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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, abril 28, 2010
O presidente russo, Dmitri Medvedev, defendeu maior cooperação com Brasil, Índia e China, e disse que o incremento do comércio negociado em suas próprias moedas pode ajudar a forjar laços econômicos mais estreitos entre os países.
"As possibilidades de cooperação multilateral em energia nuclear, construção de aviões, exploração espacial e nanotecnologia são de largo alcance", disse Medvedev num artigo distribuído ontem por e-mail pela assessoria de imprensa do Kremlin. "Os acordos sobre comércio bilateral em moedas nacionais" deverão contribuir para essa cooperação, disse ele.
Medvedev e seus pares nos países do Bric deverão reunir-se para a sua segunda cúpula nos amanhã e depois, em Brasília. Em sua primeira conferência na cidade de Iekaterimburgo, nos montes Urais, em junho do ano passado, os quatro chefes de governo reivindicaram que as economias emergentes tenham mais voz nas instituições financeiras internacionais e defenderam um sistema monetário mundial mais diversificado.
Brasil, Rússia, Índia e China deveriam concluir as "muito atrasadas" reformas do sistema de Breton Woods, disse Medvedev. Os quatro países, que representam 42% da população mundial e contribuíram com mais de 50% crescimento econômico mundial nos últimos anos, poderiam também dar uma contribuição conjunta a um programa "pós-crise" do G-20, disse ele.
O presidente Medvedev disse também ser "importante" tomar medidas comuns, entre elas o intercâmbio de informações sobre possíveis "ataques especulativos" às moedas, títulos e mercados de commodities dos respectivos países, para garantir a segurança econômica.
"Ao fortalecer a base econômica do mundo multipolar, os países do Bric ajudam objetivamente a criar as condições para o fortalecimento da segurança internacional", disse Medvedev.
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