Posted: 11 Apr 2016 08:26 AM PDT
Em 1943, em plena guerra mundial e com
Natal repleta de soldados americanos, o Atheneu Norte-Riograndense
promoveu uma série de palestras para seus alunos e proferidas por jovens
intelectuais potiguares. As conferências foram publicadas no mesmo ano e
republicadas pelo Sebo Vermelho em 2012.
Na noite de 5 de agosto de 1943, a
conferência ficou a cargo do jovem professor Luiz Maranhão Filho e tinha
como tema “Lembranças de Zaratustra”. O texto de Maranhão é belamente
construído e muito atual, atualizadíssimo, especialmente porque se
renovam, nos dias atuais, pensamentos e propostas antidemocráticas e
fascistas.
Luiz Maranhão enaltece, na primeira parte
da conferência, a beleza literária de “Assim Falava Zaratustra”.
Descreve como “grande e magistral poema, que logo nos sentimos atraídos
pela sua poesia, antes de penetrarmos no imenso campo de sua essência”.
Ou “a obra de Nietzsche-Zaratustra possui o encanto maravilhoso de todas
as nuances, desenrolando-se dentro de um jogo luminoso e colorido que
nos leva a um estado de espírito quase sublime…”.
Prosseguindo na palestra, Luiz Maranhão
alerta que apesar da beleza de estilo literário, “as ideias de Nietzsche
foram, sem dúvida, antidemocráticas por excelência. Pela boca de
Zaratustra, ele pregou a renovação da vida no sentido da aristocracia,
aspirando ao reino dos super-homens”.
Comenta ainda o palestrante que “é uma
verdadeira característica em Zaratustra, o desprezo pelo povo… E não
somente quando despreza o povo mostra-se Zaratustra um antidemocrata.
Essa qualidade envolveu-o totalmente, até mesmo quando teve de se
referir às mulheres, negando-lhes a posição que viriam a desfrutar no
círculo das atividades humanas”. Essa referência mostra uma
característica marcante, por toda a vida, de Luiz Maranhão como um
pioneiro feminista dentro do movimento de esquerda.
*AVerdade
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