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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 23, 2011

Sem oferecer plano habitacional, prefeitura de SP vai despejar famílias

Fascismo elitista

Mais uma comunidade que fica na periferia da cidade de São Paulo será removida. 68 famílias da Cohab Adventista,  no distrito de Campo Limpo, serão despejadas a qualquer momento, de uma área, que antes da ocupação realizada em 2009, estava totalmente abandonada  pela prefeitura de São Paulo.
A integrante do Movimento Luta Popular, Helena Silvestre, explica que há mais de dois anos vivendo no local em uma situação precária, sem saneamento básico e qualquer auxílio do governo, as famílias construíram casas de alvenaria e que, agora, com a medida da prefeitura, terão que sair sem direito a nada. Ela afirma que, segundo informações do subprefeito de Campo Limpo, Alexandre Margosian Conti, a reintegração vai acontecer sem prévio aviso e as famílias não terão direito a nenhum plano habitacional e também não serão realocadas.  Para ela, essa medida demonstra que a prefeitura da cidade está executando um processo de limpeza étnica.
“A prefeitura a partir uma série de processos jurídicos e processos de remoção – sob alegação de área de risco ou ocupação irregular – quer se livrar de uma parcela importante de pobres que vivem na periferia, e não dá alternativa. Ao invés de disponibilizar soluções, como a urbanização de território ou a remoção para conjuntos habitacionais ou empreendimentos, preferem despejar as famílias.”
No último dia 02, a comunidade realizou um protesto contra o despejo. O objetivo era pressionar a prefeitura para uma solução definitiva, e deixar as famílias no próprio terreno. Na ocasião, a prefeitura recebeu uma comissão de moradores e informou simplesmente que terão que sair. As famílias ingressaram com um pedido na Defensoria Pública, para que seja cobrado da prefeitura o cumprimento do direito à moradia.


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