Veja e a máfia. Tudo a ver.
A CPI do Cachoeira acaba de divulgar o relatório final de suas investigações.
Aqui,
provas valeram mais que suposições. Além do próprio bicheiro, condenado
e solto (??!! alguém desenha pra mim?), de graúdos, foram indiciados:
Policarpo Jr., editor da Veja em Brasília; Marconi Perillo, governador
de Goiás; Demóstenes Torres, senador cassado e outros 40. O relatório
ainda acusa de prevaricador o procurador Roberto Gurgel.
O mais importante, a meu ver, é indiciamento de Policarpo Jr.
Passamos
anos acusando o PiG de agir como PiG. Principalmente por ter o domínio
dos fatos (aqui, literalmente falando!) e a exclusividade da opinião
publicada sobre eles. Chegou, enfim, a hora da verdade para uma das
quatro famiglias que dominam a mídia no Brasil. As gravações entregues à
CPI pela Polícia Federal, revelando o conteúdo de mais de duzentas
conversas entre o editor da Veja e o bicheiro – trocando favores,
definindo pautas e atacando adversários em matérias plantadas – não
podiam passar em branco.
Cachoeira ainda aparece em “relacionamento íntimo” com o governador de Goiás, Marconi Perillo. E isso não é novidade. Afinal, o PSDB é campeão nacional de fichas-sujas. Marconi só vai engrossar o caldo.
Se,
por um lado, a oposição e os juízes se agarram à condenação fraudulenta
de José Dirceu para dar continuidade ao golpe contra o PT, por outro, a
relação criminosa entre o editor da revista de maior circulação no país
e um bicheiro cheio de tentáculos em elevadas esferas políticas, retira
a Veja do saco das publicações mexeriqueiras e a afunda no dos
criminosos lesa-pátria.
A inclusão de Policarpo Jr. e mais 4 jornalistas
no grupo dos indiciados é um alívio. Corriam boatos de que o mafioso
Civita intimidara os membros da CPI pelo livramento do editor de sua
revista. Já Rupert Murdoch, o magnata da mídia mundial, mil vezes mais poderoso que Civita, foi obrigado a fechar um de seus jornais, o News of the World, por imposição das leis inglesas que regulam os meios de comunicação daquele país.
Nossa
mídia rasteira classificou o relatório final da CPI do Cachoeira como
retaliação pela farsa do julgamento da farsa do chamado mensalão do PT. O
PiG foca somente os jornalistas envolvidos com a quadrilha de
Cachoeira. Choraminga a mesma ladainha da liberdade de expressão de SUA
famiglia. Mas o total de indiciados soma 34. Tem gente que recebeu coisa
de R$ 1,8 milhões de Cachoeira. Em termos de valores em espécie, o que
os jornalistas receberam é trocado perto do que movimentaram os graúdos.
Mas se falarmos em reforços para a realização do debate pela Lei de
Médios, é um argumento de peso.
Obviamente
que o dono da Abril tem mais força política que os acusadores de
Policarpo Jr. E pelo atual espírito de inconstitucionalidade que assola o
STF – justo aqueles que deveriam proteger nossa Constituição com unhas e
dentes –, Veja pode se safar nas páginas de toda a famiglia e nos
tribunais. Mas não vai “apagar” sua associação com o crime organizado.
Nas
manchetes, perdemos feio para a mídia corporativa. Mas existem outras
frentes de batalha. Teremos muitas ações e eventos de apoio à Dirceu e
Genoino. Mais adiante, quando partirem para cima de Lula, virá uma onda
maior de protestos contra a criminalização do partido que não conseguem
derrotar nas urnas desde 2002.
À
partir do relatório desta CPI e somando-se as incontáveis falcatruas da
publicação, Veja torna-se o exemplo mais cristalino da necessidade de
regulação da mídia.
O PT ensaia uma nova postura.
Anda trocando a indiferença conveniente e costumeira pelo enfrentamento
e defesa de seus mais caros membros. Sabemos que é isso que a mídia
golpista quer. Enfrentamento. Para que possa usar seus canhões
assassinos de reputações contra os “insurgentes” sem dar chances de
defesa – o que, aliás, ensinou aos capas-pretas do STF. Mesmo assim, a reação do PT é positiva e deve ser mais contundente.
Vem
chumbo grosso do lado de lá. Se não mostrarmos agora nossa indignação
contra a mídia e o STF, outros golpes, como o da 470, a roubarão de nós.
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