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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, abril 28, 2010
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu hoje as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.
Larijani recebeu nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã.
O parlamentar, citado pela agência de notícias local “Mehr”, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.
Amorim, por sua vez, manteve a postura do Governo brasileiro e insistiu que Brasília apóia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos, mas não comentou se o país apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.
O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes.
“O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.
Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos Estados Unidos, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.
A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.
Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais.
Desde então, o Governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.
Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano.
A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou hoje a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”.
“Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.
Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas brasileiras.
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