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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 14, 2013

Primeira reitora negra assume a Unilab Denise Porfírio



Primeira reitora negra assume a Unilab
Denise Porfírio

A nova reitora da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), Nilma Lino Gomes tomou posse na segunda-feira (1º), em cerimônia realizada no Ministério da Educação, em Brasília.

A reitora pro tempore é a primeira mulher negra a ocupar o cargo em uma universidade federal brasileira. Ela foi nomeada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante para assumir a reitoria da Unilab, que tem sede na cidade de Redenção, no Ceará, cidade escolhida por ter sido a primeira a abolir a escravidão no Brasil. Nilma Gomes assume o cargo deixado pelo novo secretário da educação superior do MEC, Paulo Speller.

Speller parabenizou Aloizio Mercadante pela escolha do nome de Nilma e ressaltou a importância do esforço conjunto entre governo do estado, movimento negro, sociedade e professores, que permitiu a construção do projeto Unilab. “Hoje não há pessoa mais bem preparada para assumir essa responsabilidade”, afirmou. “Nilma dará continuidade a essa experiência inovadora do governo brasileiro e esse projeto se consolidará muito mais”.

Em seu primeiro discurso, a nova reitora fez um agradecimentoaos ancestrais da diáspora africana e destacou as principais ações e medidas que serão viabilizadas em sua gestão, como a consolidação da função acadêmica e política da Unilab em sintonia com a consciência dos direitos coletivos sociais, étnicos, raciais, de gênero, diversidade sexual nas especificidades das comunidades africanas e outros países nos quais a Cooperação Sul-Sul se realizar.

Nilma explicou também que no que se refere àscomunidades brasileira e africana, essa postura implica no direito à sua história, memória, cultura, conhecimento, identidade e valor. Comprometida com essa realidade, à frente daUnilab pretende consolidar a produção teórica de formação tecnológica e de conhecimento para intervir democraticamente nos processos de desenvolvimento econômico e social que garanta direito a saúde, educação, moradia e soberania alimentar.

Metas – Nilma Lino buscará ainda implementar um projeto institucional de articulação com experiências acadêmicas,a partir de uma perspectiva integradora com os cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, em parceria baseada na cooperação solidária com instituições de pesquisas e núcleos de estudos brasileiros, africanos, latinos americanos, asiáticos e europeus.

Outro desafio será a construção de pesquisas e projetos que visem o mapeamento e análise das políticas de ação afirmativa, dos coletivos sociais, étnicos e raciais na garantia de lutas de igualdade de direitos na educação técnica, básica e superior.

“Assumo consciente do processo democrático de gestão e dodiálogo entre docentes e discentes, rede de universidades brasileira e africanaem consonância com as políticas do MEC”, ressalta. “Trago comigo a força, garra e orgulho de uma família negra que nos dizeres que Milton Nascimento nunca perdeu a estranha mania de ter fé na vida”, pontuou.

Emocionada, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, ressaltou comprometimento do governo com a missão de um Brasil mais inclusivo e a afirmação da luta pela igualdade racial. “A posse de Nilma Lino representa uma conquista pelo que existe de especial em sua trajetória e é muito importante para nós, brasileiros, e principalmente para nós, negros”, afirmou.

O ministro Aloizio Mercadante anunciou o aumento da oferta de ensino à distância de graduação e pós-graduação com pólos em Moçambique e o fortalecimento dos laços políticos para trazer a história da África para dentro do Brasil. “A Unilab será a nossa porta de acesso à cultura, história da África, música, arte, ciência e educação que ampliará a liberdade e igualdade de oportunidades para todos”.

Também participaram da solenidade o diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Negra da Fundação Cultural Palmares, Martvs das Chagas, a titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Macaé Maria Evaristo dos Santos e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente.

Currículo – Nilma Lino Gomes é graduada em pedagogia e mestre em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez doutorado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado em sociologia pela Universidade de Coimbra, em Portugal. A reitora atuou como professora do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação da UFMG e coordenadora-geral do Programa Ações Afirmativas na UFMG e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA). Entre 2004 e 2006, presidiu a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e desde 2010 integra a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, onde participa da comissão técnica nacional de diversidade para assuntos relacionados à educação dos afro-brasileiros.

Unilab – A instituição iniciou suas atividades acadêmicas em 2011 com cinco cursos, e no ano seguinte já ofertava 1.010 matrículas. Tem como objetivo além de ensino superior, pesquisa e extensão, formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, e promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.

Guilherme Rocha
Nilma Lino Gomes e Aloizio Mercadante assinam o termo de posse

Guilherme Rocha
Martvs das Chagas representado o presidente da FCP, Hilton Cobra, Nilma Gomes e Maria da Glória Lino Gomes

Guilherme Rocha
Nilma Gomes recebe os cumprimentos dos ministros Aloizio Mercandante, Luiza Bairros e demais autoridades

*Revolucionarioseternamente

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