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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 14, 2012

Greve Geral: vozes contra a austeridade vão ouvir-se em 20 países europeus


Vinte países, entre os quais Portugal, vão juntar-se, na quarta-feira, à jornada de luta europeia contra a austeridade e a favor do emprego, que inclui greves, manifestações, ações de protesto e reuniões em várias cidades da Europa.
Foto de Piquete Joven - Espanha, www.facebook.com/PiqueteJoven.
Foto de Piquete Joven - Espanha, www.facebook.com/PiqueteJoven.
A jornada europeia de ação e solidariedade, organizada pela Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), tem como lema "Pelo emprego e a solidariedade na Europa, não à austeridade" e vai mobilizar cerca de 40 organizações sindicais.
Segundo a Lusa, além dos 20 países em que as vozes contra a austeridade se vão fazer ouvir na quarta-feira, há outros três que também se associam à jornada de luta, mas onde as ações de protesto decorrerão mais tarde: Suíça (quinta-feira), Eslovénia e República Checa (sábado, em ambos os casos).
"A jornada tem como objetivo transmitir uma mensagem comum em defesa do crescimento e emprego e contra a austeridade. Estou convencida de que se tivermos uma grande ação em toda a Europa, tal poderá fazer a diferença", afirmou a secretária-geral da CES, Bernadette Ségol, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.
Bernadette Ségol disse que "no final de junho houve alguma esperança, porque a ideia de crescimento e emprego foi reconhecida pelo Conselho Europeu". No entanto, "os atos não seguiram as palavras" e a CES "não vê os governos a agir".
Momento histórico: uma greve geral ibérica e um protesto à escala da Europa
Para quarta-feira, estão marcadas greve gerais de 24 horas contra a austeridade em Portugal e Espanha, enquanto em Itália e na Grécia decorrerão paralisações de quatro e três horas, respetivamente.Também em Vilnius, Lituânia, haverá uma greve, mas apenas abrangerá o setor dos transportes.
Em várias cidades europeias decorrerão ações de protesto contra as políticas de austeridade e em defesa do emprego.
Na capital belga haverá uma manifestação junto à Comissão Europeia e, em França, estão previstas 25 manifestações "pelo emprego e a solidariedade na Europa". Na Suíça, estão agendadas manifestações junto a embaixadas e à representação permanente da União Europeia e, na Polónia, decorrerão manifestações em várias cidades "em defesa do trabalho digno".
Da Alemanha, Reino Unido, Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia sairão mensagens de solidariedade para com os trabalhadores dos países europeus que estão a ser afetados por medidas de austeridade.
Na Bulgária, decorrerão em várias cidades fóruns para discutir temas laborais, em Malta está previsto um seminário sobre o emprego e na Letónia jovens sindicalistas serão recebidos pelo presidente do parlamento para discutir o emprego e a educação dos jovens.
Na Finlândia, os sindicatos organizam várias ações para apelar ao respeito pelos trabalhadores na Europa e farão chegar ao comissário europeu dos Assuntos Económicos um conjunto de reivindicações, enquanto no Luxemburgo uma delegação sindical será recebida pelo primeiro-ministro, Jean-Claude Juncker, que é também o líder do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro), para discutir as alternativas que existem para sair da crise.
*Cappacete

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