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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, maio 17, 2010
Viva a paz! Viva o Brasil que acredita na paz!
Viva a paz! Viva o Brasil que acredita na paz!
Esta madrugada no Brasil, manhã em Teerã, pode ser um dia histórico. O Irã, o Brasil e a Turquia devem anunciar um acordo pelo qual os iranianos concordam em enviar urânio semiprocessado para o exterior e recebê-lo de volta enriquecido para o uso em suas centrais elétricas nucleares.
Desaparece, com isso, o argumento norteamericano de que o Irã está desenvolvendo enriquecimento de urânio para armas nucleares, usado pelos Estados Unidos como argumento para uma escalada de sanções contra aquele país que todos sabemos tem objetivos bélicos, como as tais armas de destruição em massa serviram de pretexto contra o Iraque, ainda que não existissem.
Viva o nosso país que, contra toda a sabujice de nossa mídia e de nossa direita, soube projetar seu papel de liderança emergente e pacífica. Honra ao presidente Lula e ao Itamaraty, que souberam suportar o desdém, o pouco caso e a histeria da direita persistiu e chegou a este momento histórico, agindo com firmeza, equilíbrio e reserva, ao ponto da confirmação do acordo ter sido divulgada pela Turquia, através da agência oficial de notícias, a Anatólia, e não por nós.
Uma sincera saudação aos líderes iranianos que, embora tenham todo o direito a desenvolver sua tecnologia sem pedir licença a ninguém, tiveram a sensibilidade de ceder, firmando um acordo que, em nome de nossa honra, temos o compromisso de sermos os fiadores.
Viva a paz no mundo, entre os homens de todas as nacionalidades, etnias, religiões e ideologias, para os quais a disputa não passa pela morte nem pela destruição.
Um viva ao país que podemos, finalmente ser, para nós e para o mundo!
Brizola Neto
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