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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, maio 17, 2010
O documentário argentino Memórias do Saque
VAMOS SEGUIR O MODELO ARGENTINO?
via Escreva Lola Escreva de lola aronovich em 17/05/10
O documentário argentino Memórias do Saque (que pode ser visto na íntegra no YouTube) é um programa obrigatório para antes das eleições. Ele trata do que levou a Argentina à pior crise da sua história, aquela que praticamente destruiu o país em 2002. Basicamente, o presidente Carlos Menem, sob as diretrizes do FMI, privatizou tudo. O resultado foi desastroso. Um bom exemplo foi o do sistema ferroviário: antes de ser privatizado, ele empregava 95 mil pessoas. Hoje, emprega 15 mil. Quem pensa que o importante é que uma empresa tenha lucro pode até dizer: ah, lógico que só ficaram os 15 mil mais eficientes, o resto era máquina estatal inchada. Certo. Talvez alguém possa explicar como um sistema que antes tinha 30 mil km de ferrovia, e hoje tem 8 mil, possa ter ficado mais eficiente. Porque defender corte de funcionários é fácil. Mas corte de trilhos? Engraçado que quem critica os países pobres pela falta de infraestrutura ignora esses detalhes.
Eu morei em Detroit por um ano. Lá, o sistema público de ônibus era bem ruim. Tá certo que só 10% da população local pegava ônibus, mas eram poucos ônibus, poucos horários, poucas linhas. E isso por quê? Porque três das principais montadoras de automóveis dos EUA e do mundo ficavam em Detroit (ficam ainda, mas em 2008 elas pediram água, e o governo teve que aparecer para salvá-las financeiramente). E elas faziam um grande lobby para que não houvesse investimentos no transporte público. Assim como sou contra as instituições religiosas interferirem no estado, também critico que interesses de empresas privadas interfiram no estado. Porque em boa parte das vezes o interesse de uma empresa privada (o lucro, acima de tudo) não bate com o da população.
Mas, voltando ao caso da Argentina, privatizaram todo o setor petrolífero, que dava lucro (e eu adoro como, pra justificar a privatização de uma estatal que dá prejuízo, dizem que é ineficiente. Quando dá lucro, é algo como “É verdade, dá lucro, mas o que o governo está fazendo dirigindo uma estatal de petróleo?”). Lá pelas tantas no documentário, alguém lembra que a Argentina foi um caso inédito no mundo: “Não se conhece um outro país que haja entregue seu gás e seu petróleo sem haver perdido uma guerra”. E a ironia maior: ninguém pagou pelas concessões. O governo vendeu o que era público e não viu a cor do dinheiro.
E aqui no Brasil? Tivemos várias privatizações durante o governo passado. Pesquisas mostram que a única aceita pela população é a da telefonia ― e isso se a gente fechar os olhos pro fato que temos uma das piores e mais caras conexões de internet no mundo. E, lógico, vale a pena perguntar como o país teria sobrevivido à crise mundial iniciada em 2008 se houvesse seguido com as privatizações.
Privatizar faz parte de um projeto político maior, e por isso é fundamental conhecer o programa de cada candidato. E, na falta desse programa, pois há partidos políticos que escondem suas obras, é bom vasculhar o passado. Quem fez o quê, e por que. Não se trata de bonzinhos e malvados, embora, no caso da Argentina, os maus sejam mais do que evidentes. Quem é bom e quem é mau depende do que você defende. Se você acha que o governo tem que ser mínimo, que as empresas privadas não precisam de regulamentação porque querem o bem-estar de seus clientes (já que pro modelo privado não existem cidadãos, apenas consumidores), que o estado serve pra emperrar, e que o livre mercado é eficiente e não merece ser “atrapalhado” pelo governo, bom, assuma-se: este é o pensamento da direita. Sabe aquela direita que dizem que não existe mais depois que o Muro de Berlim caiu? Pois é, essa mesma. Você não está sozinho, muita gente pensa assim. E tudo bem, desde que você defenda o pacote completo: Estado mínimo significa quase nada de investimento em educação e saúde, por exemplo. Você deve ter plano de saúde, mas mesmo assim quer vaga numa universidade federal pra você ou seus filhos, certo? Porque universidade pública é superior à particular. E por isso você fica tão revoltado com as cotas, que estão reservando as vagas nas universidades públicas para quem vem de escolas públicas. Anyway, mesmo que você esteja bem servido na vida (não é sorte, eu sei, é que você trabalhou um monte), talvez dê pra eleger um governo que favoreça os menos sortudos?
Pra quem acha que PT e PSDB são iguais, convém refletir um pouquinho. A principal diferença é em como cada um enxerga o tamanho do Estado. O governo Lula é acusado pela mídia de “inchar” a máquina pública. Mas esse inchaço é causado por pessoas como eu, uma entre os oito mil professores contratados pra trabalhar numa universidade federal. É causado pelo Bolsa-Família, que custa uma migalha pros cofres públicos, mas possibilitou que 14 milhões de pessoas saíssem da linha da miséria. Dilma defende esse inchaço abertamente. Pra ela, o Estado deve ser forte e atuante. Já o PSDB, o que quer? Eles não dizem exatamente, porque pega mal, às vésperas de uma eleição, mencionar cortes em algumas áreas. No máximo usam uma palavra bonita, choque de gestão ― que equivale exatamente a cortar gastos públicos, ou seja, adeus novas universidades com novos professores, ou novos hospitais com novos médicos, ou sequer algum resquício de reajuste salarial para professores e médicos antigos, ou aumento real do salário mínimo. É só ver o que fez o governo FHC em seus dois mandatos, e o que fez Serra no governo de SP. Não é difícil comparar. Veja o valor do salário mínimo em 2002 e hoje. Veja quanto ganha um professor de uma escola estatal em SP, estado mais rico do país. Ou um policial militar. Ou uma enfermeira.
Mas claro, podemos continuar insistindo que não há diferença entre os candidatos e que vamos votar no Serra porque não gostamos da plástica da Dilma. Enfim, centrar-se nos indivíduos, que nunca governarão sozinhos, e não no projeto político de cada um. Essa fórmula funcionou na Argentina, né?
A imprensa em geral é leiga e não busca entender os casos mais complexos, o resultado é uma cobertura confusa que mais desinforma e mistifica
Irã continuará a enriquecer urânio a 20% mesmo com acordo, diz governo - internacional - Estadao.com.br
"Claro que o enriquecimento a 20% irá continuar em nosso próprio país", disse o porta-voz Ramin Mehmanparast. O Irã recebeu muitas críticas internacionais em fevereiro, após começar a enriquecer urânio a 20%, necessário como combustível em seu reator de pesquisas.
A imprensa em geral é leiga e não busca entender os casos mais complexos, o resultado é uma cobertura confusa que mais desinforma e mistifica do que esclarece. O caso do Irã é típico, em geral reproduzem os jornalões americanos que reproduzem a opinião da Casa Branca. A situação lembra muito a brincadeira de criança chamada telefone sem fio, onde uma mensagem é passada no ouvido de um a um e acaba chegando toda distorcida.
Vamos dar uma clareada na questão. O Irã possui usinas nucleares para a produção de energia elétrica. As usina nucleares existem no mundo todo, na europa representam parcela considerável da sua produção de eletricidade, existem usinas idênticas nos EUA e aqui no Brasil. As tecnologias envolvidas são o segredo do negócio, no Brasil utiliza-se tecnologia alemã da GE que só funcionou perfeitamente em laboratório e o Brasil é único país a utilizá-la (chamada de centrifugação). É coisa do Geisel e que enriqueceu muita gente mas isto é outra coisa.
O urânio não é abundante no planeta, mas não chega a ser raro. O minério para ser usado em uma usina necessita ser enriquecido. O urânio na natureza possui 99,284% do isótropo U-238 e apenas 0,711% do U-235 necessário para fabricar uma bomba. Gerar material com 20 % de U-235 é relativamente simples e barato de modo que o Brasil e o Irã e muitos outros países o produzem e o utilizam para combustível de suas usina de eletricidade. Há algumas décadas só os americanos vendiam combustível nuclear.
Enriquecer o urânio para além de 20% é muito caro e complexo. Chegar a 90% exige muito investimento e tempo para acontecer, mas uma vez que se consiga, por menor quantidade que seja, fica muito fácil produzir uma bomba atômica. A ONU então resolveu fazer visitas às instalações nucleares mundo afora com o intuito de acalmar a comunidade internacional e garantir a limitação do acesso ao armamento nuclear no mundo.
O Irã se nega a receber estas visitas. Os inspetores internacionais foram barrados várias vezes no Irã, sob suspeita de serem espiões ocidentais. Fato bastante plausível, pois como disse, a tecnologia é o fundamental aqui, e cada país enriquece seu urânio a sua maneira. Não permitir a entrada de inspetores é um problema sério? Se fosse o Brasil também teria de sofrer sanções, pois igualmente não permitiu visitação a suas instalações.
Outro detalhe importante. Israel tem armamento nuclear em seu território, tem usinas nucleares, enriquece urânio e não assinou o tratado de não proliferação de armas nucleares como o Brasi le o Irã. É o famoso dois casos, duas medidas.
Revista Fórum
LULA , "O ESTADISTA"
LULA , "O ESTADISTA"
Lula colaborou em libertação de francesa
Sarkozy agradece a líder brasileiro; visita ao Irã teria criado condições para professora ser solta
Roberto Simon, ENVIADO ESPECIAL / TEERÃ - O Estado de S.Paulo
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, agradeceu ontem a contribuição do Brasil para a libertação de Clotilde Reiss, acadêmica francesa de 24 anos que estava presa no Irã desde julho. Sarkozy também elogiou a intermediação do Senegal e da Síria no caso. Segundo o líder francês, o Brasil e esses dois países tiveram um "papel ativo" na libertação de Clotilde.
A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Teerã teria criado condições para que o regime iraniano decidisse substituir a pena de 10 anos de prisão à qual foi condenada a francesa por uma multa de 350 mil. Clotilde desembarcou ontem em Paris, num avião oficial francês, e se encontrou com o chanceler Bernard Kouchner e com Sarkozy.
"Clotilde Reiss estava presa injustamente no Irã desde 2009", ressaltou em nota o Palácio do Eliseu, antes de prestar homenagem à professora por ter mostrado, durante sua detenção, "coragem e dignidade exemplares".
França e EUA apostavam na mediação brasileira para libertar seus cidadãos presos no Irã. Antes da visita de Lula, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solicitou formalmente ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, que pedisse a libertação de três alpinistas americanos detidos em 2009. "Traga os nossos garotos de lá", afirmou Hillary.
Clotilde, que estava trabalhando como professora na Universidade de Isfahan, foi presa durante uma onda de manifestações há dez meses, após a suposta fraude eleitoral que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ela foi condenada por espionagem por ter enviado informações sobre os protestos por e-mail para a embaixada francesa e para sua família.
Sua sentença inicial foi comunicada em um julgamento em massa feito pelo Judiciário iraniano contra manifestantes presos. Em seguida, Clotilde foi levada à prisão de Evin, reservada a acusados de crimes de consciência. "Estou muito feliz por retornar ao meu país e rever pessoas que amo", afirmou ontem.
segunda-feira, 17 de maio de 2010 PESQUISA CNT/SENSUS COLOCA DILMA À FRENTE DE TROLOLÓ
segunda-feira, 17 de maio de 2010
PESQUISA CNT/SENSUS COLOCA DILMA À FRENTE DE TROLOLÓ
1ºTURNO
DILMA - 35,7%
TROLOLÓ - 33,2%
2º E ÚLTIMO TURNO
DILMA - 41,8%
TROLOLÓ - 40,5% ADEUS , ATÉ NUNCA MAIS
Postado por APOSENTADO INVOCADO 1 às 11:52 0 comentários Links para esta postagem
EM PESQUISA ESPONTÂNEA A DERROTA DE TROLOLÓ É DESASTROSA
Dilma Rousseff tem 19,8% da preferência.
José Serra (9,7%)
Lula (9,7%)
Marina Silva (2,7%)
Postado por APOSENTADO INVOCADO 1 às 11:51 0 comentários Links para esta postagem
"OPOSIÇÃO SEM RUMO" E IMPRENSA CORRUPTA TENTAM DESQUALIFICAR O ACORDO DO IRÃ,É SÓ O QUE ELES SABEM FAZER.NÃO TÊM CAPACIDADE PARA CONSTRUIR,SÓ DESTRUIR
A Dilma botou a urubóloga no devido lugar.
A CBN, a rádio que troca a notícia, entrevistou Dilma Rousseff:
O PiG (*) omitirá o ponto mais interessante da entrevista:
A Dilma triturou a urubóloga Miriam Leitão.
“Deu dó”, como se diz em Minas (as duas são mineiras).
A Miriam chegou com aquela empáfia de quem sabe, de quem decorou os números, e foi para cima da Dilma.
Queria saber quando a Dilma deixou de ser uma perdulária, uma “vamos torrar a grana”, para se tornar uma austera administradora pública.
(O coração da urubóloga se inclina para o Ministro Malocci, um tucano infiltrado no PT – e no Globo – , como se sabe.)
Aí, a Miriam começou a desfiar os números que mostravam que a dívida bruta isso, a dívida líquida aquilo, que a Dilma estourou o Caixa do Governo.
A Dilma botou a urubóloga no devido lugar.
Primeiro, a dívida caiu consistentemente no Governo Lula.
A dívida só subiu, quando foi preciso evitar a crise de 2008 (aquela crise que a urubóloga disse que ia afogar o presidente Lula).
Ou seja, a dívida subiu para conter a crise.
Mas voltou a diminuir.
E deu certo: o Brasil tem hoje números que pode exibir com orgulho – um dos mais baixos déficits e relação dívida sobre o PIB.
A Dilma chamou a Miriam várias vezes de “equivocada”.
E foi para cima da Miriam, com números, de forma segura, indiscutível.
A Miriam caiu na armadilha dos tucanos: acreditou que Dilma é fraca, despreparada.
Que cai em armadilhas.
É o que o Serra deve achar.
Dilma concluiu esse capítulo da trituração da urubóloga com uma tese interessante: a grande vitória do Governo Lula foi cortar a ligação entre a variação do dólar e a dívida do Governo.
A Dilma não disse, mas poderia ter dito: os gênios tucanos (FHC/Serra), que a Miriam tanto apoiou, é que fizeram isso: a dívida brasileira flutuava com o dólar.
Ou seja, o dólar conduzia o Brasil.
Dilma não fugiu do rótulo: sim, ela faz parte da esquerda brasileira.
E o que é ser de esquerda no Brasil, hoje ?
É crescer e distribuir a renda.
No Governo do FHC/Serra – Dilma não deu o nome – o que valia era o trio maravilhoso tucano: a combinação estagnação, desemprego e desigualdade.
O Governo Lula, lembrou a Dilma, tirou 24 milhões de brasileiros da miséria.
E levou 31 milhões para a classe média.
Ser de esquerda no Brasil – segundo a Dilma – é erradicar a miséria nesta década.
Dilma também denunciou a diplomacia submissa do governo FHC/Serra: o Brasil de Lula não é pequenininho, submetido, incapaz de assumir a liderança como assumiu no Irã.
Dilma não viu que vantagem o povo levou com o fim da CPMF (uma batalha que o PiG (*), a FIE P (**) e o Arthur Virgilio Cardoso – o do cartão Visa em Paris – venceram).
E, por fim, a questão da segurança pública (o Serra quer criar o Ministério da Segurança – deve ser para motoboys negros).
Para Dilma, o que precisa ser feito em todo o Brasil é o que Sergio Cabral fez no Rio, com dinheiro do PAC: as UPPs.
Por que o Serra não constrói uma UPP no Guarujá ?
Em tempo: a Miriam deve estar no inferno astral. Levou um pito do Serra e fingiu que tinha sido “o calor da eleição”. Depois, levou um pito do embaixador americano (ela pensou que ia dar um drible no “inexperiente” embaixador americano). E agora, se deixa triturar pela Dilma. Onde está a velha chama ? (A Hippolito foi mais esperta. Pegou leve.) E, no fim, a suprema ironia. A Dilma pediu licença para mandar um caloroso abraço à Miriam e à Hippolito.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) FIE P – o Conversa Afiada achou por bem retirar o “$” de FIESP depois que a FIE P tirou o leite das crianças (ao derrubar a CPMF), para evitar que o Fisco descobrisse o “bahani”, que é como, em São Paulo se chama o Caixa Dois … Depois, se viu que o presidente da FIE P intermediava grana da Camargo Corrêa para os políticos.
Viva a paz! Viva o Brasil que acredita na paz!
Viva a paz! Viva o Brasil que acredita na paz!
Esta madrugada no Brasil, manhã em Teerã, pode ser um dia histórico. O Irã, o Brasil e a Turquia devem anunciar um acordo pelo qual os iranianos concordam em enviar urânio semiprocessado para o exterior e recebê-lo de volta enriquecido para o uso em suas centrais elétricas nucleares.
Desaparece, com isso, o argumento norteamericano de que o Irã está desenvolvendo enriquecimento de urânio para armas nucleares, usado pelos Estados Unidos como argumento para uma escalada de sanções contra aquele país que todos sabemos tem objetivos bélicos, como as tais armas de destruição em massa serviram de pretexto contra o Iraque, ainda que não existissem.
Viva o nosso país que, contra toda a sabujice de nossa mídia e de nossa direita, soube projetar seu papel de liderança emergente e pacífica. Honra ao presidente Lula e ao Itamaraty, que souberam suportar o desdém, o pouco caso e a histeria da direita persistiu e chegou a este momento histórico, agindo com firmeza, equilíbrio e reserva, ao ponto da confirmação do acordo ter sido divulgada pela Turquia, através da agência oficial de notícias, a Anatólia, e não por nós.
Uma sincera saudação aos líderes iranianos que, embora tenham todo o direito a desenvolver sua tecnologia sem pedir licença a ninguém, tiveram a sensibilidade de ceder, firmando um acordo que, em nome de nossa honra, temos o compromisso de sermos os fiadores.
Viva a paz no mundo, entre os homens de todas as nacionalidades, etnias, religiões e ideologias, para os quais a disputa não passa pela morte nem pela destruição.
Um viva ao país que podemos, finalmente ser, para nós e para o mundo!
Brizola Neto
New York Times: Irã oferece envio de urânio, complicando debate sobre sanções
New York Times: Irã oferece envio de urânio, complicando debate sobre sanções
Iran Offers to Ship Uranium, Complicating Sanctions Talks
By Michael Slackman
Published: May 17, 2010
CAIRO — O Irã anunciou na segunda-feira um acordo para enviar parte de seu combustível atômico para a Turquia, o que seria uma solução de curto prazo para o atual enfrentamento do país com o Ocidente, ou apenas uma tática com o objetivo de tirar dos trilhos as tentativas de impor novas sanções a Teerã.
O acordo, negociado com a Turquia e o Brasil, prevê que o Irã enviará 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido para a Turquia, onde o material ficaria estocado. Em troca, depois de um ano, o Irã teria o direito de receber cerca de 265 libras de material enriquecido da Rússia ou da França.
O acordo é espelho de outro que estava em negociação com o Ocidente em outubro passado mas que fracassou quando o Irã voltou atrás. Mas não está claro se o governo Obama vai concordar com ele agora — em parte porque o Irã continuou enriquecendo urânio, aumentando seu estoque.
Em outubro, os 1.200 quilos que o Irã supostamente enviaria para fora do país representavam cerca de dois terços de seu estoque de combustível nuclear — o suficiente para assegurar que o país não teria material nuclear suficiente para fazer uma bomba.
Mas agora, a mesma quantia de combustível representa uma proporção menor de seu estoque declarado.
De acordo com um diplomata ocidental que falou em troca de anonimato porque não tem autorização para falar com repórteres, a quantidade de urânio de baixo enriquecimento que o Irã está preparado para enviar à Turquia agora representa pouco mais da metade de seu estoque atual.
“A situação mudou”, o diplomata disse.
O acordo poderia muito bem enfraquecer as chances do governo Obama de obter aprovação internacional para novas medidas punitivas contra o Irã. A China e a Rússia, que tem se mostrado relutantes em impor sanções a um importante parceiro comercial, poderiam usar o anúncio para por fim às discussões sobre novas medidas, que representariam o quarto round de sanções.
Washington está buscando novas sanções porque o Irã se nega a suspender o enriquecimento de urânio ou a responder a perguntas de inspetores internacionais a respeito de provas sugerindo a existência de pesquisa sobre armas e experimentos similares. Os inspetores também foram bloqueados em suas tentativas de visitar vários lugares que pediram para examinar.
O sr. Obama agora está diante de escolhas difíceis. Se ele se afastar do acordo, vai parecer que está rejeitando um acordo similar ao que estava disposto a assinar oito meses atrás. Mas se ele aceitar, muitas das questões que ele tem dito precisam ser resolvidas com o Irã nos próximos meses — a maioria sobre o trabalho suspeito para a construção de armas — ficarão em suspenso por um ano ou mais. Muitas autoridades americanas acreditam que este é o objetivo maior do Irã.
Autoridades iranianas, no entanto, saudaram o acordo como um divisor de águas. Eles disseram na TV estatal iraniana que o próximo passo será negociar os termos com o chamado Grupo de Viena — como o Irã descreve o grupo informal formado por Estados Unidos, França, Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica, ente das Nações Unidas baseado em Viena.
Os iranianos disseram que enviarão uma carta confirmado o acordo à AIEA dentro de uma semana.
“Isso mostra que o Irã não está buscando armas nucleares mas o uso pacífico da tecnologia nuclear”, disse Ramin Mehmanparast, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, em uma entrevista coletiva televisionada na segunda-feira. “Essas interações devem substituir as tentativas de confronto”.
Diplomatas em Viena disseram que a AIEA não foi notificada oficialmente do acordo. Mas o fato de que Teerã agora concorda em fazer a troca de urânio fora de seu território é potencialmente significativo.
O anúncio, que parece voltado a satisfazer demandas internacionais, aconteceu quando o governo do Irã está diante de demandas políticas e econômicas em casa.
Embora o acordo tenha sido visto como um passo positivo por experts regionais, também há ceticismo sobre se é real ou apenas uma tentativa de transferir a culpa do conflito para o Ocidente, além de acabar com as discussões no Conselho de Segurança das Nações Unidas para impor novas sanções, o que parecia possível dentro de algumas semanas.
“O Irã tem uma história de fazer acordos e depois voltar atrás”, disse Emad Gad, um expert em relações internacionais do Centro Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos do Cairo. “Deixa a situação ficar realmente tensa e então chega a um acordo. Isso é uma das características genuínas da natureza da política no Irã”.
Coincidindo com as pressões por novas sanções, no dia 12 de junho o Irã marcará o aniversário das controversas eleições presidenciais do ano passado, que levaram a meses de protestes e conflito. O Irã também enfrenta sérias pressões econômicas por causa da inflação, perda de investimento estrangeiro e a possibilidade de retirada de subsídios em commodities, que significariam o aumento de preços e, talvez, novas tensões sociais.
“Com acordos como este ou anúncios como este, você precisa ser cético, pelo menos inicialmente, porque muitas vezes no passado eles foram uma oportunidade mais virtual que substancial”, disse Michael Axworthy, o ex-diplomata britânico e expert no Irã que dá aulas na Universidade de Exeter.
Parece haver razões para ceticismo. Em Teerã, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse a uma pessoa que participou da entrevista coletiva que o Irã não iria, por exemplo, suspender seu programa de enriquecimento de urânio a 20% — o que torna o combustível mais próximo do grau adequado para uso em armas.
O Irã diz que seu programa nuclear é pacífico, enquanto o Ocidente diz que visa construir armas. Essas acusações foram amplificadas depois que o Irã melhorou e testou seus mísseis de longo alcance.
Os termos do acordo de hoje parecem similares ao acordo geral negociado no ano passado em Genebra. O acordo fracassou quando o Irã parece ter voltado atrás em seu compromisso de enviar o combustível para um terceiro país.
O Irã havia insistido inicialmente que a troca fosse conduzida em seu território, uma demanda rejeitada pelo Ocidente. Mandar a maioria do combustível para fora do Irã permitiria pelo menos adiar por algum tempo a capacidade do Irã de construir sua bomba enquanto negociações de longo prazo poderiam acontecer.
O acordo de Genebra também previa a remessa de 2.640 libras de urânio enriquecido a 3,5% para a Rússia, onde seria enriquecido a 20%, e em seguida para Paris, onde o urânio seria preparado para uso no reator médico do Irã. Na época o acordo foi considerado aceitável por Washington porque representava o que se acreditava ser a maior parte do estoque de urânio do Irã.
O acordo de Genebra fracassou sob intensa pressão política no Irã, quando todas as facções políticas criticaram os termos como comprometedores do direito do Irã à energia nuclear. O time de negociadores do Irã então — e de novo na segunda-feira — argumenta que o acordo é do interesse do Irã porque de fato confirma o direito do país de enriquecer urânio.
“E com o apoio do Irã, hoje uma declaração foi divulgada, que reconhece que o Irã tem direito ao uso pacífico da energia nuclear, especialmente ao enriquecimento de urânio”, disse o chefe da Organização Nuclear iraniana, Ali-Akbar Salehi, na TV.
Os termos do acordo foram resultado de encontros envolvendo o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad; o ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki; Saeed Jalili, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional; o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva; e o primeiro-ministro da Turquia, Racep Tayyip Erdogan, de acordo com a agência oficial iraniana IRNA.
Se bem sucedido o acordo confirmaria a contínua ascensão da Turquia e do Brasil como forças globais. A Turquia, em particular, tem em meses recentes se reengajado no Oriente Médio, buscando ocupar um vácuo de liderança na região.
Ferai Tinc, um analista político que escreve para o jornal turco Milliyet, disse que “Ancara nunca apoiou totalmente o Irã, nem advogou violência ou sanções contra o Irã, mas defendeu fortemente a promoção de uma solução diplomática”.
Eles vão ter que me engolir !
Nunca dantes: Lula e Turquia convencem o Irã. Obama está numa saia justa
Eles vão ter que me engolir !
Jogue o PiG (*) fora.
Jogue todo chanceler da GloboNews no lixo.
Pegue os editoriais do Estadão e enrole o peixe com ele.
Vá direto à fonte, ao New York Times:
Iran to Ship Its Uranium to Turkey in Nuclear Deal
By ALAN COWELL and ALEXEI BARRIONUEVO
LONDON — Iranian state media said on Monday that Brazil and Turkey had brokered a compromise with Tehran in the international standoff over Iran’s nuclear program, a development that could undermine efforts in the United Nations to impose new sanctions on the Iranians.
Press TV, the state-funded satellite broadcaster, quoted an Iranian Foreign Ministry spokesman, Ramin Mehmanparast, as saying that Iran had agreed to send some 1,200 kilograms of its lightly enriched uranium to Turkey in exchange for a total of 120 kilogram enriched to a higher level — 20 percent.
A televisão estatal do Irã citou um porta voz do Ministério das Relações Exteriores que disse que o Governo do Irã concordou em mandar para a Turquia 1.200 quilos de seu urânio com baixo enriquecimento, em troca de 120 quilos de urânio mais enriquecido (em 20%).
Navalha
A questão central era o Irã permitir que o urânio fosse enriquecido FORA de seu território.
Ao aceitar a proposta que Lula e a Turquia re-apresentaram, esse ponto – nevrálgico, para a Agência Internacional de Energia Atômica – estaria resolvido.
Faltaria, agora, Obama desistir de aplicar sanções ao Irã, a que, segundo Lula, se seguiria um ataque militar, como no Iraque.
Ou seja, Lula deu olé (para usar a gíria do futebol, que tanto irrita as deidades do PiG (*)).
Lula colocou o Brasil na pequena área de uma das questões centrais para a segurança do Oriente Médio – e, portanto, do mundo.
(A outra é o Estado palestino.)
O Brasil de Lula (e Celso Amorim) passou a jogar na Liga Principal.
E já, já terá lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O Brasil se tornou o que os americanos chamam de “honest broker” – um negociador confiável.
O ariano Paulo Bornhausen vai dizer que o Lula é um criminoso, porque foi fazer campanha eleitoral antecipada em Teerã.
A oposição brasileira terá o destino que pretendeu dar ao Lula.
Vai levar aquela surra que o Arthur Virgilio Cardoso (o do cartão Visa em Paris) disse que ia dar no Lula.
Em tempo: o Conversa Afiada não tem assento na Agência Internacional de Energia Atômica. Portanto, sem nenhum risco de sofrer sanções, mantém que o Irã e o Brasil têm direito a tantas bombas atômicas quanto Israel tem. O Brasil, entre outras preciosidades, precisa garantir a exploração do pré-sal, antes que algum aventureiro queira dele se apossar. Só o Brasil, a Rússia e os Estados Unidos têm urânio e sabem como enriquecê-lo.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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