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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 11, 2011

DEM está extinto, viva o PSD



A longa e aparentemente matreira entrevista – hoje, no Estadão – do ex-presidente nacional do DEM, Jorge Bornhausen, mostra que as fichas de Serra estão mesmo postas no PSD de Kassab. Ele diz que abandona a vida partidária. Pode ser, mas a vida política, não, para certos personagens é como aquela história gaúcha do “cachorro que comeu linguiça”, não é?
Ele diz que “assim como eu, o nosso grupo, liderado pelo governador Raimundo Colombo, entendia que o correto seria a fusão das oposições, transformando os três partidos de oposição em um grande partido, com um belo tempo de televisão, um bom fundo partidário. Desta forma, poderia praticar a receita dada à oposição pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, no artigo que foi mal compreendido. Mas havia resistência em todas as legendas e eu não tinha como não liberar os companheiros para decidir fazer o que era preciso. Eles decidiram ir para o PSD e eu decidi encerrar minha atividade na vida partidária.”
Dirigentes do DEM dizem que Serra está por trás do PSD. Estão corretos?
Não acompanhei isto tão de perto, embora também não tenha sido coadjuvante nesse processo de fundação do PSD. Apenas quando procurado por companheiros de partido, ajudava-os a ver sua própria posição, cada um com suas circunstâncias. Em momento algum vi o ex-governador José Serra participar de atividades de criação do PSD. Ele como eu fizemos força para que o prefeito Kassab ficasse no DEM.
Uns acusam Serra de estar por trás, e outros dizem que ele foi traído por Kassab. Afinal, ele traiu ou foi traído?
Nem traiu, nem foi traído, como também não foi surpreendido. Repito, ele fez um esforço para que Kassab permanecesse no Democratas.
O que restou do DEM vai ser absovido pelo PSBD aecista, senão orgânica, politicamente. As forças de Serra, formalmente tucanas, vão minar Alckmin.
Serra mantém sua posição interna, sob cerco, mas vai construindo a rota de sobrevivência. E ela se chama PSD. Com o fim, real, do DEM, mude-se-lhe o nome, para 2014.
Partido do Serra Denovo.
*tijolaço

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