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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 18, 2011

Banco Mundial: Dólar perde hegemonia até 2025

A hegemonia do dólar no sistema monetário internacional chegará ao fim no mais tardar em 2025, quando terá seu lugar ocupado por um sistema tripolar que também incluirá o euro e o yuan, afirmou nesta terça-feira o Banco Mundial em um relatório sobre “A nova economia mundial”, segundo a Agência France-Presse publicou há pouco.
No relatório “Global Development Horizons 2011 – Multipolarity: The New Global Economy”,  o BM projecta que o grupo das economias emergentes cresça a uma média de 4,7 por cento entre 2011 e 2025, enquanto as economias avançadas vão crescer apenas 2,3 por cento. Em 2025, as seis maiores economias emergentes – Brasil, China, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Rússia, vão contribuir para mais de metade do crescimento mundial.
De acordo com o Banco Mundial, no longo prazo, o crescimento economia chinesa e a rápida globalização das suas empresas e bancos irá levar a moeda chinesa, o iuan, a assumir uma papel internacional mais importante, ao lado do euro e do próprio dólar.O estudo prevê os emergente vão controlar dois terços das reservas monetárias internacionais, mas quer também vão ter de se adaptar.
Terão de mudar seu foco econômico, muito voltado ainda para a exportação e  passar a sustentar mais o seu crescimento em ganhos de produtividade e no mercado interno. Com a emergência de uma classe média forte  nestes países e a pressão do consumo interno irá aumentar, o que, segundo o Banco Mundial, poderá conduzir a um crescimento mundial mais sustentável.
O seja, o “Modo Agnelli de Desenvolvimento”, uma versão piorada do “Exportar é o que Importa” de 30 anos atrás, é coisa do passado, segundo o insuspeito Banco Mundial.
*tijolaço

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