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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 14, 2013

A vez dos pobres


Decisão de obrigar estudantes de medicina a servir ao SUS não é só correta e necessária - é fundamental para o processo civilizatório brasileiro

por Leandro Fortes —
Em meio às atabalhoadas reações do governo às manifestações de rua, da constituinte exclusiva ao plebiscito natimortos, a presidenta Dilma Rousseff se saiu muito bem ao mexer na estrutura de dominação social brasileira com essa história de botar os formandos em medicina para trabalhar no Sistema Único de Saúde, a partir de 2015. Trata-se de uma discussão antiga e necessária, mas que, até agora, ninguém tinha tido coragem de levar adiante. Pela reação das corporações de médicos e da nação de coxinhas de jaleco que se manifesta nas redes sociais, sem falar nos suspeitos de sempre da mídia, tudo leva a crer que Dilma mandou muito bem nesse assunto.
Todo mundo sabe que, no Brasil, as universidades públicas sempre foram um privilégio da classe média e dos ricos, quadro que só foi levemente modificado na última década graças às políticas de cotas raciais e sociais implementadas, sobretudo, no governo Lula. Lembro que, durante os governos do professor, sociólogo, intelectual, PhD e, agora, imortal da Academia de Letras Fernando Henrique Cardoso, a criminosa expansão do ensino superior privado levou essa distorção ao paroxismo.
Na Era FHC, nenhuma universidade federal foi criada, mas, em contrapartida, milhares de fábricas de diplomas se espalharam pelo território nacional para, paradoxalmente, abrigar os estudantes pobres e trabalhadores. Pior, com um sistema de crédito estudantil bolado por uma tecnocracia cruel, neoliberal, que comprometia a renda do infeliz até pelo menos quatro anos depois da formatura. Nos anos 1990, chegou-se ao cúmulo de que, em certo momento, nas universidades federais, a grande discussão dos estudantes não era sobre a qualidade do ensino, mas a falta de vagas nos estacionamentos das faculdades!
Na contramão de muita gente, sou favorável ao serviço militar obrigatório, pois se todos usufruem da pátria, é também dever de todos defendê-la. Li e vivi o suficiente, em quase meio século de vida, para saber que a paz é um muro de cristal e o preço da liberdade, como diz o velho axioma, é a eterna vigilância. Acho, apenas, que a doutrina militar brasileira, encapsulada ainda na Guerra Fria, tem que ser revista e refeita para que o conceito de defesa nacional não esteja arraigado apenas ao uso da farda. No mais, não é justo que a massa de recrutas brasileiros continue formada quase que exclusivamente por meninos pobres e negros.
Também gosto de lembrar que o voto não é obrigatório no Brasil, mas, sim, o comparecimento às urnas. O cidadão pode ir lá, no local de votação, e não votar em ninguém, simples assim. As restrições a essa obrigatoriedade de deslocamento se parecem muito com a banalização da crítica aos parlamentos, baseada em palavras de ordem que escamoteiam o efeito manada embutido nesse tipo de manifestação. Isso porque não há um único parlamento brasileiro (municipal, estadual e federal) que não seja composto por políticos escolhidos em eleições livres. Se são todos corruptos e ladrões, o são, também, aqueles que os elegeram.
Não sei se a presidenta foi correta ao estender a obrigatoriedade de serviço ao SUS para os estudantes de medicina das faculdades privadas, embora não veja nisso nenhum bicho-de-sete-cabeças. Talvez fosse o caso de impor a regra somente àqueles que estudaram com bolsa do Estado, como os beneficiários do Prouni.
De qualquer maneira, o fato é que esse poderá ser o primeiro passo para a construção de uma nova e essencial cultura de solidariedade cidadã com resultados óbvios para o processo civilizatório nacional. Mais à frente, espero, será possível estabelecer regras para que todo formando de universidade pública seja obrigado, em algum momento de seu curso, ou mesmo depois de receber o diploma, a prestar algum serviço para a sociedade que financiou seus estudos.
Ah, e que venham, também, os seis mil médicos cubanos.
*AmoralNAto

Ex procurador Cláudio Fonteles,culpa Ayres Britto por demora no julgamento do mensalão tucano





Primeira denúncia contra Marcos Valério chegou ao STF em dezembro de 2003, caindo nas mãos do ex-ministro Ayres Britto, que "deitou" em cima do processo até se aposentar, sem julgar, segundo o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles.

Foi a ação por improbidade administrativa contra o deputado e ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) relativo às eleições de 1998, que subiu ao STF depois que ele havia sido empossado senador. O processo civil pediu a devolução aos cofres públicos de R$ 12 milhões. Ali já estava descrito o "mensalão tucano". O processo criminal, apesar de praticamente ser apenas enquadrar as condutas nos devidos artigos do código penal, só foi aberto no fim de 2005.

Este processo mais antigo, não anda há oito anos porque o STF não examinou um recurso de Azeredo, que pedia que o caso, remetido anteriormente à Justiça de Minas Gerais, tramitasse na corte. Sem decisão sobre esse recurso do tucano, a ação não sai do lugar.

Fonteles questiona por que o ministro não imprimiu a esse caso a mesma celeridade que deu ao mensalão petista, cujo julgamento criminal foi pautado por ele como presidente do Supremo. Ayres Britto se defende dizendo que a ação cível do processo mineiro não corria risco de prescrever, ao contrário do outro processo.

Porém a explicação soa como desculpa, pois se Azeredo tivesse sido condenado por improbidade até o início de 2010, não poderia ser eleito deputado nas eleições daquele ano. (Com informações do Congresso em Foco).


*Amoralnato 

Multinacional alemã denuncia formação de cartel nas obras do metrô de São Paulo;

Denúncia da Siemens coloca pressão em Alckmin

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Multinacional alemã denuncia formação de cartel nas obras do metrô de São Paulo; preços eram combinados e chegavam a ficar 20% acima do valor normal; esquema envolveria ainda outras empresas polêmicas, como a Alstom, que já foi investigada por atos de corrupção em países como o Brasil; governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, promete conduzir investigação própria sobre o caso
As obras bilionárias do metrô de São Paulo podem causar uma tremenda dor de cabeça para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB. Segundo denúncia da multinacional alemã Siemens, as empresas contratadas para fornecer equipamentos, como ela própria, formavam cartel e colocavam preços até 20% superiores aos de mercado nas licitações de novas linhas do metrô.
A Siemens denunciou o caso às autoridades antitruste brasileiras, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, para escapar de uma punição maior – o caso foi revelado na edição deste domingo da Folha (leia mais aqui). Além da Siemens, o esquema envolveria ainda outras multinacionais, como a Alstom (já investigada na Europa por corrupção na América Latina), a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. Todas essas empresas também fazem parte do projeto federal do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo, que será licitado no próximo mês.
De acordo com as denúncias, o cartel dos fabricantes de equipamentos atuou em seis licitações e o prejuízo total para o governo paulista ainda não foi totalmente estimado. Segundo a investigação do Cade, o conluio envolveria ainda as empresas TTrans, Tejofran, MGE, TCBR Tecnologia, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan. Destas, a Tejofran é fortemente ligada ao PSDB e cresceu exponencialmente nos governos de Mario Covas.
As multinacionais Alstom e Mitsui disseram estar colaborando com as investigações do Cade. O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, prometeu conduzir uma investigação própria. Ao todo, o mercado de equipamentos para o transporte por trilhos movimenta R$ 4 bilhões ao ano no Brasil.
No 247

Propina iria para ''partido no poder''

Memorando de executivo da Alstom, de setembro de 1997, aponta também para TCE e Secretaria de Energia

Investigações na França e na Suíça sobre o pagamento de propina pela Alstom para obtenção de contratos com o governo de São Paulo e estatais paulistas mostram que o suborno teria como destino o "partido no poder" em São Paulo em 1997 - o PSDB -, além do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Secretaria de Estado de Energia. Um memorando escrito a mão, com data de 23 de setembro de 1997 e assinado por um executivo da multinacional francesa em Paris, foi a base para a descoberta da suposta rede de propinas envolvendo negócios no Brasil. Esse comunicado era endereçado a um gerente sênior de exportação em Paris, segundo o Wall Street Journal, e tinha como objetivo liberar pagamento de comissões a uma pessoa chamada Cláudio Mendes.
Mendes, segundo outro comunicado escrito por Bernard Metz, executivo da Alstom, era íntimo do então governador de São Paulo, Mário Covas, e podia agilizar as negociações. Metz escreveu que, em troca de uma comissão de 7,5% do valor do contrato, Mendes poderia obter apoio do PSDB, da Secretaria de Energia e até do TCE, que posteriormente analisaria a legalidade dos contratos.
Os promotores europeus dizem que entre 1998 e 2003 a Alstom utilizou serviços de Mendes como principal canal para os supostos pagamentos de propinas no Brasil. Esse homem teria recebido vários milhões de dólares para intermediar negócios na América do Sul e na Ásia por meio de uma rede de agentes pagos por contratos de consultoria de fachada.
A rede, segundo o WSJ, teria repassado a Mendes pelo menos US$ 5 milhões. No dia 30 de maio, o Estado revelou que seis empresas offshore, duas controladas por brasileiros, teriam sido utilizadas para, supostamente, repassar propinas a políticos paulistas entre 1998 e 2001. Os pagamentos somam pelo menos R$ 13,5 milhões.
De todas as offshores identificadas pelo Ministério Público, a que mais depósitos teria recebido é a MCA Uruguay, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e contas em um banco na Suíça e outro em Luxemburgo. A MCA era administrada pelo brasileiro Romeu Pinto Jr. e teria movimentado R$ 8,7 milhões. Também integrariam o esquema a Taltos Ltda., sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e administrada José Geraldo Villas Boas, com movimento de R$ 3 milhões. As outras empresas identificadas são a Splendore y Associados e a Andros Management, ambas administradas por franco-brasileiros, além da construtora paulista Acqua Lux, cujo dono é Sabino Indelicato, ex-secretário de Obras da Prefeitura de São José dos Campos na gestão de Robson Marinho, hoje conselheiro do TCE.
Marinho assumiu ter viajado para a França em 1998 para assistir a jogos da Copa do Mundo de futebol com tudo pago por empresa ligada ao grupo Alstom. Num dos bilhetes apreendidos na Suíça, aparecem as iniciais R.M. identificando um "ex secrétaire du governeur". Marinho foi secretário da Casa Civil de 1995 a 1997, mas nega que tenha participado de qualquer intermediação sobre contratos assinados pela administração estadual.
*comtextolivrehttp://jromarq.files.wordpress.com/2010/04/alstom-serra-cai-1.jpg

#Comissão da Verdade tem que investigar a Globo

A Comissão da Verdade está em crise. Dos sete integrantes nomeados por Dilma, dois já desistiram, e a comissão tem se notabilizado por um burocratismo excessivo, falta de transparência e, sobretudo, ausência de uma estratégia de comunicação, fundamental para que se transforme em algo realmente instrutivo e producente.
Entretanto, talvez o principal entrave a bloquear os trabalhos da Comissão seja a sua falta de vontade de investigar o papel da mídia na ditadura. Morando no Rio, perto do centro, eu tive o privilégio de frequentar a Biblioteca Nacional e ler as edições dos principais jornais brasileiros nas semanas que antecederam o golpe militar. Houve uma construção deliberada, de jornais como O Globo, a Folha e o Estadão, para criar uma atmosfera de golpe. Há inúmeros estudos que revelam a articulação, muitas vezes patrocinada por agências norte-americanas, para orientar a mídia brasileira numa direção antitrabalhista, antinacional e antigoverno.
Nacionalismo e trabalhismo, no Brasil, sempre estiveram associados à esquerda, visto que nossa direita é, historicamente, vendida ao imperialismo americano.
A Comissão não pode ser usada apenas para culpar velhinhos de noventa anos que torturaram subversivos quarenta anos atrás. Estes deveriam sim ser condenados, como fizeram nossos vizinhos. Mas os tubarões, aqueles que efetivamente contribuíram para o golpe, foram grandes empresas, com ênfase nas empresas de mídia. O Brasil precisa conhecer a maneira pela qual essas empresas se consolidaram e assumiram uma posição hegemômica no setor de comunicação social.
A concentração da mídia e do mercado de publicidade é um fenômeno mundial, que aconteceria com ou sem ditadura. Mas com a ditadura, ele se deu de maneira muito mais brutal, com artificialismo e enorme interferência estrangeira.
A Comissão investigará, por exemplo, o apoio dos Estados Unidos às Organizações Globo, antes e depois da ditadura?
Se quiser se conhecer a si mesmo, o Brasil precisa enfrentar essas questões. Não por revanchismo, mas por razões acadêmicas, históricas e políticas. O Brasil merece a verdade. O Brasil merece saber, em detalhes, de que lado a Globo ficou quando a democracia brasileira foi brutalizada, e de que lado permaneceu enquanto ela foi torturada.
Seguramente há muitas histórias de corrupção por trás da consolidação do império global durante o regime, que nossos jovens precisam conhecer. Até para que as novas gerações não cometam os mesmos erros das antigas, de se deixarem levar por campanhas midiáticas agressivas, moralizantes, de cunho antidemocrático.
A Comissão da Verdade, se não quiser ser conhecida como Comissão da Covardia, precisa responder às ruas, que estão gritando:
A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura!
Por: Miguel do Rosário
*ajusticeiradeesquerda

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação, diz socióloga

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

Dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país: o tradicional coronelismo perde força e a arraigada cultura da resignação está sendo abalada.
A conclusão é da socióloga Walquiria Leão Rego, 67, que escreveu, com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, "Vozes do Bolsa Família" (Editora Unesp, 248 págs., R$ 36). O livro será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila do shopping Pátio Higienópolis. No local, haverá um debate mediado por Jézio Gutierre com a participação do cientista político André Singer e da socióloga Amélia Cohn.
Senado convida presidente da Caixa para explicar boato do Bolsa Família
Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa.
Aproveitando férias e folgas, eles pagaram do próprio bolso os custos das viagens. Sem se preocupar com estatística, a pesquisa foi qualitativa e baseada em entrevistas abertas.
Professora de teoria da cidadania na Unicamp, Rego defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Nesta entrevista, ela fala dos boatos que sacudiram o programa recentemente e dos preconceitos que cercam a iniciativa: "Nossa elite é muito cruel", afirma.



Socióloga Walquiria Leão Rego, uma das autoras do livro sobre o Bolsa Família, que será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila, em SP
Walquiria Leão Rego, uma das autoras do livro sobre o Bolsa Família, que será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila, em SP
Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou? Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.
Como assim?
Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.

Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares?
Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância.

O Bolsa Família deveria entrar na Constituição?
A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos.

A sra. poderia explicar melhor?
Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos.

A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores?
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito.

O que a surpreendeu na sua pesquisa?
Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada.

Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato?
É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz.

Mas há indícios de mudança?
Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina.

O machismo é muito forte?
Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual.

O Bolsa Família mexeu com o coronelismo?
Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.

E a questão eleitoral?
O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não.

Esses votos são do Lula?
São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT.

Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha?
Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'.

No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso?
O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura.

A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?
Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.

Há vontade de deixar o Bolsa Família?
Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura.

A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será?
A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais.

"VOZES DO BOLSA FAMÍLIA" AUTOR Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani EDITORA Editora Unesp QUANTO R$ 36 (248 págs.)
*JaneM.

Na tradição oriental antiga o chakra anahata ativa e desperta o amor incondicional e altruísta


Na tradição oriental antiga o chakra anahata ativa e desperta o amor incondicional e altruísta, é o centro energético que se desenvolve gradualmente pelas ações de amor como um todo e principalmente pelo amor ao próximo.

Esse simbolismo é exatamente o que se vê na figura de Jesus, com o dito ''Sagrado Coração'', pegando fogo, se expandindo e trabalhando.

Esse ponto faz a ligação dos 3 centros inferiores com os 3 centros superiores, por isso essa é a via pelo qual se dá o chamado ''despertar crístico'', esse é o ponto que faz a ligação do corpo astral pessoal com o Cósmico.

A energização ou abertura desse ponto desencadeia sentimentos sublimes, é oque acontece em muitas igrejas, algumas pessoas acabam o despertando através das orações(no oriente eram mantras), esse é o famoso ''Jesus falou comigo''...o triste final é o fato de que igrejas caça-niqueis acabam levando crédito total esse despertar que na verdade é INTERIOR.

Esse centro também é a famosa Pedra Filosofal dos alquimistas, pelo qual o chumbo se transforma em ouro.

*FelipeC.

Primeira reitora negra assume a Unilab Denise Porfírio



Primeira reitora negra assume a Unilab
Denise Porfírio

A nova reitora da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), Nilma Lino Gomes tomou posse na segunda-feira (1º), em cerimônia realizada no Ministério da Educação, em Brasília.

A reitora pro tempore é a primeira mulher negra a ocupar o cargo em uma universidade federal brasileira. Ela foi nomeada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante para assumir a reitoria da Unilab, que tem sede na cidade de Redenção, no Ceará, cidade escolhida por ter sido a primeira a abolir a escravidão no Brasil. Nilma Gomes assume o cargo deixado pelo novo secretário da educação superior do MEC, Paulo Speller.

Speller parabenizou Aloizio Mercadante pela escolha do nome de Nilma e ressaltou a importância do esforço conjunto entre governo do estado, movimento negro, sociedade e professores, que permitiu a construção do projeto Unilab. “Hoje não há pessoa mais bem preparada para assumir essa responsabilidade”, afirmou. “Nilma dará continuidade a essa experiência inovadora do governo brasileiro e esse projeto se consolidará muito mais”.

Em seu primeiro discurso, a nova reitora fez um agradecimentoaos ancestrais da diáspora africana e destacou as principais ações e medidas que serão viabilizadas em sua gestão, como a consolidação da função acadêmica e política da Unilab em sintonia com a consciência dos direitos coletivos sociais, étnicos, raciais, de gênero, diversidade sexual nas especificidades das comunidades africanas e outros países nos quais a Cooperação Sul-Sul se realizar.

Nilma explicou também que no que se refere àscomunidades brasileira e africana, essa postura implica no direito à sua história, memória, cultura, conhecimento, identidade e valor. Comprometida com essa realidade, à frente daUnilab pretende consolidar a produção teórica de formação tecnológica e de conhecimento para intervir democraticamente nos processos de desenvolvimento econômico e social que garanta direito a saúde, educação, moradia e soberania alimentar.

Metas – Nilma Lino buscará ainda implementar um projeto institucional de articulação com experiências acadêmicas,a partir de uma perspectiva integradora com os cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, em parceria baseada na cooperação solidária com instituições de pesquisas e núcleos de estudos brasileiros, africanos, latinos americanos, asiáticos e europeus.

Outro desafio será a construção de pesquisas e projetos que visem o mapeamento e análise das políticas de ação afirmativa, dos coletivos sociais, étnicos e raciais na garantia de lutas de igualdade de direitos na educação técnica, básica e superior.

“Assumo consciente do processo democrático de gestão e dodiálogo entre docentes e discentes, rede de universidades brasileira e africanaem consonância com as políticas do MEC”, ressalta. “Trago comigo a força, garra e orgulho de uma família negra que nos dizeres que Milton Nascimento nunca perdeu a estranha mania de ter fé na vida”, pontuou.

Emocionada, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, ressaltou comprometimento do governo com a missão de um Brasil mais inclusivo e a afirmação da luta pela igualdade racial. “A posse de Nilma Lino representa uma conquista pelo que existe de especial em sua trajetória e é muito importante para nós, brasileiros, e principalmente para nós, negros”, afirmou.

O ministro Aloizio Mercadante anunciou o aumento da oferta de ensino à distância de graduação e pós-graduação com pólos em Moçambique e o fortalecimento dos laços políticos para trazer a história da África para dentro do Brasil. “A Unilab será a nossa porta de acesso à cultura, história da África, música, arte, ciência e educação que ampliará a liberdade e igualdade de oportunidades para todos”.

Também participaram da solenidade o diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Negra da Fundação Cultural Palmares, Martvs das Chagas, a titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Macaé Maria Evaristo dos Santos e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente.

Currículo – Nilma Lino Gomes é graduada em pedagogia e mestre em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez doutorado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado em sociologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal. A reitora atuou como professora do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação da UFMG e coordenadora-geral do Programa Ações Afirmativas na UFMG e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA). Entre 2004 e 2006, presidiu a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e desde 2010 integra a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, onde participa da comissão técnica nacional de diversidade para assuntos relacionados à educação dos afro-brasileiros.

Unilab – A instituição iniciou suas atividades acadêmicas em 2011 com cinco cursos, e no ano seguinte já ofertava 1.010 matrículas. Tem como objetivo além de ensino superior, pesquisa e extensão, formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, e promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.

Guilherme Rocha
Nilma Lino Gomes e Aloizio Mercadante assinam o termo de posse

Guilherme Rocha
Martvs das Chagas representado o presidente da FCP, Hilton Cobra, Nilma Gomes e Maria da Glória Lino Gomes

Guilherme Rocha
Nilma Gomes recebe os cumprimentos dos ministros Aloizio Mercandante, Luiza Bairros e demais autoridades

*Revolucionarioseternamente

BOLIVIA ROMPE RELACIONES CON ESTADOS UNIDOS

BOLÍVIA ROMPE RELAÇÕES COM OS ESTADOS UNIDOS

Expulsa todos os funcionários dos Estados Unidos estacionados no país, para considerá-los responsáveis pela afronta direta pelos quatro países europeus que seguiram suas ordens e em perigo a sua segurança e conflito com abusos de empresas norte-americanas para o interior da Bolívia. Eles começarão a analisar a nacionalização das empresas americanas no país.
BOLIVIA ROMPE RELACIONES CON ESTADOS UNIDOS
Expulsa a todos los funcionarios estadounidenses destacados en el país, al considerarlos responsables directos de la afrenta realizada por cuatro países europeos que siguieron sus órdenes y pusieron en peligro su seguridad y de conflictos con abusos de empresas norteamericanas al interior de Bolivia. Empezarán a analizar la nacionalización de empresas estadounidenses afincadas en el país.

Ya las relaciones entre ambos países se mantenían al mínimo, pero esta decisión acaba con lo que quedaba de la relación.
Unasur ha apoyado la decisión de Bolivia y algunos de sus miembros consideran la posibilidad reducir las relaciones con el país del norte a los compromisos comerciales adquiridos en el pasado.


  Já as relações entre os dois países foram reduzidas ao mínimo, mas esta decisão apenas com o que restava da relação.
 
 
 
Unasul apoiou a decisão da Bolívia, e alguns dos seus membros considerarem a redução das relações com os compromissos de comércio do norte do país no passado. (Traduzido por Bing)

Direita manipula a energia das ruas para fragilizar a presidente


JORNAL: O TEMPO


LEONARDO BOFF
Direita manipula a energia das ruas para fragilizar a presidente

PUBLICADO EM 12/07/13 - 02h21
É notório que a direita brasileira, apoiada pelas mídias privada e familiar, está se aproveitando das manifestações massivas nas ruas para manipular essa energia a seu favor. A estratégia é fazer sangrar mais e mais a presidente Dilma Rousseff e desmoralizar o PT, e assim criar uma atmosfera que lhe permite voltar ao lugar que por via democrática perderam.

Se, por um lado, não podemos nos privar de críticas ao governo do PT, por outro não podemos ingenuamente permitir que as transformações político-sociais alcançadas nos últimos dez anos sejam desmoralizadas e desmontadas por parte das elites conservadoras.
É sabido que, com a vitória do capitalismo sobre o socialismo estatal do Leste Europeu, em 1989, o presidente norte-americano Reagan e a primeira-ministra britânica Thatcher inauguraram uma campanha mundial de desmoralização do Estado, tido como ineficiente, e da política como empecilho aos negócios das grandes corporações globalizadas e à lógica da acumulação capitalista. Com isso, visava-se chegar ao Estado mínimo, debilitar a sociedade civil e abrir amplo espaço às privatizações e ao domínio do mercado, até conseguir a passagem de uma sociedade com mercado para uma sociedade de puro mercado, na qual tudo vira mercadoria. Conseguiram.
O Brasil, sob a hegemonia do PSDB, se alinhou ao que se achava o marco mais moderno e eficaz da política mundial. Protagonizou vasta privatização de bens públicos, que foi maléfica ao interesse geral.
Que isso foi uma desgraça mundial se comprova pelo fosso abissal que se estabeleceu entre os poucos que dominam os capitais e as finanças e a grande maioria da humanidade. Sacrifica-se um povo inteiro, como a Grécia, sem qualquer consideração, no altar do mercado e da voracidade dos bancos.
A crise econômico-financeira de 2008, instaurada no coração dos países centrais que inventaram essa perversidade social, foi consequência desse tipo de opção política. Foram os Estados que tanto combateram que os salvaram da completa falência, produzida por suas medidas montadas sobre a mentira e a ganância.
Então, se devemos criticar a nossa classe política por ser corrupta, e o Estado por ser ainda, em grande parte, refém da macroeconomia neoliberal, devemos fazê-lo com critério e senso de medida. Caso contrário, levamos água ao moinho da direita. Esta se aproveita dessa crítica não para melhorar a sociedade em benefício do povo que grita na rua, mas para resgatar seu antigo poder político, especialmente aquele ligado ao poder de Estado, a partir do qual garantiam seu enriquecimento fácil.
Por isso, as massas devem continuar na rua contra elas. Precisam estar atentas a essa infiltração, que visa mudar o rumo das manifestações. Elas invocam a segurança pública e a ordem a ser estabelecida. Quem sabe, até sonham com a volta do braço armado para limpar as ruas.
Daí, cabe reforçar o governo de Dilma, cobrar-lhe, sim, reformas políticas profundas, evitar a histórica conciliação entre as forças em tensão e a oposição para, juntas novamente, esvaziarem o clamor das ruas e manterem um status quo que prolongue benefícios compartilhados.
Dessa forma se enfrentarão as articulações da direita e se poderá, com mais força, reclamar reformas políticas de base que vão na direção de atender a infraestrutura reclamada pelo povo nas ruas: melhor educação, melhores hospitais públicos, melhor transporte coletivo e menos violência na cidade e no campo.
JORNAL: O TEMPO

LEONARDO BOFF
Direita manipula a energia das ruas para fragilizar a presidente

PUBLICADO EM 12/07/13 - 02h21
É notório que a direita brasileira, apoiada pelas mídias privada e familiar, está se aproveitando das manifestações massivas nas ruas para manipular essa energia a seu favor. A estratégia é fazer sangrar mais e mais a presidente Dilma Rousseff e desmoralizar o PT, e assim criar uma atmosfera que lhe permite voltar ao lugar que por via democrática perderam.

Se, por um lado, não podemos nos privar de críticas ao governo do PT, por outro não podemos ingenuamente permitir que as transformações político-sociais alcançadas nos últimos dez anos sejam desmoralizadas e desmontadas por parte das elites conservadoras.
É sabido que, com a vitória do capitalismo sobre o socialismo estatal do Leste Europeu, em 1989, o presidente norte-americano Reagan e a primeira-ministra britânica Thatcher inauguraram uma campanha mundial de desmoralização do Estado, tido como ineficiente, e da política como empecilho aos negócios das grandes corporações globalizadas e à lógica da acumulação capitalista. Com isso, visava-se chegar ao Estado mínimo, debilitar a sociedade civil e abrir amplo espaço às privatizações e ao domínio do mercado, até conseguir a passagem de uma sociedade com mercado para uma sociedade de puro mercado, na qual tudo vira mercadoria. Conseguiram.
O Brasil, sob a hegemonia do PSDB, se alinhou ao que se achava o marco mais moderno e eficaz da política mundial. Protagonizou vasta privatização de bens públicos, que foi maléfica ao interesse geral.
Que isso foi uma desgraça mundial se comprova pelo fosso abissal que se estabeleceu entre os poucos que dominam os capitais e as finanças e a grande maioria da humanidade. Sacrifica-se um povo inteiro, como a Grécia, sem qualquer consideração, no altar do mercado e da voracidade dos bancos.
A crise econômico-financeira de 2008, instaurada no coração dos países centrais que inventaram essa perversidade social, foi consequência desse tipo de opção política. Foram os Estados que tanto combateram que os salvaram da completa falência, produzida por suas medidas montadas sobre a mentira e a ganância.
Então, se devemos criticar a nossa classe política por ser corrupta, e o Estado por ser ainda, em grande parte, refém da macroeconomia neoliberal, devemos fazê-lo com critério e senso de medida. Caso contrário, levamos água ao moinho da direita. Esta se aproveita dessa crítica não para melhorar a sociedade em benefício do povo que grita na rua, mas para resgatar seu antigo poder político, especialmente aquele ligado ao poder de Estado, a partir do qual garantiam seu enriquecimento fácil.
Por isso, as massas devem continuar na rua contra elas. Precisam estar atentas a essa infiltração, que visa mudar o rumo das manifestações. Elas invocam a segurança pública e a ordem a ser estabelecida. Quem sabe, até sonham com a volta do braço armado para limpar as ruas.
Daí, cabe reforçar o governo de Dilma, cobrar-lhe, sim, reformas políticas profundas, evitar a histórica conciliação entre as forças em tensão e a oposição para, juntas novamente, esvaziarem o clamor das ruas e manterem um status quo que prolongue benefícios compartilhados.
Dessa forma se enfrentarão as articulações da direita e se poderá, com mais força, reclamar reformas políticas de base que vão na direção de atender a infraestrutura reclamada pelo povo nas ruas: melhor educação, melhores hospitais públicos, melhor transporte coletivo e menos violência na cidade e no campo.
*JaneM.