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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, maio 17, 2010
LULA , "O ESTADISTA"
LULA , "O ESTADISTA"
Lula colaborou em libertação de francesa
Sarkozy agradece a líder brasileiro; visita ao Irã teria criado condições para professora ser solta
Roberto Simon, ENVIADO ESPECIAL / TEERÃ - O Estado de S.Paulo
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, agradeceu ontem a contribuição do Brasil para a libertação de Clotilde Reiss, acadêmica francesa de 24 anos que estava presa no Irã desde julho. Sarkozy também elogiou a intermediação do Senegal e da Síria no caso. Segundo o líder francês, o Brasil e esses dois países tiveram um "papel ativo" na libertação de Clotilde.
A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Teerã teria criado condições para que o regime iraniano decidisse substituir a pena de 10 anos de prisão à qual foi condenada a francesa por uma multa de 350 mil. Clotilde desembarcou ontem em Paris, num avião oficial francês, e se encontrou com o chanceler Bernard Kouchner e com Sarkozy.
"Clotilde Reiss estava presa injustamente no Irã desde 2009", ressaltou em nota o Palácio do Eliseu, antes de prestar homenagem à professora por ter mostrado, durante sua detenção, "coragem e dignidade exemplares".
França e EUA apostavam na mediação brasileira para libertar seus cidadãos presos no Irã. Antes da visita de Lula, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, solicitou formalmente ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, que pedisse a libertação de três alpinistas americanos detidos em 2009. "Traga os nossos garotos de lá", afirmou Hillary.
Clotilde, que estava trabalhando como professora na Universidade de Isfahan, foi presa durante uma onda de manifestações há dez meses, após a suposta fraude eleitoral que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ela foi condenada por espionagem por ter enviado informações sobre os protestos por e-mail para a embaixada francesa e para sua família.
Sua sentença inicial foi comunicada em um julgamento em massa feito pelo Judiciário iraniano contra manifestantes presos. Em seguida, Clotilde foi levada à prisão de Evin, reservada a acusados de crimes de consciência. "Estou muito feliz por retornar ao meu país e rever pessoas que amo", afirmou ontem.
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