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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 25, 2012

A estratégia imperialista para a América Latina avança com a escalada militar.




Cheryl Pellerin (Edição de Rick Rozoff*)

A estratégia imperialista para a América Latina avança com a escalada militar. Não apenas com o alargamento da rede de bases militares dos EUA, mas com o estreitamento da colaboração militar atravé
s, nomeadamente, do programa MODA e da inicativa DIRI. O programa MODA está em aplicação no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa está a expandi-lo no sentido do compromisso de outros países fora do Afeganistão, como o Peru e o Montenegro. No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam da Iniciativa DIRI (Defense Industrial Reform Initiative [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]).


WASHINGTON: No decurso da visita desta semana para se encontrar com líderes do Peru e Uruguai e os seus homólogos numa conferência de ministros da Defesa das Américas, o secretário de Defesa dos EUA Leon E. Panetta irá implementar elementos da “Orientação Estratégica do Departamento de Defesa dos EUA para 2012” [orig. 2012 DOD Strategic Guidance: Sustaining US Global Leadership. Priorities for the 21th century Defense[1]] relativos ao Hemisfério Ocidental.[2]



Ontem, antecipando a visita de Panetta, o Departamento de Defesa distribuiu a “Declaração sobre a Política de Defesa do Hemisfério Ocidental” [orig. Western Hemisphere Defense Policy Statement[3]].

A Declaração “visa a explicar como essa orientação estratégica irá modelar o nosso compromisso para com a região, como se aplica à região e, assim, irá acrescentar maior detalhe sobre como iremos implementar essa Orientação Estratégica no Hemisfério Ocidental” – informou aos jornalistas um dos funcionários da Defesa que viaja com o secretário Panetta.

“O documento articula os nossos objectivos com a Orientação Estratégica” – acrescentou. – “e creio que é importante destacar que o secretário não estará apenas a divulgar a Orientação Estratégica, mas estará já a trabalhar efectivamente na sua implementação no decurso da sua estadia.”

Panetta realizará esse objectivo, disse o funcionário, trabalhando com nações presentes em esforços que envolvem (…) o fortalecimento de instituições de defesa multilateral na região e o apoio ao desenvolvimento de instituições de defesa amadurecidas e profissionais.

Os funcionários do Ministério da Defesa dos EUA buscam também reforçar instituições multilaterais de Defesa na região, onde muitos países, de entre os quais Uruguai, Peru, Argentina, Brasil e outros, são o que funcionário do Ministério da Defesa designou como “exportadores de segurança”.

Esses países, disse, contribuem sob diversas formas significativas para a segurança regional e global, incluindo a intervenção enquanto tropas de manutenção da paz da ONU, e a ajuda à capacitação e ao treino de forças policiais e forças armadas na América Central e em outras zonas.

“Em Abril, em Cartagena, Colômbia, à margem da Cimeira das Américas, o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o presidente Barack Obama assinaram um plano de ação para coordenarem esforços na mesma direção” – disse o funcionário da Defesa. “Estaremos alavancando essa experiência, essa capacitação, as lições aprendidas por tantos países da região no sentido de coordenar esforços de modo a evitar a duplicação de acções na América Central”, explicou

“Em Outubro”, acrescentou, “estaremos a construir um plano detalhado de acção, segundo o qual os EUA e a Colômbia coordenarão quem faz o quê, de modo a alavancar os recursos e condições de que necessitamos para efectivar a criação de capacidades, o treino e outras, na América Central e em outros locais.”

Disse ainda que os EUA e o Canadá dispõem também de um plano de trabalho específico envolvendo a América Central.

“Estamos a desenvolver esta linha e ela é coerente com a orientação do secretário e com os termos da Declaração Estratégica para Defesa do Hemisfério Ocidental, no sentido de desenvolver abordagens inovadoras e parcerias inovadoras que nos capacitem a lidar com os muito complexos desafios que enfrentamos no Hemisfério” – acrescentou o funcionário.

No Peru, o secretário Panetta irá oferecer, integrando o esforço para apoiar o crescimento de instituições de defesa maduras e profissionais, a possibilidade de o país participar no programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of Defense Advisers, MODA.

O programa MODA está em aplicação no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa está a expandi-lo no sentido do compromisso de outros países fora do Afeganistão, como o Peru e o Montenegro.

Se o Peru aceitar a parceria, o programa MODA inserirá no Departamento de Defesa do Peru um especialista técnico que ali trabalhará até dois anos. Esse especialista disponibilizará aconselhamento técnico consistente em questões como orçamentação, aquisição, pesquisa, planeamento e planeamento estratégico – informou aos jornalistas o funcionário do Departamento de Defesa.

O Programa MODA é uma parceria que os EUA oferecem a países que já trabalharam com os EUA em outro programa chamado DIRI, “Defense Industrial Reform Initiative” [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]. Para este programa, equipas do Departamento de Defesa dos EUA deslocam-se para os diferentes países, onde trabalham com os ministérios locais de defesa uma ou duas semanas de cada vez, sobre questões técnicas semelhantes.

No Peru, disse o funcionário, “o secretário Panetta explicará o Programa MODA ao ministro de Defesa peruano, e depois caber-nos-á garantir que o programa será exactamente adequado àquilo que os peruanos considerem que lhes é mais conveniente e eficaz.”

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam actualmente no programa DIRI – disse o funcionário.

Para além da assistência humanitária e da resposta a situações de calamidade, outros tópicos em discussão na conferência de ministros de Defesa incluirão a preservação da paz, o Sistema Interamericano de Defesa, e segurança e defesa, relacionada com o papel dos militares em situações que não sejam de Defesa – como o combate ao tráfico de drogas.

A Iniciativa das Operações Globais de Preservação da Paz dos EUA [orig. US Global Peacekeeping Operations Initiative, GPOI], trabalha com vários países como Peru, Uruguai, El Salvador e outros no treino e equipamento de tropas para manutenção da paz e no reequipamento dos centros de treino para essas tropas.

Desde 2007, os EUA já transferiram para o governo do Peru o equivalente a $7 milhões de dólares, de fundos da GPOI.
Foto: Cheryl Pellerin (Edição de Rick Rozoff*)
 
A estratégia imperialista para a América Latina avança com a escalada militar. Não apenas com o alargamento da rede de bases militares dos EUA, mas com o estreitamento da colaboração militar através, nomeadamente, do programa MODA e da inicativa DIRI. O programa MODA está em aplicação no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa está a expandi-lo no sentido do compromisso de outros países fora do Afeganistão, como o Peru e o Montenegro. No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam da Iniciativa DIRI (Defense Industrial Reform Initiative [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]).
 

WASHINGTON: No decurso da visita desta semana para se encontrar com líderes do Peru e Uruguai e os seus homólogos numa conferência de ministros da Defesa das Américas, o secretário de Defesa dos EUA Leon E. Panetta irá implementar elementos da “Orientação Estratégica do Departamento de Defesa dos EUA para 2012” [orig. 2012 DOD Strategic Guidance: Sustaining US Global Leadership. Priorities for the 21th century Defense[1]] relativos ao Hemisfério Ocidental.[2]

 

Ontem, antecipando a visita de Panetta, o Departamento de Defesa distribuiu a “Declaração sobre a Política de Defesa do Hemisfério Ocidental” [orig. Western Hemisphere Defense Policy Statement[3]].

A Declaração “visa a explicar como essa orientação estratégica irá modelar o nosso compromisso para com a região, como se aplica à região e, assim, irá acrescentar maior detalhe sobre como iremos implementar essa Orientação Estratégica no Hemisfério Ocidental” – informou aos jornalistas um dos funcionários da Defesa que viaja com o secretário Panetta.

“O documento articula os nossos objectivos com a Orientação Estratégica” – acrescentou. – “e creio que é importante destacar que o secretário não estará apenas a divulgar a Orientação Estratégica, mas estará já a trabalhar efectivamente na sua implementação no decurso da sua estadia.”

Panetta realizará esse objectivo, disse o funcionário, trabalhando com nações presentes em esforços que envolvem (…) o fortalecimento de instituições de defesa multilateral na região e o apoio ao desenvolvimento de instituições de defesa amadurecidas e profissionais.

Os funcionários do Ministério da Defesa dos EUA buscam também reforçar instituições multilaterais de Defesa na região, onde muitos países, de entre os quais Uruguai, Peru, Argentina, Brasil e outros, são o que funcionário do Ministério da Defesa designou como “exportadores de segurança”.

Esses países, disse, contribuem sob diversas formas significativas para a segurança regional e global, incluindo a intervenção enquanto tropas de manutenção da paz da ONU, e a ajuda à capacitação e ao treino de forças policiais e forças armadas na América Central e em outras zonas.

“Em Abril, em Cartagena, Colômbia, à margem da Cimeira das Américas, o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o presidente Barack Obama assinaram um plano de ação para coordenarem esforços na mesma direção” – disse o funcionário da Defesa. “Estaremos alavancando essa experiência, essa capacitação, as lições aprendidas por tantos países da região no sentido de coordenar esforços de modo a evitar a duplicação de acções na América Central”, explicou

“Em Outubro”, acrescentou, “estaremos a construir um plano detalhado de acção, segundo o qual os EUA e a Colômbia coordenarão quem faz o quê, de modo a alavancar os recursos e condições de que necessitamos para efectivar a criação de capacidades, o treino e outras, na América Central e em outros locais.”

Disse ainda que os EUA e o Canadá dispõem também de um plano de trabalho específico envolvendo a América Central.

“Estamos a desenvolver esta linha e ela é coerente com a orientação do secretário e com os termos da Declaração Estratégica para Defesa do Hemisfério Ocidental, no sentido de desenvolver abordagens inovadoras e parcerias inovadoras que nos capacitem a lidar com os muito complexos desafios que enfrentamos no Hemisfério” – acrescentou o funcionário.

No Peru, o secretário Panetta irá oferecer, integrando o esforço para apoiar o crescimento de instituições de defesa maduras e profissionais, a possibilidade de o país participar no programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of Defense Advisers, MODA.

O programa MODA está em aplicação no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa está a expandi-lo no sentido do compromisso de outros países fora do Afeganistão, como o Peru e o Montenegro.

Se o Peru aceitar a parceria, o programa MODA inserirá no Departamento de Defesa do Peru um especialista técnico que ali trabalhará até dois anos. Esse especialista disponibilizará aconselhamento técnico consistente em questões como orçamentação, aquisição, pesquisa, planeamento e planeamento estratégico – informou aos jornalistas o funcionário do Departamento de Defesa.

O Programa MODA é uma parceria que os EUA oferecem a países que já trabalharam com os EUA em outro programa chamado DIRI, “Defense Industrial Reform Initiative” [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]. Para este programa, equipas do Departamento de Defesa dos EUA deslocam-se para os diferentes países, onde trabalham com os ministérios locais de defesa uma ou duas semanas de cada vez, sobre questões técnicas semelhantes.

No Peru, disse o funcionário, “o secretário Panetta explicará o Programa MODA ao ministro de Defesa peruano, e depois caber-nos-á garantir que o programa será exactamente adequado àquilo que os peruanos considerem que lhes é mais conveniente e eficaz.”

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam actualmente no programa DIRI – disse o funcionário.

Para além da assistência humanitária e da resposta a situações de calamidade, outros tópicos em discussão na conferência de ministros de Defesa incluirão a preservação da paz, o Sistema Interamericano de Defesa, e segurança e defesa, relacionada com o papel dos militares em situações que não sejam de Defesa – como o combate ao tráfico de drogas.

A Iniciativa das Operações Globais de Preservação da Paz dos EUA [orig. US Global Peacekeeping Operations Initiative, GPOI], trabalha com vários países como Peru, Uruguai, El Salvador e outros no treino e equipamento de tropas para manutenção da paz e no reequipamento dos centros de treino para essas tropas.

Desde 2007, os EUA já transferiram para o governo do Peru o equivalente a $7 milhões de dólares, de fundos da GPOI.*revolucionarioseternamente

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