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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 31, 2011

Na avaliação da presidenta Dilma, o futuro já chegou para o Brasil e o Uruguai


Presidenta Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai, José Mujica, durante declaração à imprensa, em Montevidéu. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Viagens internacionais Os governos do Brasil e do Uruguai reativarão, até o fim de 2011, a conexão ferroviária entre os dois países, nos trechos Santana do Livramento – Cacequi (RS) e Rivera – Montevidéu, e irão acelerar as obras da ponte sobre o Rio Jaguarão. A informação é da presidenta Dilma Rousseff, que concedeu declaração à imprensa ao lado presidente do Uruguai, José Mujica, nesta segunda-feira (30/5), em Montevidéu, onde realiza visita oficial.
Dilma Rousseff afirmou que Brasil e Uruguai seguirão adiante com os grandes projetos de integração física, logística e energética, fundamentais para o desenvolvimento da região fronteiriça, num esforço de “criar uma sinergia de desenvolvimento entre o norte do Uruguai e o sul do Brasil”. Segundo a presidenta, os governos darão prioridade também aos trabalhos de dragagem, sinalização e balizamento para a implantação da hidrovia Uruguai-Brasil, utilizando a Lagoa Mirim como portal de entrada e de escoamento “em prol do desenvolvimento integrado econômico e social” da região.
Ouça abaixo íntegra da declaração à imprensa concedida pela presidenta Dilma Rousseff, durante visita de Estado ao Uruguai:
Na área de inovação, ciência e tecnologia, a presidenta deu ênfase à implantação da TV digital no Uruguai, que adotou o modelo nipo-brasileiro, e citou acordos bilaterais nos campos da biotecnologia, nanotecnologia, tecnologias da informação e telecomunicações. “Tais esforços incorporarão importante vertente educacional”, completou. Disse, ainda, que Brasil e Uruguai adotaram – a partir do encontro em Montevidéu – um plano de ação conjunto para a massificação do acesso à internet em banda larga.
“Nos nossos países o futuro já começou”, defendeu a presidenta.
Quanto à cooperação em temas sociais, Dilma Rousseff comunicou a assinatura do memorando de entendimento na área de habitação e planejamento urbano, por meio do qual o Brasil irá compartilhar a experiência do programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso – continuou a presidenta – foi firmado acordo relativo à segurança pública, que estabelece base jurídica para iniciativas de cooperação entre os países.
Outro ponto importante da reunião, segundo a presidenta brasileira, foi a criação de marco jurídico para o aumento do intercâmbio bilateral de energia elétrica. Pelo acordo firmado, os países contarão com o suprimento adicional da linha de transmissão de 500 kV que será construída entre San Carlos e Candiota, com conclusão prevista para 2013.
“As decisões tomadas nesta visita consolidam o que nós acreditamos ser uma relação estratégica entre o Brasil e o Uruguai. Uma relação estratégica que deve olhar para o futuro (…). Temos o orgulho de poder dizer que somos uma das regiões que mais crescem no mundo”, disse.
Multipolaridade – O encontro entre os presidentes do Brasil e Uruguai foi oportunidade para se discutir o quadro internacional “extremamente complexo”, avaliou a presidenta Dilma Rousseff. Ela citou os vinte anos de criação do Mercosul e os avanços da Unasul “em prol da integração regional, da paz, estabilidade e segurança da América do Sul”.
Frisou, entretanto, a necessidade de um mundo multipolar, “no qual as responsabilidades dos Estados, grandes ou pequenos, sejam determinadas pela contribuição de cada um à paz, ao diálogo e à cooperação, e não pelo seu potencial de afirmação pela força ou pela ameaça do uso da força”.
“Coincidimos [Brasil e Uruguai] em nossa visão comum de um mundo multipolar e inclusivo”, frisou.
*blogdoplanalto

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