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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, maio 17, 2010
A Dilma botou a urubóloga no devido lugar.
A CBN, a rádio que troca a notícia, entrevistou Dilma Rousseff:
O PiG (*) omitirá o ponto mais interessante da entrevista:
A Dilma triturou a urubóloga Miriam Leitão.
“Deu dó”, como se diz em Minas (as duas são mineiras).
A Miriam chegou com aquela empáfia de quem sabe, de quem decorou os números, e foi para cima da Dilma.
Queria saber quando a Dilma deixou de ser uma perdulária, uma “vamos torrar a grana”, para se tornar uma austera administradora pública.
(O coração da urubóloga se inclina para o Ministro Malocci, um tucano infiltrado no PT – e no Globo – , como se sabe.)
Aí, a Miriam começou a desfiar os números que mostravam que a dívida bruta isso, a dívida líquida aquilo, que a Dilma estourou o Caixa do Governo.
A Dilma botou a urubóloga no devido lugar.
Primeiro, a dívida caiu consistentemente no Governo Lula.
A dívida só subiu, quando foi preciso evitar a crise de 2008 (aquela crise que a urubóloga disse que ia afogar o presidente Lula).
Ou seja, a dívida subiu para conter a crise.
Mas voltou a diminuir.
E deu certo: o Brasil tem hoje números que pode exibir com orgulho – um dos mais baixos déficits e relação dívida sobre o PIB.
A Dilma chamou a Miriam várias vezes de “equivocada”.
E foi para cima da Miriam, com números, de forma segura, indiscutível.
A Miriam caiu na armadilha dos tucanos: acreditou que Dilma é fraca, despreparada.
Que cai em armadilhas.
É o que o Serra deve achar.
Dilma concluiu esse capítulo da trituração da urubóloga com uma tese interessante: a grande vitória do Governo Lula foi cortar a ligação entre a variação do dólar e a dívida do Governo.
A Dilma não disse, mas poderia ter dito: os gênios tucanos (FHC/Serra), que a Miriam tanto apoiou, é que fizeram isso: a dívida brasileira flutuava com o dólar.
Ou seja, o dólar conduzia o Brasil.
Dilma não fugiu do rótulo: sim, ela faz parte da esquerda brasileira.
E o que é ser de esquerda no Brasil, hoje ?
É crescer e distribuir a renda.
No Governo do FHC/Serra – Dilma não deu o nome – o que valia era o trio maravilhoso tucano: a combinação estagnação, desemprego e desigualdade.
O Governo Lula, lembrou a Dilma, tirou 24 milhões de brasileiros da miséria.
E levou 31 milhões para a classe média.
Ser de esquerda no Brasil – segundo a Dilma – é erradicar a miséria nesta década.
Dilma também denunciou a diplomacia submissa do governo FHC/Serra: o Brasil de Lula não é pequenininho, submetido, incapaz de assumir a liderança como assumiu no Irã.
Dilma não viu que vantagem o povo levou com o fim da CPMF (uma batalha que o PiG (*), a FIE P (**) e o Arthur Virgilio Cardoso – o do cartão Visa em Paris – venceram).
E, por fim, a questão da segurança pública (o Serra quer criar o Ministério da Segurança – deve ser para motoboys negros).
Para Dilma, o que precisa ser feito em todo o Brasil é o que Sergio Cabral fez no Rio, com dinheiro do PAC: as UPPs.
Por que o Serra não constrói uma UPP no Guarujá ?
Em tempo: a Miriam deve estar no inferno astral. Levou um pito do Serra e fingiu que tinha sido “o calor da eleição”. Depois, levou um pito do embaixador americano (ela pensou que ia dar um drible no “inexperiente” embaixador americano). E agora, se deixa triturar pela Dilma. Onde está a velha chama ? (A Hippolito foi mais esperta. Pegou leve.) E, no fim, a suprema ironia. A Dilma pediu licença para mandar um caloroso abraço à Miriam e à Hippolito.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) FIE P – o Conversa Afiada achou por bem retirar o “$” de FIESP depois que a FIE P tirou o leite das crianças (ao derrubar a CPMF), para evitar que o Fisco descobrisse o “bahani”, que é como, em São Paulo se chama o Caixa Dois … Depois, se viu que o presidente da FIE P intermediava grana da Camargo Corrêa para os políticos.
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