Fim da Lava Jato, corruptos impunes, Temer presidente e Cunha vice. O Brasil não vai aceitar isso
Na reta final da votação do impeachment da presidenta Dilma, no próximo domingo, a mídia golpista vende um cenário de vitória consagradora do golpe. Mas é mentira. E o principal operador do golpe na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (ainda e inacreditavelmente há mais de seis meses no cargo, mesmo com todas as acusações e provas de corrupção e envio de dinheiro para o exterior contra ele) sabe disso.
Tanto sabe que mudou a ordem de votação, de nominal - como sempre foi - para por regiões. Primeiro votarão deputados do sul e do sudeste, áreas mais favoráveis ao impeachment, com destaque para o coração direitista do golpe - São Paulo.
A ideia é que o número de votos a favor acabe provocando um efeito manada e levando os indecisos a optarem pelo golpe.
Só que o governo teria que ser muito incompetente para não conseguir ao menos um terço mais um dos votos contra o impeachment. E se é possível ter dúvidas quanto à capacidade de negociação política da presidenta Dilma, ninguém pode falar o mesmo do ex-presidente Lula, que está em Brasília fazendo o que melhor sabe fazer - política.
Se há um número grande de deputados com processos e acusações de corrupção e que, portanto, querem o corrupto Eduardo Cunha pondo um fim à Lava Jato, que os pode mandar para a cadeia, há outros que só têm a perder com a mudança de governo, por saber o alto preço (em grana mesmo e em barganhas) que terão a pagar com os golpistas no poder.
Com a totalidade dos votos do PT, PC do B e PSOL, a quase totalidade do PDT (que fechou questão, o que pode significar todos os votos do partido, 20), e grande parte do PP (que mantém ministério, e rachou), PR, PSD, mais os dissidentes do PMDB, são, no mínimo, 150 votos. Sem contar os dissidentes de outros partidos - alguém acredita que todos os 32 deputados de um partido com a história do PSB, por exemplo, vão votar a favor do golpe?
A concentração de forças de todos os ministros e políticos da base do governo, mais o ex-presidente Lula têm que conseguir apenas 22 votos entre os 363 deputados restantes.
Logo, não vai ter golpe.
*blogdoMello
Impeachment é escudo para obstruir Justiça
É espantoso que “as ruas”, esse movimento difuso, misterioso, obscuro cuja principal bandeira é a “luta contra a corrupção” não se deem conta de que na verdade estão protegendo os corruptos, estão servindo de biombo para inocentar os que já têm os pés na lama e os futuros enlameados.
Por: Alex Solnik, no: Brasil 247
Não foi apenas movido pelo sentimento de vingança que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deflagrou o processo de impeachment.
Agora está ficando claro que o verdadeiro objetivo foi escapar da Justiça, ou seja, obstruir as investigações a respeito de suas atividades pretéritas.
Se o seu plano der certo, ele se torna vice-presidente da República e, como tal, vai matar dois coelhos com uma só cajadada: o processo de sua cassação no conselho de ética vai ser deletado porque ele não será mais deputado e sim vice-presidente, assim como as acusações que pesam contra ele na Lava Jato, pois, como vice-presidente, só pode ser processado por malfeitos ocorridos durante o seu mandato. O passado não o condenará mais.
O mesmo raciocínio se aplica a Michel Temer. Se conseguir assumir a presidência da República caem por terra as delações feitas contra ele na República de Curitiba, assim como morre o impeachment que o ministro Marco Aurélio Mello praticamente obrigou Cunha a abrir contra ele.
Temer vai se livrar dos dois problemas, pois, se tudo der certo, assumirá um novo mandato, e só poderá ser processado pelo que fizer no decorrer dele, não respondendo mais pelo que fez no passado.
Diante da perplexidade dos que defendem a legalidade e a retomada do crescimento econômico e do cinismo dos que mentem, inventam, camuflam e enganam os incautos, os dois próceres do PMDB comandam um movimento em que a obstrução da Justiça e o desvio de finalidade estão na cara, mas a sua caravana desfila com a conivência da imprensa, o silêncio da Justiça e a histeria das ruas.
Eles serão os principais beneficiados se o STF continuar calado diante dos fatos, mas não os únicos. É evidente que a isca com que atraem novos adeptos é a esperança de salvá-los também. Não por outro motivo o PP, principal implicado na corrupção sob investigação na Lava Jato, mais implicado que o PT e o PMDB anunciou sua adesão aos dois perdidos numa noite suja.
É espantoso que “as ruas”, esse movimento difuso, misterioso, obscuro cuja principal bandeira é a “luta contra a corrupção” não se deem conta de que na verdade estão protegendo os corruptos, estão servindo de biombo para inocentar os que já têm os pés na lama e os futuros enlameados.
O que Temer e Cunha comandam não é apenas um golpe contra a democracia e contra os beneficiários de programas sociais; é um golpe contra a Justiça, é um salvo conduto para continuarem arrastando o país para o buraco da impunidade, da ilegalidade, da corrupção, dos privilégios.
*Ocarcará
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