checa (sábado, em ambos os casos).
"A jornada tem como objetivo transmitir
uma mensagem comum em defesa do crescimento e emprego e contra a
austeridade. Estou convencida de que se tivermos uma grande ação em toda
a Europa, tal poderá fazer a diferença", afirmou a secretária-geral da
CES, Bernadette Ségol, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.
Bernadette Ségol disse que "no final de
junho houve alguma esperança, porque a ideia de crescimento e emprego
foi reconhecida pelo Conselho Europeu". No entanto, "os atos não
seguiram as palavras" e a CES "não vê os governos a agir".
Momento histórico: uma greve geral ibérica e um protesto à escala da Europa
Para quarta-feira, estão marcadas greve
gerais de 24 horas contra a austeridade em Portugal e Espanha, enquanto
em Itália e na Grécia decorrerão paralisações de quatro e três horas,
respetivamente.Também em Vilnius, Lituânia, haverá uma greve, mas apenas
abrangerá o setor dos transportes.
Em várias cidades europeias decorrerão ações de protesto contra as políticas de austeridade e em defesa do emprego.
Na capital belga haverá uma manifestação
junto à Comissão Europeia e, em França, estão previstas 25
manifestações "pelo emprego e a solidariedade na Europa". Na Suíça,
estão agendadas manifestações junto a embaixadas e à representação
permanente da União Europeia e, na Polónia, decorrerão manifestações em
várias cidades "em defesa do trabalho digno".
Da Alemanha, Reino Unido, Holanda,
Áustria, Dinamarca e Suécia sairão mensagens de solidariedade para com
os trabalhadores dos países europeus que estão a ser afetados por
medidas de austeridade.
Na Bulgária, decorrerão em várias
cidades fóruns para discutir temas laborais, em Malta está previsto um
seminário sobre o emprego e na Letónia jovens sindicalistas serão
recebidos pelo presidente do parlamento para discutir o emprego e a
educação dos jovens.
Na Finlândia, os sindicatos organizam
várias ações para apelar ao respeito pelos trabalhadores na Europa e
farão chegar ao comissário europeu dos Assuntos Económicos um conjunto
de reivindicações, enquanto no Luxemburgo uma delegação sindical será
recebida pelo primeiro-ministro, Jean-Claude Juncker, que é também o
líder do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro), para discutir
as alternativas que existem para sair da crise.
*Cappacete
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